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Aditivos para polímeros – Cargas

Minerais, Pigmentos e Anti UV


Neste último artigo da série sobre aditivos para polímeros eu
vou te apresentar 3 aditivos que também são relativamente comuns
em aplicações de polímeros de engenharia. Falaremos sobre as
cargas minerais reforçantes, pigmentos e absorvedores da radiação
UV (ou aditivos Anti UV).

Não é o caso de estes aditivos serem menos importantes do


que os discutidos anteriormente, porém muitas das questões
relacionadas aos cuidados no uso são semelhantes. Além disso, não
tenho a pretensão de esgotar o assunto. Muito pelo contrário – cada
um dos tópicos discutidos nesta série poderia ser tratada
individualmente num curso à parte.

Vamos aos protagonistas da vez....

Cargas Minerais
Assim como as fibras de vidro (assista ao vídeo aqui) as
cargas minerais são incorporadas aos polímeros com o intuito de
melhorar as propriedades mecânicas. Especialmente falando da
capacidade de suportar esforços mecânicos em aplicações
estruturais e a alta temperatura.

As motivações e cuidados no uso das cargas minerais são


muito semelhantes aqueles das fibras de vidro, portanto. Porém no
caso das cargas minerais há uma motivação adicional: maior
estabilidade dimensional.

Se você se lembra da discussão sobre fibras de vidro, um dos


problemas que seu uso pode trazer é a acentuada anisotropia tanto
de propriedades quanto dimensional. Isto vem do fato de as fibras
possuírem uma razão de aspecto (relação entre comprimento e
diâmetro) muito grande – são muito mais compridas do que
grossas...

Já as cargas minerais, em geral, se aproximam muito do


formato esférico. Bem verdade que algumas possuem aspecto
fibroso, porém com razão de aspecto muito menor do que as fibras
de vidro. Isto confere uma maior estabilidade dimensional e
controle de empenamento aos polímeros reforçados com este tipo
de material.

A contrapartida é um ganho em propriedades mecânicas que


não é tão expressivo quanto o conseguido com as fibras de vidro.
Além disso, a dureza superficial não é muito aumentada e apesar de
apresentarem também um aspecto visual melhor do que os
materiais com fibras, podem ser danificados mais facilmente (riscos
e manchas superficiais).

Por serem muito bons com relação à estabilidade dimensional,


muitas vezes podem ser utilizados em conjunto com as fibras de
vidro de forma a obter um material com o melhor de cada carga
reforçante – alta rigidez e bom ganho em propriedades vindo das
fibras e melhor estabilidade dimensional vindo das cargas minerais.

A depender do objetivo em termos de ganhos de


propriedades, dos custos e do material a ser reforçado, diversos
tipos de minerais podem ser utilizados. Alguns exemplos são:
Carbonato de Cálcio (talco), Mica, Wolastonita, entre outros.

Pigmentos
Sua principal função é dar cor! Dentro do tema aditivos,
talvez os pigmentos sejam os que mais variedade possuem.
Infinitas variações de coloração, natureza química, funcionalidades
secundárias, granulometria e forma de apresentação são
disponíveis.
Minha ideia neste breve artigo sobre pigmentos é a de
mostrar alguns detalhes que residem além da obvia função de dar
cor aos polímeros.

Primeiramente, é importante notar que a escolha do pigmento


adequado deve levar em conta mais do que a coloração desejada.
Itens como compatibilidade química e influência nas propriedades
mecânicas e dimensionais são muito importantes. Materiais como o
POM, por exemplo, não aceitam compostos que contenham cobre
em sua formulação.

No estado fundido o POM reage violentamente com o cobre


gerando uma intensa degradação do material e riscos de
espirramento violento. O problema é que sais de cobre são muito
comuns em pigmentos verdes e azuis...sendo assim o cuidado na
seleção do pigmento é importante para garantir o bom andamento
do processo. Esse é só um exemplo...

Pigmentos são encontrados na forma de pó (mesmo quando


pré dispersos em uma resina, ainda são materiais sólidos com uma
granulometria específica). A depender dessa granulometria a
influência nas propriedades mecânicas e no dimensional pode ser
grande e até fatal.

O dióxido de titânio, por exemplo, um pigmento branco


vastamente utilizado, pode se apresentar em granulometrias
variadas, em casos que essa granulometria é muito grande as
propriedades mecânicas podem ser afetadas. Já outros tipos de
pigmentos podem afetar a cristalização dos materiais levando a
contrações de moldagem diferentes a depender da concentração de
pigmento e até da cor utilizada.

Atualmente é muito mais comum se encontrar pigmentos pré


dispersos em uma resina chamada de veículo. Estes são os famosos
masterbatches. Sua função é facilitar a incorporação do pigmento
no polímero de uma forma mais prática e limpa, uma vez que não é
necessário manusear pó (o masterbatch se assemelha aos grânulos
do próprio material).

Aqui o cuidado principal é de se utilizar um veículo compatível


com a resina a pigmentar. Combinações resina/veículo
incompatíveis podem levar a toda uma sorte de problemas de
moldagem e de qualidade das peças como degradação, quebra de
peças, delaminação etc.

Além de dar cor, alguns pigmentos podem ainda realizar a


função de estabilizantes contra a radiação UV. Como exemplo dessa
função existem o negro de fumo (pigmento preto) e o próprio
dióxido de titânio (pigmento branco). O Negro de Fumo é muito
mais utilizado para esta finalidade e por este motivo muitas das
peças para aplicação externa são moldadas na cor preta para obter
uma resistência à radiação UV melhorada.

Aditivos anti UV
Os pigmentos podem realizar esta função muito bem como
lhe disse logo acima. Contudo, muitas vezes você pode desejar uma
peça resistente à UV que não seja necessariamente preta. Nestes
casos entram os aditivos anti UV específicos.

Diferentemente de muitos outros materiais de construção


(notadamente dos metais), os polímeros são fortemente afetados
pela radiação UV. Esta radiação emitida pelo sol leva à quebra das
cadeias moleculares e consequente degradação do polímero. Se
nada for feito a respeito, uma peça exposta à luz solar pode
simplesmente desaparecer em poucos dias (literalmente).

Sendo assim, você pode incorporar estes aditivos no polímero


de forma a prevenir o ataque da radiação. Em geral são compostos
orgânicos que reagem com a radiação preferencialmente em
comparação às moléculas do polímero e dissipam essa radiação na
forma de calor à medida que reagem com ela, protegendo o
material.

Importante notar que se trata de um aditivo consumível,


portanto em algum momento sua função cessará. Assim o que
ocorre é que a depender do nível de aditivação e do tipo de
composto utilizado você pode obter um aumento da vida da sua
peça variável.

Para selecionar a melhor combinação de tipo de estabilizante


e concentração para seu caso leve em conta o polímero que está
usando e a durabilidade esperada (só não espere uma vida
infinita...)

Conclusões
Ainda estamos muito longe de esgotar o assunto de
aditivação de polímeros. Espero sinceramente que estes últimos
artigos tenham te ajudado a desatar algum nó em projetos que
você esteja trabalhando ou a resolver algum problema com suas
aplicações.

Me conte sua história e como estes conteúdos te ajudam a ter


mais sucesso. Estou bastante curioso pra conhecer sua experiência.

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