Você está na página 1de 4

TIPOS DE MERCADO

Encontramo-nos mais uma vez em época de Natal e na passagem para


um novo ano cheio de renovadas esperanças, com motivos mais que
suficientes para nos renovarmos enquanto seres humanos perante nós e os
outros, mais não seja neste período de união, onde nos devemos solidarizar
com os nossos similares e solidificar expetativas de mutação para melhoria
da vivência no seio da sociedade.

Tal deve e pode ser exercido de muitas maneiras, uma delas


precisamente na aquisição e oferta de presentes àqueles de que mais
gostamos ou que supostamente deveriamos ter em maior atenção, sendo
este período um bom determinante para avaliar o funcionamento do
mercado e, consequentemente, da qualidade de vida e economia de um
país.

Mas na prática o que significa mercado, conceito este que se aplica ao


nosso dia a dia sem eventualmente nos apercebermos? Ora, mercado não é
mais que o ponto de encontro entre produtores/vendedores e consumidores
de um bem ou serviço, sendo indiferente a sua centralização num local
(caso de um Centro Comercial) ou a descentralização do mesmo já que será
possivel a sua constatação em qualquer lugar.

Verifica-se mercado sempre que, de um lado, alguém queira e possa


usufruir de um determinado bem ou serviço (procura) enquanto do outro,
alguem queira e possa disponibilizar este mesmo bem ou serviço (oferta),
isto é, exista interesse de ambas as partes numa transacão considerando-se
esta realizada quando ambos se correlacionam na troca referida no âmbito
do diagrama do fluxo circular da renda.

Basta portanto esta correlação entre o interessado que disponibiliza o


bem ou serviço e o interessado que pretende fruir dele, existindo deste
modo mercado quando me desloco a um Centro Comercial para obter um
bem, a uma loja no local onde resido, numa conversa com um amigo que
me quer por exemplo vender o seu telemóvel e eu compra-lo, numa
aquisição de um produto pela internet ou inclusivamente na ida a um
dentista.

Aliás, para que suceda uma efetiva economia de mercado, é prioritário


que o mesmo se espalhe pelas maiores áreas possiveis para permitir o livre
acesso e concorrência adequada, com a consequente melhoria da qualidade
de vida das populações, o que tem aliás sucedido com a era da globalização
e consequente circulação internacional.
Assim, subsistem prioritariamente quatro tipologias nomeadamente
monopólio/monopsônio, oligopólio/oligopsônio, cartel e mercado
competitivo.

Na primeira classificação mencionada temos apenas um vendedor


(monopólio) ou consumidor (monopsônio) de um lado e muitos
compradores ou fornecedores, respectivamente, do outro, o que permite
afetar de modo desiquilibrado e abusivo o preço e portanto controlar a
escassez (monopólio) ou excedente (monopsônio) de produção de um bem
ou serviço, não se distribuindo os mesmos nas proporções que seriam
consideradas corretas.

Até porque o único produtor/vendedor ou consumidor impede o


aparecimento de concorrentes, obstáculo este que poderá ser de facto (por
dificuldades por exemplo na oferta por outros potenciais concorrentes, de
infraestruturas) ou legal (por exemplo, na proibição por parte do Estado do
aparecimento de mais que uma entidade a oferecer eletricidade ou água
potável).

Já na segunda modalidade há mais que um fornecedor ou consumidor,


mas atuando em conjunto, sem concorrência agressiva e consignada em
acordos tacitos dos valores a aplicar e condições a observar, impedindo
igualmente mas em menor medida, o tal acesso justo. De um lado temos
muitos adquirentes e do outro apenas alguns produtores/vendedores
(oligopólio) ou, ao contrário, muitos fornecedores e em contrapartida
poucos compradores (oligopsônio).

Diga-se que no eixo com o número reduzido, um dos intervenientes tem


dominio de mercado, determinando os pressupostos de
organização/funcionamento que, de modo subentendido, são aceites pelos
restantes que constituem uma rede de proteção, condicionando a entrada de
eventuais concorrentes na oferta ou procura do bem ou serviço
correspondente.

Desta maneira, todos os intervenientes garantem a sua quota de mercado


e certas garantias, que desapareceriam ou seriam atenuadas com a aparição
de novos rivais. São exemplo de oligopólios as marcas de combustivel ou
as companhias aéreas e de oligopsônios as cadeias de hipermercados.

Todavia, se as várias instituições se juntarem e em detrimento das


parcerias implicitas sucederem acordos explicitos decidindo por exemplo, o
estabelecimento do mesmo preço para todos os bens ou serviços oferecidos
ou adquiridos, encontramo-nos perante um cartel organizando-se tais
entidades como se de um monopólio se tratasse, apesar de, na realidade,
subsistirem várias estruturas.Um bom exemplo são os sindicatos, que se
podem constituir desta maneira ou a OPEP (Organização dos Paises
Exportadores de Petróleo).

No entanto, todas as classificações analisadas integram-se na


concorrência imperfeita já que nenhuma delas disponibiliza o bem ou
serviço nos preços ou quantidades apropriados. Nestes termos, como
tipologia mais relevante numa adequada economia de mercado e de
concorrência perfeita, surge-nos o mercado competitivo, aquele que deve
ser prevalente em economias pertencentes a Estados de Direito
Democráticos.

Aqui, o número de vendedores e compradores é tão elevado que


nenhum deles consegue estabelecer uma dimensão de preço ou quantidade,
sendo a correlação entre a oferta e procura que estatui o preço e as
quantidades produzidas face às necessidades, até se alcançar um ponto de
equilíbrio.

Ponto de equilíbrio este que nos explica que, a um dado preço, as


quantidades procurada e oferecida se igualam, situando-se assim ambas as
partes (fornecedores e adquirentes) simplesmente como “tomadores de
preço” aceitando o decidido pelo conjunto da oferta e procura ou seja, pelo
mercado. Encontrando-se este preço de equilibrio sempre em ajustamento,
de forma a evitar a escassez ou o excedente de certo bem ou serviço para
que se verifique tendencialmente uma plena satisfação.

É pois interessante analisar as alterações que se têm verificado na


evolução do mercado, dos anos transatos para os actuais, visto que
anteriormente os produtos usufruiam de determinados valores, que iam
sendo incrementados à medida que a quadra festiva se aproximava,
sucedendo precisamente o inverso no presente, já que os montantes a
desembolsar vão diminuindo.

Enquanto no passado os ofertantes tinham primazia na fixação do preço


do bem ou serviço, atualmente precisam de ser mais produtivos, colocando
o valor tendo em conta os custos de produção. Tal deve-se à procura das
necessidades e ao aumento da concorrência, à conjugação do equilibrio
entre quem quer produzir e quem quer adquirir.

Isto sim, é economia!


Miguel Furtado
Professor Universitário

Você também pode gostar