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A. D.

de Física
Introdução à Electrónica - Guia de Laboratório

O Amplificador Operacional (Ampop):


1ª Parte - Montagens inversora e não-inversora

1 Objectivo
Neste trabalho pretende-se introduzir o estudo das propriedades básicas dos amplificadores
operacionais (op-amps ou ampops) bem como estudar duas das suas topologias mais importantes
de amplificação, nomeadamente as montagens não-inversora e inversora.

2 Fundamento Teórico

2.1 Ampop: Características e propriedades

Um amplificador operacional1 (abreviadamente ampop ou opamp) é basicamente um


dispositivo amplificador de tensão, caracterizado por um elevado ganho em tensão, impedância
de entrada elevada, impedância de saída baixa e elevada largura de banda. Estes dispositivos são
normalmente dotados de uma malha de realimentação para controlo do ganho e são usualmente
associados a outros semelhantes, em estruturas de múltiplos andares e com funções que
transcendem a simples amplificação.
O ampop é um dispositivo de dois portos, i.e., possui dois terminais de entrada e um
terminal de saída que é referenciado à massa. O seu símbolo eléctrico, que se apresenta na Figura
1, é um triângulo que aponta no sentido do sinal. Das duas entradas, uma, assinalada com o sinal
(-) é chamada de entrada inversora e a outra, a que corresponde o sinal (+) é chamada entrada
não-inversora. A saída faz-se no terminal de saída que se encontra referenciado à massa. O
amplificador é normalmente alimentado com tensões simétricas, tipicamente +12 V e –12 V ou
+15 V e –15 V, que são aplicadas aos respectivos terminais de alimentação V- e V+. Note-se que
nos esquemas eléctricos freqüentemente estes terminais são omitidos, representando-se apenas as
entradas e a saída.
Em alguns casos podem estar disponíveis terminais adicionais, normalmente 3, que
permitem compensar deficiências internas do amplificador, como a tensão de desvio (offset) ou
controlar a freqüência de resposta.

V+ Alimentação
positiva
7
Entrada não 2 _
inversora
6
741C Saída
Entrada 3
+ Código do componente
inversora
(PIN)
4 Alimentação
V- negativa

Figura 1: Símbolo eléctrico do amplificador operacional integrado.

1 Assim chamado porque foram inicialmente utilizados para realizar operações matemáticas.

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O amplificador operacional é um amplificador diferencial, i.e., amplifica a diferença entre as


tensões presentes as suas entradas. Se V+ e V- forem as tensões aplicadas às entradas não
inversora e inversora respectivamente e Vo for a tensão de saída, então

Vo = A(V+ − V− ) (1)

em que A é o ganho do amplificador, dito em malha aberta1. Este ganho é normalmente muito
elevado, sendo da ordem de 105 ou superior. A tensão máxima de saída é igual ou ligeiramente
inferior à tensão de alimentação, por exemplo, ±15 V, o que significa que em malha aberta, uma
diferença de tensão da ordem de 100µV entre as duas entradas é suficiente para elevar a saída a
este valor, saturando o amplificador. Na Figura 2 representa-se esta "característica de
transferência" de um amplificador operacional, isto é, o traçado da tensão de saída em função da
tensão de entrada.
Um amplificador com estas características não têm normalmente qualquer tipo de utilidade,
uma vez que sinais de tão baixa amplitude são extremamente difíceis de tratar devido á presença
de ruído e porque normalmente não são necessários ganhos tão elevados. No entanto, estes
factores podem ser controlados inserindo o ampop numa malha de realimentação.

Figura 2: Função de transferência de um amplificador operacional em malha aberta (sem realimentação)

Os amplificadores operacionais, tais como os outros componentes, são identificados


inequivocamente por um código alfanumérico (part identification number – PIN, na designação
anglo-saxónica) colocado no interior do triangulo, que identifica o fabricante do circuito e o
modelo particular. No caso da figura, o ampop representado, genericamente designado por 741, é
um dos mais populares e profícuos modelos jamais fabricados e que será utilizado neste trabalho.
A estrutura interna de um amplificador operacional é muito complexa, sendo constituído
por dezenas de transistores e resistências contidos numa muito pequena pastilha de Silício (chip)
com cerca de 1 mm2. Este chip é depois encapsulado numa caixa metálica, de cerâmica ou de
plástico, dotada de contactos metálicos que facilitam a sua montagem nos circuito.
Existem diferentes tipos de caixas de circuitos integrados, algumas das quais se encontram
representadas na Figura 3. Olhando para as caixas plásticas de topo, os pontos identificam o pino

1 Por oposição ao ganho em malha fechada ou em realimentação.

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1 e os restantes são numerados no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Quanto ás


caixas metálicas, a chapa identifica o pino 8, sendo os restantes pinos numerados da mesma
maneira.

Figura 3: Alguns tipos de caixas de circuitos integrados: (a) TO-5 metálica; (b) e (c) DIP (dual in-line package) de
14 e 8 pinos; (d) flatpack.

Quanto ás ligações internas, elas dependem do fabricante, do modelo e da caixa, sendo


indicadas nas respectivas folhas de características (data sheets). Na Figura 4 representa-se o
diagrama de ligações internas do ampop 741 com encapsulamento DIL-8.

Figura 4: Ligações internas do amplificador operacional 741 com encapsulamento DIL-8. As iniciais NC
significam não ligado (not connected)

A análise e síntese de circuitos com ampops é habitualmente efectuada, pelo menos em


primeira aproximação, considerando o amplificador operacional como ideal. As características de
um amplificador operacional ideal são as seguintes:
Impedância de entrada Ri = ∞
Impedância de saída Ro = 0
Ganho de tensão Av = ∞
Largura de banda∞
Tempo de resposta 0 segundos
Tensão de saída nula quando v+=v-, independentemente do valor de Vi
Características independentes da temperatura

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2.2 Montagens inversora e não-inversora de um amplificador operacional

Como se viu anteriormente, o ampop em malha aberta é de pouca ou nenhuma utilidade,


sendo normalmente utilizado inserido numa malha de realimentação. Ir-se-à agora estudar duas
configurações amplificadoras que utilizam ampops inseridos em malhas de realimentação.

2.2.1 Configuração não-inversora

Figura 5: Amplificador não inversor.

Considere-se o circuito da Figura 5. A malha de realimentação é constituída pela série de


resistências R1 e R2. A análise do circuito faz-se seguindo sempre um tipo de raciocínio
semelhante a este:

1 - A tensão na entrada não inversora V+ tem que ser igual à tensão na entrada inversora V-,
caso contrário o amplificador saturaria rapidamente. Isto mesmo é assegurado pela malha de
realimentação. Assim:
Vin = V + = V− = VR1 . (2)
em que VR1 é a tensão aos terminais da resistência R1.

2 - Como a impedância de entrada do ampop (ideal) é infinita, a corrente entra na entrada


inversora é nula e pode-se dizer que
R1
VR1 = Vout (3)
R1 + R2

3- Igualando as expressões (2) e (3) e resolvendo em ordem ao ganho A vem


V  R 
A = out = 1 + 2  (4)
Vin  R1 

As tensões de entrada (Vin) e de saída (Vout) estão referenciadas ao comum/terra. Não foram
representadas as alimentações (V+ = + 15V, V- = - 15V). As tensões Vout e Vin estão em fase,
sendo o ganho determinado pela escolha de R1 e R2. A resistência de entrada é muito elevada fora
da saturação.

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2.2.2 Configuração inversora

No caso da montagem da Figura 6, a análise faz-se utilizando os mesmos pressupostos que


no caso anterior, que se traduzem pelo facto da entrada não inversora estar, para efeitos do sinal
de entrada, ligada à massa, constituindo assim o que é habitual designar-se por massa virtual.

Figura 6: Montagem inversora

Com base nestes considerandos é elementar mostrar que o ganho do circuito é dado por:

Vout − R2
A= = (5)
Vin R1

Tal como no caso anterior, Vout e Vin estão referidas ao comum/terra e não foram
representadas as alimentações. As tensões Vout e Vin têm polaridade inversa, sendo o ganho
variado por escolha de R1 e R2. A resistência de entrada é igual a R1, fora da saturação.

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3 Procedimento experimental

3.1 Montagem não-inversora

+
Vin Vout
R3 741
-
R2
UA741

R1

Figura 7

1. Dimensione o circuito da Figura 7 de forma a obter um ganho de 11. Note que o valor das
resistências R1e R2 deve ser igual ou superior a 1 k? para limitar a corrente a valores
compatíveis com o amplificador. Poderá usar a resistência R3, que não é todavia necessária
para o dimensionamento do circuito; no entanto, ela deve ser colocada para diminuir a
assimetria do circuito. O seu valor deve ser aproximadamente igual à resistência vista do
terminal inversor, i.e. R1 em paralelo com R2.
2. Monte o circuito calculado usando a placa de montagem. O ampop deve ser inserido na placa
de montagem como se mostra na Figura 7. Todas as tensões estão referidas a uma ponto
comum (terra).
3. Utilizando um sinal sinusoidal à entrada com frequência ˜1kHz e amplitude de cerca de 500
mV, observe nos dois canais do osciloscópio os sinais de entrada e de saída. Meça o ganho a
essa freqüência do amplificador assim construído.
4. Determine como varia o ganho em função da frequência. Obtenha cerca de trinta pontos entre
100Hz e 1 Mhz e trace o respectivo gráfico. Determine a largura de banda do amplificador
5. Determine a resistência de entrada do circuito amplificador não-inversor assim construído.
Para tal, utilizando para Vin uma tensão contínua de aprox. 1 V, meça simultaneamente a
corrente Imed que entra no terminal Vin e essa tensão ( Rentrada = Imedin ). A tensão de 1 V pode ser
V

produzida a partir da fonte fixa de 5 V e de um divisor de tensão resistivo adequado.


6. Repita os pontos 1 a 5 para um amplificador com ganho de 101.

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3.2 Configuração inversora

R2

-
Vin Vout
R1 741
+

R3

Figura 8

1. Dimensione o circuito da Figura 8 de forma a obter um ganho de ≈10, utilizando as mesmas


recomendações que foram feitas em relação ao ponto 1 da experiência anterior. Monte o
circuito calculado.
2. Repita o procedimento da experiência anterior.
3. Dimensione o circuito para um ganho de aprox. 100. Repita os medições anteriores.

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