Você está na página 1de 6

Trabalho de David Bizarro Nº 20532

Introdução

Neste trabalho recorre-se á análise linear e estática. A análise linear separa-se em análise fisicamente linear
e análise geometricamente linear, a primeira emprega o estudo da elasticidade, por meio de um gráfico
tensão – deformação (o estudo é efectuado apenas na parte inicial do gráfico, onde a relação entre a tensão e
a deformação é linear), a segunda também é designada por teoria dos pequenos
deslocamentos, a qual implica a teoria das pequenas deformações, que se apoia na
linearidade das deformações em função das derivadas dos deslocamentos.
Note-se que a teoria das pequenas deformações não impede grandes deslocamentos, a
limitação de grandeza é aplicada apenas para as derivadas. E combinando a análise
linear com a lenta aplicação de cargas, chega-se á análise estática. Possíveis simplificações a tomar na
resolução de problemas simples de elasticidade:
1) Considerar a distribuição das tensões e das deformações uniforme em cada material que constitui o MC,
consequentemente ter-se-á um campo de deslocamentos linear;
2) Ao aplicar apenas cargas tangenciais e um campo de temperatura (opcional), obtém-se apenas como
resposta as componentes tangenciais das tensões e das deformações;
3) Suponha-se agora uma face plana constrangida onde se aplicam as condições de 2), nesta hipótese em que
o deslocamento é nulo formam-se apenas tensões.

Neste trabalho utiliza-se o programa, ANSYS, o qual se serve do método dos elementos finitos. O método
numérico dos elementos finitos é um processo de resolução de problemas de elasticidade em MC, que inclui
a aplicação do método dos deslocamentos.

O MC divide-se em pequenas partes, chamadas “elementos finitos”, que juntos formam uma malha sobre o
interior. As incógnitas fundamentais de cada nó de um elemento finito são os deslocamentos, designados
graus de liberdade da estrutura. A coincidência dos nós entre os elementos vizinhos assegura a continuidade
do campo de deslocamento, mas não a continuidade das tensões e deformações. Para cada elemento finito é
definida uma matriz rigidez, estas são formadas por um processo de assemblagem matricial ligada á
topologia dos graus de liberdade.

Depois de aplicar os carregamentos e as condições de fronteira, resolve-se o sistema de equações para


determinar o campo de deslocamentos, as tensões e as deformações, repare-se que quanto mais fina a malha,
mais precisa é a resolução.

Objectivos

Usando um software de cálculo disponível no DEC, ANSYS, simular numericamente o ensaio 3 (ensaio de
distorção) realizado em laboratório experimental e:

1) Comparar os valores numéricos de deslocamento;


2) Analisar o valor do módulo de distorção;
3) Averiguar a validade dos pressupostos usados nos cálculos do ensaio 3.
Imagens Recolhidas
Verificação da forma das faces do provete

Forma deformada do provete virtual (visível as alterações na largura e altura) – A deformação é resultante
da aplicação de uma força P de intensidade 120N, com sentido para baixo (contrário ao do eixo y), com
ponto de aplicação num nó, situado na parte inferior da barra direita de apoio.
Verificação do paralelismo das barras de aço
Deslocamentos em x (variações de comprimento) – note-se que da consequência do sentido da força
aplicada (para baixo contrário ao do eixo), a componente do comprimento em baixo diminui, aparte que em
cima o comprimento aumenta.

A partir da observação da imagem anterior, é possível contradizer uma das simplificações utilizadas, a qual
descrevia que os deslocamentos em x seriam uniformes.
Deslocamentos em y (variações de altura) – observe-se que no lado direito, local da aplicação da força, é
onde se encontra a maior variação de altura.

A partir da visualização da imagem anterior, é possível verificar que não existe linearidade nos
deslocamentos segundo y, contrariando o que foi dito nos pressupostos. E para aprovação do que foi dito:

Variação da altura mm Comprimento mm Razão entre os valores da


variação de altura
0 0 0
0,209 11,55556 0,498807
0,419 23,11111 0,667197
0,628 34,66667 0,750299
0,837 46,22222 0,799427
1,047 57,77778 0,833599
1,256 69,33333 0,857338
1,465 80,88889 0,874627
1,675 92,44444 0,889066
1,884 104
Verificação da distribuição da força aplicada
Tensão de corte xy – representação da distribuição em todo o provete. Note-se que a tensão toma
valores menores em cima e em baixo, contrariamente ao ângulo formado nas direcções principais é maior.

Após analise da imagem anterior, chega-se á conclusão que os pressupostos adoptados para a realização do
cálculo á mão estam fora da realidade. Nota: uma das simplificações utilizadas foi a da tensão de corte
ser uniforme.
Verificação das condições de fronteira

Direcções das tensões principais - pode-se verificar que perto da superfície livre as direcções principais são
alinhadas com os lados do provete, porque não há carga aplicada. Note-se na concentração de tensões no
canto superior esquerdo, zona onde existe uma força interna á tracção.

Recolha e comparação de resultados


Dimensões do provete utilizado no trabalho experimental 3:

Dimensão vertical (h): 304 mm;


Espessura (t) – medição 1 em cima: 25,65 mm;
Espessura (t) – medição 2 em baixo: 25,35 mm;
Espessura (t) – valor médio: 25,5 mm;
Dimensão horizontal (L): 10.3 mm;
Valor correspondente a uma divisão: 0.01 mm.
Servindo-me do ensaio laboratorial 3, em que o deslocamento do provete foi de 1.49mm, ou seja, m. Ao
abrir o ficheiro de listagem de resultados do ensaio do ANSYS, é dada a seguinte informação:

O ANSYS registou para a mesma acção o valor de m e o ensaio 3 m. Dai


resultarem os seguintes módulos de distorção, 1.02MPa para o computacional e 1.057MPa para o ensaio3. A
diferença entre ambos resulta dos diferentes métodos utilizados, o ANSYS utiliza o método numérico e os
cálculos manuais seguem o método analítico, sendo este menos preciso.
Conclusão

Comparando os resultados de ambos os métodos verifica-se uma diferença nos valores do deslocamentos, da
distorção e do módulo de corte. Isto sucede devido ás simplificações utilizadas na execução dos cálculos
manuais:
1) Faces do provete planas;
Tal não sucede no ensaio3, pois existe uma diferença entre a espessura t em cima e a espessura t em
baixo (para realização dos cálculos entra-se com a sua média).
2) Tensão de corte uniforme e única componente de tensão no referencial Oxy;
Esta simplificação é facilmente contradita pela imagem de tensões de corte , obtida através do
programa ANSYS, que revela a sua distribuição.
3) O valor corresponde a uma força aplicada distribuída uniformemente na superfície de contacto
do material borracha com a barra de aço;
Esta designação diverge, pois a única força aplicada é situada no canto inferior esquerdo e não é de
modo algum distribuída, mas antes uma força concentrada.
4) As barras de aço mantêm-se paralelas;
Da análise dos deslocamentos (deslocamentos em y e x) verifica-se que o pressuposto usado não
corresponde á realidade, pode-se deduzir que o paralelismo nas barras metálicas desaparece.

Comparando os valores do deslocamento, conclui-se que o deslocamento calculado no programa é maior


que o valor medido no ensaio 3. Consequentemente o valor do módulo de distorção determinado através
das simplificações não corresponde ao valor real do provete, dado que os pressupostos do cálculo não se
verificam. As maiores diferenças foram causadas pelo efeito de flexão que não foi considerado e pelo
facto, que a força aplicada não se distribui uniformemente na área de contacto entre os dois matérias.

Você também pode gostar