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INTRODUÇÃO

A crise econômica é como chamamos um período pelo qual determinada


economia experimenta uma retração de suas atividades. Esse fator é medido
pelo PIB (produto interno bruto) de um país. Esse indicador é utilizado para
mostrar a soma dos produtos e serviçcos finais produzidos pelas empresas.

A doença da economia moderna tem sido assunto de crescentes ataques por


parte de vários economistas do mainstream mesmo antes da crise. Milton
Friedman (1999) lamentou a maneira como “a economia vem cada vez mais se
tornando um braço secreto da matemática, em vez de lidar com problemas
econômicos”.

O capital é o resultado de um processo historicamente construído expressando-


se de diferentes formas a cada momento histórico, e em cada estádio do seu
desenvolvimento vai fortalecendo sua forma de dominação e controle na
produção e reprodução do metabolismo social.

As crises do capital é um sistema econômico baseado na acumulação de capital


e na busca do lucro. Essa busca incessante leva a uma competição feroz entre
as empresas, levando a uma superprodução e essa pode levar a crises
econômicas, pois as empresas produzem mais do que o mercado é capaz de
absorver. Isso leva a uma queda nos preços e nas margens de lucro, o que pode
levar a falência de empresas e ao aumento do desemprego.

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AS CRISES ECONOMICAS E AS CRISES DO CAPITAL

1.1 As crises econômicas

As crises econômicas são eventos recorrentes na história do sistema capitalista.


Elas ocorrem quando há desequilíbrios no funcionamento do sistema
econômico, levando a uma queda na produção, aumento do desemprego e um
declínio geral nas condições econômicas.

A recente crise econômica representa uma grande anomalia. Uma gigantesca


onda atingiu a economia mundial, uma crise que parecia impossível
principalmente em modelos matemáticos e hipóteses paralelas dos agentes
representativos racionais e da hipótese de mercados eficientes. As curvas em
forma de sino de Gauss usadas pelos economistas e baseadas nessas hipóteses
impedem a possibilidade de tal evento ocorrer. A crise não foi prevista nem
poderia ser com base nesses modelos como depois do evento nenhuma
explicação era possível dentro da economia neoclássica, além daquela
possivelmente classificada como hipótese dos mercados ineficientes. Então,
haverá um efeito similar ao da onda.

Eichengreen e Borbo em (2002) calcularam 139 crises monetárias e bancárias


entre 1973 e 1997, ou seja, durante a fase inicial da financeirização, em
comparação com “somente” 38 crises financeiras durante a chamada “era de
ouro” do capitalismo regulado, entre 1945 e 1971. As diferenças entre todas
essas crises e a crise recente é que elas não se tornaram globais.

Embora o período entre guerras tenha sido uma época de pluralismo na


economia, com diferentes escolas de pensamento usando diversos tipos de
instrumentos e com diferentes tipos de paradigmas conceituais, a visão
dominante dentro da economia neoclássica era de que os mercados eram
eficientes e, se deixados em paz, a tendência é que eles recuperariam totalmente
o equilíbrio de empregos. O resultado dessa crença foi que, depois da quebra de
1929, o mercado foi deixado por si só para lidar com as consequências da crise.

Esse é um exemplo com base no qual se pode dizer com segurança que as
mudanças drásticas na esfera econômica trouxeram mudanças significativas ao

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pensamento econômico. O objetivo de Keynes era salvar o capitalismo dos seus
próprios excessos, colocando como sua principal meta o plano de emprego as
mudanças que ele poderia produzir eram mudanças vindas de fora, no sentido
de que ele rompeu com a economia neoclássica de maneira importante e radical.
Em primeiro lugar, ele se livrou dos individualistas e utilitários da economia
neoclássica. Em segundo lugar, ele denunciou a tendência do auto equilíbrio da
economia através dos conceitos de insuficiência de demanda e equilíbrio com o
desemprego e em terceiro lugar, ele enfatizou o papel da incerteza radical.

A falha na avaliação de ativos de risco é que acelerou a crise. Nas últimas


décadas, um vasto gerenciamento de risco e sistema de preços evoluiu,
combinando as melhores ideias de matemáticos e especialistas financeiros
sustentadas por grandes avanços na tecnologia de computadores e de
comunicação. Esse paradigma de gerenciamento de risco moderno perdurou por
décadas.

A doença da economia moderna tem sido assunto de crescentes ataques por


parte de vários economistas do mainstream mesmo antes da crise. Até mesmo
Milton Friedman (1999) lamentou a maneira como a economia vem cada vez
mais se tornando um braço secreto da matemática, em vez de lidar com
problemas econômicos. A profissão se perdeu porque os economistas, como um
todo, interpretaram erroneamente a beleza artificialmente impressionante da
matemática como verdade. A causa central do fracasso da profissão foi o desejo
por uma abordagem totalmente abrangente e intelectualmente elegante que
também desse aos economistas a chance de exibir suas proezas matemáticas.

1.2. As crises do capital

São situações que intensifica quando surge um forte desequilíbrio entre a


produção e a demanda, dessa forma gerando um acumulo brutal de
mercadorias, ou seja, de superprodução, e na medida em que o consumo de
mercadorias é baixo, provoca uma série de desdobramentos para a classe
trabalhadora. Apesar da expansão e intensificação da exploração da força de

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trabalho com o crescimento do capital acumulado graças à crescente extração
de mais-valia relativa a produção de valor no sistema mundial do capital está
aquém da necessidade de acumulação do sistema produtor de mercadorias.
Apesar do crescimento do capital acumulado surgem menos possibilidades de
investimento produtivo de valor que conduza a uma rentabilidade adequada às
necessidades do capital em sua etapa planetária. Esta é a dimensão da crise
estrutural de valorização Mesmo com a intensificação da precarização do
trabalho em escala global nas últimas décadas com o crescimento absoluto da
taxa de exploração da força de trabalho massa do capital de dinheiro acumulado.

Na economia marxiana, a crise do capitalismo se refere ao que é a designação


dada, por alguns setores político-econômicos, para as oscilações em torno de
uma média nos níveis
de negócios da economia em nações democráticas com sistema econômico
liberal. Tais oscilações são chamadas pelos economistas de ciclos
econômicos podendo também serem chamadas por crises financeiras devido à
variedade de causas que provocam as crises e a não existência de um padrão
de tempo entre dois eventos.

1.2.1 Classificação das crises do capitalismo


Karl Marx em seus escritos previu apenas três "crises do capitalismo".
 A crise final
 A crise estrutural do capitalismo
 As crises de superprodução.
Crise final - onde acontece o colapso do capitalismo, que seria substituído pelo
socialismo através da "revolução do proletariado".
A crise estrutural do capitalismo - Pode ser assim definida como o uso da Mais-
valia relativa (uso de maquinário para aumentar a produtividade) reduz cada vez
mais o trabalho (a "substância do valor") na produção das mercadorias, fazendo
assim os lucros do capital terem cada vez menos "substância". Marx também
denominou este fenômeno de "baixa tendencial da taxa de lucros".
As crises de superprodução - Quanto a terceira "crise", de sobreprodução:
segundo Marx, o capital, para lucrar, busca sempre o aumento da mais-valia. É
reduzindo os salários dos operários e/ou aumentando a produtividade que ele
aumenta os lucros. No entanto, se há aumento de produtividade e,
simultaneamente, o poder de compra da massa dos consumidores permanece
igual ou diminui, em algum momento vai haver sobreprodução, quer dizer,
produção de mercadorias que não podem ser vendidas, que não podem ser
convertidas em valor de troca, em lucro, justamente pela falta de compradores

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(subconsumo). A superprodução, por sua vez, impede o lucro e força as
empresas a cortar custos, reduzindo salários e demitindo trabalhadores,
diminuindo dessa maneira ainda mais a massa dos consumidores, num círculo
vicioso.
Esta alienação para que a nossa posição seja compreensível para os filósofos
só pode ser abolida mediante duas condições práticas. Para que ela se
transforme num poder «insuportável», quer dizer, num poder contra o qual se
faça uma revolução, é necessário que tenha dado origem a uma massa de
homens totalmente «privada de propriedade», que se encontre simultaneamente
em contradição com um pequeno mundo de riqueza e de cultura com existência
real; ambas as coisas pressupõem um grande aumento da força produtiva, isto
é, um estágio elevado de desenvolvimento.
Na visão marxista a sociedade "burguesa" iria gerar, quando existisse "um
estágio elevado de desenvolvimento" (que geraria uma crise estrutural do
capitalismo), uma "massa de homens desprovidos de propriedade" (proletários),
em contradição, com um "pequeno mundo de riqueza e cultura" (burguesia).
Esse poder insuportável levaria ao colapso do capitalismo e a revolução do
proletariado com a tomada do poder pelos proletários e a substituição do
capitalismo pelo socialismo.
Desde que o trabalho, na sua forma imediata, deixou de ser a grande fonte da
riqueza, o tempo de trabalho deixa, e tem que deixar, de ser a sua medida, e o
valor de troca deixa também de ser a medida do valor de uso. O trabalho
excedente da massa deixou de ser condição para o desenvolvimento da riqueza
social, assim como o não trabalho de poucos deixou de ser a condição do
desenvolvimento dos poderes gerais do intelecto humano. Por essa razão se
desmorona a produção baseada no valor de troca, e o processo de produção
material imediato perde também a forma da miséria e do antagonismo. Ocorre
então o livre desenvolvimento da individualidade. O capital é uma contradição
em processo, pelo fato de que tende a reduzir o tempo de trabalho ao mínimo,
enquanto, por outro lado, põe o tempo de trabalho como única medida e fonte
da riqueza. As forças produtivas e as relações, simples faces diferentes do
desenvolvimento do indivíduo social, aparecem ao capital unicamente como
meios para produzir a partir de sua base limitada. São estas condições materiais
que fazem explodir esta base.

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CONCLUSÃO
Diante do exposto, podemos verificar, a total incapacidade do capital para
administrar os antagonismos e contradições inerentes ao seu próprio modo de
funcionamento. Constituindo-se numa ameaça impeditiva não apenas da
manutenção de sua lógica expansionista, mas também da acumulação tranquila
do capital e que, consequentemente, põe em risco o funcionamento do seu modo
de produção sociometabólico.

Além disso, a crise estrutural do capital ameaça profundamente o funcionamento


deste sistema, trazendo graves consequências como o fenômeno inédito do
desemprego na atualidade, o pauperismo e suas inúmeras implicações para a
vida dos trabalhadores; minando, dessa forma, a estabilidade social necessária
para a reprodução do capital e manutenção da ordem vigente.

Portanto, para que o capital continue com o seu objetivo de expansão e


acumulação deve sempre manter o domínio e o controle sobre o processo de
reprodução social, mesmo que isto seja efetivado, de forma destrutiva e
desumana, especialmente quando os seres humanos não interessam mais para
seu objetivo. Assim, somente por meio da transformação deste modo de controle
sociometabólico por um radicalmente diferente é que pode se dá a superação
dos antagonismos e contradições inerentes ao sistema do capital. Implica, pois,
na superação das condições objetivas que regem esta forma de sociabilidade
estabelecida.

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REFERÊNCIAS

MÉSZAROS, Istvan. A Crise Estrutural do Capital. In Outubro nº 04, São Paulo,


2000.

Para além do capital: Rumo a uma teoria da transição. Trad. Paulo César
Castanheira e Sérgio Lessa. 1ªed. São Paulo, Editora da UNICAMP/Boitempo
Editorial, maio de 2002.

O século XXI socialismo ou barbárie? Boitempo editorial. Coleção Mundo do


trabalho. 2003.

PIMENTEL, Edlene. Uma “Nova Questão Social” raízes materiais e humano-


sociais do pauperismo de ontem e de hoje. Maceió: EDUFAL, 2007.

TEIXEIRA, F. J. S.; OLIVEIRA, e outros autores. M. A. de. O neoliberalismo em


debate. In: Neoliberalismo e reestruturação produtiva as novas determinações
do mundo do trabalho. Fortaleza: Cortez, 1998.

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