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Apêndice 17 – Considerações para as chapas gousset

Enquadramento
Os gousset têm vindo a ser utilizados não apenas nos sistemas de contraventamento, mas também
como chapas de ligação dos elementos principais que suportam as cargas. Os gousset são usados em
treliças de aço para edifícios e pontes, assim como nas ligações para sistemas de contraventamento,
(Astaneh-Asl, 2010).

Na maioria dos casos, os goussets para o sistema de contraventamento dos edifícios são chapas
individuais, mas também se podem utilizar duas chapas. A utilização de dois goussets em ligações de
elementos principais está do lado da segurança, na medida em que a carga actuante pode ser separada
em duas, e na situação de fractura ou perda de espessura (por exemplo, devido á corrosão) num dos
goussets, o outro gousset permanece “intacto” e pode suportar uma carga adicional até que seja
detectada essa anomalia e posterior reforço ou reparação estrutural (obviamente que adoptar este
solução levará a chapa mais finas).

A utilização de tubos em ligações com gousset é vantajosa por ser estética enquanto elemento
arquitectonicamente exposto, porém, geralmente estas ligações requerem soldaduras. É também
esperado que os tubos circulares possuam melhor comportamento a cargas axiais monotónicas (e
cíclicas) dado que eles são submetidos a menos trabalho a frio para atingirem a sua forma redonda,
(Cochran & Honeck, 2004).
As ligações com gousset são zonas críticas dos elementos, porque a rotura destes pode resultar numa
perda significativa de resistência e rigidez do elemento ligado, e por esta razão, deverão providenciar-
se disposições construtivas para tornar o comportamento dos gousset dúctil, (Astaneh-Asl, 1998;
Brown, 1988).
Embora o gousset tenha resistência suficiente para transferir as forças aplicadas, o comportamento do
gousset em elementos depende fortemente da direcção de encurvadura do elemento. A razão para que
a ligação deva ser mais resistente que o elemento (mais fraco), é para assegurar, na situação que em
que se formam rótulas plásticas apenas no elemento (encurvadura no plano), a ligação seja forte o
suficiente para resistir à flexão desse elemento.

Figura 1 - Ligações com um gousset (Astaneh-Asl, Cochran, & Sabelli, 2006): encurvadura no plano do
elemento (à esquerda); encurvadura fora do plano do elemento (à direito)
Na situação do elemento encurvar no plano, apenas há formação de rótulas plásticas no elemento, e
neste caso o gousset mantém-se em comportamento elástico, (Astaneh-Asl, 1998). Todavia, quando o
elemento encurva fora do plano ocorre formação de rótula plástica no gousset, significando que o

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gousset deverá estar dimensionado para possuir capacidade de rotação (actua como ligação rotulada),
caso contrário, o gousset sofrerá uma rotura frágil (não existe distância física suficiente para acomodar

gousset possui capacidade de rotação, a extremidade do elemento deverá estar afastada pelo menos 2t
a rótula plástica sem o gousset fracturar), (Astaneh-Asl, 1998; Cochran, 2003). Para assegurar que o

do canto reentrante do gousset, (Astaneh-Asl, 1998). Por outro lado, devido às exigências práticas de

(Cochran & Honeck, 2004), é altamente recomendado que o afastamento mínimo de 2 a partir da
dimensionamento das extremidades dos gousset e tolerâncias de montagem das estruturas metálicas

efeitos de dimensionamento valores entre 3 e 4 .


linha de cedência (canto reentrante do gousset) seja um pouco maior, sendo recomendado adoptar para

Saliente-se que quando o elemento encurva fora do plano, o gousset irá flectir sobre o seu eixo mais
fraco, e a cedência possivelmente irá ocorrer no gousset e não no elemento. Esta flexão no eixo fraco
do gousset resulta numa redução significativa da rigidez no plano do elemento e dissipa menos energia
do que a ocorrência de cedência no elemento, (Cochran & Honeck, 2004). É sugerido pelo autor
(Astaneh-Asl, 1998), que o comprimento efectivo de encurvadura do gousset deverá ser 1,2L para
levar em conta a possibilidade do elemento mover-se fora do plano.
Também quando o elemento ligado ao gousset encurva fora do plano, o gousset deverá possuir
ductilidade suficiente para se deformar e providenciar a rotação (suficiente) exigida pelo elemento.
Para garantir que uma ligação com gousset é dúctil, a localização do ponto de intersecção dos eixos
centroidais dos elementos deverá estar, na medida do possível, próxima da soldadura de extremidade
(evitar fractura em tracção ou encurvadura em compressão) ou no interior do gousset (caso se pretenda
melhor comportamento a cargas cíclicas).

Figura 2 – Detalhe recomendado na linha de cedência do gousset, (Cochran, 2003)


Importa referir que o uso de tubos não permite o controlo da encurvadura no plano ou fora do plano
mesmo que contraventando um elemento (ou dito noutros termos, existe igual probabilidade de
ocorrência). No entanto, a condição de extremidade pode influenciar na direcção do elemento encurvar
(a encurvadura pode ser influenciada pela orientação do gousset), pois como há menor rigidez fora do
plano do gousset é altamente provável que o elemento encurve nessa direcção, (Cochran, 2003).

Na extremidade do elemento ao gousset, deverá estar previsto um afastamento mínimo de 20 mm até à


extremidade inclinada do gousset, este afastamento mínimo providencia uma resistência adicional na
rotura por destacamento em bloco, (Cochran & Honeck, 2004).

O ângulo de inclinação medido, afastado do eixo do elemento, a partir desta extremidade não deverá
ser inferior a 30 graus, se possível. Este é um mínimo prático para maximizar a largura de secção
Whitmore, para a força de compressão/tracção do gousset (também produz uma resistência adicional
para a rotura por destacamento em bloco), (Cochran & Honeck, 2004).
A rotura no gousset por destacamento do bloco nunca será proeminente no dimensionamento de
ligações com tubos onde o gousset é atravessado, mas o gousset deverá estar dimensionado para
transferir o corte a partir dos cordões de soldadura, resultante do desenvolvimento da capacidade de
tracção do elemento. Similarmente, a resistência ao corte da parede do tubo deverá ser suficiente, para
permitir o desenvolvimento da capacidade de tracção do elemento ao longo das soldaduras do gousset
(a rotura por destacamento das paredes do tubo não deverá ser proeminente).

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Como regra geral, a espessura do gousset deverá estar num intervalo de duas vezes a espessura da
parede do tudo do elemento, especialmente quando o comprimento do gousset é aproximadamente
igual á largura do elemento. O comprimento do gousset para ligações com tubos deverá ser cerca de
duas vezes o diâmetro do tubo para minimizar o comprimento das soldaduras e reduzir o efeito de
influência do corte (“shear lag effect”) no gousset, (Cochran & Honeck, 2004). A desvantagem de um
gousset com espessura elevada é que grande parte da área transversal do tubo é removida pelo corte,
para o gousset atravessar o tubo, exigindo assim a utilização de reforços laterais espessos para
compensar a área perdida. É ainda necessário que a dimensão do rasgo no tubo deva ser entre 2 a 3
mm maior do que a espessura do gousset para facilitar a montagem da ligação.

Figura 3 – Ligações com dois goussets (Astaneh-As l, Cochran, & Sabelli, 2006): encurvadura no plano do
elemento (à esquerda); encurvadura fora do plano do elemento (à direita)
Orientações ao dimensionamento de gousset

Previamente ao dimensionamento do gousset é necessário efectuar o dimensionamento das ligações


dos elementos às chapas gousset. Seguidamente efectua-se o traçado dos pormenores e define-se a
geometria dos gousset de maneira a que as suas dimensões abranjam as áreas necessárias para
desenvolver a resistência das ligações (aparafusadas ou soldadas). Para concluir o dimensionamento
do gousset deve-se seleccionar a classe de aço a utilizar, e a espessura necessária, (Astaneh-Asl,
2010).

Ligações entre perfis tubulares e chapas de gousset

Nas ligações com tubo CHS e gousset soldado (rasgo no tubo), assumindo que o gousset está
concentricamente alinhado com o eixo do elemento, existem dois modos de rotura possíveis de
ocorrência devido às solicitações axiais (em torno do gousset): rotura circunferencial do tubo CHS e
rotura por arrancamento (destacamento em bloco).
Refira-se que quando há transferência de carga na ligação, em consequência de apenas uma parte da
secção do tubo CHS estar ligado ao gousset, ocorre uma distribuição desigual de tensão em redor do
perímetro do tubo CHS, (Wardenier, Kurobane, Parcker, Van der Vegte, & Zhao, 2008).

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Figura 4 – Esquema da ligação do tubo CHS com gousset atravessado, adaptado de (Cheng, Kulak, & Khoo,
1998)
Este fenómeno, conhecido como “shear lag”, é principalmente influenciado pelo comprimento de
soldadura, (também, comprimento de armarração). A utilização de grandes comprimentos no

⁄ < 0,7 =
cordão de soldadura torna os efeitos de “shear lag” insignificantes (rotura circunferencial) e pelo

0,5 −
contrário ao adopta-se pequenos comprimentos no cordão de soldadura
, a rotura por arrancamento torna-se proeminente sobre a rotura circunferencial do CHS,
(Wardenier, Kurobane, Parcker, Van der Vegte, & Zhao, 2008).
Numa ligação em que a rotura circunferencial é determinante, a resistência à tracção é dada por
(estado limite último):
⎡ ⎤
⎢ 1 ⎥
= 0,9 × × !" × ⎢1 − .,/ ⎥ 34 5 ≥ 0,7
+,,
⎢ '1 + ) * - ⎥
⎣ ⎦
Senão, a rotura ocorre por destacamento do bloco, e a resistência à tracção será dada por (determinada
pela participação da resistência à fractura na área efectiva em tracção e pela resistência da área bruta

< + !"
ao corte):
= 0,9 × 7 8 × !" + 0,58 × :; × ' " -= 34 5 < 0,7
2

Portanto, o estado limite último relevante para a ligação está dependente do comprimento do cordão de
soldadura.

≥ 1,3 , para a capacidade da


Alguns autores (Weynand, K. et al, 1996) indicam que a maneira mais fácil de dimensionar estas
ligações (quer seja em tracção, ou em compressão) é assegurar que
ligação estar próxima da cedência do elemento.
Geralmente é adoptada uma soldadura envolvendo o gousset quando este é levado até á extremidade
da ranhura. Não obstante, sempre que as soldaduras sejam para executar em obra a abertura da ranhura
deverá respeitar a tolerâncias de fabricação.

Refira-se que nos tubos é difícil cortar ranhuras nas extremidades de tal forma que elas estejam
alinhadas para não originar rotações ou ângulos de desvio entre ranhuras, todavia são permitidas
pequenas variações no alinhamento da ranhura, porque o deslizamento do tubo ligado ao gousset é
ainda difícil, (Cochran, 2003).
Recomendações para o traçado de goussets

Para facilitar o desenho geométrico do gousset existem equações que orientam para uma determinada
configuração geométrica, no entanto, a sua utilização requer que algumas dimensões geométricas
estejam pré-definidas pelo projectista. Estas equações são válidas para os casos em que o ângulo de
inclinação do elemento com a viga (disposta na horizontal) está entre 30⁰ e 60⁰, e a sua aplicação para

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elementos fora deste intervalo conduzem a goussets pouco económicos e relativamente grandes,
(Astaneh-Asl, Cochran, & Sabelli, 2006).

No traçado da geometria dos gousset deverão ser evitados tanto quanto possível os cortes reentrantes
ou chanfrados, exceptuando as curvas feitas para aparência, e extremidade paralelas são preferíveis às
inclinadas (bordos curvos ou rectos), (Astaneh-Asl, 2010).

O comprimento do elemento entregue ao gousset deverá ser ligeiramente maior que o comprimento do
cordão de soldadura, em cerca de 10 a 20 mm, para permitir uma terminação da soldadura
ligeiramente afastada da extremidade do gousset. Quando nas extremidades do gousset são
providenciados reforços, eles deverão terminar fora da zona de cedência do gousset (zona de formação
da rótula plástica), para permitir a livre rotação aquando a formação da rótula plástica (evitar o
empenamento do cordão de soldadura e possível iniciação da fractura no gousset devido há ocorrência
de rotação inelástica quando o elemento tende a encurvar para fora do plano).

Figura 5 – Distribuição das tens ões no gousset segundo o conceito de Whitmore, (Astaneh-Asl, Cochran, &
Sabelli, 2006)
Para estabelecer a geometria do gousset, primeiramente, deve-se calcular a secção de Whitmore
utilizando uma das seguintes equações para ligações aparafusadas ou soldada, (Astaneh-Asl, Cochran,
+
& Sabelli, 2006):
>?@ 8ABCD = E +
FGH IJ⁰
para elemento soldado
+
>?@ 8ABCD = E +
FGH IJ⁰ L M
para elemento aparafusado

Em que, >?@ 8ABCD é a largura do gousset na extremidade do elemento utilizando o método de


Whitmore; , LM é o comprimento da ligação aparafusada ou soldada do elemento do gousset; E é a
distância entre linhas de parafusos ou soldaduras.
Ou alternativamente, a partir de uma geometria delineada para o gousset onde os ângulos podem ser

E E
calculados de acordo com:
O − 2−T +− 2−T
NO = tan SRO U ; N+ = tan S RO U
L L

Onde, NO e N+ são os ângulos da extremidade do gousset ao eixo do elemento; O e + é a porção de

correspondendo ao ângulo NO ou N+ ; T é a distância da face do elemento até à extremidade do gousset;


largura do gousset na extremidade do elemento (medida perpendicular ao eixo do elemento)

E é a largura do elemento no gousset; L é o comprimento do elemento no gousset. Refira-se que caso


os ângulos não sejam iguais, eles não deverão diferir um do outro, preferencialmente, mais de dois
graus.

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A largura do gousset na secção transversal ao longo da extremidade das linhas de s oldadura (ou
linhas da parafusos) é sugerida para ser igual ou ligeiramente menor do que a largura de Whitmore de
tal modo que o ângulo entre o bordo do gousset e o eixo do elemento esteja entre 25 e 30 graus.
Depois de definida a largura do gousset, a espessura pode ser calculada por (Astaneh-Asl, Cochran, &

WX
Sabelli, 2006):
=

Em que, WX é a máxima resistência à tracção requerida para dimensionamento da ligação; é a largura


do gousset na extremidade do elemento (medida perpendicular ao eixo do elemento).

Tendo em conta que a primeira restrição da ligação com o gousset é a parede do tubo, a configuração
geométrica do gousset é estabelecida pelos parâmetros seguintes:

+ L
= (2T + E) × cos ^ ; =_ ` × sin(^ + N+ ) ;
: @
=
+
O +
cos N+ I
tan(^ + N+ )

, = (2T + E) × sin ^ ; . =b+ I − , ; c = . × tan (^ − NO )

d >e
= + − ;b= + −f
O + c
tan ^ sin ^
Importa referir que podem existir pequenas diferenças das dimensões para satisfazer os requisitos de
dimensionamento do gousset.

Figura 6 – Intersecção da linha limitada pela zona de rótula plástica com a viga, (Astaneh-Asl, Cochran, &
Sabelli, 2006)
Resistência das ligações com goussets
As ligações com gousset possuem duas partes distintas, nomeadamente, as componentes da ligação
das chapas (consistindo em parafusos e soldaduras) e os próprios goussets.
A resistência da ligação no estado limite último avaliada através das componentes é estabelecida por
um dos seguintes modos de rotura: rotura por corte nos parafusos ou rotura pelas soldaduras; rotura

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por esmagamento dos parafusos (de encontro a um elemento); rotura devido a pequeno espaçamento à
extremidade ou pequeno espaçamento entre os parafusos.

As roturas devido ao espaçamento entre parafusos e em relação à extremidade podem ser evitados se
os limites mínimos indicados no Eurocódigo 3 na parte 1-8 forem satisfeitos.

A resistência da chapa gousset é estabelecida por um dos seguintes modos de rotura (Astaneh-Asl,
2010; Astaneh-Asl, 1998): cedência da área bruta definida pelo método de Whitmore (gousset com
ligação a um elemento em tracção); fractura da área efectiva (definida pelo método de Whitmore) por
arrancamento do bordo (gousset com ligação a um elemento em tracção); rotura em bloco por corte;
encurvadura da chapa gousset em compressão; encurvadura da extremidade livre do gousset; cedência
da área bruta crítica do gousset sob combinação de momento flector, corte e esforço axial; fractura da
área efectiva crítica da chapa gousset sob combinação de momento flector, corte e esforço axial.
Para segurança e prevenção do colapso progressivo da estrutura, de acordo com o Eurocódigo 3 na
parte 1-8, as ligações com goussets deverão ser dimensionadas para serem mais resistentes que o
elemento mais fraco presente na ligação e não só para resistir à maior combinação de esforços a que
estão sujeitos os elementos.

 Presença de tensões secundárias

As ligações efectuadas com recurso a gousset possuem alguma rigidez e como tal surgem momentos
nas extremidades dos elementos (e também nos goussets) que deverão ser considerados, e o mesmo
deverá ser feito com aqueles provenientes de uma excentricidade em relação ao ponto de referência da
ligação. Nalguns casos, as tensões secundárias provenientes destes fenómenos, devido à distorção do
elemento, não necessitam ser consideradas se o elemento possuir no plano paralelo à distorção uma
largura menor do que um décimo do seu comprimento. Estas ligações podem ainda ser dimensionadas
considerando apenas um esforço axial que inclua os efeitos de flexão, desde que, seja feita uma
avaliação de como os efeitos de flexão afectam os esforços axiais (determinação de uma força axial
hipotética/efectiva), (Astaneh-Asl, 2010).
Adicionalmente, para reduzir as tensões secundárias nos goussets e elementos, existem disposições
construtivas que deverão ser adoptadas: os elementos estejam ligados de maneira a que os seus centros
de acção (eixo centroidal) passem por um único ponto de referência; os parafusos ou soldaduras que
ligam os elementos aos goussets deverão estar simetricamente dispostos, na medida do possível,
segundo o eixo centroidal dos elementos.

 Rotura por cedência na secção bruta

A cedência do gousset pode ocorrer devido a tracção ou compressão directa, ou então, a combinação
de flexão com corte e esforço axial. Ademais, a cedência devido à tracção ou compressão directa pode
ocorrer dentro da área bruta com largura definida pelo método de Whitmore, (Astaneh-Asl, 1998).
A secção de Whitmore é estabelecida pela área proveniente do traçado de duas linhas perfazendo 30°
(ângulo de distribuição assumido pela trajectória das tensões dentro do gousset) a partir do centro dos
últimos parafusos (ou fim da soldadura), até à intersecção da linha que passa através da primeira linha
de parafusos (ou início da soldadura) e que é perpendicular ao eixo do elemento.
A resistência nominal de cedência da secção de Whitmore de um gousset sob esforço axial directo
(compressão ou tracção) é dado por (Astaneh-Asl, 2010):

g , = :,? × <

Onde, :,? é a área bruta do gousset na secção Whitmore definida por: :,? = × :, onde éa
largura da secção de Whitmore e : é a espessura do gousset.

A cedência da secção de Whitmore do gousset é o modo de rotura mais adequado.

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 Rotura por fractura na secção efectiva

A área efectiva da secção de Whitmore pode fracturar se a força no elemento for de tracção (existe a
possibilidade de a secção efectiva do gousset ao longo da última linha de parafusos ficar bastante fraca
e esse modo de rotura tornar-se predominante). A resistência nominal última da secção de Whitmore
de um gousset sob esforço de tracção directo é dado por (Astaneh-Asl, 2010):
g , = , × !

Onde , é a secção efectiva do gousset na secção Whitmore.

A fractura da secção de Whitmore do gousset é um modo de rotura não dúctil.

 Rotura em bloco por corte

A rotura em bloco por corte pode ocorrer numa placa gousset onde há elementos em tracção
conectados. A capacidade de um gousset à rotura em bloco por corte pode ser prevista pelo método de
Whitmore, (Astaneh-Asl, 1998).
A resistência nominal à rotura em bloco por corte no gousset é dada por (Astaneh-Asl, 2010; Topkaya,
2007):
Se 8 ≥ 0,6 × ; ∶ g Lj = 0,6 × < × ;: + ! × 8
(1)

Onde ;: = ( × ) é a área bruta ao longo do plano resistindo a tensões de corte e 8 é a área


efectiva ao longo do plano resistindo a tensões de tracção.

Caso contrário : g Lj = 0,6 × ! × ; + < × 8:


(2)

Onde ; é área efectiva ao longo do plano resistindo a tensão de corte e 8: = (k × ) é a área bruta
ao longo do plano resistindo a tensões de tracção.
A equação 1 corresponde à situação em que a rotura ocorre devido à cedência da área bruta por corte e
fractura na área efectiva por tracção. A equação 2 corresponde à situação em que há fractura por corte
na área efectiva, enquanto a área bruta entra em cedência por tracção.

Figura 7- Rotura em bloco por corte num gousset, (Astaneh-Asl, 2010)


Para os casos em que a placa gousset é relativamente estreita e longa, e nos casos em que a
extremidade é curva, uma rotura por destacamento incompleto do bordo poderá acontecer. Na situação
de ligações aparafusadas em que existem extremidades com curvas, na área efectiva em tracção, 8,
le
deverá adicionar-se o termo ) *×
,×:
para cada uma dessas extremidades, em que: S é a distância

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paralela à força de tracção aplicada; m é a distância perpendicular à força de tracção aplicada, (Shi,
2005).
Alguns autores (Astaneh-Asl, 2010) estabelecem que este termo adicional só deverá ser contemplado
para situações em que a extremidade curva é não paralela ou perpendicular à linha de acção da tracção.

A rotura por destacamento do bloco é considerada um modo de rotura não dúctil.

 Encurvadura do gousset

A encurvadura dos gousset pode ocorrer sobre as áreas próximas do bordo, a qual é chamada
encurvadura de bordo, ou ela pode ocorrer nas áreas interiores do gousset, a qual é chamada como
encurvadura do gousset. Dependendo do número de elementos em compressão que estão ligados ao
gousset, a região de encurvadura pode ser pequena ou grande.
Apesar de não existirem disposições para a encurvadura de bordo, alguns autores (Astaneh-Asl, 2010)
mostraram que ela pode ser prevenida pela adição de reforços no bordo, melhorando também a
capacidade à encurvadura nas áreas interiores. De modo semelhante para a adição de reforços nas
áreas interiores, isto é, a encurvadura nas áreas interiores é prevenida e produz melhorias na
capacidade de encurvadura de bordo.

Para estabelecer a capacidade de encurvadura do gousset sujeito a compressão directa, a largura


efectiva de Whitmore pode ser usada.

Como existe possibilidade do gousset encurvar fora do plano, é necessário estabelecer um


comprimento efectivo para determinar o coeficiente de redução.

Figura 8 – Modelo de cálculo para determinar a capacidade de encurvadura de um gousset, (Astaneh-Asl, 1998)
Como medida para estabelecer o comprimento efectivo, a secção de Whitmore do gousset é dividida
em faixas, cada uma com largura igual a uma unidade de medida (adequada), e para cada faixa é
considerada uma escora independente como secção rectangular, (Astaneh-Asl, 2010; Astaneh-Asl,
1998; Brown, 1988).
O comprimento da faixa localizada no eixo que passa pelo centro do elemento comprimido é sugerido
como o comprimento de escora para todas as faixas.

Esta hipótese é aceitável porque as faixas não são escoras separadas umas das outras, mas sim como
parte de uma placa contínua, com as tensões distribuídas de uma faixa para outra à medida que o
carregamento aumenta.
Se num gousset estão ligados dois elementos adjacentes sob compressão, as tensões de compressão
resultantes de cada um deles terão de ser adicionadas, dando origem a maiores tensões de compressão
do que considerando os elementos individualmente.

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Como hipótese aceitável pode-se assumir que as forças aplicadas no gousset são distribuídas ao longo
da largura de Whitmore.

Este modo de rotura é considerado como modo de rotura não dúctil.

 Encurvadura do bordo livre do gousset

Quando um elemento comprimido está ligado a um gousset, a extremidade livre do gousset pode
encurvar sob tensões de compressão. A encurvadura do gousset é um modo de rotura separado da
encurvadura das áreas interiores do gousset, pelo que quer esteja ou não feito o dimensionamento do
gousset para o estado limite último de encurvadura, não está garantida a segurança à encurvadura no
bordo, (Astaneh-Asl, 2010; Astaneh-Asl, 1998).
Para evitar a encurvadura do bordo sob cargas monotómicas antes de cedência do gousset (capacidade
máxima de compressão):
n:
≤ 24,8p
:

Se esta condição não é respeitada numa extremidade livre, quer na vertical ou na horizontal, é
necessário adicionar reforços no gousset, mas a sua localização não deverá ultrapassar a linha de
cedência do gousset.
Alguns autores (Cochran & Honeck, 2004) afirmam que o elemento pode ser considerado como
enrijecedor no bordo livre, excepto quando a distância perpendicular desde a superfície do elemento
até ao bordo livre do gousset excede a distância definida para elementos compactos:
E
≤ 9,12p

Sendo, o comprimento do bordo livre do gousset com rigidez conferida pelo elemento dado por:
E −T
=
l
34q 30˚
Onde 30˚ é o ângulo de distribuição assumido pela trajectória das tensões dentro do gousset.

 Cedência de secções críticas da chapa gousset sob combinação de esforços

As secções críticas dos gousset podem atingir a cedência sob a combinação de esforços axiais, flexão e
corte. Para avaliar se a tensão proveniente de combinação de esforços não excede a tensão de cedência
do material, o método das secções ou, uma análise recorrendo ao método de elementos finitos podem
ser utilizados.
Na aplicação da teoria de vigas, as secções do gousset são assumidas vigas, e pela utilização de
diagramas de corpo livre são estabelecidos os esforços axial, corte e momento flector que actuam nas
secções críticas do gousset. Seguidamente determinam-se as tensões normais e tangenciais e
comparam-se com as tensões admissíveis: a tensão normal é estabelecida pela interacção linear das
tensões normais devido à força axial e momento flector; as tensões tangenciais são calculada s pelo
quociente da força de corte actuante com a área da secção crítica do gousset (ou seja, admitindo
tensões tangenciais uniformes).

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Figura 9 – Modelo simples para equilíbrio das forças, (Thornton, 1992)
A verificação de segurança à cedência nas secções criticas dos gousset é dada por (Astaneh-Asl, 2010;

v× z
Thornton, 1992):
sAtu = + ≤ stxxB ; yAtu = ≤ ytxxB
× w ×
8×{|
Onde, w = é o momento de inércia da secção crítica; sAtu é a máxima tensão normal actuante na
O+

comprimento da secção critica; stxxB é a tensão normal admissível para o material do gousset.
secção critica do gousset; N, M e V são os esforços actuantes na secção crítica do gousset; L é o

Alguns autores (Astaneh-Asl, 1998) afirmam que a distribuição de tensões nas secções críticas do
gousset devido à combinação de esforços, não é similar à distribuição de tensões em vigas, onde
usualmente a tensão normal é máxima nas fibras extremas (mais afastadas do eixo neutro) e a tensão
de corte é máxima no eixo neutro. No entanto, os valores máximos das tensões normais e de corte
obtidos pela teoria de vigas estão bastantes próximos aos obtidos em ensaios experimentais.

A verificação dos goussets para a tensão presente na secção crítica pode apresentar algum problema
quando os goussets têm geometria irregular (ocasionalmente, nos sistemas de contraventamento),
deste modo, devem ser tomadas as secções paralelas aos elementos (potencialmente críticas), e para o
cálculo da tensão máxima nessas secções críticas, pode-se aplicar método de teoria de vigas, (Astaneh-
Asl, 2010).

 Fractura em secções críticas de gousset

A área efectiva das secções críticas dos gousset pode fracturar sob combinação de esforço axial,
momento flector e corte.

Para este modo de rotura, segue-se um estudo similar ao efectuado para a cedência da secção crítica do
gousset sob combinação de esforços, (Astaneh-Asl, 2010).

 Disposições construtivas

É recomendado o uso de gousset simétricos em relação ao eixo do elemento, para permitir um uso
eficiente do material e uma maior área para distribuição de tensões.
Quando é previsto que o material fique exposto a condições severas de corrosão, a espessura mínima
dos gousset deverá ser pelo menos 10 mm, mesmo que o material esteja protegido contra a corrosão,
(Astaneh-Asl, 2010).

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A distância máxima dos parafusos ao bordo e entre parafusos (qualquer que seja a direcção) é muito
importante no dimensionamento e avaliação do gousset em termos de prevenção da encurvadura local,
assim como para prevenir a corrosão e formação de ferrugem.

Na escolha da classe de aço deve-se levar em atenção que as classes de elevada resistência, dado que
apresentam uma tensão de cedência próxima da tensão última, tornam uma rotura frágil predominante
sobre uma rotura dúctil (desaconselhável no comportamento da ligação com gousset), não obstante, a
classe de aço mínima recomendada para as chapas gousset é a S355.

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