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Realimentação Negativa e Circuitos Básicos com Amplificador Operacional

Introdução

Este modo de operação é muito importante em circuitos com amplificadores operacionais.

As aplicações dos amplificadores operacionais com realimentação negativa são inúmeras tais
como amplificador não inversor, amplificador inversor, somador, subtrator, diferenciador, integrador,
filtros ativos, geradores de sinais etc.

Este modo de operação é também conhecido como operação em malha fechada.

Desenvolvimento do ganho de tensão de um sistema genérico usando realimentação negativa

A figura 1 mostra um sistema submetido à realimentação negativa.

Onde:

v entrada: é o sinal de entrada

v saída: é o sinal de saída

A: ganho de tensão de malha aberta (dado pelo fabricante do amplificador operacional)

B: fator de realimentação negativa

v erro: sinal de erro da entrada

v f: sinal de realimentação na entrada

Observando o sistema de blocos podemos constatar que:

v erro = v entrada – v f

v saída = A v erro

v f = B vsaída
v saída = A v erro = A (v entrada – v f)

v saída = A (v entrada – B v saída)

v saída = A v entrada – AB v saída

v saída + AB v saída = A v entrada

v saída (1 + AB) = A v entrada

v saída = ( A / 1 + AB) v entrada

v saída / v entrada = A / 1 + AB

A razão entre a tensão de saída e a tensão de entrada é denominada ganho de tensão de malha
fechada, simbolizada por ACL.

O ganho de tensão de malha aberta A é muito elevado em qualquer amplificador operacional


por isso AB >> 1. Com isso o ganho de tensão de malha fechada pode ser representado por:

ACL ≈ 1 / B
Conclusão

O ganho de tensão em malha fechada pode ser controlado através dos elementos que estiverem
no bloco B (fator de realimentação negativo).

Conceito de Curto – Circuito Virtual e Terra Virtual

A figura 2 mostra um modelo bastante simples de um amplificador operacional. É a partir desse


circuito que se pretende demonstrar o conceito de curto-circuito virtual e terra virtual.
Nota-se que a entrada do amplificador operacional apresenta uma impedância de entrada
zentrada muito elevada que num circuito ideal pode ser considerada infinita. Ele é colocada entre os
terminais inversor e não inversor do amplificador operacional.

A impedância infinita de entrada impede que se tenha corrente penetrando nos terminais
inversor e não inversor do amplificador operacional.

Logo: IB1 ≈ IB2 ≈ 0

As correntes IB1 e IB2 são chamadas correntes de polarização das entradas, pois elas estão
relacionadas com os transistores presentes no circuito diferencial encontrados nas entradas do
amplificador operacional.

Observando o circuito da figura 2, podemos escrever: I1 + I2 + IB2 = 0. Como IB2 ≈ 0 então

I1 + I2 ≈ 0, ou seja, I1 ≈ - I2.

I1 = (vA – v2) / R1 e I2 = [A(v1 – v2) – v2] / (zsaída + R2)

(vA – v2) / R1 = - [A(v1 – v2) – v2] / (zsaída + R2)

(vA – v2) / R1 = [- A(v1 – v2) + v2] / (zsaída + R2)

vA (zsaída + R2) – v2 (zsaída + R2) = - AR1 (v1 – v2) + R1v2

vA (zsaída + R2) – v2 (zsaída + R2) = - AR1v1 + AR1v2 + R1v2

AR1v1 = AR1v2 + R1v2 + v2 (zsaída + R2) - vA (zsaída + R2)

AR1v1 = v2 (AR1 + R1 + zsaída + R2) – vA (zsaída + R2)

v1 = [v2 (AR1 + R1 + zsaída + R2) – vA (zsaída + R2)] / (AR1)

lim v1 = lim [v2 (AR1 + R1 + zsaída + R2) – vA (zsaída + R2)] / (AR1)


A →∞ A →∞

AR1 >> (R1 + R2 + z saída)

lim v1 = lim [v2 (AR1] / (AR1) – lim [vA (zsaída + R2)] / (AR1)
A →∞ A →∞ A →∞
lim [vA (zsaída + R2)] / (AR1) ≈ 0 e lim [v2 (AR1] / (AR1) ≈ lim v2
A →∞ A →∞ A →∞

lim v1 ≈ lim v2
A →∞ A →∞

v1 ≈ v2

Conclusão: Quando A tende para o infinito, podemos escrever v erro = v1 – v2 ≈ 0

Este resultado só foi possível graças à realimentação negativa aplicada no circuito, a qual tende
a igualar os potenciais dos pontos v1 e v2 quando o ganho de malha aberta tende a infinito.

A equação v erro = v1 – v2 ≈ 0 nos diz que a diferença de potencial entre v1 e v2 é nula,


independente dos valores de vA e vB. Devido a este fato, dizemos que entre os terminais não inversor e
inversor de um amplificador operacional realimentado negativamente existe um “curto-circuito
virtual”.

No caso particular do terminal não inversor estar no terra, o potencial do terminal inversor será
nulo como consequência da equação v erro = v1 – v2 ≈ 0. A este fenômeno denominamos “terra virtual”,
o qual é um caso particular do “curto-circuito virtual”.

O termo “virtual” pode parecer estranho, porém o mesmo diz respeito à algum evento que existe
como propriedade intrínseca, porém sem efeito real. De fato, esta é a situação que se tem no momento,
pois no curto-circuito real temos V = 0 e I ≠ 0, mas no curto-circuito virtual temos V = 0 e I = 0.

As equações IB1 ≈ IB2 ≈ 0 e v erro = v1 – v2 ≈ 0 são fundamentais para a análise de circuitos com
amplificadores operacionais realimentados negativamente.

Circuitos Básicos Usando o Amplificador Operacional

Introdução

Dizemos que um circuito com amplificador operacional é linear quando o mesmo opera como
amplificador.

A análise de circuitos lineares com amplificadores operacionais é muito simplificada quando se


supõe o amplificador operacional ideal. Neste caso, e considerando o fato de o circuito ser linear, a
análise pode ser feita aplicando os teoremas já estabelecidos na teoria de circuitos elétricos, por
exemplo: leis de Kirchhoff, teorema da superposição, teorema de Thevenin etc.

Usando técnicas de análise de circuito é possível analisar alguns circuitos usando amplificador
operacional e, a partir desses circuitos, se desenvolver novas aplicações a partir desses circuitos
básicos.
O que se desenvolverá a seguir é a análise de alguns circuitos que se podem dizer básicos no
estudo de circuitos usando amplificador operacional.

Amplificador não inversor

O tipo mais fundamental do uso da realimentação negativa é o que se chama de realimentação


com tensão não inversora.

Com este tipo de realimentação, o sinal de entrada alimenta a entrada não inversora de um
amplificador operacional; uma fração da tensão de saída é então amostrada e alimenta novamente a
entrada inversora.

Um amplificador com realimentação de tensão não inversora tende a se comportar como um


amplificador perfeito de tensão, isto é, tem impedância de entrada infinita, impedância de saída zero e
ganho de tensão constante.

Tal configuração é comumente conhecida com amplificador não inversor pois o sinal de saída e
o sinal de entrada estão em fase.

O circuito mostrado na figura 3 representa o amplificador não inversor. A tensão de saída está
sendo amostrada através de um divisor de tensão. Portanto a tensão de realimentação para entrada
inversora é proporcional à tensão de saída.

Num amplificador de realimentação, a diferença entre as tensões da entrada não inversora e


inversora é chamada tensão de erro, ou seja, v erro = v1 – v2.

Devido a impedância de entrada do amplificador operacional tender a infinito pode-se


considerar que não há corrente circulando nas entradas do amplificador operacional, ou seja,
I(+) ≈ I(-) ≈ 0.

Devido a ideia do “curto circuito virtual” podemos considerar v erro = v1 – v2 ≈ 0.

Na análise de qualquer circuito que usa o amplificador operacional é possível se levar em


consideração os seguintes pressupostos:

v erro = v1 – v2 ≈ 0
I(+) ≈ I(-) ≈ 0

A partir das considerações citadas acima se aplicará as leis de Kirchhoff ao circuito para se
obter as relações necessárias entre o sinal de saída e o sinal de entrada.
Aplicando a lei de Kirchhoff no nó 1 temos:

I(-) + IR1 = IR2

I(-) ≈ 0

IR1 ≈ IR2

[v saída – v(-)] / R1 ≈ [v(-) – 0] / R2

Aplicando a condição v erro = v(+) – v(-) ≈ 0, então v(+) ≈ v(-) ≈ v entrada

[v saída – v entrada] / R1 ≈ v entrada / R2

R2 v saída – R2 v entrada ≈ R1 v entrada

R2 v saída ≈ v entrada (R1 + R2)

Ganho de tensão de malha fechada = v saída / v entrada ≈ (R1 + R2) / R2

ACL = (R1 + R2) / R2 = 1 + R1 / R2

Aplicando a lei de Kirchhoff no nó 2 temos:

i saída = IR1 + IRL

i saída = (v saída / R1+ R2) + (v saída / RL)

Se no amplificador não inversor fizermos R2 = ∞ (circuito aberto) e R1 = 0 (curto-circuito)


teremos o ganho de tensão de malha fechada igual a 1.
A figura 4 nos mostra a configuração denominada seguidor de tensão ou “Buffer”.

Este circuito apresenta uma altíssima impedância de entrada e uma baixíssima impedância de
saída.

Dos circuitos com amplificador operacional, o seguidor de tensão é o que apresenta


características mas próximas das ideias, em termos de impedâncias de entrada e de saída.

O seguidor de tensão apresenta diversas aplicações: isolador de estágios, reforçador de corrente,


casador de impedâncias.

Uma aplicação prática para o seguidor de tensão é a utilização desse circuito no casamento da
impedância de saída de um gerador de sinal com um amplificador de baixa impedância de entrada.

Amplificador inversor

A figura 5 mostra a representação original do amplificador inversor. O sinal de entrada é feito


por uma fonte de corrente que alimenta a entrada inversora, e a tensão de saída é amostrada. Isto
produz uma realimentação de tensão inversora. Um amplificador com realimentação de tensão
inversora tende a se comportar como um conversor de corrente em tensão perfeito, um dispositivo com
uma impedância de entrada zero, uma impedância de saída zero e a razão v saída / i entrada igual a uma
constante.
Aplicando a lei de Kirchhoff no nó 1 temos:

I(-) + i RF = i entrada

I(-) ≈ 0 e v (+) = 0

i RF ≈ i entrada

(0 – v saída) / RF ≈ i entrada

- v saída ≈ (RF) (i entrada)

O sinal menos é para indicar que o sinal de saída está defasado de 180º do sinal de entrada.

Aplicando a lei de Kirchhoff no nó 2 temos:

i saída = i RF + IRL

Nos circuitos usuais do amplificador inversor a fonte de corrente de entrada é substituída por
uma fonte de tensão em série com um resistor como mostra a figura 6.

Aplicando a lei de Kirchhoff no nó 1 temos:

I(-) + i RF = i entrada

I(-) ≈ 0 e v (+) = 0

i RF ≈ i entrada

(v entrada – 0) / RS ≈ (0 – v saída) / RF

v entrada / RS ≈ – v saída / RF
v saída / v entrada ≈ – RF / RS

Ganho de tensão de malha fechada = v saída / v entrada = ACL = – RF / RS

O conceito de “terra virtual” é usado no amplificador inversor como se pode perceber no


circuito mostrado na figura 4.

A entrada não inversora está aterrada. Como v erro = 0, isto faz a entrada inversora também ficar
aterrada. Como I(-) = 0 temos que i entrada = i RF.

Estas duas ideias-chave estão resumidas no conceito de “terra virtual”, que é qualquer ponto
num circuito que tenha tensão zero e não retire nenhuma corrente.

Um “terra comum” tem tensão zero e pode sorver uma corrente infinita. Um “terra virtual” tem
tensão zero e corrente zero.

Circuito conversor de tensão em corrente

Com a realimentação da corrente não inversora, uma tensão de entrada alimenta a entrada não
inversora de um amplificador operacional, e a corrente de saída é amostrada para se obter a tensão de
realimentação.

Um amplificador com uma realimentação de corrente não inversora tende a se comportar como
um conversor de tensão em corrente perfeito, isto é, aquele que tem impedância de entrada infinita,
impedância de saída infinita e transcondutância estável.

A figura 7 mostra o circuito conversor de tensão em corrente.

O resistor de carga é a resistência interna do amperímetro colocado na saída para captar a


corrente de saída.

Tal resistência é muito pequena que pode ser considerada praticamente zero. No nó 1 do
circuito pode-se aplicar a lei de Kirchhoff dos nós e dizer que a corrente de saída é praticamente igual a
corrente que passa no resistor RF.

A ideia de que v erro ≈ 0 permite dizer que a tensão de entrada é praticamente igual a tensão
sobre o resistor RF. Pode-se dizer que a tensão de realimentação é proporcional à corrente de saída e se
conclui:

Sempre que a tensão de realimentação for proporcional à corrente de saída, o circuito terá
realimentação de corrente.
Aplicando a lei de Kirchhoff no nó 1 temos:

i saída ≈ IRF

IRF = v entrada / RF

i saída ≈ v entrada / RF

v saída ≈ v entrada

i saída / v entrada ≈ 1 / RF = transcondutância

A razão da corrente de saída sobre a tensão de entrada é igual ao inverso de RF.

Como RF é um resistor externo, i saída / v entrada tem um valor constante independente do ganho
de tensão de malha aberta do amplificador operacional e da resistência de carga.

O circuito é chamado de conversor de tensão em corrente porque uma tensão de entrada


controla a corrente de saída.

Amplificador de corrente

Na figura 8 se mostra o circuito que representa um amplificador de corrente.

Uma corrente de entrada alimenta a entrada inversora do amplificador operacional e a corrente


de saída virá como consequência.

Um amplificador com realimentação da corrente inversora tende a se comportar como um


amplificador perfeito de corrente, isto é, aquele que tem impedância de entrada igual a zero,
impedância de saída infinita e um ganho de corrente constante.
Aplicando a lei de Kirchhoff no nó 1 temos:

VR2 = VR1

VR1 = R1 i entrada

i saída = IR1 + IR2

i saída = VR1 (1/ R1 + 1 / R2)

i saída = R1 i entrada ( R2 + R1)( R1 R2)

i saída = i entrada (R2 + R1) / R2

i saída = [(R1 + R2) / R2]i entrada

i saída = ACL i entrada

onde: ACL = (R1 + R2) / R2 ´e o ganho de corrente do circuito.

Produto ganho-largura de banda de malha fechada

O lado esquerdo da expressão mostrada abaixo é chamado produto ganho-largura de banda de


malha fechada porque ele representa o produto de ganho de malha fechada pela largura de banda.

O produto do ganho-largura de banda é o mesmo para as condições de malha aberta e de malha


fechada e ambos os produtos são iguais a frequência unitária do amplificador operacional.

ACL x f2 (CL) = fOL x A = f unitária


onde: ACL é o ganho de tensão de malha fechada.

f2 (CL) é a frequência de corte superior de malha fechada.

A é o ganho de tensão de malha aberta.

fOL é a frequência de corte superior de malha aberta.

f unitária é a frequência na qual o ganho do amplificador operacional é um.

O produto ganho-largura de banda é o meio mais rápido de comparar amplificadores.

Quanto maior o produto ganho-largura de banda, mais altas as frequências que podemos
conseguir tendo ainda o mesmo ganho útil.

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