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Método de Rayleigh-Ritz
Um critério de estabilidade elástica adequado para estruturas elásticas sujeitas a cargas estáticas é o
critério de estabilidade da energia (abordagem energética), com efeito é neste conceito que se baseia a
formulação do método de Rayleigh-Ritz (actua ao nível da energia potencial de um sistema estrutural,
e portanto, só é aplicável em problemas conservativos) (Reis & Camotim, 2012).
No que se segue analisa-se a estabilidade de uma secção aberta de paredes finas (a espessura é
pequena quando comparada com as outras dimensões da secção transversal), porque apesar estas
secções serem uma boa escolha pelo elevado desempenho em termos de minimizar o peso próprio para
uma dada resistência, no entanto, é a estabilidade que se torna fundamental no dimensionamento.
∫ ( )
∫ ( )
∫ ( ) ( )
1
Em secções abertas de paredes finas constituídas por troços, se as linhas médias concorrem num ponto então
esse ponto coincide necessariamente com o centro de corte (as linhas de acção das resultantes das tensões
tangenciais nos diversos troços convergem para esse ponto) (Silva, 2004).
2
Admite-se que a carga concentrada é aplicada no centro de gravidade pelo facto da ligação espacial ser
"perfeita".
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{ } { }
∫ ∫
Onde, é a área da secção transversal do elemento; e são a altura e a largura da secção
transversal do elemento; e são as espessuras das abas maior e menor da secção cruciforme; e
são as coordenadas do centro de corte em relação ao centro de gravidade da secção; é o
comprimento do vão da consola.
É importante salientar que a formulação utilizada está limitada à resposta elástica (precedente aos
fenómenos de instabilidade), nela se usaram as hipóteses da teoria clássica de Vlassov sobre peças de
paredes finas – as secções transversais não se deformam no seu próprio plano e as deformações por
corte sobre a superfície média são negligenciáveis –, e também se assumiu que a peça está a flectir
inicialmente sobre o eixo de maior inércia – os efeitos iniciais de curvatura podem ser ignorados
(Andrade, Camotim, & Providência e Costa, 2007; Attard, 1986).
Figura 1 – Consola submetida a uma força concentrada horizontal ou vertical (compressão uniforme) aplicada no
centro de corte da extremidade livre
Considerando a distribuição de esforços no estado fundamental3 vem que:
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Os efeitos geometricamente não lineares são contabilizados ao usar-se o princípio da minimização da energia
potencial, ou seja, trata-se de uma alternativa à consideração das equações de equilíbrio na posição deformada
(as deformações permanecem lineares) (Reis & Camotim, 2012; Chajes, 1974).
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Onde, e são as forças externas concentradas vertical e horizontal, e cujas linhas de acção passam
pelo centro de corte da secção transversal do elemento estrutural (se existirem excentricidades nas
forças externas os seus efeitos deverão estar incluídos); é um parâmetro de carga associado a
determinado modo de instabilidade.
Encurvadura lateral-torsional
( )
Em que, os parâmetros são os graus de liberdade (variáveis não conhecidas); e
são as funções de forma (caracterizam a forma da encurvadura) que satisfazem as condições de
fronteira cinemáticas seguintes:
É importante frisar que as funções de forma fornecem uma estimativa do deslocamento médio ao
longo do comprimento do elemento, ou noutras palavras, o deslocamento do centroíde de todas as
secções transversais.
Onde, é a rigidez tangente; é o vector dos graus de liberdade (deslocamentos generalizados).
Na escolha dos parâmetros de modo a tornar estacionária a função da energia potencial com
respeito às formas de encurvadura (critério do equilíbrio adjacente), é-se conduzido ao sistema de
equações lineares homogéneas definido pelas derivadas parciais de com respeito a
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Noutras palavras, a equação resultante conduz a uma série de potência (no máximo), cuja menor raiz
possível fornece a carga ou momento crítico de encurvadura (menor valor próprio da equação
característica). Além disso, como a matriz de rigidez do elemento e a matriz de estabilidade são
simétricas e reais, e a matriz de rigidez é positiva definida, segue-se que os valores próprios serão
sempre reais (Wang & Kitipornchai, 1986).
No que refere às condições de apoio, o elemento de secção cruciforme variável possui encastramento
perfeito na base (graus de liberdade fixos – deslocamentos e rotações) e está livre no topo (secção
mais pequena).
Admitiu-se ainda que a carga necessária para causar encurvadura está centrada no centro geométrico
da secção (coincide com o centro de corte da secção) e aplicada na extremidade livre da viga, e o
mesmo acontece com as cargas equivalentes às imperfeições (as imperfeições podem ser substituídas
por pequenas cargas fora do eixo do elemento, as quais são necessárias para se iniciar o modo de
encurvadura mais provável de ocorrer na realidade, ou seja, persuadem o elemento a encurvar sob uma
carga crítica mínima).
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Foram efectuadas tentativas com o programa SAP2000 e surgiram problemas na definição da geometria porque
o programa não traça curvas, e ao aproximar-se a curva por sucessivas rectas o gerador de malhas cria elementos
muito distorcidos (entre outros problemas).
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Na modelação do elemento cruciforme adoptou-se o elemento básico do tipo casca espessa com
dimensões não superiores a 10 mm (biblioteca de elementos finitos do SAP2000). Importa salientar
que o elemento seleccionado possui uma formulação de três ou quatro nós (caso seja um triângulo ou
um rectângulo, e não necessariamente planar), que combina o comportamento de membrana e de placa
à flexão (inclui os efeitos de deformação por corte transversal, conforme a formulação de
Mindlin/Reissner).
Por último, quer na análise pelos valores próprios, quer na análise não linear de estabilidade, foram
consideradas condições iniciais nulas (estado não pré-esforçado).
No que diz respeito à modelação da peça cruciforme utilizaram-se elementos do tipo Shell181 com
dimensões não superiores a 10 mm, que de acordo com é o elemento apropriado para analisar cascas
finas a moderadamente espessas. Este elemento possui 4 nós com seis graus de liberdade em cada nó:
translações nas direcções x, y e z, e rotações em torno dos eixos x, y e z. A opção triângulo
degenerado só deve ser utilizada quando se pretende elementos de preenchimento na geração da
malha. O elemento Shell181 inclui os efeitos lineares da deformação por corte transversal, e a
formulação de deformação de corte proposta por Bathe-Dvorkin é usada para aliviar o fenómeno de
sobrestimação da rigidez de corte, comummente designada por shear-locking (Pereira, 2003; Castro,
2009).
Para se efectuar uma análise de estabilidade pelo método dos valores próprios (análise do tipo “Eigen
Buckling”) é necessária a inclusão dos efeitos de pré-esforço (correspondentes a um estado de tensão
não variável) principalmente para se calcular a matriz de rigidez inicial (alguns elementos têm um
comportamento dependente do seu estado de tensões; por exemplo, um elemento poderá vibrar em
frequências mais elevadas à medida que a tensão aumenta ou devido ao pré-esforço instalado)
(Kristensen, 2005). Deste modo, primeiro concretiza-se uma análise do tipo estática utilizando uma
força unitária para calcular a matriz de rigidez (o factor de carga será reajustado se for aplicada uma
carga superior à unidade), e em seguida, para extrair os valores próprios de encurvadura utiliza-se, ou
o método de “Block Lanczos” para problemas de valores próprios em matrizes simétricas esparsas de
grande dimensão, ou o método “subspace” para outros casos (converge mais lentamente mas é mais
robusto). Não obstante, no decorrer da análise utiliza-se o método da resposta harmônica reduzida
(método de solução reduzida) que produz uma solução de deslocamentos complexos se necessário
(espaço vectorial complexo com dimensão finita), mas apenas envolvendo os graus de liberdade
relevantes; durante este passo as soluções completas para o elemento são obtidas através da expansão
da solução (ambas as soluções real e imaginárias podem ser expandidas) de cada grau de liberdade
fundamental (o método de solução utiliza matrizes reduzidas do elemento para resolver a equação de
movimento, noutras palavras, a matriz reduzida representará um sistema com os graus de liberdade
estritamente necessários para caracterizar o comportamento do sistema) (ANSYS, 2009).
Para se efectuar uma análise não linear de estabilidade (considera a possibilidade de cedência plástica)
as seguintes opções (específicas do programa) foram tomadas: i) os efeitos de pré-esforço estão
activos em análises não-lineares, e quando estão permitidas grandes deformações estas são
automaticamente incluídas (opção padrão do software que não sofreu alterações); ii) por predefinição
o programa irá automaticamente escolher o método de Newton-Raphson, contudo, para o processo de
análise adoptou-se esse método conjugado com o método comprimento de arco.
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elementos que convergem num nó comum. Teve-se também em atenção que a formulação rectangular
é mais precisa que a triangular, e por isso mesmo, o elemento triangular é apenas usado para locais
onde as tensões não mudem rapidamente (a utilização de grandes elementos triangulares não é
recomendada onde a flexão no plano é significativa).
A formulação convencional de elementos finitos não considera (por si mesma) os efeitos dos
deslocamentos prévios à encurvadura para o problema de bifurcação, e deste modo, os efeitos de
curvatura inicial são considerados a partir da carga equivalente associada. É importante levar-se estes
efeitos em consideração porque quanto maior for o vão menor será a percentagem carga crítica de
encurvadura, quando a curvatura inicial é tida em conta (a consequência do efeito da curvatura inicial
é também proporcional à esbelteza do elemento) (Attard, 1986).
Efectivamente existem diferenças de precisão entre os softwares SAP2000 e ANSYS, e crê-se que
estas estejam relacionadas com o facto de o SAP2000 ser menos preciso no tratamento do fenómeno
“shear locking” (sobrestimação da rigidez de corte).
Em relação à precisão do método de Rayleigh-Ritz esta é dependente das funções de forma utilizadas,
e quanto menores as diferenças entre a configuração deformada aproximada e a deformada real melhor
será a qualidade da solução, por conseguinte, como a estimativa da carga crítica está próxima da
exacta pode-se afirmar que as funções de forma são adequadas.
Em qualquer dos softwares utilizados é possível uma comparação entre a geometria deformada e a
geometria não deformada, como se pode observar por exemplo pelas Figura 2 a Figura 5.
Como seria de esperar, as soluções para as cargas críticas por meio de uma análise não linear
geométrica e material são sempre menores pelo facto de estarem previstos erros de geometria, entre
outros aspectos. Como forma de examinar o progresso dos deslocamentos à medida que a peça se
torna instável, nas Figura 7 e Figura 9 são mostrados os deslocamentos em função dos incrementos de
carga.
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Apresentação dos resultados do programa de cálculo automático – ANSYS
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Figura 4 – Modo de instabilidade elástica por torção
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Figura 6 – Distribuição de tensões – Instabilidade não linear elástica por flexão
Figura 7 – Deslocamento vertical no ponto de aplicação da carga axial para cada incremento de carga até que se
atinja a instabilidade não linear elástica por flexão
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Figura 8 – Distribuição de tensões – Instabilidade não linear elástica por flexão-torção
Figura 9 – Deslocamento horizontal no ponto de aplicação da carga horizontal para cada um incremento de carga
até que se atinja a instabilidade não linear elástica por flexão-torção
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