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Alunas: Amanda Hissa Neves (RA:121110944); Maria Eduarda Amorim Teixeira

(RA:121217091); Maria Luísa Álvares M.S.O Melo (RA:121118214)

1- As crises financeiras de 1929 e 2008 podem ser consideradas crises estruturais do


capitalismo?

A palavra "crise" se origina do latim "crisis", que por sua vez vem do grego "krísis", palavra
associada ao verbo "krínein", que significa "separar", "distinguir" e "julgar". O conceito de
"crise" é utilizado na medicina, na psicologia, na economia, na política e em várias outras
áreas, mas compartilha o sentido de um momento difícil, de desordem, tensão, carência,
conflito e decadência.
A Crise de 1929, também conhecida como Grande Depressão, representa um dos maiores
marcos históricos do século XX. Em meio aos dois maiores conflitos armados da história
humana, as Primeira e Segunda Grandes Guerras Mundiais, a bolsa de valores de Nova
York, que estava ligada a todas as economias do mundo, sofreu uma queda brusca no valor
das suas ações mais importantes. Com isso, uma reação em cadeia se iniciou e se
espalhou ao redor do globo, causando a falência de milhões de empresas e pessoas,
recessões econômicas e desemprego. Pode-se apontar a principal causa da Crise de 29
como sendo a superprodução de bens por parte dos Estados Unidos.
A Crise Financeira de 2008 tem sua principal causa apontada como sendo a especulação
imobiliária nos EUA. Houve um aumento abusivo nos preços desse setor, cujo os valores
não foram acompanhados pela capacidade financeira dos cidadãos estadunidenses. O
marco principal da Crise de 2008 se dá com a quebra do banco Lehman Brothers, em 15 de
setembro de 2008. Assim, semelhante à Crise de 1929, a problemática se tornou uma bola
de neve, fazendo com que as bolsas de valores despencassem e assim causando
desemprego em massa, retração financeira internacional e aumento da dívida pública
externa causada pela necessidade de empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional
(FMI).
As crises financeiras de 1929 (Grande Depressão) e 2008 não representam,
necessariamente, crises estruturais do capitalismo. Mas, sem dúvidas, representam crises
do liberalismo financeiro. Mazzuccheli, em "A crise em perspectiva: 1929 e 2008.", diz: "A
crise atual (2008) representa, na verdade, uma derrota fragorosa do liberalismo irrefletido
que contaminou os espíritos nos últimos trinta anos. A fé cega na capacidade de regulação
dos mercados é um dogma que acompanha o capitalismo desde o seu nascimento."
As economias capitalistas são fatalmente instáveis. O descontrole das operações
financeiras se apresenta de forma que se torna imperativa a reintrodução de padrões mais
rígidos e rigorosos a fim de disciplinar o funcionamento do sistema financeiro e trazer uma
mínima estabilidade às economias capitalistas. A intervenção do Estado permite a
perspectiva de um funcionamento mais seguro para o mundo das finanças.
De fato, a Cúpula sobre Mercados Financeiros e Economia Mundial (Declaração Final)
sugeriu que a intervenção seja feita, por meio da elaboração de recomendações em
diversos temas por parte das instituições internacionais, a fim de evitar distorções no
mercado. Sugeriu também que haja a inspeção das maiores instituições financeiras
multinacionais por parte dos supervisores, a fim de avaliar riscos e discutir em geral sobre
as atividades desses.
Em síntese, é possível concluir que as principais crises financeiras dentro do capitalismo
tiveram sua origem no liberalismo desacerbado. Como disse Mazzucchelli, "A grande lição
que resta destes dois episódios dramáticos é que, definitivamente, o capitalismo não pode
ser deixado à mercê dos capitalistas...".

Referências Bibliográficas:
Mazzucchelli, Frederico. "A crise em perspectiva: 1929 e 2008". Novos Estudos, n. 82, nov.
2008. pp. 57-66
https://www.stoodi.com.br/blog/historia/crise-de-1929/amp/
https://www.google.com/amp/s/www.stoodi.com.br/blog/historia/crise-de-2008/amp/
https://www.google.com/amp/s/www.dicio.com.br/crise/amp/
https://etimologia.com.br/crise/
https://www.nexojornal.com.br/lexico/2018/09/02/Ela-separa-distingue-passa-a-peneira.-E-%
C3%A9-irm%C3%A3-da-cr%C3%ADtica

2- As crises financeiras são também uma crise de paradigma entre liberalismo e


intervencionismo do Estado?

A relação entre Estado e economia é marcada por duas compreensões antagônicas, sendo
elas, o liberalismo e o intervencionismo. O primeiro consiste no entendimento de que o
Estado não deve interferir na economia, deixando aos atores puramente econômicos na
atuação no mercado, que devem ser livres para produzir e fazer comércio, sendo
responsáveis por si mesmos. O segundo é a intervenção do Estado no domínio econômico,
nada mais é do que todo ato ou medida legal que restringe, condiciona ou suprime a
iniciativa privada em determinada área, visando assim, o desenvolvimento nacional e a
justiça social, assegurados os direitos e garantias individuais, através de políticas
monetárias, cambiais e fiscais que alterem o comportamento do mercado. Para melhor
entendimento também precisamos explicar alguns conceitos, no dicionário paradigma é
definido como modelo de algo, representação de um padrão a ser seguido. Uma crise de
paradigma retrata uma mudança de visão do mundo, consequência de uma insatisfação
com os modelos anteriormente predominantes de explicação.
Historicamente, as experiências liberais, com acentuado desenvolvimento do capitalismo,
demonstraram as inconsistências desse modelo, levando sempre à necessidade de
intervenção do Estado para auxiliar o mercado frente a suas crises. Um grande exemplo
seria a Crise de 1929, onde ocorreu a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, também
conhecida como a grande depressão americana, foi uma crise do liberalismo, segundo esse
pensamento o mercado se ajustaria conforme a lei de oferta e demanda (a mão invisível do
mercado). Porém, o mercado não foi capaz de se auto regular e a economia entrou em
crise. Para a recuperação do país, foram adotadas medidas de intervenção do Estado na
economia, como estímulos às indústrias e programas assistencialistas. Esta crise foi longa e
produziu muitos estragos, em 1933, com a entrada do presidente Franklin D. Roosevelt,
implementou um plano econômico conhecido como “New Deal”, uma solução reformista que
tinha por objetivo realinhar o cenário financeiro americano, por meio de uma intervenção
estatal promotora de medidas sociais e regulatórias da economia, que prenunciava
mecanismos keynesianos, que segundo a teoria “o Estado deveria intervir na economia
sempre que fosse necessário, a fim de evitar a retração econômica e garantir o pleno
emprego.”
Outro exemplo é a Crise de 2008, foi uma crise financeira, onde, os bancos começaram a
oferecer mais crédito, sem grandes exigências, liberando esse crédito para pessoas de
qualquer classe econômica, sem saber se elas conseguiriam quitar esses empréstimos. A
forma desses empréstimos era a hipoteca, isto significa que ao pegar um empréstimo, o
indivíduo dava seus imóveis como garantia e, geralmente, usavam o crédito para investir
em outros imóveis. A consequência foi uma bolha imobiliária. Porém, os Bancos e
investidores estavam em um paradigma de que o mercado imobiliário nunca iria quebrar,
eles acreditaram cegamente que esse mercado era muito sólido. Como retratado no filme “A
Grande Aposta”. Assim, houve a quebra desse paradigma, se iniciando a crise econômica.
O cenário teria sido mais dramático e doloroso, mas felizmente, no começo do surgimento
da crise a intervenção do governo foi ampla e imediata. O Estado assumiu a
responsabilidade pela defesa das instituições financeiras, pela redução das taxas de juros
básicas, pela garantia integral dos depósitos, pela provisão da liquidez e pela tentativa de
evitar o aprofundamento da contração do crédito.
Sendo assim, as crises financeiras são também uma crise de paradigma entre liberalismo e
intervencionismo do Estado, pois, o papel intervencionista do Estado decorre das diversas
inconsistências que se apresentam no modelo liberal, como, nas experiências históricas
decorrentes da necessidade de intervenção na economia, como as citadas anteriormente. A
discussão entre o liberalismo e o intervencionismo estatal persiste até a os dias de hoje,
inclusive surgindo outro termo “neoliberalismo”, que também vem sendo uma questão de
argumentação, no cenário contemporâneo.

Referências bibliográficas:
Lima, Marcos C. "A Crise Financeira de Setembro de 2008 é também uma crise de
Paradigma". Teoria & Pesquisa, v. 18, 2009, p. 77-93.
Mazzucchelli, Frederico. "A crise em perspectiva: 1929 e 2008". Novos Estudos, n. 82, nov.
2008. Pp. 57-66
https://www.abdconst.com.br/revista5/cenci.pdf
https://mpassosbr.files.wordpress.com/2013/03/bobbio-norberto-liberalismo-e-democracia.p
df
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/crisede29.htm
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/o-new-deal.htm
https://www.politize.com.br/crise-economica-o-que-e/
https://www.politize.com.br/crise-financeira-de-2008/
https://www.webartigos.com/artigos/nocao-de-crise-de-paradigma-em-kuhn-seu-significado-
para-a-modernidade/111157#axzz7k0NM6CgT

3- Como explicar a crise de 2008 a partir dos conceitos de Risco Moral e Assimetria de
Informações?

De acordo com o site Sumo “Risco moral é um termo que se refere à possibilidade de um
agente econômico mudar o seu comportamento atual devido a algum estímulo, levando
sempre em consideração os diferentes contextos nos quais se encontram as transações
econômicas”; “Assimetria da informação é o nome dado quando uma das partes possui
mais informações acerca de um produto ou serviço do que a outra parte”. Tais conceitos
podem ser encontrados no contexto da crise econômica de 2008, pois com a falência do
tradicional banco americano Lehman Brothers, o governo estadunidense decidiu que não
usaria as verbas públicas para socorrer a instituição e consequentemente essa decisão
acabou impedindo o funcionamento do sistema financeiro do país e iniciou uma crise
econômica mundial; e devido a uma bolha imobiliária ( segundo o site politize “ bolha
imobiliária significa que diversos bancos passaram a oferecer mais créditos, expandindo o
crédito imobiliário e atraindo consumidores, o que causou a valorização dos imóveis. Até
que com a alta procura, a taxa de juros subiu, derrubando os preços dos imóveis. Como
muitos destes empréstimos foram de alto risco, muita gente não teve como pagá-los e
diversos bancos ficaram descapitalizados”) assim como representado no documentário
“Trabalho interno”.
Considerada como o maior desastre econômico desde a grande depressão de 1929, a
recessão do século XXI na economia dos Estados Unidos da América se deu início no dia
15 de setembro de 2008 ( mais conhecida como “segunda feira negra” ) quando o Banco
Lehman Brothers declarou falência e logo em seguida, a bolsa de valores despencou. Como
resultado, outros bancos anunciaram perdas bilionárias que aumentaram a instabilidade do
mercado e de acordo com o site Politize “ as bolsas de valores mundiais perderam mais de
30% do seu valor nos dias seguintes”. Por muito tempo, as instituições financeiras dos EUA
estavam concedendo empréstimos de alto risco para financiar no aumento dos preços das
casas e o mercado imobiliário iniciou uma grande reação em cadeia que afetou todo o
sistema das finanças, e de acordo como o site Diário de notícias “o governo estadunidense
gastaram mais de 1 bilhão de dólares com as guerras do Afeganistão e do Iraque no início
do século”. De acordo com o site Blog magnetis,“mais de 8 milhões de pessoas perderam
seus empregos e aproximadamente 2,5 milhões de empresas foram fechadas. A
insegurança e a desigualdade social cresceram naquele momento”. Tal tragédia financeira
colocou em xeque o capitalismo, e assim houve o aumento da dívida pública externa por
conta da necessidade de empréstimos juntamente ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Inicialmente, governos dos EUA e de alguns países do continente europeu colocaram
bilhões de dólares nos bancos afetados, mas a longo prazo o impacto da crise foi enorme,
levando a redução de salários, austeridade e instabilidade política.
Devido à globalização, a estagnação econômica afetou toda a Europa, trazendo
consequências como a queda da bolsa de valores dos países, desemprego em massa,
aumento da dívida pública externa e do déficit, mas teve efeitos mais devastadores nos
países economicamente periféricos do bloco da União Europeia, conhecidos como PIIGS (
Portugal, Irlanda, Itália, Grécia, Espanha ) devido à dificuldade dessas nações de intervirem
em suas economias, por serem considerados vulneráveis e o aumento considerável de
dívidas e do déficit público em relação ao PIB. Muitos Estados começaram a realizar
intervenções, como por exemplo aumentando os gastos públicos. De acordo com o site O
globo economia, “O roteiro do efeito dominó na Europa variou de acordo com os problemas
fiscais e estruturais de cada país, mas os resultados foram semelhantes, mudando a vida
de quem acreditava que o colapso americano provocado pela inadimplência das hipotecas
não atingiria o até então sólido bloco europeu.
Portanto, percebe-se que muitos países não estão preparados para enfrentar uma crise
como a de 2008 e de 1929, por não estarem preparados economicamente e no âmbito
social para lidarem com o desequilíbrio da economia.

Referências Bibliográficas:
https://www.stoodi.com.br/blog/historia/crise-de-2008/
https://www.suno.com.br/artigos/assimetria-de-informacao
https://www.suno.com.br/artigos/risco-moral/
https://www.politize.com.br/crise-financeira-de-2008/
https://blog.magnetis.com.br/crise-de-2008/
https://www.dn.pt/mundo/eua-gastaram-1500000000000-dolares-em-guerras-desde-o-11-de
-setembro-9830358.html
https://oglobo.globo.com/economia/crash-de-2008-ainda-marca-paises-europeus-23052457
https://www.netflix.com/br/title

4- Socorrer o sistema financeiro ou deixá-lo implodir?

O sistema financeiro é feito de altos e baixos; após a última grande crise econômica dos
EUA, as instituições financeiras e os órgãos reguladores do mercado financeiros, estão
mais prudentes e cautelosos, porém, isso não impede que o mercado retorne a formar
bolhas financeiras e entrar em uma nova crise, visto que, as bolhas são formadas por um
excesso de liquidez no mercado, que influenciam o valor de imóveis, moedas e diversos
tipos de aplicações financeiras, como ações. Essa bolha tem o poder de atrair as pessoas
de forma consciente ou inconsciente, como um paradigma, onde eles acreditam em uma
alta de preços sem fim, até que a bolha estoure e converta-se em uma crise. Como a bolha
das ações na década de 1920, onde se iniciou uma alta demanda por ações nos Estados
Unidos, até que em 1929 houve a queda da bolsa de valores de Nova York.
O Jornal Valor Econômico publicou um artigo em outubro desse ano, onde trouxe previsões
sombrias para economia dos Estados Unidos, informando o resultado de uma pesquisa
sobre as chances de recessão nos EUA, feita pela Bloomberg com economistas. Que diz “A
chance de que a economia americana encolha nos próximos 12 meses agora é de 60%,
acima da probabilidade de 50% em setembro e o dobro do nível há seis meses.” A última
recessão nos Estados Unidos, vinda também de uma bolha financeira, possibilitou a crise
de 2008, como é reproduzido no filme “A Grande Aposta”. Depois, acabou desencadeando
uma grande crise financeira em vários outros países do mundo. Uma vez que a economia
estadunidense é a que mais interfere e influencia o resto do globo. Como exemplo, dois
anos depois com a crise econômica na Europa, afetando com destaque a União Europeia.
Os governos gastaram muito para socorrer o sistema financeiro e evitar uma recessão
ainda pior, o que elevou a dívida pública e o déficit desses países. Um país com a economia
em recessão contrai mais dívidas, pegando empréstimos por exemplo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional) e o Banco Mundial. Depois desse colapso os bancos
estadunidenses passaram a ser mais regulados.
Todas as Nações estão enfrentando problemas econômicos, devido ao impacto da
pandemia da covid-19 e a recente guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O avanço de uma
crise econômica nos Estados Unidos, é muito preocupante, pois, irá provocar a queda no
PIB global e no PIB dos países, dessa maneira, muitos países vão ou poderão entrar em
recessão. Assim, promovendo, o aumento da dívida do governo, o aumento da taxa de
juros, o crescimento da inflação, o desemprego e por consequência o aumento da pobreza
da população. E quando ocorre a crise, o Estado precisa intervir e adotar políticas
econômicas para recuperação da economia, realizando obras sociais, fazendo uma boa
gestão de recursos, planejamento e identificando oportunidades.

Referências bibliográficas:
https://blog.magnetis.com.br/bolha-financeira/
https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/10/14/pesquisa-aponta-60percent-de-chance-de-
recessao-nos-eua-em-12-meses.ghtml
https://forbes.com.br/forbes-money/2022/10/para-economistas-eua-ja-estao-em-recessao-o
u-podem-estar-em-breve/
https://einvestidor.estadao.com.br/ultimas/sistema-financeiro-eua-maneira-ordenada-yellen#:~:text=A
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