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POLÍMEROS USADOS NAS ATIVIDADES

DE PERFURAÇÃO E COMPLETAÇÃO

GERSON J. DE A. JULIÃO

TEC. QUÍMICO DE PETRÓLEO

ST / EP – NATAL
1 – OBJETIVO:

Os fluidos base água, utilizados na perfuração, são compostos basicamente


por polímeros hidrossolúveis. Compreender as caracteristicas desses produtos e como se
procede a sua aplicação leva a um melhor aproveitamento do produto com o maximo de
rendimento e consequentemente menores custos operacionais.
Compilar esta apostila teve uma finalidade que é a de disponibilizar de uma
forma compacta e objetiva, voltada para as nossas necessidades basicas que é a de melhor
compreender o(s) mecanismo(s) de ação dos polímeros dentro desses sistemas.
Alguns dados (anotações por mim realizadas em curso sobre o assunto, ministrado pelo
Químico Kalill – Cenpes e pesquisa em literatura sobre o tema ), foram incorporados afim
de tornar os conceitos muito mais acessivel.

2 - INTODUÇÃO:

O uso de compostos poliméricos nas diversas atividades de perfuração e


completação, tem funções variadas tais como: viscosificante, floculante, estabilizador,
espessante e controladores de filtrado. Os polímeros comumente empregados no preparo de
fluídos são solúveis em água ( hidrossoluvéis ) e podem ser naturais, sintéticos ou naturais
modificados. A sua aplicação é caracterizada por suas peculiaridades, no entanto alguns
conceitos basicos como dispersão, hidratação, estabilidade, reologia e compatibilidade são
inerentes a todos os polímeros.

3 – POLÍMEROS:

São compostos macromoleculares caracterizados pela repetição de unidades


estruturais minimas de baixo pêso molecular denominadas meros.

n Meros Polímero

O processo de transformação de compostos químicos simples ( monômeros ) em polímero


denomina-se polímerização. A depender do monômero a reação poderá ocorrer em cadeia
( poliadição ) ou em etapas ( policondensação ).

- Poliadição:

Na poliadição o monômero contém necessariamente uma insaturação


reativa, ou seja, uma dupla ligação carbono – carbono, como por exemplo o etileno que
converte-se em polietileno.
A primeira etapa da poliadição é a iniciação onde a ativação da molécula do
monômero dá inicio ao processo de polímerização, através da geração de um radical livre.
A propagação ( segunda etapa ) da polímerizaçao decorre da transferência sequêncial do
radical livre para a extremidade das cadeias. A terminação da polimerização ( terceira etapa
) ocorre quando dois sitios reativos se unem, interrompendo o crescimento da cadeia.
iniciação : R:R 2 R°

R° + M R M°

propagação:
R M° + n M R ( M )n M°

terminação :
2 RM° R M : M°R

fig ( 1 ) : Etapas da reação de poliadição

Os polímeros obtidos por poliadição podem atingir, dependendo das condições de reação,
elevado pêso molecular como as poliacrilamidas que são obtidas com PM de até
10.000.000 .

Policondensação:

A polímerização pode também ocorrer através da reação de condensação de


dois compostos difuncionais, formando a unidade repetitiva ( mero ) e liberando uma
molécula pequena, tais como: ( HO , KCL, ROH ) como sub-produto de reação. O poliéster
é obtido a partir da reação de poliesterificação entre um ácido dicarboxílico ( ou derivado )
e um diálcool.
O O O O
|| || || ||
HOCRCOH + HOROH ( ROCRCO )n + H2O

( Fig 2 ) : Reação química de policondensação do poliéster.

A policondensação ocorre por etapas de reação e geralmente atinge o equilibrio químico


antes do consumo total dos grupamentos reativos. Menores pêsos moleculares são obtidos
neste processo de polimerização.
Tanto na poliadição , quanto na policondensação pode-se fazer combinar mais de um
monômero ou estrutura ,monomerica, formando assim os copolímeros. Novas propriedades
são obtidas a partir da combinação de monômeros durante o processo de polimerização.

x CH2 = CH2 + y CH2 = CH ( CH2 CH2 ) ( CH2 CH )y


| |

( fig 3 ): Copolimerização de monômeros vinílicos.


Os copolímeros são classificados conforme o arranjo das suas unidades monômericas na
cadeia polimérica: ( bloco 1 ) ; alternado(2); graftizado(3); ou randomizado(4).

A A A A B B B A B A B A B A

(1) (2)

A A A A A A A B A A B A A
| |
B (3) B
| | (4)
B B
| ( fig 5 ) : Arranjo molecular de copolímeros.
B

A estrutura dos polímeros pode ainda ser classificada em : linear ( 1 ); ramificada ( 2 ); e


reticulada ( 3 ). Esta classificação é extensiva aos homopolímeros e copolímeros.

(2)
(1)
(3)

( fig 5 ) : Arranjo estrutural das cadeias poliméricas.

4- GRAU DE POLIMERIZAÇÃO:

A reação de polimerização decorre da reatividade entre as moléculas do


monômero quando submetido a uma dada condição, propiciando o crescimento das cadeias
poliméricas. No entanto ocorrem durante o processo de polimerização reações secundárias
que cessam o crescimento das cadeias, formando assim polímero com pêso molecular finito
e variando dentro de uma faixa de valores.
O grau de polimerização ( DP ou n ) é na pratica definido como o valor
médio do numero de unidades monoméricas que se agrupam no processo de formação das
cadeias poliméricas.

5 - PÊSO MOLECULAR:

O pêso molecular ( PM ) de um composto polimérico é definido pelo seu


grau de polimerização ( n ) e o pêso molecular das unidades monoméricas que constituem
suas cadeias.
Devido a ocorrência natural de variação do grau de polimerização, ou seja a
polimolecularidade do polímero, o pêso molecular representará o valor médio do pêso
molecular das cadeias poliméricas constituintes do polímero. Sendo a polimolecularidade
uma caracteristica inerente ao processo de polimerização de polímeros sintéticos ou mesmo
de polímeros naturais fica subentendido que o grau de pureza de um polímero não deva está
associado a uniformidade do pêso molecular das cadeias poliméricas. Um polietileno
contendo cadeias poliméricas com pêso molecular variando, por exemplo, de 10.000 a
100.000 pode ser perfeitamente considerado um polímero puro, pois suas propriedades
praticamente não variam dentro de uma faixa de pêso molecular de magnitude 10.

iniciador
n H2C = CH ( CH2 C H ) n
| |
C=O C=O
| |
NH2 NH2

Acrilamida Poliacrilamida

ex: O Pm da poliacrilamida cujo grau de polimerização é 50.000.

PM Phpa = PM (mero) x M n = 50.000

C = 12 x 3 = 56 PM = PM m x n
H= 1x5= 5 PM = 71 x 50.000
N = 14 x 1 = 14 PM = 3.550.000
O = 16 x 1 = 16
PM = 71

6 - POLIELETRÓLITOS:

São os polímeros hidrossolúveis que, por conter grupamentos fortemente


polares ou espécies ionizavéis, solubilizam-se em meios aquosos.De acordo com as cargas
elétricas remanecentes na estrutura polimérica após a dissolução dos polímeros em água,
estes podem ser classificados em:

 ANIÔNICO ( - )
 CATIÔNICO ( + )
 NÃO-IÔNICO ( 0 )
 ANFÓTERO ( + , - )

Os polímeros aniônicos contém grupamentos ácidos ligados à cadeia principal:


O O
O || ||
C P O S O
O ||
carboxilicos O fosfonico O sulfonico

( fig 6 ) grupamentos funcionais tipicos de polímeros aniônicos.


Geralmente os grupamentos ácidos encontram-se neutralizados, formando assim os
respectivos sais de metais alcalinos, que são fortemente iônizaveis em meio aquoso.

( CH2 CH ) n ( CH2 CH ) n
| |
C=O C=O
| |
OH O- Na+
ácido poliacrílico poliacrilato de sódio

( fig 7 ) : neutralização do ácido poliacrílico.

H20
CH2 CH ( CH2 CH ) n + n Na+
| |
C =O C =O
| |
O- Na+ O-
Poliacrilato de sódio

Os polímeros catiônicos via de regra contém um grupamento do tipo que se dissocia em


meio aquoso formando o cátion amônio quaternário:

( CH2 CH ) n
|
C=O
|
NH
|
R
|
R N R. Cl
|
R.
( fig 8 ) : estrutura química da poliacrilamida
catiônica.
( CH2 CH ) n + Cl -
|
C=O
|
N
|
R
|+
CH3 N CH3 ( Catiônico )

CH3

Nos polímeros não–iônicos a solubilidade está associada apenas à presença de


grupamentos polares não-iônicos, tais como:

OH SH NH2 O

( fig 9) : grupamentos funcionais típicos


de polímeros não-iônicos.

Não-iônico = HEC

Anfóteros apresentam simultaneamente grupamentos catiônicos e aniônicos, que em


solução aquosa poderão comportar-se como catiônico ou aniônico.

O
+ || -
R NH2 R C O

( fig 10 ): grupamento funcional típico de


polímero anfótericos.

Dependendo do Ph do meio o polímero anfóteros se comportará como catiônico ou


aniônico.

Ph Caráter predominante

Ácido Catiônico
Alcalino Aniônico
Meio ácido : H O
| +cation ||
( CH2 N CH2 C OH )
|
H

H O
| ||
Meio neuto: ( CH2 N CH2 C OH )

O
|| - ( ANION)
Meio basico: ( CH2 N CH2 C O Na

Na solubilização de polieletrólitos em meio aquoso ( hidratação ) a dissociação dos grupo


iônicos conferem a estes múltiplas cargas elétricas. Tais espécies químicas são
denominadas de poli-ions que na repulsão eletrostática promovem o extiramento da cadeia
polimérica, transformando a sua conformação de “enovelada” para “linearizada”. A
linearização da cadeia polimérica promove a viscosificação do meio aquoso.

- - - -
- +
- - -- - + --
+ =+
-
+- -+
( fig 11) : mecanismo de solubilização de polieletrólitos.

A estabilidade de um polieletrólito em meio aquoso depende fundamentalmente da :

 Concentração e distribuição dos grupos ionizáveis na cadeia.


 Concentração efetiva do polímero no meio aquoso.
 Salinidade do meio aquoso.
 Ph do meio aquoso.
 Valência dos cátions e ânions presentes no meio aquoso

Os polieletrólitos, e mais amplamente os polimeros hidrossolúveis, podem ser classificados


segundo a sua origem ou processo de obtenção.

Sintéticos: PHPA, PVS,VAMA, PVA, EVA


Naturais: ALGAROBA, AMIDO, GOMA GUAR, GOMA XANTANA.
Modificados: HEC, HPG, CMC, CM AMIDO.
7 - POLÍMEROS SINTÉTICOS:

Subentende-se os polímeros obtidos por processos químicos


( polimerização ) desenvolvidos em reator a partir de moléculas menores ( monômeros ).
Um exemplo típico de polímero sintético é a poliacrilamida obtida a partir do seu
monômero ( acrilamida ) por polimerização em solução ou em emulsão.

n CH2 = CH ( CH2 CH ) n
| |
C=O C=O
| |
NH2 NH2

(fig 12 ): reação de polimerização da acrilamida.

A obtenção de derivados da poliacrilamida, tais como o poliacrilato de sódio e o


copolímero acrilamida-acrilato de sódio, é feita a partir da hidrólise total ou parcial da
poliacrilamida em meio alcalino e temperatura elevada.

H20 / NaOH
( CH2 CH ) n ( CH2 CH ) n + NH3
| |
C=O C=O
| |
NH2 O- Na+

( fig 13 ): reação de hidrólise alcalina da poliacrilamida.

8 - POLÍMEROS NATURAIS:

Obtidos por processos de extração de leguminosas e algas ou por processos


fermentativos.

Extração celulose: Fonte madeira


algodão

Extração de sementes: Fonte feijão guar


algaroba
milho
mandioca

Extração de algas : Fonte agar-agar

Processo Fermentativo : Fonte xanthomonas campestrís + nutrientes.


Quimicamente são constituídos de unidades de açucares ( sacarídios ) formando estruturas
polímericas variadas e assim denominados de polissacarídios. Os polímeros naturais
( galactomanoses, celulósicos, e biopolímeros ) são também aplicados na industria de
alimentos , fármacos, cosméticos, explosivos, textéis e em mineração e tratamento de água.
A goma guar e a goma xantana são exemplos típicos de polímeros naturais obtidos
respectivamente por extração de leguminosa e por fermentação.

CH2 OH
|
H H O O OH OH
) n
H
( O H H H H O
|
OH OH CH2
|
O
| O
HO H
H
H H H CH2OH
| |
OH OH
( fig 15 ) : estrutura química da goma guar.

9 - POLÍMEROS MODIFICADOS:

Os polímeros modificados são na realidade obtidos a partir de polímeros


naturais através da modificação química introduzida na cadéia polímerica. A celulose é um
polissacarídio natural de elevado pêso molecular e que não apresenta solubilidade em água.
No entanto através da reação de etoxilação de seus grupamentos hidróxilicos obtem-se um
produto hidroxietilcelulose ( HEC ) perfeitamente solúvel em água. A solubilidade do HEC
em água é atribuida à introdução do grupamento hidrófilo e pela quebra das ligações
intermoleculares originalmente formadas por pontes de hidrogênio.

CH2O CH2CH2OH
| H CH
H O | |
O OH H
H H
OH H H H H O
| | | O n
H OH CH2OH

( fig 16 ): estrututra química do HEC.


Propriedades:

As propriedades e caracteristicas dos polímeros estão associadas as condições


nas quais estão submetidos, tais como : Ph, temperatura, salinidade e cisalhamento.
Caracteristicas extensivas: dispersibilidade, hidratação e viscosificação.
Especificas a alguns polímeros: Tolerância a salinidade e a acidez, capacidade de
reticulação e degradabilidade.

Dispersibilidade:

Fundamentalmente durante o preparo do fluido, principalmente para aqueles que


conferem elevação de viscosidade. A dispersão deve ser um processo que antecede a
solubilização do polímero e a melhor maneira de preparar um fluido viscosificado é manter
a agitação vigorosa durante à adição do polímero.
Alguns polímeros de dificil dispersão em água podem ser previamente
umectados em pequeno volume de solvente orgânico tipo: Etanol, Glicol, Diesel.
Obs: A pré–dispersão ( polímero + solvente ) mesmo em agitação minima, garante a
completa dispersão ao polímero no meio.

Hidratação:

Deve processar-se após a dispersão, através da penetração das moléculas de água


nas particulas do polímero, acarretando inicialmente o seu inchamento e em seguida são
rompidas as ligações intermoleculares ( pontes de hidrogênio e etc ), favorecendo à
formação de camadas de hidratação em torno das cadeias do polímero.
A velocidade de hidratação de um polímero depende fortemente dos seguintes
fatores:

 Agitação.
 Temperatura.
 Ph.
 Salinidade.

Agitação:

Quando ocorre o molhamento superficial das particulas de polímero durante o


processo de hidratação, geralmente devido a baixa dispersibilidade e a elevada
hidrofilicidade do polímero, associadas à agitação ineficiente, verifica-se a formação de
uma barreira de água imobilizada envolvendo a particula. O resultado disto é a interrupção
do processo de hidratação e o aparecimento de partículas semi-hidratadas, conhecida por
“olho de peixe”. A ocorrência de olho de peixe é um efeito indesejavel, pois confere ao
fluido viscosidade menor que a esperada.
Temperatura:

A temperatura do meio aquoso é muito importante no processo de hidratação.


h
i
d
r GG
a
t
a GX
ç
ã AA
o
temperatura

( fig 17 ) : efeito da temperatura na hidratação de polímeros naturais.

Ph:
O efeito do Ph do meio aquoso na hidratação é sentido em alguns polímeros, tal
como o HEC que melhor se hidrata em Ph na faixa de 7 a 9, enquanto que a goma guar é
melhor hidratada em Ph de 6 a 4.

h
i
d
r
a
t HEC
a
ç GG
ã
o |
7 Ph

( fig 18 ): efeito do ph na hidratação de polímero.

Salinidade:

A salinidade do meio aquoso afeta a velocidade de hidratação de alguns polímeros


e mais intensamente daqueles que apresentam forte caráter iônico. O CMC (
carboximetilcelulose ) sob a sua forma sódica tem a sua hidratação afetada pela elevação
da salinidade do meio e mais fortemente na presença de sais metais alcalinos terrosos.
h
i H2O
d
r
a solução Kcl
t
a
ç solução de Cacl2
ã
o

tempo

( fig19 ): efeito da salinidade na hidratação.

Compatibilidade:

Na elaboração da composição de fluidos é fundamental observar o aspecto de


compatibilidade química entre os diversos componentes químicos. Os polímeros
hidrossolúveis iônicos são altamente sensivéis à presença de outros aditivos ou possiveis
contaminantes existentes no fluido-base no poço, ou no reservatório. A incompatibilidade
química que ocorre entre o polímero e um aditivo ou contaminante geralmente é devido a
diferença de caráter iônico. Polímeros aniônicos são altamente imcompativeis com
surfactantes, estabilizadores, ou bactericidas de caráter catiônico, ou com sais de metais
polivalentes. Da mesma forma polímeros catiônicos têm seus grupamentos funcionais
neutralizados pela presença de compostos aniônicos polivalentes.

( fig 20 ): imcompatibilidade química de polímeros iônicos.

Por outro lado pode-se obter um sinergismo positivo pela combinação de duas estruturas
poliméricas diferentes. Polímeros naturais, como goma xantana ( ligeiramente aniônica ) e
goma guar ( não-iônico ), podem se associar sinergisticamente em solução aquosa obtendo-
se viscosidade superior à soma das parcelas de viscosidade de cada goma quando em
solução na mesma concentração.

Desempenho:

O desempenho de um polímero está associado à sua função e às condições a que


está submetido. No caso dos agentes viscosificantes o desempenho do polímero é
estabelecido pela relação entre a concentração do polímero e a viscosidade alcançada.no
fluido a uma dada condição. O pêso molecular do polímero é um dos fatores que influi
diretamente nas propriedades reologicas da solução polimérica.

V
I
S
C PAM PM
O
S
I
D
A
D
E
CONCENTRAÇÃO

( fig 21 ) : influência do pêso molecular no desempemho de PAM.

Já o polímero estabilizador de argila tem o seu desempenho medido em função da


capacidade de floculação do argilomineral disperso no meio aquoso. Neste caso a
ionicidade do polímero é o fator preponderante no processo de estabilização da argila.

Estabilidade :

Um composto polimérico quando em solução e submetido às condições elevadas


de temperatura, cisalhamento, salinidade, ou de acidez elevadas terá sua estabilidade
comprometida em grau variado. A perda de viscosidade do fluido é o parâmetro que indica
claramente a degradação do polímero. Efeitos combinados podem ocorrer
simultaneamente durante a perda de viscosidade, tais como: oxidação, hidrólise,
ruptura, precipitação e biodegradação.

V
I
S
C
O HEC
S Ph < 7
I
D
A
D
E
TEMPO

(fig 22 ): perda de viscosidade de solução de HEC durante


a hidrólise.
A perda de viscosidade de um fluido que contém polímero como viscosificante está sempre
associada a processos que levam à diminuição do pêso molecular, à alteração de grupos
funcionais ou à saída de solução das cadeias poliméricas ( precipitação ). Para se manter a
estabilidade do polímero aditivos químicos podem ser empregados no preparo do fluido. O
agente estabilizador deve ser selecionado em função do tipo do possivel mecanismo
responsável pela degração do polímero.

Reologia:

A maioria dos polímeros hidrossolúveis modifica fortemente o comportamento


reológico do fluido–base no qual se encontra hidratado. Sendo a viscosificação a sua função
principal, os polímeros ao serem hidratados elevam a viscosidade do meio aquoso e
conferem ao fluido um comportamento pseudo-plastico.

T3
L t2
O t1
G t=0

LOG
( fig 23 ) : reograma de solução de HEC durante a hidratação

As propriedades reólogicas do fluido viscosificado dependerão fundamentalmente da


concentração, pêso molecular e natureza química do polímero empregado como agente
viscosificante. A natureza química e a concentração do polímero influem também na
reologia do fluido. Abaixo, as curvas de viscosidade de alguns polímeros mostrando
nitidamente essas diferenças.

V
I
S HEC
C CMC
O
S GG
I
D GX
A
D
E
CONC. POLÍMERO

( fig 23) : curvas de viscosidade soluções de HEC, CMC, GG, GX.


A atuação de um polímero no processo de floculação de sólidos dispersos em meio aquoso
está associada as cargas elétricas e grupamentos polares existentes na macroolécula e na
partícula do sólido. As propriedades reólogicas de suspensões de sólidos são reduzidas a
valores minimos durante o processo de floculaão por adição de polieletrólitos. A
poliacrilamida tem seu emprego na floculação e sedimentação de argilominerais suspensos
em meio aquoso. Com o aumento do grau de hidrólise tem-se o aumento da ionicidade da
poliacrilamida e consequentemente o maior desempenho na floculação de argila.

F
L 30 %
O 20 %
C
U 10 %
L
A
Ç
A
O
CONC. PAM

( fig 23 ): efeito da anionicidade da PAM no processo de floculação de argila.

A perda de carga por fricção durante o fluxo em dutos está associada às propriedades
reólogicas do fluido viscosificado e estas são dependentes do tipo de polímero
viscosificante. Uma função secundaria dos polímeros hidrossolúveis é a de redutor de
perda de carga de fluidos aquosos quando bombeados a altas vazões.

H2O SOL. DE HEC

PERDA
DE
CARGA

VAZÃO

( fig 24 ) : perda de carga por fricção em fluidos viscosos.

Caracterização:

A estrutura molecular dos polímeros é geralmente bastante complexa e a sua


caracterização nem sempre é possivel que seja completa e absoluta. No entanto a
caracterização é cientificamente importante para relacionar sua estrutura com os
mecanismos de atuação ou aos seus limites de aplicação. Algumas técnicas e métodos de
cromatografia, osmometria, fotometria e viscometria quando associadas adequadamente
podem fornecer importantes informações a cerca da estrutura molecular dos polímeros.
Pêso molecular:

De fundamental importância para a caracterização do polímero. Um material


polimérico geralmente apresenta um conjunto de cadeias de pêso molecular variável,
devido a não uniformidade do grau de polimerização. Esta caracteristica dos polimeros é
denominada polidispersão.

Numero
De | |
Cadeias | |
| |

pêso molecular

( fig 24 ): cromatograma ( gpc ) de polímero


distribuição de pêso molecular.

A determinação do pêso molecular do polímero expressa o valor médio dos pêsos


moleculares das cadeias. As tecnicas comumente empregadas para determinar o pêso
molecular de polímeros são:
 Viscometria
 Fotometria
 Ultracentrifugação
 Osmometria de pressão de vapor
 Cromatografia de permeação de gel

Composição química:
Os diversos métodos analíticos de caracterização química de compostos
orgânicos podem ser aplicados também para os polímeros. A espectrometria no infra-
vermelho ( IV ), a ressonância magnética nuclear ( RMN ), e a análise elementar ( CHN )
são de grande importância para caracterização química de polímeros.
A determinação da composição de poliacrilamidas parcialmente
hidrolizadas pode ser realizada empregando análise elementar. Uma relação molar entre
carbono, hidrogênio e nitrogênio define o grau de hidrólise da poliacrilamida ( copolímero
de acrilamida/ácido acrílico ).

Grau 75 _
De
Hidrólise 50 _

25 _
Razão C/N
| | | | |
2 4 6 8 10
( fig 25 ): relação entre grau de hidrólise e a relação C/N de phpa.
RELAÇÃO MOLAR GRAU DE HIDRÓLISE

C/N C/H ( MOL % )


3,0 0,60 0
4,0 0,63 25
6,0 0,66 50
12,0 0,70 75

( CH2 CH )x ( CH2 CH ) y
| |
C=O C=O
| |
NH2 O- Na+

( fig 25 ): estrutura da PHPA.

10 – PRODUÇÃO DE POLÍMEROS:

Na produção industrial de polímeros hidrossolúveis empregam-se diversos


tipos de processo: polimerização, extração química e mecânica, e fermentação. Cada tipo
de processo atende quase que especificamente uma dada classe de polímeros. Os
biopolímeros tais como: goma xantana e a dextrana são obtidos por processo de
fermentação microbiana em condições aeróbicas. Já os polímeros modificados CMC e HEC
são produzidos a partir da celulose através de reações químicas que introduzem
grupamentos polares à cadeia do polímero.

Poliacrilamida ( PHPA ).

A poliacrilamida é um polímero sintético que pode ser produzido por


diversos processos:
 Polimerização da acrilamida em solução.
 Polimerização da acrilamida em emulsão.
 Hidrólise da poliacrilonitrila.

As poliacrilamidas hidrolisadas parcialmente equivalem aos copolímeros


de acrilamida / acrilato de sódio, cuja a razão dos meros é função do grau de hidrólise a que
a pam foi submetida durante ou após a polimerização. A hidrólise da pam ocorre em meio
fortemente alcalino ( NaOH ou Na2CO3 ) e temperatura elevada.

solução
n CH2 = CH ( CH2 CH ) n
| ou emulsão |
C=O C=O
| |
NH2 NH2
n CH2 = CH ( CH2 CH ) n ( CH2 CH ) n
| | H2O |
C=N C= N C=O
|
NH2

( fig 26 ) : processos de obtenção de PHPA.

Carboximetilcelulose ( CMC ):

Polímero natural modificado de caráter aniônico e é produzido pela


carboximetilação da celulose de diversos valores de pêso molecular. Na reação química
emprega-se, além da celulose em suspensão, o monocloroacetato de sódio e hidróxido de
sódio sob condições de temperatura e agitação mecânica.

CH2OH
| O H OH O
H H H H O|H |H n

OH H O |H O H
|
CH2OH

CL-CH2COONa
O +
|| NaOH
CH2 O CH2 C O Na
| O |H | OH
H H H H OH H O + NaCL
+

OH H O |H O H
CH2 OH

( fig 27 ) : reação de carboximetilação da celulose ( CMC ).

A carboximetilcelulose é geralmente apresentada sob a forma de sal sódico,


com graus variados de substituição e de pêso molecular.

Ligninosulfonatos ( LS ):

Os lignosulfonatos são compostos poliméricos naturais modificados por


reações de oxidação e sulfonação de frações de ligninos provenientes da separação da
celulose no processo sulfito. Os lignosulfonatos são fortemente aniônicos contendo pelo
menos dois tipos de grupamentos aniônicos: carboxilato e sulfonato, apresentando-se
geralmente sob a forma de sal ferro crômico. Sua solubilidade em água é relativamente
baixa, formando em meio aquoso um sistema coloidal quando o ph é corrigido para a faixa
alcalina ( 9 – 10 ).

Amido :

O amido é um polissacarídio neutro constituido por dois tipos de açucares:


amilose e amilopectina. A amilose apresenta uma cadeia linear de glucose, enquanto que a
amilopectina apresenta cadeias altamente ramificadas de unidades de maltose e isomaltose.
As principais fontes de amido são : milho, batata, mandioca e arroz, e a razão entre a
amilose e amilopectina varia com o tipo de planta e com o tempo de maturação que por sua
vez influem na viscosidade e no poder de gelificação do amido.

CH2OH CH2 OH
| O | O
H H H H H H

O |OH |H O OH H
H OH H OH

CH2 OH +
H | O

|OH |OH O
H OH
CH2 OH CH2
| O | O
H H H
H H H

O |OH |H O |OH |H
H OH H OH

( fig 28 ) : estrutura química do amido.

Goma xantana:

A goma xantana é um biopolímero de cadeias ramificadas, caráter


ligeiramente aniônico e pêso molecular elevado ( 1.000.000 ). O processo de obtenção da
goma xantana é a fermentação microbiana em condições aeróbicas. Os substratos mais
empregados na fermentação são os açucares de cana e de milho ou seus derivados que em
presença de microorganismos da espécie “ Xanthomonas Campestris “ produzem uma
goma solúvel no meio racional. Por precipitação em não-solvente ( Etanol ) obtem-se a
goma xantana em pó.
CH2 OH CH2 OH
| O | O
H HH H O

n
H OH O O| H|
OH H O H OH
||
CH2O –C – CH O
H | O

OH OH H
O H |H
|| - +
C OM
H | O O
H

|OH |H H
O H OH
H
| O
H

OH OH H
H H
O
|
CH3 C – O – CH3
|
C – O- M+
||
O ( fig 29 ) : estrutura química da goma xantana.

O amido pré- gelatinizado é industrialmente produzido a partir do milho,


mandioca ou batata e tem sua principal aplicação como viscosificante no preparo de fluido
de perfuração.

FONTE TEOR DE AMIDO % P

Arroz 16
Batata dôce 18
Mandioca 18
Batata 18
Banana 21
Trigo 24
Ervilha 30
Milho ( alto teor ) 80

11 – APLICAÇÃO :

A conjugação das estruturas conformacionais ( geométricas ) e funcionais


( químicas ) na elaboração de novos compostos poliméricos pode levar, quando seguidos
determinados principios básicos, à obtenção de polímeros com propriedades desejáveis a
uma dada aplicação. O principio básico da engenharia molecular é o de associar estrutura e
propriedade, sendo este conceito amplamente aplicado nos diversos segmentos da química
moderna.
A aplicação de polímeros hidrossolúveis nos diversos segmentos da indústria
de petróleo segue alguns princípios básicos já discutidos anteriormente.

Perfuração :

Os polímeros hidrossolúveis pertencentes às diversa classes ( sintético,


modificado e biopolímero ) são extensivamente aplicados no preparo de fluidos de
perfuração base-água. Tais polímeros funcionam no fluido de perfuração como
viscosificante, redutor de filtrado, inibidor de argilas, ou ainda como dispersante.
Os polímeros viscosificantes ou extensores de bentonita funcionam por
adsorção nas bordas das partículas suspensas conferindo o aumento da viscosidade do
fluido.
Os principais polímeros empregados para a função de viscosificante de
fluido de perfuração são: as poliacrilamidas parcialmente hidrolisadas ( PHPA ), o
copolímero de acetato de vinila / anidrido maléico ( VAMA ), a goma xantana ( GX ), e o
amido pré- gelatinizado e o CMC de alta viscosidade ( AV ).

Os polímeros aniônicos, dependendo da concentração, podem formar com as


partículas de argilas estruturas tridimensionais. Com o crescimento da massa do
agrupamento de particulas sua sedimentação poderá ocorrer pela força gravitacional. Este
fenômeno é denominado floculação e destina-se a reduzir no fluido a quantidade de sólidos
indesejaveis em suspensão. As poliacrilamidas com até 30 % de grau de hidrólise
funcionam primariamente como floculante, enquanto que o polímero VAMA tem a
floculação como função secundária e age de forma seletiva.

.
.......
suspensão floculação sedimentação

( fig 30 ) : floculação de argilas durante a perfuração.


A necessidade de reduzir a perda de filtrado do fluido de perfuração para a formação é
atendida com a adição de polímero de elevado pêso molecular e carater fortemente
aniônico. A carboximetilcelulose e o amido pré-gelatinizado atuam eficientemente como
contolador de filtrado e tem secundariamente a função de viscosificante.
As formações tipicamente argilosas podem sofrer instabilidade por dispersão
e inchamento dos argilominerais presentes. A adição de poliacrilamida hidrolisada pode
previnir , juntamente com o cloreto de potássio, a ocorrência de dispersão e inchamento de
argilas durante a perfuração.

Completação :

Nos fluidos de completação uma caracteristica comum aos gelificantes é a


existência da ligação acetal entre as unidades monômericas que compõem a macromolécula
do polímero. Esta ligação é muito instavel e facilmente quebrada por enzimas, soluções
fracamente ácidas, radicais livres ou agentes oxidantes.

CH2OH
O |OH OH
O O
|OH OH| | O
CH2
|
O

O Cmc é um polímero aniônico comercializado sob a forma sódica ( CMC – Na ). Ele é


particulçarmente sensível a cátions de um modo geral e, por isso, tem o seu uso restrito em
fluidos de completação.

O Hec é um polímero não iônico, praticamente insensivel a cátions, tendo uso bastante
difundido em fluido de completação. Pode ser utilizado em fraturamento não extensivo, em
fluidos de gravel pack e colchões de limpeza. Pode ser substituido pelo ( HPG )
hidroxipropilguar.

A Goma guar é um polímero natural obtido da moagem do endosperma do feijão guar,


( Cyamopsis tetragonopobus L. ). Sua estrututra é formada por uma “ espinha dorsal”
de unidades de manose, com ramificações formadas por unidades de galactose. Devido ao
seu caráter não iônico, a goma é praticamente insensivel a íons. Sua estrutura molecular,
bastante linear lhe confere propriedades de reduzir perda de carga durante o bombeio. A
unidade polimérica, do GG é passível de reticulação, contudo, seu resíduo, após quebra, é
elevado. Montgomery relaciona este alto resíduo com a incorporação de partes do embrião
e da casca do feijão durante o processo de moagem do endosperma, para fabricação da
goma.
Através da propoxilação da GG obtem-se o HPG, que apresenta maior
compatibilidade com alcoois, maior solubilidade e menor resíduo que a goma natural. Seu
uso é quase que restrito a fluidos de estimulação ( géis de fraturamento ) por razões
econômicas.
Goma xantana:

É obtida por processos fermentativos já descrito anteriormente. Apresenta


uma estrutura molecular bastante ramificada com “ espinha dorsal “ composta de 5 anéis de
glicose e duas cadeias laterais compostas de um total de 6 anéis de seis átomos de carbono,
um dos quais é fundido a um anel de piruvato. È esta estrutura que confere a GX uma maior
resistência ao ataque de ácidos e suas excelentes propriedades reológicas.

12 -Processos industriais de produção de polímeros:

Polimerização:

Petroquímica monômeros (polimeriza ) polímeros ( acabamento ) produto

acrilonitrila acrilamida ( polimeriza ) PHPA ( hidrólise ) PHPA

( emulsionamento ) produto final.

NaOH
CH2 _ CH CH2 = CH CH2 _ CH
| | |
C=N C=O C=O
| |
NH2 NH2

( CH2 CH ) ( CH2 CH ) phpa


| | H2O/alcool
C=O C=O oléo
| | emulsionante
NH2 O- Na+

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