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Contatos úteis:
Prof. Sérgio Frascino Muller de Almeida (especialista em materiais compósitos, formado pelo
ITA e com anos de experiência na Embraer):
sergio.frascino@unesp.br
Sala: Quase em frente a salinha da Fenrir.
Considera-se material compósito (em inglês, composite) a combinação de dois materiais em escala
macroscópica de forma a se obter um terceiro material, com características [idealmente]
homogêneas em escala macroscópica, embora ainda permaneça heterogêneo em escala
microscópica.
Os dois componentes que constituem um material compósito são a matriz e o reforço. A matriz,
geralmente polimétrica, tem estrutura inicialmente amorfa, e faz a ligação mecânica entre os
componentes de reforço, que geralmente são algum tipo de fibra, ex.: fibra de vidro, fibra de
carbono, fibra de bambu, madeira balsa, aramidas, tecidos.
A matriz geralmente é algum tipo de polímero, como a resina epóxi, resina vinílica, poliuretano e
resina poliéster.
Dessa forma, espera-se obter um material que tenha as propriedades de ambos, como dureza,
tenacidade, facilidade de modelagem, baixo peso e resistência à tração e compressão, especialmente
no sentido das fibras, entre outros.
Denomina-se um laminado todo material que é constituído de finas camadas de um mais materiais,
no caso aqui abordado, de camadas de fibra e resina.
Fibras
As fibras são longos filamentos de um dado material, a maioria sendo bastante flexível,
assemelhando-se a uma linha de costura ou tecido. As fibras podem ser unidirecionais (todos os fios
dispostos num mesmo sentido), bidirecionais (fios dispostos em 2 direções, com 90º entre si) e
tecidos 3D (entrelaçados em 3 direções diferentes). Outras formas são possíveis, alguns disponíveis
apenas de forma natural, como é o caso das fibras de bambu e madeira.
Este guia se limita a abordar a fibra de vidro e de carbono, embora maior parte das considerações e
métodos aqui citados funcionam para os demais tipos de fibras e resina não aprofundadas.
A fibra de carbono tem comportamento muito parecido com o da fibra de vidro, valendo-se dos
mesmos métodos, usos e precauções, com diferença principal que apresenta resistência mais
elevada que a da fibra de vidro, ao mesmo passo que sua obtenção é mais custosa, refletindo nos
preços dos tecidos de fibra de carbono. A fibra de carbono é geralmente dividida em dois graus:
grau industrial, mais comum e com venda livre para quase todos os públicos e locais, e de grau
aeronáutico, a mais resistente, porém frequentemente difícil de se obter sem poderio empresarial
e/ou governamental por se tratar de um material controlado pelo governo americano devido ao alto
interesse militar neste.
Para o projeto da equipe Fenrir, os tecidos 3D seriam ideais, porém são muito difíceis de se obter,
por isso se utiliza majoritariamente fibras bidirecionais, podendo-se usar fibras unidirecionais para
reforços específicos.
A fibra de carbono, por ser a mais resistente das duas, é de extremo interesse para áreas estruturais,
enquanto a fibra de vidro pode ser usada para áreas que sofrem menos esforço quando a primeira se
encontrar escassa.
Matrizes
As matrizes mais comuns são as resinas poliméricas. A resina mais comum e mais barata é a resina
poliéster, muito utilizada em peças grandes sem função estrutural e/ou apenas ornamental (ex:
fabricação de piscinas, carenagens e ornamentos). A resina mais comum para peças de engenharia é
a resina epóxi (embora frisa-se que o único fato de devido produto ser ou conter epóxi não implica
se tratar por si só de algo resistente ou adequado), que apresenta a melhor resistência dentre todas as
resinas disponíveis comercialmente. As resinas podem ser bi-componentes (ex.: epóxi), onde o
endurecimento ocorre pela reação química entre uma parte A e uma parte B, ou catalisadas, (ex.:
poliéster), onde o endurecimento ocorre pela adição do catalisador ao componente principal.
As principais características que devem ser levadas em conta na escolha e trabalho de uma resina
são:
Temperatura de cura: a temperatura a qual a resina endurece. Algumas resinas são feitas para secar
em temperatura ambiente, enquanto outras só vão curar apropriadamente e em tempo hábil em
temperaturas altas, requerendo um forno ou autoclave.
Gel time: o tempo o qual a resina poderá ser trabalhada antes de endurecer. Geralmente as resinas
com temperatura de cura ambiente tem gel time curto, fazendo com que as resinas com gel time
longo (superior a 30 min) que curam em temperatura ambiente ou próxima desta sejam caras de
sintetizar, apresentando valor mais elevado.
Para o projeto da Fenrir, é desejável que a resina apresente gel time longo, devido ao pouco
equipamento e espaços dedicados, facilitando o trabalho.