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Capítulo 4

DIFERENCIADORES,
INTEGRADORES
E CONTROLADORES

Os circuitos que analisaremos neste capítulo são de enorme importância devido às aplicabi-
lidades dos mesmos. O leitor observará que essa classe de aplicações lineares dos AOPs é
mais complexa que as anteriores, devido à existência de capacitores nos circuitos. Aproveita-
remos este capítulo para tratar de alguns aspectos dos chamados controladores eletrônicos
analógicos, os quais são muito utilizados em instrumentação e controle de processos indus-
triais.

4.1 O AMPLIFICADOR INVERSOR GENERALIZADO

Na Figura 4.1 ten1os um amplificador inversor no qual os resistores de entrada e de


reali1nentação foram substituídos por i1npedâncias generalizadas, ou seja, Z 1 e Zf representa111
associações de resistores e capacitores (raramente são incluídos indutores).

v.1 0 - - -- z,
-1....__ _,

--

FIGURA 4.1
78 Á '

ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIFICADORES OPERACIONAIS E FILTROS ATIVOS

Para o circuito acima, poden1os escrever uma relação se1neU1ante à do amplificador


inversor já estudado no capítulo anterior:

(4-1)

Essa equação nos será útil nos itens seguintes, pois iremos considerar associações de
componentes resistivos e capacitivos.

4.2 O DIFERENCIADOR

Este circuito apresenta uma saída proporcional à taxa de variação do sinal de entrada.
Na Figura 4.2 ternos o circuito de um diferenciador elernentar.

i e
vi o--=~--11 ------ª---11
vd tb
,-----4

FIGURA 4.2

Aplicando LCK no ponto a, temos:

de onde se obté1n:

dv·
Vo =-RrC i (4-2)
dt

Observemos que o sinal de saída apresenta uma inversão em relação ao sinal de entrada.
Se aplica1mos um sinal triangular simétrico na entrada de u1n diferenciador, a sua saída
apresentará um sinal retangular, conforme indicado na Figura 4.3. De fato, o sinal triangular
pode ser visto como un1 conjunto de ra1npas ascendentes e descendentes, cujas prin1eiras
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 79

derivadas são constantes. Podemos de1nonstrar (e deixaremos isso para o leitor), que o sinal
de saída te1n seus valores de pico dados por:

V = R c(vpp)=R
op T/2
f
c( VP) f
4
T

V•
1

Vo

) -

T/2 T 3T/2 2T t

Vpp
- Vop = - RrC(--'---- )
T/2

FI G URA 4.3

Se aplicarmos um sinal retangular na entrada do diferenciador, teremos uma série de


pulsos agudos (spikes) na sua saída. Isso está ilusu·ado na Figura 4.4 (p. 80).
Analisaremos a seguir o ganho do circuito anterior. Da Equação 4-1, te1nos para vi
senoidal:

Rr
Avf =- l =-j21tfRrC
j21tfC
em módulo, temos:

(4-3)
Á '

80 ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIFICADORES OPERACIONAIS E FILTROS ATIVOS

V·1
T

o T/2 T 3T/2 2T t

-vp
(a)
VO

+ vop

1\. 1\.
o , T/2
T
r 3T/2
2T
r l

-vop

(b)

FIGURA 4.4

Observando a equação anterior, podemos constatar que o ganho é diretamente proporci-


onal à freqüência do sinal aplicado, o que torna o diferenciador muito sensível às variações de
freqüência. Assitn sendo, o diferenciador elementar apresenta sérias desvantagens:
instabilidade de ganho
sensibilidade a ruídos
processo de saturação muito rápido
No ite111 seguinte apresentaremos uma solução prática para esses problemas.

4.3 O DIFERENCIADOR PRÁTICO

Conforme foi visto, o circuito anterior apresenta um ganho diretamente proporcional à


freqüência e isso leva o amplificador a um processo de saturação 1nuit.o rápido, à medida que
a freqüência au1nenta. Na Figura 4.5 (p. 81) temos um diferenciador, no qual acrescentamos
um resistor e1n série co1n o capacitor de entrada. Esse circuito possibilita a eliminação de
algumas das inconveniências do diferenciador ele1nentar e dá estabilidade ao mesmo, em
freqüências muito altas, permitindo, assi1n, controlar a saturação do circuito.

Nesse caso, para um sinal senoidal, te1nos:

-Rr
A vf = -----"-,--
R 1
1+ j21tfC
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 81

--

FIGURA 4.5

1nas, e,n tennos de módulo, podemos escrever:

(4-4)

Note,nos, pela equação anterior, que o ganho se estabiliza num valor dado por Rp/Rl
(em módulo), quando a freqüência tende a infinito. Logo, em altas freqüências, o diferencia-
dor se co,nporta con10 um amplificador inversor. Outro aspecto iinportante é que ruídos de
alta freqüência não têm u1na ação n1ui.to acentuada sobre o circuito anterior. Na prática, pode-
mos estabelecer u,n valor limite de freqüência, abaixo do qual o circuito se comporta como
diferenciador e aci,na do qual o n1esmo atua predominantemente co,no amplificador inversor.
Essa freqüência, a qual denominaremos fl é exatamente a freqüência de corte da rede de
atraso do diferenciador, ou seja:

(4-5)

Seja f a freqüência do sinal aplicado, temos:


se f < fL :::::> o circuito tende a atuar como diferenciador
- se f > fL ~ o circuito tende a atuar con10 runplificador inversor de ganho -Rr /R 1

•É interessante observar pela Equação 4-4 que:

o. A vf = -Rr
r......
.C.llll
R1
Á '

82 ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIFICADORES OPERACIONAIS E FILTROS ATIVOS

Convém ressaltar que as duas situações anteriores são tanto mais verdadeiras quanto
mais nos distanciannos de fL nos dois sentidos.
Finahnente, convérn frisar que o diferenciador prático apresentará urna saída rnais pre-
cisa se impusermos como condições de projeto as seguintes relações:

(a) R 1C < T/10


(4-6)
(b) Rr = 10R1
ou s~ja, a constante de tempo da rede de atraso da entrada deve ser muito menor (pelo 1nenos
10 vezes) do que o período do sinal aplicado e a estabilização do ganho em altas freqüências
deverá ficar e1n torno de 10. Evidentemente, a condição (b) é opcional e pode não ser adequa-
da ao projeto. Por outro lado, a condição (a) é funda1nental e deve ser aplicada.

4.4 O INTEGRADOR

Estudaremos a seguir um dos circuitos mais importantes envolvendo AOPs. Trata-se do


integrador. Na prática, o integrador é muito mais utilizado do que o diferenciador e não apresen-
ta os problemas do priJneiro. O circuito da Figura 4.6 nos apresenta um integrador ele1nentar.

r
1
e

-
FIGURA 4.6

Aplicando a LCK no ponto a , temos:

ou seJa:

V =- 1 11 V·dt (4-7)
o R1C º •
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 83

Se bouver u,na tensão inicial no capacitor, o seu valor deverá ser somado ao resultado
da equação anterior. Algun1as vezes utiliza-se uma chave em paralelo com C para desca1Tegá-lo
antes de se utilizar o integrador. A chave deverá ser fechada para descarregar o capacitor e
reaberta no início do processo de integração. A Figura 4.7 ilustra o que dissemos.

FIGURA 4.7

Se aplicarmos um sinal
retangular si1nétrico na entrada V·1
do integrador, obteremos urna
saída triangular, conforme se vê
na Figura 4.8.
Pode1nos den1onstrar que
+vp
a tensão de saída apresenta va-
lores de pico dados pela seguin-
o
te relação: T/2 T 3T/2 2T l

-v p - (a)

cuja demonstração deixarernos


aos cuidados do leitor.

o
l

(b)

FIGURA 4.8
84 Á '
ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIF ICADOR ES OPERACIONAIS E FILTROS ATIVOS

Se consideramos o circuito da Figura 4.6, te1nos para vi senoidal:

em tennos de módulo, temos:

A - 1
vr - 21tfR 1C (4-8)

Notemos, nesse caso, que o ganho é inversamente proporcional à freqüência, ou seja, o


circuito não é tão sensível a ruídos de alta freqüência quanto o diferenciador.
A Equação 4-8 nos mostra que ern baixas freqüências o ganho au1nenta consideravelmen-
te, tendendo a infinito, quando a freqüência tende a zero. De maneira análoga ao que fizemos
para o diferenciador, irernos apresentar um circuito que permite estabilizar o ganho, em baixas
freqüências, para o integrador, evitando, assi,n, o rápido processo de saturação do circuito.

4.5 O INTEGRADOR PRATICO

O circuito apresentado na Figura 4.9 possibilita uma estabilização do ganho quando se


te1n un1 sinal de baixa freqüência aplicado na sua entrada, elin1inando, assim, u,na inconveni-
ência do integrador simples, que é a saturação em baixas freqüências.

R1Rr
. Re == R1 + Rr

-
FIGURA 4.9
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 85

Considerando a Equação 4-1, temos para vi senoidal:

l
Rr· - -
j21tfC
R + 1
Avt = - f j21tfC
R1

Após alguns cálculos, obtém-se:

Avf= - Rr / R1
1+ j21tfRrC
Em tennos de 1nódulo, te1nos:

A - Rr/R1
vr - ~ 1+(21ttRrC)2 (4-9)*

Verifica-se que o ganho irá estabilizar e1n um valor igual a Rr/R 1 (em módulo) quando a
freqüência é nula. Podemos observar u1n comportamento dual do circuito, ou st:ia, em altas
freqüências o mesmo trabalha corno integrador e em baixas freqüências como inversor. Ire-
mos definir, conforme fizemos para o diferenciador, uma freqüência limite fL abaixo da qual
temos um amplificador inversor de ganho -R(fR 1 e acima da qual temos um integrador. Essa
freqüência é dada por:

f - 1 (4-10)
L - 21tRrC

Seja f a freqüência do sinal aplicado, temos:


se f < fL => o circuito tende a atuar como amplificador inversor de ganho -Rr/R 1
se f > fL => o circuito tende a atuar como integrador

Ressaltaremos, novamente, que as duas situações anteriores são tanto 1nais verdadeiras
quanto n1ais distanciarmos de fL, nos dois sentidos.
Finalmente, apresentaremos duas condições de projeto que nos permitem melhorar a
resposta do integrador prático. Assim, ternos:

(a) R 1C 2:: IOT


(4-11)
(b) Rr = 10R1

onde T é o período do sinal aplicado. A condição (a) é fundamental, mas a condição (b),
apesar de pennitir uma ótima estabilidade do circuito, pode ser considerada como opcional no
projeto do integrador prático.

ªÉ interessante observar pela equação A-9 que: lim Avr =O.


f~oo
Á '

86 ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIFICADORES OPERACIONAIS E FILTROS ATIVOS

4.6 INTEGRADORES ESPECIAIS

Apresentaremos, a seguir, dois circuitos integradores que podem ser úteis e,n muitas
aplicações práticas.
Na Figura 4.10, temos o chamado integrador de soma.

R
e
v1

R
V2

R
v3

VO

--
--
FI G URA 4.1 0

A equação de saída desse circuito é dada por:

(4-12)

Evidentemente, podería1nos aun1entar o nú1nero de entradas do integrador de soma.


Deixaremos aos cuidados do leitor a demonstração da equação anterior.
O outro circuito integrador é deno1ninado integrador diferencial e está representado na
Figura 4.11 (p. 87). Noten1os que a equação de saída do 1nesmo não apresenta inversão de
polaridade.
Deixaremos, novan1ente, aos cuidados do leitor a demonstração de que a equação de
saída do integrador diferencial é dada por:

V0 =1- J.t (v 2 -v 1)dt (4-13)


RC o
DIFERENC IADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 87

R
e

R e

--

FI G URA 4 .11

4.7 CONTROLADORES ANALÓGICOS COM AOPs

Em controle de processos industriais é necessária a utilização de um elemento denomi-


nado controlador eletrônico analógico. A função básica do controlador é avaliar os erros ou
desvios das variáveis controladas no processo, e enviar um sinal elétrico aos dispositivos dire-
tamente relacionados às mesmas, de forma a atuar no sistema corrigindo os erros ou desvios
encontrados. Podemos exemplificar o que dissemos da seguinte forma: o controlador eletrôni-
co detecta um detenninado desvio no valor da vazão de urn líquido e emite un1 sinal elétrico
correspondente para a válvula de controle de vazão, de tal forma que um conversor eletrop-
neumático ac.ione o diafragrna da válvula, abrindo-a ou fechando-a (conforme necessário),
para ajustar a vazão no valor preestabelecido (set-point) para o processo. A vazão, nesse caso,
é a variável controlada.
Evidentemente, um estudo sobre controle de processos está fora dos propósitos deste
texto, rnas apresentaremos alguns conceitos gerais sobre o assunto, bem corno estudaremos os
tipos básicos de controladores analógicos utilizando AOPs.

4.8 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE CONTROLE DE


PROCESSOS

Na Figura 4.12 (p. 88), temos o diagranut simplificado de um sisterna de controle de


processos.
88 . '
ELE TRONICA ANA LOGICA: AMPLI FICADORES OPERACIONAIS E FILTROS ATIVOS

.J
<UJ
z ...J
ii:O o
V)
ºa:
......
zZ
tJ
UJo
- U
8
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~UJ e..
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a:
,;
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 89

Seja E o erro ou desvio encontrado quando se m.ede o valor Cm da variável controlada


em relação ao seu valor de set-point. Csp· Logo:

(4-14)

O valor de E está relacionado com a variável dinâmica do processo ( vazão, temperatura,


nível, pressão, etc.), de tal forma que, através da m.alha de controle, seja processada a ação
corretiva necessária para prover a estabilidade do sistema.
O valor de Cm é fornecido por uxn medidor, no qual se te1n un1 transdutor adequado ao
processo. O transdutor é um dispositivo que converte uma determinada grandeza (normalmente
não-elétrica) em outra (normalmente elétrica). Por exemplo: um termopar é urn tipo de transdu-
tor utilizado para converter um valor de temperatura em um valor correspondente de tensão.
Observando a Figura 4.12, nota-se que o sinal de saída do controlador está aplicado
num dispositivo deno1ninado conversor. A função desse dispositivo é converter o sinal elétrico
proveniente do controlador em u1n sinal não-elétrico (p. ex., pressão), o qual irá atuar sobre o
elemento que possui ação direta sobre o processo, denominado elemento fi nal de controle.
Normalmente os sinais de entrada e de saída do controlador são sinais de corrente situados
numa faixa padrão de 4 a 20mA. O processo é realimentado negativamente, conforme se vê na
Figura 4.12, de tal fo1ma que a tendência do mesnlO é mini1nizar o erro ou desvio da variável
controlada até que o sistema apresente uma estabilidade co1npatível co1n o set-point.
Evidente1nente, algum distúrbio no siste1na poderá alterar a sua estabilidade, obrigando o
conu·olador a "entrar em cena" novamente, de modo a indicar e tentar corrigir a instabilidade.
Em alguns casos (p. ex., vazamento no siste1na) esta correção é impossível, pois o distúrbio
ultrapassa o limite de ação do controlador. Nestes casos o operador detectará o problema através
de um ala1me ou através do registrador gráfico, no qual se tem u1n registro contínuo das condi-
ções de entrada e saída do siste1na. Através de unia análise dos gráficos, o operador poderá
determinar o grau de instabilidade do sistema e proceder à correção ou manutenção necessárias.
Finahnente, convé1n ressaltar
, que o controlador é o elemento básico no siste1na, pois ele
atua con10 "cérebro" do 1nesmo. E o controlador que analisa o sinal de erro e determina o sinal
de saída necessário para corrigir a instabilidade do sistema. Para determinar o sinal de saída, o
controlador precisa ser ajustado ao tipo de ação corretiva a ser aplicada no processo. Essas
ações corretivas são denominadas ações de controle. Basican1ente existen1 as seguintes ações
de controle:
a) ação proporcional ou ação - P
b) ação integral ou ação - I
c) ação derivativa ou ação - D
Essas três ações poden1 ser combinadas de tal forma que se tenham ações de controle
1nais efetivas sobre o processo. Assim sendo, pode1nos ter: ação-PI (proporcional + integral),
ação-PID (proporcional + integral + derivativa), etc.
Nos itens seguintes, analisare1nos as u·ês ações básicas dos controladores analógicos.

4.9 CONTROLADOR DE AÇÃO PROPORCIONAL

O tipo 1nais elementar de controle é o chamado controle on-ojf (liga-desliga). Nesse tipo
de controle a saída do processo estará se1npre com 0% ou lOOo/o de resposta. Uma válvula, por
exe1nplo, estará totalmente fechada ou totalmente aberta em cada situação. Esse controle é
ta1nbé1n denominado de controle de duas posições, e o motivo é óbvio.
Á '

90 ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIFICADORES OPERACIONAIS E FILTROS ATIVOS

Uma extensão natural do controle on-off é o conceito de controle proporcional. Nesse


tipo de ação de controle existe uma relação linear entre o sinal de erro (E) de entrada e saída
(P0 ) do controlador e, portanto, a saída do processo terá urna resposta proporcional ao sinal de
comando do controlador. A Figura 4.13 ilustra o que dissemos.

Saída do
Controlador

P1 - ·- - - - - - - - - -

O'-~~~~~~~~~~~~~~-

E(Sinal de erro)

FIGURA 4.13

Conforme já disse1nos, a ação do controlador é determinada pelo sinal de erro (E) detec-
tado pelo n1esmo (ver Equação 4-14). Quando esse erro é nulo, o controlador apresenta uma
saída fixada ern um valor P 1•
O gráfico da Figura 4.13 nos fornece uma equação da forma:

1 P0 =KpE+P1 1 (4-15)

onde Kp é u1na constante de proporcionalidade (ou ganho da ação proporcional).


Toda variável controlada possui urn valor máximo (Cmáx) e um valor mínimo (Cmín),
e o erro (E) pode ser relacionado à faixa de variação da mes1na, de tal sorte que tenhamos
um erro expresso ern porcentagem. Assim sendo, costuma-se definir um erro porcentual Ep
dado por:

E =
(cm -Csp)·lOO E
=-·100 (4-16)
P (Cmáx -Cmín) AC

Nesse caso, se substituirrnos na Equação 4-15 a variável E por Ep, evidentemente PO e


P 1 também terão que ser expressos em porcentagem. Esse é o procedirnento mais cornurn na
prática.
A implementação eletrônica da Equação 4-15 pode ser obt.ida com AOPs, conforrne se
vê na Figura 4.14. Note-se que o potenciômetro R 1 irá permitir o ajuste da constante de pro-
porcionalidade (Kp).
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 91

Rz

--

FI G URA 4.14

A equação de saída do circuito anterior é dada por:

(4-17)

onde:
VO corresponde ao sinal de saída P0
VE corresponde ao sinal de erro E
V 1 corresponde ao sinal de saída P1 para erro nulo
R2
Ri corresponde à constante ele proporcionalidade Kp

,
E evidente que na entrada do controlador as correntes são convertidas em tensões e na
saída as tensões são reconvertidas e1n correntes através de resistores de alta precisão.

4.10 CONTROLADOR DE AÇÃO INTEGRAL

A ação integral é aquela na qual a saída do controlador atunenta numa taxa proporcional
à integral do erro da variável controlada. Assi1n sendo, a saída do conu·olador é a integral do
erro ao longo do tempo, multiplicada por uma constante de proporcionalidade denominada
ganho de integração.
Esse tipo de ação é muito aplicado em controle de velocidade de motores de corrente
contínua. O controlador detecta continuamente os erros e gera rampas de aceleração ou desa-
celeração, conforme seja necessário para 1nanter a velocidade do motor em u1n valor
pré-ajustado (set-point).
Á '

92 ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIFICADORES OPERACIONAIS E FILTROS ATIVOS

A equação de saída do controlador de ação integral é a seguinte:

(4-18)

onde K1 é o ganho de integração e P 1(O) é a saída do controlador no instante t = O.


O circuito da Figura 4.15 pode ser utilizado para implementar a equação anterior. A
equação de saída desse circuito é dada por:

(4-19)

onde:
v0 (t) corresponde ao sinal de saída P0 (t)
vE(t) corresponde ao sinal de erro E(t)
v1(0) corresponde ao sinal de saída P 1(0) ern t =O
l
RC corresponde ao ganho de integração K1

--

FIGURA 4.15

Convém lembrar que Rf te.m co,no objetivo estabilizar o ganho do integrador etn baixas
ti·eqüências.

4.11 CONTROLADOR DE AÇÃO DERIVATIVA

A ação derivativa é aquela na qual a saída do controlador é direta1nente proporcional à


taxa de variação do erro ou desvio da variável controlada. Assim sendo, a ação derivativa
nunca é utilizada de fonna isolada, ou seja, ela está sempre associada às ações proporcional ou
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 93

integral, pois, no caso de se ter um en·o nulo ou constante, a saída do controlador não .irá
apresentar nenhu1na variação nominal no sinal ele saída.
A equação de saída cio controlador de ação derivativa é dada por:

p (t) = K dE(t) (4-20)


o D dt

onde K0 é u1na constante de proporcionalidade deno1n.inada ganho derivativo.


O circuito da Figura 4. 16 pode ser utilizado para Ílnple1nentar a equação anterior. A
equação de saída desse circuito é dada por:

-R CdvE(t)
Vo ()
t - 2 (4-21)
dt

onde:
v0 (t) con·esponde ao sinal de saída P0 (t)
vE(t) co1Tesponde ao sinal de erro E(t)
R2C corresponde ao ganho derivativo Ko

Rz R

_.....__ _-O V (t)


0

FIGURA 4.16

Para se projetar u1n controlador de ação derivativa com boa estabibdade e1n altas fre-
qüências, é conveniente utilizar as condições de projeto dadas pela Equação 4-6.
Ao leitor interessado em ampliar seus conhecunentos sobre a teoria de conu·ole de pro-
cessos, aconselhamos consultar algum texto sobre o assunto.

4.12 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

[J] No circuito da Figura 4.17 te1nos R = 50KQ e C = lOµF. Na entrada do 1nesn10 se aplica
u1n pulso (ou degrau de tensão) de a1nplitude igual a 2V durante 5 segundos. Supondo C
inicialmente descarregado e o AOP alimentado com ± 15 V, pede-se:
a) Calcular VO após 2 segundos.
94 Á '
ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIFICADORES OPERACIONAIS E FILTROS ATI VOS

b) Após quantos segundos o AOP irá se saturar co111 aprox.imadatnente -l3,5V?


c) Esboçar a fonna de onda do sinal de saída, variando no intervalo de Oa 5 segundos.
d) Calcular a declividade D (ou coeficiente angular) da ran1pa gerada antes do AOP
atingir a saturação.

o

1 ., --
FIGURA 4.17

SOLUÇÃO

a) 1 Jtvidt, mas, sendo vi =CONSTANTE, temos:


vO = - RC O


Vo =- ___..!.._ t '
.. v o =-8V
RC 1

b) - 13,5 = -4t :. t = 3,375 segundos


1

~ o .r - - - - - +
- 2 3 3 375
1 - -------i.-------+--_,_ 4
_ _-4-_ _ _ _+-----1

-8V - - -- - - - -

- 13,SV
-- - - - - - - - - __,,_________
1

FIGURA 4.18
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 9S

e) D(declividade) = ~ D= -4 V/s
2

Comentário
Observe que foi gerada uma rampa de declividade negativa, a qual pode ser utili-
zada, por exe1nplo, para acionar u1n circuito eletrônico responsável pelo controle de
velocidade de um motor, fazendo com que a mesma seja reduzida. Dizemos, nesse caso,
que a rampa gerada é uma rampa de desaceleração. Por outro lado, se a polaridade do
sinal de entrada for trocada, podemos gerar utna rampa de aceleração a fi1n de aumentar
a velocidade do motor.
Essa técnica é muito utilizada nas indústrias para aciona1nento de máquinas elétri-
cas através de co,nandos eletrônicos. Nossa intenção aqui foi apenas dar ao estudante
u1na idéia da mesma.

No integrador da Figura 4.9 temos: R 1 =IKO, Rf = IOKO e C =O,OlµF. Deter1ninar o


ganho (e1n decibéis) do circuito quando ro = 10.000rad/s.
SOLUÇÃO

10/1
Avr = --;========= = 7,07
4 2
8
1+(10.000-10 -10- )

ou seja: Avf(dB) = 16,99dB 1

[}] No gráfico a seguir te1nos um período do sinal de entrada vi aplicado no circuito diferen-
ciador da Figura 4.2. Determinar a tensão de saída v0 no intervalo de O a 250µs e no
intervalo de 250 a 500 µs. Fazer Rr =l Kn e C =0,01 µF.

v-(V)
1

t(µ.s)
o 250 500

FIGURA 4.19

SOLUÇÃO
Como o sinal aplicado é uma rampa, o sinal de saída será u1na constante em cada
semi período.
Á '

96 ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIF ICADOR ES OPERACIONAIS E FILTROS ATI VOS

Para o primeiro se1uiperíodo temos:

Note que a equação da ra1npa de subida é vi 1 = ti125, onde t é dado e1n µs e vil e,n volts.
Logo:

V
0
J =-103 · 10- 8 __10_6
125

v 01 =-80mV

Para o segundo se1niperíodo temos:

V0 z =- 103 · 10- 8 d/dt(-t/125+4)


V 0z = -10 3 -10- 8 (-10 6/125)

v 0 z = 80mV

[±J Demonstre que o circuito a seguir corresponde a um controlador PI (proporcional +


integral). Supor o AOP ideal.

•2

. _ _ ......_____ov
IJ 0

-
FIGURA 4.20
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 97

SOLUÇÃO
Sejam iI a corrente em R I e i2 a corrente em R2C, temos:

pois, i 1 + i2 = O(AOP ideal).


Poré1n:

Finalmente:

Essa equação final nos mostra que a saída do controlador é formada por uma
parcela de ação proporcional associada a uma parcela de ação integral (a qual é 1nultipli-
cada pelo mesmo ganho da ação proporcional). Evidentemente, se colocarmos um am-
plificador inversor de ganho unitário na saída do controlador PI, eliminaremos os sinais
negativos da equação anterior.

4.13 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

G Dar a forma de onda do sinal de saída de un1 diferenciador quando em sua entrada
aplicannos os seguintes tipos de sinais:
a) quadrado (vi= K)
b) rampa (vi= Kt)
c) senoidal (vi = Ksent)
d) parabólico (vi= kt2)
e) exponencial (vi= Ke 1)

[21 Repetir o exercício anterior para o caso de um integrador.

~ Qual aspecto é considerado o mais crítico no caso do circuito diferenciador da Figura


4.2?

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