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O AMPLIFICADOR
DIFERENCIAL
Para se trabalhar com o AOP, não é necessário um estudo detalhado do seu circuito interno.
Consultando as folhas de dados dos fabricantes, podemos constatar que a estrutura interna
de um AOP é bastante complexa. Por outro lado, do ponto de vista técnico, essa análise é
dispensável, já que não podemos modificar as características do AOP atuando diretamente
em seu circuito interno. Todavia, julgamos conveniente que o leitor tenha uma visão em
blocos da estrutura interna do AOP, bem como conheça um pouco acerca da parte principal
dessa estrutura: o estágio diferencial de entrada. Esse estágio é formado basicamente por
um amplificador diferencial, do qual faremos um breve estudo neste apêndice.
FIGURA A . 1
250
Á '
ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIFICADORES OPERACIONAIS E FILTROS ATIVOS
Notemos que a tensão diferencial de saída, por definição, é dada pela diferença de po-
tencial entre os terminais 3 e 4 de saída. A tensão diferencial de entrada é dada pela diferença
de potencial entre os terminais 2 e I de entrada. Assim sendo, te1nos:
Na Figura A.2 (p. 253), te1nos o diagrama e1n blocos de un1 AOP básico. Evidente1nen-
te, o primeiro bloco ou estágio é o amplificador diferencial. Sua função básica, já 1nencionada,
é fornecer uma tensão CC diferencial amplificada. Essa tensão é aplicada no estágio seguinte,
chamado estágio deslocador e amplificador intermediário, cuja função é proporcionar maior
ganho de sinal, bem como ajustar em um referencial zero (terra) o nível de tensão CC prove-
niente do estágio anterior. Esse ajuste é i1nportante para não alterar o referencial de saída do
AOP, principahnente quando en1 operação co1n sinais CA. Convé1n ressaltar que os estágios
que compõem o AOP apresentam acoplamento direto, ou seja, o sinal CC de saída de um
estágio é aplicado diretamente na entrada do estágio seguinte. O leitor pode verificar esse fato
observando o circuito interno de u1n determinado AOP fornecido no manual do fabricante do
mesmo (no caso do AOP 741, veja Apêndice C).*
Finahnente, te1nos o estágio acionador de saída. Esse estágio deve proporcionar uma
baixa impedância de saída e suficiente corrente para alünentar a carga típica especificada para
o AOP. Evidente,nente, a impedância de entrada desse estágio precisa ser alta para não carre-
gar o estágio anterior. Normahnente utiliza-se uma configuração do tipo seguidor de tensão
para realizar esse estágio.
No iten1 seguinte, analisaremos o importantíssi1no e condicionante estágio diferencial
de entrada.
*Por possuir acoplamento direto entre os estágios, o AOP é, essencialmente, um amplificador CC, ou seja, é capaz de amplificar
sinais desde uma freqüência zero (CC) até unia certa freqüência máxima (denominada freqüência de ganho unitário). Enu-etanto, o
ganho de tensão en1 rnalha aberta do AOP sofre. rc)dução à medida que a freqüência do sinal de entrada aumenta (veja Capítulo 2).
•
APEND ICE A : O AMPLIFICADOR D IFERENCIAL 251
FIGURA A.2
+vcc
ic,r;= ~
1
c2
•> • )
V -
3
viºl4
-- --
4
l R13 R13 2
- 02 • • • E ntrada
Entrada •
A •
• • Q1 •• •
1nversora
Y1
1B1
'
VBEI ~"\, ~ VBE2 1B2
Vz
não- inveniora
J_
-
IE ,J p j1E2 1--
-
•
)
! li::
•>• RE
-vcc
FIGURA A.3
252 . '
ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIF ICADORES OPERAC IONAIS E FILTROS ATIVOS
Porém:
(A-4)
(A-5)
Para demonstrar a equação acima é necessário observar que o potencial no ponto P, para
V 1 e V2 conectados ao terra, é igual a - VuE- A Equação A-5 nos permite concluir que IE é
função apenas de RE e IVccl e, considerando esses parfunetros constantes, o valor de IE tam-
bém será constante. Assim sendo, podemos dizer que a fonte -Vcc e o resistor RE fonna1n
uma fonte de corrente constante.
Co1no IE é constante, teremos:
Ic, + Ic2 =CONSTANTE
Logo:
• Se Ic 1 aumenta ~ Ie2 diminui
• Se Ic 1 diminui ~ lc2 au1nenta
E,n outras palavras, temos (t =aumenta ..J.. =diminui):
a) Para V2 fixo
v, t , IB1 t , Ic 1 t => V3 i , mas, simultaneamente, Ie2 ..J.. => V4 t
b) Para V 1 fixo
V2 t, Iu2 t , Ie2 t => V4 ..J.., mas, silnultaneamente, Ic 1 ..J.. => V3 t
Considerando as equações A-la e A-lb, podemos concluir:
Podemos dizer que o sinal obtido na saída 3 do amplificador diferencial está em fase
co1n o sinal aplicado na entrada 2, quando a entrada l estiver no terra, e, por outro lado, a saída
4 está em antifase com a referida entrada. Entretanto, se aplicarmos uni sinal na entrada 1 e
colocarmos a entrada 2 no terra, teremos na saída 3 um sinal em antifase e na saída 4 um sinal
em fase com o sinal aplicado. A Figura A.4 (p. 253) ilustra o que dissemos.
Uma utilização n1uito freqüente do amplificador diferencial é aquela na qual se ten1 um
sinal v 1 =Vmsenrot na entrada l e outro sinal v2 =- Vmsenwt na entrada 2. Dessa forma,
teremos nas saídas os seguintes sinais:
v3 = -2Vmsencot
v 4 = 2Vmsencot
A
l 3
2 4
FIGURA A.4
Em função da conclusão anterior, pode1nos perceber que a razão entre V00 e o corres-
pondente valor de Vid será sempre um número positivo, o qual representa um certo ganho A.
Assim sendo, temos:
A= Vod
vid
Por 1notivos óbvios, pode1nos denominar esse ganho de ganho diferencial de tensão e
passaremos a representá-lo por Ad, em concordância com o que fizemos no item 3.9. Portanto:
(A-6)
Esse resultado estabelece a validade da Equação A-lc e nos permite verificar o compor-
tamento "quantitativo" do a1nplificador diferencial. A Equação A-6 pode ser colocada sob
outra forma:
(A-8)
Idealmente, a tensão de saída do amplificador diferencial da Figura A.3 deveria ser nula
quando V2 = V 1 = O. Todavia, devido às diferenças existentes nas característica<; de Q1, e Q2
(apesar dos 111esmos serem fabricados com tecnologia de circuitos integrados), te111-se u111
desbalancean1ento das correntes no circuito e, conseqüentemente:
Vae1 :t- Vae2
A diferença (em módulo) entre esses valores de VaE é deno111inada "tensão de offset de
entrada" e será representada por V;(OFFSET):
Essa tensão de OFFSET de entrada age como um sjnal diferencial (V;d) aplicado nas
entradas do arnplificador e produz u1na tensão diferencial (V 00 ) na saída do 1nes1no. Essa
tensão de saída é deno1ninada tensão de OFFSET de saída (ou tensão de erro de saída) e será
representada por VO (OFFSET). E1n circuitos de alta precisão, é necessário mini111izar ou eli-
minar essa tensão de erro de saída.
No caso de um AOP, o cancelamento ou balanceamento dessa tensão de o.ffset de saída
é obtido através de um djvisor de tensão conectado ao estágio djferencial de entrada. Esse
divisor de tensão irá pennitir o balancea1nento das correntes de base e de coletor, de tal fo1ma
que a diferença entre os valores de VBEi e VBE2 se anule. Esse ajuste deve ser feito corn as
entradas inversora e não-inversora conectadas ao terra. Após o balancearnento, pode-se proce-
der a 1nontagem do circuito desejado, tomando-se cuidado para não alterar o ajuste efetuado.
Alguns AOPs possuem os terminais próprios para o ajuste da tensão de ojfset de saída. Entre-
tanto, existem outros AOPs que não possuem esses terminais e o usuário deverá montar um
circuito externo convenientemente conectado às entradas do AOP para executar o ajuste. Esse
assunto já foi abordado no item 3.3.
Finalmente, é conveniente ressaltar que, devido às alterações das condições a1nbientes
(principalrnente a temperatura), surge u1n fenômeno denorninado drift, o qual irá alterar as
características elétricas cio AOP e, conseqüentemente, as suas condições quiescentes, provo-
cando um desbalancea1nento do circuito e o ressurgimento da tensão de offset de saída. A
solução, nesse caso, é refazer o ajuste.
A.5 CONCLUSÃO
Acredita1nos que este apêndice foi útil ao leitor no sentido de fornecer alguns detalhes
do circuito interno do AOP, principalmente do seu estágio diferencial de entrada.
Virnos no Capítulo 3 (item 3.8), o amplificador diferencial (ou subtrator) co1n AOP.
Com esse amplificador podemos executar (com vantagens adicionais) a função básica doam-
plificador diferencial, propriamente dito, estudado neste apêndice. Em outras palavras: com
um AOP podemos realizar um amplificador diferencial, inas con1 apenas uin ampl.iticador
diferencial não pode1nos realizar uu1 AOP. V~ja subtítulo 3.8 à página 62.