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IQ-UFBA 2018.1
QUI-B37 – Química Orgânica Básica Experimental I-A
RELATÓRIO DE ATIVIDADES
1. Introdução
1.1 Objetivos
Existem várias formas de realizar o processo cromatográfico. Os critérios mais usados para a
classificação das diferentes modalidades de cromatografia são aqueles relacionados à técnica
empregada, ao mecanismo de separação envolvido e aos diferentes tipos de fases utilizadas. A
forma física do sistema de cromatografia define a técnica geral: a fase estacionária pode ser
colocada em um tubo cilíndrico ou disposta sobre uma superfície planar. Baseando-se nisso, a
cromatografia pode ser dividida em cromatografia em coluna e cromatografia planar.
Considerando-se o estado físico da fase móvel, distingue-se a cromatografia gasosa, na qual a
fase móvel é um gás inerte, a cromatografia líquida, na qual a fase móvel é um líquido que pode
interagir com os solutos, participando da separação, e a cromatografia supercrítica, na qual se
usa como fase móvel um vapor pressurizado, em temperatura e pressão acima do seu ponto
crítico. A cromatografia líquida em coluna divide-se em dois grupos: cromatografia liquida
“clássica”, feita com colunas de vidro, sob pressão atmosférica com o fluxo da fase móvel mantido
pela força da gravidade, e cromatografia líquida que normalmente utiliza colunas metálicas e
pressões de fase móvel elevadas, obtidas com auxílio de uma bomba de alta pressão.
O estado físico da fase estacionária pode ser líquido ou sólido. O líquido pode estar simplesmente
espalhado sobre um suporte sólido ou imobilizado sobre este. A imobilização pode envolver
ligações químicas entre os líquidos e o suporte ou somente entre as cadeias do próprio líquido.
Rf = dc / ds
O solvente ou mistura de solventes a serem utilizados na fase móvel devem ser escolhidos de
maneira cuidadosa, já que desempenham um papel fundamental na separação dos componentes
da mistura. Entende-se que há uma competição entre as moléculas da fase móvel e da amostra,
pela superfície adsorvente. Portanto, na escolha da fase móvel deve-se considerar a natureza
química das substâncias a serem separadas e a polaridade da fase móvel. Toma-se como base
a “série eluotrópica” dos solventes, na qual são ordenados segundo a sua polaridade, as quais
estão diretamente ligados ao poder de eluição. Além disso, vale destacar que as amostras devem
ser aplicadas nas cromatoplacas (placas cromatográficas) na forma de soluções com solventes
bastante voláteis, que possam ser facilmente eliminados após a aplicação. Para a aplicação da
amostra, podem ser utilizadas micropipetas, microseringas e capilares, que permitem determinar
a quantidade de substâncias colocadas na placa. A amostra é introduzida na parte inferior da
placa de CCD, através de aplicações sucessivas de uma solução da amostra, devendo se formar
uma pequena mancha circular. À medida que o solvente sobe pela placa, a amostra é empurrada
para cima pela fase móvel ao mesmo tempo que é retida pela fase estacionária. Durante este
processo, os diversos componentes da mistura são separados, de acordo com suas estruturas
químicas. Cabe ressaltas que as gotas/ manchas devem ser aplicadas acima do nível da borda
da placa, evitando assim que fiquem mergulhados na fase móvel durante a eluição.
Já quando a modalidade de cromatografia se utiliza de uma coluna recheada com um sólido (fase
estacionária) e uma fase móvel liquida onde a sorção isotérmica (adsorção) se refere a um
aumento da concentração do soluto entre as superfícies das fases móvel e estacionária trata-se
de cromatografia por adsorção. Empiricamente, essa cromatografia em coluna é tecnicamente
mais simples não exigindo instrumentação muito complexa. Muitos dos adsorventes empregados
em cromatografia em coluna também são usados em CCD como a sílica e a alumina. Neste caso,
a separação ocorre basicamente pela capacidade de adsorção e solubilidade das moléculas. As
fases sólidas mais comuns são a sílica gel (SiO 2) e alumina (Al2O3), geralmente na forma de pó.
A função das fases móveis na cromatografia por adsorção tem sentido amplo. Em primeiro lugar,
a fase móvel tem a função de solvente propriamente dito (devem ser levadas em consideração
as relações de solubilidade dos componentes da mistura; devem ter baixo ponto de ebulição para
serem evaporadas facilmente). Em segundo lugar, tem função de promover o desenvolvimento
dos componentes da mistura na coluna e remover ou dessorver esses componentes do
adsorvente seletivamente (nesse último caso chamado de eluente). A seleção desses eluentes
podem ser feitas através de CCD, usando o mesmo adsorvente que será empregado no
enchimento da coluna. Quando mais uniforme for o enchimento da coluna, maior será a eficiência.
Com fases estacionárias polares, a dessorção é facilitada quando o eluente é polar e dificultada
quando a polaridade é menor.
Uma coluna cromatográfica deve ser posicionada na forma vertical para que a eluição se
processe por ação da gravidade (mais conveniente). Além disso, a posição vertical evita a
formação de canais, Geralmente a eluição se dá em etapas, com modificação gradual das fases
móveis. A fase móvel quando está passando através do adsorvente na coluna, arrasta consigo
os componentes da mistura que está sendo separada. A velocidade de movimento descendente
de um componente depende de sua adsorção pela fase estacionária, isto é, quanto mais
fracamente o componente for adsorvido, mais rápida será sua passagem pela coluna. Quanto
maior a diferença entre os coeficientes de adsorção, mais completa será a separação do
composto. Para ocorrer uma completa separação a fase móvel deve: ser fracamente adsorvido
pela fase estacionária; não ser afetada quimicamente; possibilitar realmente o desenvolvimento
de uma corrida cromatográfica. Geralmente, a mistura a ser separada é colocada em uma coluna
com um eluente (solvente) menos polar e vai se aumentando gradativamente a polaridade do
eluente e, consequentemente, o seu poder de arraste de substâncias mais polares. Uma
sequência de eluentes normalmente utilizada é a seguinte: hexano, acetato de etila, clorofórmio,
etanol, metanol, água e ácido acético. Além disso, o fluxo de solvente na coluna deve ser
contínuo, com ou sem pressão. À medida que os compostos da mistura são separados, bandas
ou zonas móveis começam a ser formadas, sendo que cada banda deve conter somente um
composto para obter-se uma separação ideal. É muito importante escolher adequadamente as
fases estacionárias e móveis, pois se a fase estacionária escolhida interagir fortemente com todos
os compostos da mistura, ela não se moverá, e consequentemente uma separação não ocorreria.
2. Parte experimental
Preparação das amostras e placa: Realizou-se uma linha na placa cromatográfica de sílica
gel utilizando um lápis / grafite para determinar onde foram aplicadas as amostras. Nos
frascos com padrões (substância pura) e mistura, adicionou-se aproximadamente 0,5mL de
clorofórmio em cada frasco para diluir o material, adicionando 1 gota de metanol;
Aplicação das amostras: Aplicou-se as amostras na distância de 1,0 cm da base inferior da
placa cromatográfica usando um capilar e aplicando-se 4 vezes cada local. Limpou-se o
capilar após cada mudança de alíquota com auxílio de um algodão e de uma solução
clorofórmio:metanol preparado no experimento 2.1 ;
Preparação da câmara cromatográfica: Transferiu-se 3mL do eluente (clorofórmio) em uma
câmara cromatográfica e fechou-se com uma tampa de vidro. Adicionou-se ao frasco um
pedaço de papel de filtro (Vide figura 4). Em seguida repetiu-se esse procedimento usando
uma mistura de solventes, preparado adicionando-se 0,5 mL de acetona em uma proveta,
completando o volume para 5 mL com clorofórmio;
Eluição: Depois de preparado os frascos com os eluentes, usou-se uma pinça para colocar
as placas com a mistura aplicada na câmara cromatográfica, colocando os pontos de
aplicação para baixo;
Obtenção do Ds: Monitorou-se a ascensão do solvente em ambas as placas cromatográficas,
interrompendo a eluição antes que o solvente alcance o limite superior da camada de gel de
sílica (vide figura 5)
Obtenção do Dc. Com um lápis ou grafite marcou-se até que ponto o solvente alcançou nas
placas. Na sequência, observou-se a presença de manchas coloridas a olho nu, marcando
o centro dessas manchas com lápis (vide figura 5).
Revelação: Visualizou-se as manchas coloridas formadas com o auxílio do olho nu. Em
seguida, colocou-se a segunda placa cromatográfica preparada dentro da câmara escura
com luz ultravioleta (UV)
Determinação dos valores de Rf: Documentou-se todas as placas de CCD, calculando-se os
valores de Rf (fator de retenção) para cada um dos componentes das misturas;
2.3 Materiais
i) Reagentes e solventes
Hexano
Sílica gel
Clorofórmio
Acetona
Metanol
Vermelho de Metila (VM)
Fluoresceína (FLC)
4-Carboximetil-(9)10H-acridinona (ACR)
ii) Vidraria;
Coluna de vidro
Béquer
Capilar de vidro
Conta-gotas
Bastão de vidro
Funil de vidro
Proveta
Frasco de penicilina
iv) Equipamentos.
Câmara de luz ultravioleta (UV)
4-Carboximetil-(9)10H-
acridinona -- -- -- -- -- -- -- -- --
Metanol
Sílica gel Produto não perigoso
Foi percebido que após a transferência, a superfície da fase estacionária ficou nivelado, o que
é uma característica necessária para o desenvolvimento correto da corrida cromatográfica.
Com o empacotamento adequado, demonstrado também pela não percepção de bolhas ou
rachaduras, deu-se início a preparação da amostra. Para tal, utilizou-se algumas gotas da
amostra, uma porção de sílica e uma porção de diclorometano. Isso porque, como a fase
estacionária é a sílica, e é necessário que a amostra esteja uniformemente distribuída sob a
camada mais superficial da fase estacionária, utilizou-se a própria sílica para que adsorvesse
a mistura de vermelho de metila e fluoresceína, se valendo do diclorometano como solvente
para promover essa adsorção. O diclorometano é um bom solvente para tal função pois este
é volátil, permitindo então que, após a sua evaporação, se apresente a mistura de cor
vermelha retida na sílica seca. Assim, depois da evaporação, foi aplicado a amostra na
coluna, obtendo-se o seguinte conjunto (Figura 8):
Em seguida, ao substituir o eluente por uma mistura de hexano e metanol, numa proporção
de 96% de hexano e 4% de metanol, percebeu-se a separação das fases, como pode ser
observado a seguir (figura 10). Nesse caso, observou-se que o vermelho de metila foi
arrastado pela fase móvel, evidenciado pela descendência da coloração vermelha, enquanto
que a fluoresceína permaneceu mais adsorvida na fase estacionária, evidenciada pela
presença da coloração verde na parte superior da coluna.
Figura 10: Separação das fases na coluna cromatográfica após adição de solvente hexano:metanol
Isso ocorre porque, com a adição de metanol quando comparado com eluente anterior, há a
aumento da polaridade da mistura de solventes. Isso devido ao fato de metanol ser um
composto da extremidade polar da série eluotrópica. Contudo, como na mistura tem uma
maior proporção de hexano, que é apolar, pode-se inferir que a mistura de solventes é
predominantemente apolar. Como o vermelho de metila descendeu mais rapidamente na
coluna, pode-se inferir que este é mais apolar que a fluoresceína, que por sua vez fica mais
retido na sílica. Isso porque, o vermelho de metila estabelece interações com o hexano e com
o metanol, porém mais interação com o hexano dado a sua característica mais apolar. Já a
fluoresceína estabelece interações com o metanol presente, do tipo ligação de hidrogênio e
pouca interação com hexano, que por estar em maior quantidade não consegue vencer a
competição com a sílica. A fluoresceína é mais dificilmente arrastada, devido à pouca
afinidade com a fase móvel.
Já quando se substitui o eluente por uma mistura de clorofórmio e metanol, numa proporção
de 91% de clorofórmio e 9% de metanol, percebeu-se a separação das fases, como pode ser
observado a seguir (figura 11). Nesse caso, observou-se que a fluoresceína foi mais arrastada
pelo eluente, evidenciado pela descendência da coloração verde pela coluna cromatográfica,
se aproximando da fase que continha vermelho de metila.
Figura 10: Separação das fases na coluna cromatográfica após adição de solvente
clorofórmio:metanol (91% : 9%)
Isso ocorre porque, com a adição de clorofórmio e aumento da proporção do metanol em
relação ao eluente anterior, há a aumento da polaridade da mistura de solventes. Isso porque
o clorofórmio é um composto mais polar que o hexano. Dessa forma, com a mistura mais
polar há o arraste da fluoresceína, que tem mais afinidade com o solvente do que com a sílica.
Como o eluente vence a competição com a sílica, a fluoresceína descende na coluna. Vale
destacar que foi observado, durante esse processo, que na parte superior da coluna se
apresentavam estruturas mais escuras que não foram arrastadas. Isso se deve ao fato de a
fluoresceína se encontrar impura, sendo essas partículas provavelmente estruturas oxidadas
do composto. Devido ao pouco tempo hábil, não houve a separação com uma grande
distância entre as frações, que se encontraram próximas entre si.
Quando se substitui o eluente por uma mistura de clorofórmio e metanol, porém numa
proporção de 60% de clorofórmio e 40% de metanol, percebeu-se a descendência da
fluoresceína mais rapidamente. Assim pode-se recolher as fases, com auxílio de erlenmeyer
como pode ser observado a seguir (figura 11 e 12). Isso ocorre pois com o aumento da
proporção de metanol, a interação do eluente com o fluoresceína aumenta, fazendo com que
essa fase descenda na coluna rapidamente. Vale ressaltar que, ao recolher a fração que
continha vermelho de metila, pode-se perceber a mudança da coloração de vermelho para
laranja. Isso ocorre pelo fato de o vermelho de metila ser um indicador de pH, ficando
alaranjado em meios com pH acima de 6,2.
Figura 11: Separação das fases após a Figura 12: Fração referente ao
adição do sistema de solventes com vermelho de metila após separação das
clorofórmio:metanol (60% : 40%) fases
Figura 16: Placa cromatográfica 2 após o final da corrida cromatográfica com mistura de solventes
(acetona e clorofórmio)
Nesse caso pode-se perceber que o sistema de solventes utilizado foi adequado para a
separação dos compostos dos padrões e da mistura, obtendo-se manchas separadas entre
si. Isso porque, a mistura de solventes consegue ter uma maior afinidade com os
componentes do que os componentes com a sílica. Foi percebido, para a mistura, a
separação em 2 manchas em maiores proporções: uma amarela e outra vermelha, sendo
que cada uma delas corresponde a um composto distinto. Além disso, pode-se perceber
que algumas manchas do padrão tiverem comportamento semelhante com a da mistura.
Sabendo-se que a primeira mancha, da esquerda para a direita trata-se de padrão de ACR,
pode-se perceber que esta possui uma mancha amarela na parte superior da placa que se
assemelha com a mancha amarela presente na corrida referente a mistura (círculos
vermelhos na figura 16). Isso também ocorre com as manchas vermelhas da mistura e do
padrão de VM , que foram semelhantes em altura e em coloração (círculos pretos na figura
16). Isso indica que o composto amarelo presente no padrão de ACR é o mesmo
apresentado na mancha amarela da mistura; e que a mancha vermelha do padrão de VM
tem o mesmo composto que é apresentado na mancha vermelha mistura. Para que isso
fosse confirmado, realizou-se os cálculos dos fatores de retenção para cada uma dessas
manchas. Sabendo-se que o total de comprimento da corrida foi 5,1 cm, tem-se:
5,1 cm
3,35 cm 3,4 cm
2,0 cm
Com essa revelação foi possível confirmar a semelhança entre os comportamentos das
manchas dos padrões com o comportamento das manchas da mistura.
3.2 Conclusões
Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que a cromatografia em coluna e em
camada delgada são técnicas que permitem separar diferentes substâncias, uma vez que
permitiu separar a fluoresceína do vermelho de metila em uma mistura e separar o 4-
Carboximetil-(9)10H-acridinona do vermelho de metila em outra mistura. Também pode-se
perceber a importância em se escolher adequadamente os solventes a serem empregados
em cada técnica, sendo essa seleção por vezes a diferença entre uma separação bem
sucedida e uma mal sucedida. Isso pode ser observado na separação inadequada de 4-
Carboximetil-(9)10H-acridinona e vermelho de metila com clorofórmio. Também pode-se
concluir que a cromatografia em camada delgada é uma técnica útil para a identificação de
compostos em uma mistura, uma vez que se for comparada com um padrão pode-se inferir
se aquela mistura se trata ou não dos compostos que se suspeitam. Desta forma, conclui-se
que a cromatografia em camada delgada e em coluna são técnicas polivalentes, havendo um
grande destaque para a sua versatilidade e amplitude de aplicações, além de serem de baixo
e de fácil execução.
4. Respostas do questionário
1. Cite os principais tipos de forças que fazem com que os componentes de uma
mistura sejam adsorvidos pelas partículas de um sólido.
Os principais tipos de forças são de sorção-adsorção ou absorção (partição),
fundamentadas principalmente em atrações dipolares (forças de Van der Waals) ou
coulômbicas, incluindo a forma de ligação de hidrogênio.
No par C1, a fluoresceína é mais polar. Já no par C2 o DNB é o mais polar. No par C3, o
vermelho de metila é o mais polar.
9. Nas análises de CCD deve-se buscar sempre que o Rf da amostra fique entre 0,45 e
0,55, ou seja, preferencialmente no meio da placa cromatográfica. Explique porque não
é desejável que uma mancha fique muito próxima da base ou da Ds.
Isso porque se a mancha ficar muito retida as machas não irão se separar adequadamente,
podendo ficar compostos coeluídos. Nessa situação fica dificultada a identificação de cada
composto, pois eles podem ficar unidos em uma só mancha.
10. Bibliografia
COLLINS, C.H., BRAGA, G.L., BONATO, P.S. Fundamentos da cromatografia.
Campinas. Editora da Unicamp, 2006
Ficha de segurança (FISPQ), Anidrol, Vermelho de metila, 2015 Disponível em: <
http://www.anidrol.com.br/fispq/VERMELHO%20DE%20METILA%20A-1450.pdf >. Acesso
em: 26 abril. 2018
Ficha de segurança (FISPQ), Labysinth, Sílica gel, 2010 Disponível em: <
https://www.fca.unicamp.br/portal/images/Documentos/FISPQs/FISPQ-
%20Silica%20Gel.pdf>. Acesso em: 26 abril 2018