Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIFERENCIADORES,
INTEGRADORES
E CONTROLADORES
Os circuitos que analisaremos neste capítulo são de enorme importância devido às aplicabi-
lidades dos mesmos. O leitor observará que essa classe de aplicações lineares dos AOPs é
mais complexa que as anteriores, devido à existência de capacitores nos circuitos. Aproveita-
remos este capítulo para tratar de alguns aspectos dos chamados controladores eletrônicos
analógicos, os quais são muito utilizados em instrumentação e controle de processos indus-
triais.
v.1 0 - - -- z,
-1....__ _,
--
FIGURA 4.1
78 Á '
(4-1)
Essa equação nos será útil nos itens seguintes, pois iremos considerar associações de
componentes resistivos e capacitivos.
4.2 O DIFERENCIADOR
Este circuito apresenta uma saída proporcional à taxa de variação do sinal de entrada.
Na Figura 4.2 ternos o circuito de um diferenciador elernentar.
i e
vi o--=~--11 ------ª---11
vd tb
,-----4
FIGURA 4.2
de onde se obté1n:
dv·
Vo =-RrC i (4-2)
dt
Observemos que o sinal de saída apresenta uma inversão em relação ao sinal de entrada.
Se aplica1mos um sinal triangular simétrico na entrada de u1n diferenciador, a sua saída
apresentará um sinal retangular, conforme indicado na Figura 4.3. De fato, o sinal triangular
pode ser visto como un1 conjunto de ra1npas ascendentes e descendentes, cujas prin1eiras
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 79
derivadas são constantes. Podemos de1nonstrar (e deixaremos isso para o leitor), que o sinal
de saída te1n seus valores de pico dados por:
V = R c(vpp)=R
op T/2
f
c( VP) f
4
T
V•
1
Vo
) -
T/2 T 3T/2 2T t
Vpp
- Vop = - RrC(--'---- )
T/2
FI G URA 4.3
Rr
Avf =- l =-j21tfRrC
j21tfC
em módulo, temos:
(4-3)
Á '
V·1
T
o T/2 T 3T/2 2T t
-vp
(a)
VO
+ vop
1\. 1\.
o , T/2
T
r 3T/2
2T
r l
-vop
(b)
FIGURA 4.4
-Rr
A vf = -----"-,--
R 1
1+ j21tfC
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 81
--
FIGURA 4.5
(4-4)
Note,nos, pela equação anterior, que o ganho se estabiliza num valor dado por Rp/Rl
(em módulo), quando a freqüência tende a infinito. Logo, em altas freqüências, o diferencia-
dor se co,nporta con10 um amplificador inversor. Outro aspecto iinportante é que ruídos de
alta freqüência não têm u1na ação n1ui.to acentuada sobre o circuito anterior. Na prática, pode-
mos estabelecer u,n valor limite de freqüência, abaixo do qual o circuito se comporta como
diferenciador e aci,na do qual o n1esmo atua predominantemente co,no amplificador inversor.
Essa freqüência, a qual denominaremos fl é exatamente a freqüência de corte da rede de
atraso do diferenciador, ou seja:
(4-5)
o. A vf = -Rr
r......
.C.llll
R1
Á '
Convém ressaltar que as duas situações anteriores são tanto mais verdadeiras quanto
mais nos distanciannos de fL nos dois sentidos.
Finahnente, convérn frisar que o diferenciador prático apresentará urna saída rnais pre-
cisa se impusermos como condições de projeto as seguintes relações:
4.4 O INTEGRADOR
r
1
e
-
FIGURA 4.6
ou seJa:
V =- 1 11 V·dt (4-7)
o R1C º •
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 83
Se bouver u,na tensão inicial no capacitor, o seu valor deverá ser somado ao resultado
da equação anterior. Algun1as vezes utiliza-se uma chave em paralelo com C para desca1Tegá-lo
antes de se utilizar o integrador. A chave deverá ser fechada para descarregar o capacitor e
reaberta no início do processo de integração. A Figura 4.7 ilustra o que dissemos.
FIGURA 4.7
Se aplicarmos um sinal
retangular si1nétrico na entrada V·1
do integrador, obteremos urna
saída triangular, conforme se vê
na Figura 4.8.
Pode1nos den1onstrar que
+vp
a tensão de saída apresenta va-
lores de pico dados pela seguin-
o
te relação: T/2 T 3T/2 2T l
-v p - (a)
o
l
(b)
FIGURA 4.8
84 Á '
ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIF ICADOR ES OPERACIONAIS E FILTROS ATIVOS
A - 1
vr - 21tfR 1C (4-8)
R1Rr
. Re == R1 + Rr
-
FIGURA 4.9
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 85
l
Rr· - -
j21tfC
R + 1
Avt = - f j21tfC
R1
Avf= - Rr / R1
1+ j21tfRrC
Em tennos de 1nódulo, te1nos:
A - Rr/R1
vr - ~ 1+(21ttRrC)2 (4-9)*
Verifica-se que o ganho irá estabilizar e1n um valor igual a Rr/R 1 (em módulo) quando a
freqüência é nula. Podemos observar u1n comportamento dual do circuito, ou st:ia, em altas
freqüências o mesmo trabalha corno integrador e em baixas freqüências como inversor. Ire-
mos definir, conforme fizemos para o diferenciador, uma freqüência limite fL abaixo da qual
temos um amplificador inversor de ganho -R(fR 1 e acima da qual temos um integrador. Essa
freqüência é dada por:
f - 1 (4-10)
L - 21tRrC
Ressaltaremos, novamente, que as duas situações anteriores são tanto 1nais verdadeiras
quanto n1ais distanciarmos de fL, nos dois sentidos.
Finalmente, apresentaremos duas condições de projeto que nos permitem melhorar a
resposta do integrador prático. Assim, ternos:
onde T é o período do sinal aplicado. A condição (a) é fundamental, mas a condição (b),
apesar de pennitir uma ótima estabilidade do circuito, pode ser considerada como opcional no
projeto do integrador prático.
Apresentaremos, a seguir, dois circuitos integradores que podem ser úteis e,n muitas
aplicações práticas.
Na Figura 4.10, temos o chamado integrador de soma.
R
e
v1
R
V2
R
v3
VO
--
--
FI G URA 4.1 0
(4-12)
R
e
R e
--
FI G URA 4 .11
.J
<UJ
z ...J
ii:O o
V)
ºa:
......
zZ
tJ
UJo
- U
8
a::
~UJ e..
:JO
Ul
a::
o
V)
a:
w
>
z
ou
<
E
o
N
1
...,.
-
li.
"'oo a::
< o
o
.J
o
a:
-
o
Ul
;::;,
~
o
u
<E e
UJ o u"
N
1
...,.
a:
~- ' 80 ,, ,"
,cu
a: ti:
!-,< ~
~ a:
u"'
e. ºº
Ul
a:
,;
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 89
(4-14)
O tipo 1nais elementar de controle é o chamado controle on-ojf (liga-desliga). Nesse tipo
de controle a saída do processo estará se1npre com 0% ou lOOo/o de resposta. Uma válvula, por
exe1nplo, estará totalmente fechada ou totalmente aberta em cada situação. Esse controle é
ta1nbé1n denominado de controle de duas posições, e o motivo é óbvio.
Á '
Saída do
Controlador
P1 - ·- - - - - - - - - -
O'-~~~~~~~~~~~~~~-
E(Sinal de erro)
FIGURA 4.13
Conforme já disse1nos, a ação do controlador é determinada pelo sinal de erro (E) detec-
tado pelo n1esmo (ver Equação 4-14). Quando esse erro é nulo, o controlador apresenta uma
saída fixada ern um valor P 1•
O gráfico da Figura 4.13 nos fornece uma equação da forma:
1 P0 =KpE+P1 1 (4-15)
E =
(cm -Csp)·lOO E
=-·100 (4-16)
P (Cmáx -Cmín) AC
Rz
--
FI G URA 4.14
(4-17)
onde:
VO corresponde ao sinal de saída P0
VE corresponde ao sinal de erro E
V 1 corresponde ao sinal de saída P1 para erro nulo
R2
Ri corresponde à constante ele proporcionalidade Kp
,
E evidente que na entrada do controlador as correntes são convertidas em tensões e na
saída as tensões são reconvertidas e1n correntes através de resistores de alta precisão.
A ação integral é aquela na qual a saída do controlador atunenta numa taxa proporcional
à integral do erro da variável controlada. Assi1n sendo, a saída do conu·olador é a integral do
erro ao longo do tempo, multiplicada por uma constante de proporcionalidade denominada
ganho de integração.
Esse tipo de ação é muito aplicado em controle de velocidade de motores de corrente
contínua. O controlador detecta continuamente os erros e gera rampas de aceleração ou desa-
celeração, conforme seja necessário para 1nanter a velocidade do motor em u1n valor
pré-ajustado (set-point).
Á '
(4-18)
(4-19)
onde:
v0 (t) corresponde ao sinal de saída P0 (t)
vE(t) corresponde ao sinal de erro E(t)
v1(0) corresponde ao sinal de saída P 1(0) ern t =O
l
RC corresponde ao ganho de integração K1
--
FIGURA 4.15
Convém lembrar que Rf te.m co,no objetivo estabilizar o ganho do integrador etn baixas
ti·eqüências.
integral, pois, no caso de se ter um en·o nulo ou constante, a saída do controlador não .irá
apresentar nenhu1na variação nominal no sinal ele saída.
A equação de saída cio controlador de ação derivativa é dada por:
-R CdvE(t)
Vo ()
t - 2 (4-21)
dt
onde:
v0 (t) con·esponde ao sinal de saída P0 (t)
vE(t) co1Tesponde ao sinal de erro E(t)
R2C corresponde ao ganho derivativo Ko
Rz R
FIGURA 4.16
Para se projetar u1n controlador de ação derivativa com boa estabibdade e1n altas fre-
qüências, é conveniente utilizar as condições de projeto dadas pela Equação 4-6.
Ao leitor interessado em ampliar seus conhecunentos sobre a teoria de conu·ole de pro-
cessos, aconselhamos consultar algum texto sobre o assunto.
[J] No circuito da Figura 4.17 te1nos R = 50KQ e C = lOµF. Na entrada do 1nesn10 se aplica
u1n pulso (ou degrau de tensão) de a1nplitude igual a 2V durante 5 segundos. Supondo C
inicialmente descarregado e o AOP alimentado com ± 15 V, pede-se:
a) Calcular VO após 2 segundos.
94 Á '
ELETRONICA ANA LOGICA: AMPLIFICADORES OPERACIONAIS E FILTROS ATI VOS
o
•
1 ., --
FIGURA 4.17
SOLUÇÃO
V·
Vo =- ___..!.._ t '
.. v o =-8V
RC 1
~ o .r - - - - - +
- 2 3 3 375
1 - -------i.-------+--_,_ 4
_ _-4-_ _ _ _+-----1
-8V - - -- - - - -
- 13,SV
-- - - - - - - - - __,,_________
1
FIGURA 4.18
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 9S
e) D(declividade) = ~ D= -4 V/s
2
Comentário
Observe que foi gerada uma rampa de declividade negativa, a qual pode ser utili-
zada, por exe1nplo, para acionar u1n circuito eletrônico responsável pelo controle de
velocidade de um motor, fazendo com que a mesma seja reduzida. Dizemos, nesse caso,
que a rampa gerada é uma rampa de desaceleração. Por outro lado, se a polaridade do
sinal de entrada for trocada, podemos gerar utna rampa de aceleração a fi1n de aumentar
a velocidade do motor.
Essa técnica é muito utilizada nas indústrias para aciona1nento de máquinas elétri-
cas através de co,nandos eletrônicos. Nossa intenção aqui foi apenas dar ao estudante
u1na idéia da mesma.
10/1
Avr = --;========= = 7,07
4 2
8
1+(10.000-10 -10- )
[}] No gráfico a seguir te1nos um período do sinal de entrada vi aplicado no circuito diferen-
ciador da Figura 4.2. Determinar a tensão de saída v0 no intervalo de O a 250µs e no
intervalo de 250 a 500 µs. Fazer Rr =l Kn e C =0,01 µF.
v-(V)
1
t(µ.s)
o 250 500
FIGURA 4.19
SOLUÇÃO
Como o sinal aplicado é uma rampa, o sinal de saída será u1na constante em cada
semi período.
Á '
Note que a equação da ra1npa de subida é vi 1 = ti125, onde t é dado e1n µs e vil e,n volts.
Logo:
V
0
J =-103 · 10- 8 __10_6
125
v 01 =-80mV
v 0 z = 80mV
•2
. _ _ ......_____ov
IJ 0
-
FIGURA 4.20
DIFERENCIADORES, INTEGRADORES E CONTROLADORES 97
SOLUÇÃO
Sejam iI a corrente em R I e i2 a corrente em R2C, temos:
Finalmente:
Essa equação final nos mostra que a saída do controlador é formada por uma
parcela de ação proporcional associada a uma parcela de ação integral (a qual é 1nultipli-
cada pelo mesmo ganho da ação proporcional). Evidentemente, se colocarmos um am-
plificador inversor de ganho unitário na saída do controlador PI, eliminaremos os sinais
negativos da equação anterior.
G Dar a forma de onda do sinal de saída de un1 diferenciador quando em sua entrada
aplicannos os seguintes tipos de sinais:
a) quadrado (vi= K)
b) rampa (vi= Kt)
c) senoidal (vi = Ksent)
d) parabólico (vi= kt2)
e) exponencial (vi= Ke 1)