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Instruções básicas de laminação em fibra de vidro e fibra de carbono

Contatos úteis:

Diretor de mecânica da equipe (abr/2022- set/2023):


Antonio Tenório de Freitas
(12)996310486 / (12)992536938
antonio.tenorio@unesp.br

Prof. Sérgio Frascino Muller de Almeida (especialista em materiais compósitos, formado pelo
ITA e com anos de experiência na Embraer):
sergio.frascino@unesp.br
Sala: Quase em frente a salinha da Fenrir.

Ideias básicas por trás do material compósito

Considera-se material compósito (em inglês, composite) a combinação de dois materiais em escala
macroscópica de forma a se obter um terceiro material, com características [idealmente]
homogêneas em escala macroscópica, embora ainda permaneça heterogêneo em escala
microscópica.

Os dois componentes que constituem um material compósito são a matriz e o reforço. A matriz,
geralmente polimétrica, tem estrutura inicialmente amorfa, e faz a ligação mecânica entre os
componentes de reforço, que geralmente são algum tipo de fibra, ex.: fibra de vidro, fibra de
carbono, fibra de bambu, madeira balsa, aramidas, tecidos.
A matriz geralmente é algum tipo de polímero, como a resina epóxi, resina vinílica, poliuretano e
resina poliéster.

Dessa forma, espera-se obter um material que tenha as propriedades de ambos, como dureza,
tenacidade, facilidade de modelagem, baixo peso e resistência à tração e compressão, especialmente
no sentido das fibras, entre outros.

Denomina-se um laminado todo material que é constituído de finas camadas de um mais materiais,
no caso aqui abordado, de camadas de fibra e resina.

Fibras

As fibras são longos filamentos de um dado material, a maioria sendo bastante flexível,
assemelhando-se a uma linha de costura ou tecido. As fibras podem ser unidirecionais (todos os fios
dispostos num mesmo sentido), bidirecionais (fios dispostos em 2 direções, com 90º entre si) e
tecidos 3D (entrelaçados em 3 direções diferentes). Outras formas são possíveis, alguns disponíveis
apenas de forma natural, como é o caso das fibras de bambu e madeira.
Este guia se limita a abordar a fibra de vidro e de carbono, embora maior parte das considerações e
métodos aqui citados funcionam para os demais tipos de fibras e resina não aprofundadas.

A fibra de vidro geralmente se encontra disponível comercialmente de forma ampla na forma de


tecidos unidirecionais e bidirecionais e filamentos curtos e picados. Os filamentos curtos e picados
são ideais para realizar preenchimento de corpos que não sofrerão grandes esforços, sendo muito
mais fácil de se aplicar no formato desejado devido ao curto comprimento dos fios e o custo mais
baixo. Peças com geometria mais complexa, que podem sofrer mais esforços ou com menores
tolerâncias aplicáveis geralmente são feitas por tecidos de fibra, pois os fios mais longos
apresentam enorme resistência no sentido de suas fibras, devendo ser dispostos na peça de acordo
com a direção da qual os maiores esforços virão, podendo inclusive variar o sentido das fibras entre
as camadas do laminado para compensar esforços multidirecionais.
Por ser constituída basicamente de sílica, não conduz eletricidade, não oxida e apresenta elevada
resistência à corrosão. A fibra de vidro é mecanicamente irritante à pele e aos olhos, devendo
portanto ser manuseada com cuidado, preferencialmente com uso de mangas longas, calça, calçado
fechado, óculos de proteção e luvas.

A fibra de carbono tem comportamento muito parecido com o da fibra de vidro, valendo-se dos
mesmos métodos, usos e precauções, com diferença principal que apresenta resistência mais
elevada que a da fibra de vidro, ao mesmo passo que sua obtenção é mais custosa, refletindo nos
preços dos tecidos de fibra de carbono. A fibra de carbono é geralmente dividida em dois graus:
grau industrial, mais comum e com venda livre para quase todos os públicos e locais, e de grau
aeronáutico, a mais resistente, porém frequentemente difícil de se obter sem poderio empresarial
e/ou governamental por se tratar de um material controlado pelo governo americano devido ao alto
interesse militar neste.

As fibras comercialmente disponíveis apresentam 3 características principais:


Direção da fibra: unidirecionais, bidirecionais e mais exclusivamente 3D (difícil de se obter);
Espessura do filamento: filamentos muito espessos são menos maleáveis, e muito finos são frágeis
de se manusear;
Gramatura: Peso específico do emaranhamento de fibra, é um dado importante para determinar o
preenchimento pela área do tecido quando associada à espessura do filamento.

Para o projeto da equipe Fenrir, os tecidos 3D seriam ideais, porém são muito difíceis de se obter,
por isso se utiliza majoritariamente fibras bidirecionais, podendo-se usar fibras unidirecionais para
reforços específicos.
A fibra de carbono, por ser a mais resistente das duas, é de extremo interesse para áreas estruturais,
enquanto a fibra de vidro pode ser usada para áreas que sofrem menos esforço quando a primeira se
encontrar escassa.

Matrizes

As matrizes mais comuns são as resinas poliméricas. A resina mais comum e mais barata é a resina
poliéster, muito utilizada em peças grandes sem função estrutural e/ou apenas ornamental (ex:
fabricação de piscinas, carenagens e ornamentos). A resina mais comum para peças de engenharia é
a resina epóxi (embora frisa-se que o único fato de devido produto ser ou conter epóxi não implica
se tratar por si só de algo resistente ou adequado), que apresenta a melhor resistência dentre todas as
resinas disponíveis comercialmente. As resinas podem ser bi-componentes (ex.: epóxi), onde o
endurecimento ocorre pela reação química entre uma parte A e uma parte B, ou catalisadas, (ex.:
poliéster), onde o endurecimento ocorre pela adição do catalisador ao componente principal.
As principais características que devem ser levadas em conta na escolha e trabalho de uma resina
são:

Temperatura de cura: a temperatura a qual a resina endurece. Algumas resinas são feitas para secar
em temperatura ambiente, enquanto outras só vão curar apropriadamente e em tempo hábil em
temperaturas altas, requerendo um forno ou autoclave.
Gel time: o tempo o qual a resina poderá ser trabalhada antes de endurecer. Geralmente as resinas
com temperatura de cura ambiente tem gel time curto, fazendo com que as resinas com gel time
longo (superior a 30 min) que curam em temperatura ambiente ou próxima desta sejam caras de
sintetizar, apresentando valor mais elevado.

Densidade/fluidez: a espessura do gel após a adição do componente B/catalisador. Quanto mais


espessa for a resina, menos ela permeará na fibra, entretanto uma resina fluída demais escorrerá.

Para o projeto da Fenrir, é desejável que a resina apresente gel time longo, devido ao pouco
equipamento e espaços dedicados, facilitando o trabalho.

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