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Fibra de vidro

A história das fibras de vidro começa em 1836, quando foi patenteado


na Europa um método de tecer vidro maleável. Em 1839 foi apresentada pela
primeira vez em uma exposição industrial, e por volta de 1840 começou a ser
comercializada. Na época o material não resistiu à competitividade de outros
produtos industrializados. Levou praticamente um século até que ressurgisse
para utilização em isolamento de cabos e condutores elétricos. A partir de 1940
o desenvolvimento das resinas sintéticas promoveu uma ampla utilização para
esse tipo de fibra e suas aplicações abriram uma grande variedade de
mercados.
Sendo o tipo de fibra mais utilizada em compósitos com matriz
polimérica é sem dúvida a de vidro, que dentre suas vantagens entrega uma
alta resistência a tração, grande inércia química e um custo relativamente
baixo. Mas de desvantagens dessa fibra são principalmente apresentar um
baixo módulo de elasticidade, auto abrasividade e baixa resistência à fadiga
quando aliada a compósitos.

A tabela a seguir mostra composições típicas para fibras de vidro em


porcentagem.

Na figura a seguir é mostrado dois métodos utilizados para a fabricação,


são produzidas a partir do vidro em forma líquida, que é resfriado a alta
velocidade. Através do controle de temperatura e velocidade de escoamento do
vidro através de placas de platina são produzidos vários tipos de filamentos
com diâmetros variados, mas a principal diferença é que no primeiro processo
(a) o vidro é primeiramente pelotizado para posteriormente ser fundido e formar
as fibras. Já no segundo (b) as fibras são fiadas diretamente do forno de fusão.
As fibras de vidro são isotrópicas e, portanto, o módulo de elasticidade nas
direções axial e transversal ao filamento é idêntico. As fibras de vidro podem
ser produzidas tanto na forma de filamentos contínuos quanto na forma e fibras
picadas.
As fibras de vidro têm condutividade térmica equivalente a 1,3 W/m.K e
calor específico de 850 J/kg.K. A composição do vidro pode variar
significativamente as propriedades da fibra obtida.

As fibras de vidro do tipo E e S são as mais utilizadas. Os filamentos


usados no laminado são produzidos num diâmetro de 14 a 22 microns. O vidro
tipo E tem um desempenho satisfatório em ambientes aquosos neutros, se
tornam susceptíveis de degradação em ambientes ácidos e alcalinos. Na sua
forma original, esses filamentos têm excelentes propriedades mecânicas,
entretanto, nos volumes em que é maciçamente produzida, a fibra perde quase
metade de sua resistência original, sendo com certeza a menos resistente de
todas as fibras disponíveis. A maior causa desta perda
de propriedades é a abrasão provocada pelas fibras em contato umas contra
as outras no tempo em que estão sendo processadas. Quanto maior o número
de estágios por que passa a fibra em seu processo de tecelagem, maior a
perda de propriedades.

Por necessidade da indústria aeronáutica e aeroespacial de utilizar fibras


mais resistentes, foi desenvolvido o tipo de fibra que se conhece por tipo S,
fabricada desde 1960 nos EUA, enquanto na Europa uma empresa francesa
desenvolveu a versão tipo R. Embora o vidro tipo S tenha sido desenvolvido
inicialmente para aplicação espacial, uma versão com custo mais reduzido,
chamada tipo S-2, está disponível para aplicações que não requerem
certificado para utilização aeroespacial ou militar. Em sua formulação química,
os vidros do tipo R e S contêm uma maior proporção de
alumínio e sílica, o que pode representar um aumento de 20% nas
propriedades mecânicas quando comparado ao vidro tipo E. O custo extra da
fabricação desse tipo de filamento, com excelente acabamento superficial e
baixo volume de produção, caracteriza seu alto valor.

Outro benefício do vidro tipo R ou S é o diâmetro dos filamentos,


aproximadamente metade do diâmetro do vidro E. Isto significa que para o
mesmo peso de vidro, as fibras tipo R e S têm cerca de duas vezes a área
superficial daquela apresentada pelo vidro tipo E. Este aumento de área
permite que a resina tenha mais aderência com as fibras, aumentando a
adesão entre a matriz de resina e os filamentos do material, protegendo e
adicionando mais resistência ao laminado.

Já o tipo AR (AR-glass, Alkali-resistant glass) a excelente resistência


alcalina do tipo AR, o torna recomendado para reforço de matrizes cimentícias
diversas, como concreto, argamassas, pré-fabricados, etc, sendo usado na
forma de vergalhões estruturais, telas, roving e fibras picadas.

Tipos de fibras de vidro comercializadas


Rovings

Rovings são bobinas cilíndricas formadas por mechas de filamentos contínuos


de fibra de vidro enroladas praticamente paralelas sem torção. Se caracterizam
pela facilidade de corte, rápida penetração e molhabilidade pela resina de
laminação, excelente dispersão, assentamento, conformação e roletagem. Sua
densidade é determinada por 1 tex = 1g/km, ou seja, 4000 tex = 4000g/km. São
recomendados para uso geral em processos de Aspersão (spray-up) e
Laminação Contínua, Pultrusão e Enrolamento filamentar.
CSM - Mantas de Fibra Picada

Formadas a partir do corte das fibras de vidro, cujos filamentos são distribuídos
de maneira uniforme e aleatória e posteriormente aglutinados por meio de um
ligante de alta solubilidade em monômero de estireno (tornando-se compatível
com resinas poliéster, estervinílica e epóxi), com isso possibilita a formação de
laminados com propriedades isotrópicas. Estas mantas são recomendadas
principalmente para o processo de Laminação Manual, Laminação Contínua,
vácuo, RTM e injeção.

Tecidos Woven-Roving (Bi-direcionais)

Constituídos de fios de vidro, os tecidos são entrelaçados na direção 0°


(urdume – sentido da máquina) e 90° (trama – transversal), com configuração
de tecelagem, podem ser tipo tela ou sarja. São recomendados principalmente
para o processo de Laminação Manual, e eventualmente como reforço pontual
em outros processos.

Tecidos Multiaxiais

Os tecidos de vidro são facilmente reconhecidos devido à configuração de


tecelagem, em que as fibras de vidro estão sobrepostas umas às outras em
eixos diferentes costurados com fios de poliéster. Podem ser encontrados nos
formatos, variando as direções em 0°, +45°, – 45° e 90°, e as gramaturas, e
também podem ser combinados com manta ou véu para um melhor
acabamento superficial.
O arranjo das fibras de vidro determina a direção e nível de reforço do
laminado, sendo encontrados nos seguintes formatos:
Unidirecional: permite obtenção de elevadas propriedades mecânicas ao longo
de uma direção, 0° ou 90°.
Biaxial: inclui a orientação das fibras em duas direções distintas, 0°/90° ou
+45°/-45°. As propriedades mecânicas do laminado variam conforme a direção
considerada na aplicação, tendo uma melhor resistência a torção.
Triaxial ou quadriaxial: constituído de três ou quatro camadas, respectivamente,
em direções distintas, sendo estas, 0°, +45°, -45° e 90°. Proporcionam a
fabricação de laminados com menor peso e melhores propriedades mecânicas,
principalmente, de flexão e tração. Além de demandarem menor consumo de
resina para sua respectiva impregnação, podem ser disponibilizados acoplados
com mantas de fibras de vidro picadas, possibilitando ao laminado um melhor
acabamento superficial.
São recomendados para diversos processos industriais, desde a simples
Laminação Manual, como também, Laminação Contínua, Prensagem, RTM,
Pultrusão, Infusão, além de reforço pontual em outros processos, como
Enrolamento Filamentar.

Mantas Moldáveis Compostas

Consiste basicamente de uma ou duas camadas de mantas de fibras de vidro


picadas e costuradas a um núcleo de não tecido sintético (PP
Polipropileno), cujo resultado é um reforço perfeito recomendado aos sistemas
de moldagem fechada, como RTM, RTM Light e Infusão. Essas mantas
apresentam diversas vantagens no seu processamento: alta conformabilidade
resultando em economia de tempo e mão de obra, alta resiliência contribuindo
para melhoria na qualidade superficial das peças, alta permeabilidade
facilitando o fluxo de resina, peças com boa rigidez, alto índice de repetibilidade
e melhoria de produtividade.
Essas mantas podem ainda ser disponibilizadas com tecidos multiaxiais
acoplados, possibilitando a fabricação de peças com altas propriedades
mecânicas e com excelente acabamento superficial.

Manta de Filamento Contínuo – CFM

As Mantas de Filamentos Contínuos são fabricadas a partir de filamentos de


vidro, que consistem em fibras contínuas orientadas aleatoriamente em
múltiplas camadas aglutinadas por meio de um ligante químico especial de
baixa solubilidade compatível com resinas poliéster, estervinílicas, epóxi,
fenólicas e poliuretano.
Essas mantas são recomendadas para processos de moldagem fechada, como
RTM, Prensagem, Injeção, Pultrusão e Infusão. Na versão destinada ao
processo de Pultrusão, tem destaque para a sua pelo fato de o ligante
empregado na aglutinação dos filamentos ser de baixíssima solubilidade em
estireno, acaba resultando num reforço ideal para este processo em virtude da
sua alta resistência ao puxamento. De um modo geral, estas mantas
proporcionam diversas vantagens, com destaque para as que seguem abaixo:
 Aumento das propriedades mecânicas
 Melhoria das propriedades isotrópicas
 Melhoria no fluxo da resina
 Redução de peso
 Facilidade de manuseio
Véus de Superfície

Os véus de superfície são formados por filamentos de fibras de vidro dispersos


aleatoriamente e ligados por copolímero estireno acrílico. Usados como uma
barreira protetora do laminado contra a ação de intempéries e em ambientes
agressivos, que também proporcionam uma superfície lisa com melhor
acabamento e tem uma rápida impregnação.

Bibliografia

 Neto, Flaminio Levy; Pardini, Luiz Claudio. Compósitos estruturais:


ciência e tecnologia. 1ª ed. São Paulo, Blucher, 2006.
 https://vidrado.com/noticias/artigos/tipos-de-fibras-de-vidro/ - acessado
em 06/03/2023
 https://diprofiber.com.br/fibra-de-vidro/ - acessado em 07/03/2023

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