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BÁSICO SOBRE AMPLIFICADORES

OPERACIONAIS
Prof. Vinícius Secchin de Melo
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo
Coordenadoria de Automação Industrial - Campus Serra-ES, Brasil

1 Introdução
O termo amplificador operacional foi concebido na década de 40 e se refere a um tipo
especial de amplificador que quando adicionado componentes externos ao seu circuito,
pode ser configurado para desenvolver uma variedade de operações matemáticas e
desempenhar funções simples, como comparação entre sinais ou detectar polaridade de
sinais em relação a um referencial.

Um amplificador por definição, possui uma porta de entrada e uma de saída. Quando
operando em sua região linear, o sinal de saída será sempre um múltiplo do sinal de
entrada, ou seja, A × E , onde A representa o fator de amplificação ou ganho.

Dependendo da natureza dos sinais de entrada e saída, tem-se quatro tipos de amplifi-
cadores:

ˆ Tensão: entrada em tensão, saída em tensão


ˆ Corrente: entrada em corrente, saída em corrente
ˆ Transresistência: entrada em corrente, saída em tensão
ˆ Transcondutância: entrada em tensão, saída em corrente

O Teorema de Thevenin pode ser utilizado para se obter o modelo de um amplificador,


sendo este reduzido apropriadamente à fontes de tensão em série com resistências
elétricas. A porta de entrada de um amplificador pode ser representada por um elemento
passivo, e seu equivalente de Thevenin será então uma resistência elétrica RE . A porta
de saída pode ser representada por uma fonte de tensão controlada A × E , em série
com um resistência de saída RS , conectada a uma resistência de carga RL . Na Figura 1 é
apresentado o circuito equivalente de um amplificador.

+ +

RG RS
vG +_ vE R E +
_ AvE vS RL

_ _

Fonte Amplificador Carga

Figura 1: Circuito equivalente de um amplificador

1
2 O amplificador operacional ideal
O circuito equivalente apresentado na Figura 1 foi redesenhado em acordo com a Figura
2, onde está representada a notação padrão do amplificador operacional. Ele amplifica a
tensão diferencial d = (+) − (−) na porta de entrada e produz em sua saída uma tensão
S referenciada ao terra. Sendo assim, dizemos que o amplificador operacional possui
uma entrada diferencial e uma saída simples.

i(+)
+
v(+)
RS
vd RE +
_
AvE vS
i(᠆)
_
v(᠆)

Figura 2: Notação padrão de um amplificador operacional

Esta representação ainda possui efeito de carga tanto nas entradas como na saída do
amplificador operacional. O modelo ideal é obtido com o intuito de simplificar os cálculos
nos circuitos e é comumente utilizado como uma primeira aproximação para a solução
dos problemas.

Para tornar um amplificador operacional ideal, devem ser levadas em consideração


três aproximações:

ˆ Ganho infinito (A = ∞)

ˆ Resistência de entrada infinita (RE = ∞)

ˆ Resistência de saída igual a zero (RS = 0)

Aplicando estas simplificações na representação da Figura 2, obtem-se o modelo ideal


do amplificador operacional apresentado na Figura 3.

i(+) = 0

v(+) +

+
vd _
AvE vS
i(᠆) = 0 _
v(᠆)

Figura 3: Notação padrão de um amplificador operacional

2
3 Amplificador não-inversor
Um amplificador operacional ideal utilizado sem componentes externos, não possui
muitas utilidades em se tratando de amplificação de sinal, pois se aplicada uma tensão
infinitesimal entre suas entradas não-inversora e inversora, a saída sempre resultará na
saturação positiva ou negativa. Conectando-se componentes externos, pode-se construir
circuitos amplificadores de grande utilidades. Nas seções seguintes serão apresentadas
as duas configurações básicas como amplificador.

Na Figura 4 é apresentada a configuração básica de um circuito com amplificador ope-


racional como amplificador não-inversor. O bloco triangular é utilizado para representar o
amplificador operacional ideal. O terminal representado por (+) é chamado de entrada
não-inversora, enquanto o terminal representado por (−) é chamado de entrada inversora.

+ _ vS
vE _

RR
RE

Figura 4: Amplificador não-inversor

Para o entendimento deste circuito, deve-se encontrar a relação entre as tensões de


entrada (E ) e saída (S ). Aplicando-se o divisor de tensão no ramo composto pelos
resistores RR e RE no circuito da Figura 4, obtém-se a seguinte equação para a tensão na
entrada inversora ((−) ) do amplificador operacional:

RE
(−) = S
RE + RR

(−) = S × B (1)

Onde B = R R+R
E
pode ser chamado de fator de realimentação, pois representa uma
E R
parcela da tensão de saída que é realimentada na entrada não-inversora do amplificador
operacional.

Em acordo com o modelo ideal do amplificador operacional, a tensão de saída pode


ser dada por:

S = A × ((+) − (−) ) (2)

3
Onde A representa o ganho em malha aberta do amplificador operacional.

Substituindo a equação (1) em (2) obtem-se:

!
S 1 1
 
G= = × 1
(3)
E B 1+ AB

Em acordo com a equação (3), o circuito da Figura 4 comporta-se como um amplificador


de ganho G. G é chamado de ganho em malha fechada, enquanto A é o ganho em malha
aberta, conforme dito anteriormente. O produto AB é chamado de ganho de laço, loop em
inglês. Este ganho, é o ganho visto pelo sinal de entrada começando um laço pela entrada
inversora seguindo no sentido horário através do amplificador operacional, fechando na
rede resistiva de realimentação.

3.1 Simplificando os conceitos em malha fechada


Substituindo-se A = ∞ (caso ideal) em 3, obtém-se para o ganho a seguinte equação:

1 RR
 
G= = 1+ (4)
B RE

A equação (4) pode ser reescrita como:

S S RR
 
= = 1+ (5)
E (+) RE

De forma semelhante, a equação (1) pode ser reescrita como:

S RR
 
= 1+ (6)
(−) RE

Observa-se que os membros direitos das equações (5) a (6) são iguais, o que leva
a conclusão que as tensão nas entradas não-inversora e inversora possuem mesmo
valor. Isto explica o conceito de curto-circuito virtual entre as entradas não-inversora
e inversora do amplificador operacional. Observe que não existe ligação elétrica direta
entre estes dois pontos do circuito, eles apenas sempre possuirão o mesmo potencial
devido a realimentação negativa.

4
4 Amplificador inversor
Na Figura 5 é apresentada a configuração básica de um circuito com amplificador
operacional agora como amplificador inversor. Da mesma forma, o bloco triangular é
utilizado para representar o amplificador operacional ideal.

RR
RE
_

vE + + vS
_

Figura 5: Amplificador inversor

Assim como realizado para a configuração não-inversora, deve-se encontrar a relação


entre a tensão de entrada (E ), e a de saída (S ). Como não existe corrente na entrada
não-inversora do amplificador operacional, as correntes nos resistores RR e RE serão
as mesmas, ou seja, RR = RE . Desta forma a tensão na entrada não inversora pode
ser encontrada através do Teorema da Superposição aplicando-se a técnica de divisor
de tensão às tensões de entrada e saída. Desta forma são encontradas as seguintes
equações:

RE
(−)S = S (7)
RE + RR

RR
(−)E = E (8)
RE + RR

Somando-se as equações (7) e (8), obtem-se a tensão na entrada inversora do amplifi-


cador operacional como se segue.

RE RR
(−) = S + E (9)
RE + RR RE + RR

Substituindo-se S = A × ((+) − (−) ) e (+) = 0, pois a entrada não-inversora está


conectada ao terra, e após algumas operações algébricas, obtém-se a equação para o
ganho dada por:

!
S 1 1
 
G= =1− × 1
(10)
E B 1+ AB

5
Onde B = R R+RE
. Mais uma vez, tem-se um circuito amplificador pois B ≤ 1. O ganho
E R
em malha fechada G será negativo, e desta forma a tensão de saída terá polaridade
oposta em relação ao sinal de entrada, justificando-se então a configuração inversora.

4.1 Simplificando os conceitos em malha fechada


Substituindo-se A = ∞ (caso ideal) em (10), obtém-se para o ganho a seguinte equação:

S 1
G= =1−
E B

RR
G=− (11)
RE

Esta mesma equação pode ser obtida utilizando-se o conceito do curto-circuito virtual
entre as entradas não-inversora e inversora do amplificador operacional. Desta forma,
o potencial da entrada inversora ser igual a zero, devido a entrada não-inversora estar
conectada ao terra. Alguns autores chamam a isto de terra virtual presente na entrada
inversora do amplificador operacional.

5 Simplificando o curto-circuito virtual


Para que o amplificador operacional produza em sua saída uma tensão finita que se com-
preenda entre as tensões de saturação em sua saída, a tensão diferencial d = ((+) − (−) )
dever ser igual a zero.

Prova:

Sabendo-se que S = A × ((+) − (−) ), tem-que:

S = A · d
S
d =
A

Como S é um valor finito e idealmente o ganho A = ∞, obtém-se:

S
d =

d = 0 (12)

6
References

Jim Karki, Understanding Operational Amplifier Specifications Texas Instruments,


1998.

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