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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

CAMPUS SERTÃO

CURSO DE GEOGRAFIA

Docente: profª. Dra. Suana Medeiros

Discente: Lara Bezerra da Silva

Disciplina: Geografia Agrária

Turma: 3° período.

FICHAMENTO (Resumo)

MARTINS, José de Souza. O cativeiro da terra: A produção capitalista de relações


não capitalistas de produção: o regime de colonato nas fazendas de café. 9ª Ed. São
Paulo: Contexto, 2010, pág. 27 a 94.
No inicio do capitulo o autor MARTINS, apresenta um debate a cerca da dificuldade
em definir as relações de produção do campo, que se dar por meio de diversas
discussões de alguns intelectos, sobre a transição do feudalismo para o capitalismo,
tendo como objetivo definir o momento histórico do Brasil. Foram levantas questões
em relação à classificação da essência não feudal, pois se não fosse formalmente
feudais, essas relações posteriores ao escravismo, seriam consideradas capitalistas.
Portanto há um grande dilema a respeito da diversidade das relações do verdadeiro
regime de produção, então através das configurações que determinaram as relações
de produção daquele período, ficou conhecido o regime de colonato que durou
aproximadamente um século, e possibilitou a realização da maior parte de atividades
nas fazendas de café.
Com a crise do trabalho escravo, foi instituído o trabalho livre que por sua vez já era
conhecido na sociedade brasileira, pois alguns negros já haviam sido libertos e
foram concedidos por tal modalidade, assim como alguns índios e mestiços. Mas a
grande diferença que possibilito a substituição do trabalho livre pelo o escravo, não
foi relacionados à separação dos meios de produção, mas sim pela divisão do
trabalhador livre por sua força de trabalho, que na do escravo era confundido. Vale
ressaltar que ambas as relações apresentavam semelhança quanto ao meio que
eram fundadas, tanto na exportação agrícola, quanto no grande latifúndio. Essa
mudança foi necessária para manter essa estrutura, que se baseava no padrão do
capitalismo.

As relações dos fazendeiros capitalistas geravam-se mais fora da fazenda em torno


dos comissários e exportadores, do que nas próprias relações internas de produção,
derivando-se dai a transformação das relações de trabalho. É destacado que a
escravidão se estabelecia como uma modalidade de exploração da força de
trabalho, portanto o trabalhador entrava no processo como mercadoria, o que
acabava gerando lucro antes mesmo deles começarem a trabalhar. Então é possível
afirmar que as relações de produção eram baseadas pelas regras do comercio, onde
havia a geração capitalista apoiada ao monopólio do próprio trabalho, que por sua
vez foi totalmente afetada com a abolição da escravidão, que foi responsável pela
transformação a cerca do trabalhador, onde basicamente foi determinada a
legitimação da exploração do capital e não o fato de impor a coerção física. Portanto
o que aconteceu foi à liberdade do capital e não a do trabalhador.

A dificuldade de definição do modo capitalista, se dar pelo fato desse regime colono
apresentar uma estrutura em que o trabalhador era basicamente toda uma família, e
não um ser individual. Ainda assim onde o capitalismo não se caracteriza
plenamente, como é o fato do colonato, apresenta certas dinâmicas capitalistas ou
até mesmo pensamentos, que possibilitam uma economia capitalista, mesmo não
sendo de forma plena.

A renda capitalizada foi a principal contribuição de capital das fazendas de café,


tanto no regime escravo, quanto no trabalho livre, não pelo fato da estrutura
latifundiária, mas sim pelo fato da fazenda representar um conjunto de bens, do qual
foi derivado da riqueza acumulada, bens dos quais foram produzidos no trabalho,
sobretudo do trabalho voltado para o escravo. Neste período o fazendeiro era
considerado a pessoa que administrava as riquezas, mesmo que esse não fosse o
dono dela.

O ponto principal da analise feita nas relações de produção no café, está ligada de
forma direta nas transformações ocorridas nesse dado momento, por meio da renda
capitalizada. Enquanto havia o trabalho escravo, as terras basicamente não
possuíam valor, considerando que os escravos eram mais valiosos, e lhe concediam
o valor do trabalho acumulado, e ainda apresentavam garantia de empréstimos aos
fazendeiros, pois os bancos preferiam ter como garantia de pagamento a hipoteca
dos escravos ao invés das fazendas. Com as restrições do tráfico negreiro, houve
um grande aumento no valor atribuído aos escravos, o que acabou beneficiando
mais os traficantes do que os fazendeiros.

O regime das sesmarias dificultava o acesso às terras de forma legalizada, a quem


não fosse branco, puro de fé e donos de escravos, e só houve uma lei que
legalizasse a compra a partir do ano de 1850. Ainda assim, as indicações
apresentadas por lei sofreram desrespeito, pois acarretou o incentivo da propagação
de documentos falsos das propriedades. Com as modificações que ocorreram nas
relações comerciais, o valor atribuído à propriedade passa a ter maior relevância.

A renda territorial surge por meio da transformação da renda capitalizada na pessoa


do escravo, portanto essa seria uma forma de capital dependente do comercio, e
não do traficante.

A partir das transformações nas condições do regime escravo, as terras se tornaram


disponíveis pela falta dos trabalhadores escravizados, portanto se inicio o processo
de promessas de terras futuras em troca de trabalho na produção de café, para a
população imigrante. No Brasil o colono era visto como empregado, enquanto em
outros lugares eram vistos como colonizadores de novas regiões. O processo de
substituição do escravo para o colono trabalhador foi extremamente complicado,
pois havia todo um processo de custos, como o transporte, alimentação e a
instalação de toda família, em consequência desse processo os colonos gerava uma
grande divida para com os fazendeiros, o que basicamente lhe prendia aquela
propriedade e a produção de café. Mas para saldar suas dividas, bastava encontrar
outro fazendeiro que pagasse ao seu patrão o valor das despesas. E não era
somete a dívida que os prendiam ao cafezal, mas também o fato de ser um
trabalhador livre de meios de produção. Os problemas relacionados ao trabalho se
davam basicamente pelo o fato dos fazendeiros, considerarem os colonos como sua
propriedade.

A partir do ano de 1870, o governo passa a ser responsável pelo custo da imigração
realizada por esses colonos, além dos gastos iniciais, ainda ficavam responsáveis
pela manutenção da família.

Os debates a respeito da abolição da escravatura direcionavam-se mais sobre, a


propriedade latifundiária e colonização, o que facilitavam as divergências entre os
representantes dos fazendeiros de café, do Rio de Janeiro, São Paulo e os
fazendeiros da cana no nordeste, por conta das garantias de créditos que era
diferenciada, pelo fato de uns alguns constituírem suas fazendas com base no
trabalho escravo, enquanto outros fizeram a partir da crise de tal modalidade. Na
tentativa de solucionar essas divergências, os fazendeiros passaram a receber
indenização do Estado.

A partir do momento que já não precisava comprar escravos, e obtinha ajuda do


Estado na captação dos imigrantes, sobrava capital suficiente, para investir em
novas fazendas e na ampliação dos cafezais, o que facilitou bastante os processos
para os fazendeiros, que agora passa a produzir muito mais. Com as grandes
ocupações das regiões o valor da terra foi elevado, portanto essa teria alcançado
seu alto preço, e por consequência assumiu a proporção do capital, em forma de
renda territorial capitalizada. O café foi um grande negocio e proporcionou
acumulação do capital, e isso se deu ao fato das relações de produção
estabelecidas no trato e nas formações de cafezais, a partir do regime de trabalho
não assalariado.

A forma do capital que dominava a produção agrícola era o capital comercial, devido
à movimentação das safras. Os fazendeiros faziam parte do ciclo do capital como
proprietário de mercadorias, e se relacionavam com os intermediários, conhecidos
como comissário, em troca de credito. Contundo esse processo foi invertido no ano
de 1880, quando os comissários passaram a ser dispensáveis nas intermediações,
pelo fato das compras do café ser feitas de forma direta para com os exploradores, e
os fazendeiros passar a atuar sobre o controle financeiro dos bancos de custeios
agrícolas.
Durante o regime assalariado o que acontecia no processo de trabalho era
basicamente a demanda da valorização do capital por si próprio, onde a mais-valia
passa a surgi como consequência do capital e não do trabalho, enquanto no regime
do colono a mais-valia aparecia como a forma de lucro comercial.

As relações de desigualdade entre os fazendeiros e os colonos no processo de


trabalho eram basicamente ocultadas pelos acertos de conta, que apresentava
apenas uma igualdade formal em relação à troca do dinheiro pelo produto, que no
caso seria o café, portanto se baseava na relação de compra e venda.

Com a grande necessidade de mão de obra em relação ao trato e a colheita de café,


que tinha como domínio principal as famílias de colono, apresentavam-se cerca de
dez mil pessoas em uma só fazenda. Portanto havia uma desigualdade econômica
entre os fazendeiros e os colonos, que era potencializada pelo o local de moradia
entre ambos e também o fato de um ser dono de terras e o outro não.

A estrutura vinculada a forma de trabalho das famílias de colono, possuía uma


divisão do trabalho quantitativo em relação ao trato, onde se tinha os homens,
mulheres e crianças a partir de 12 anos, enquanto no qualitativo que era baseado na
colheita, onde os adultos ficavam nas partes mais altas e as crianças abaixo.

Os colonos podiam conciliar a produção de café, com a produção de feijão, arroz,


milho e até mesmo algodão, meios que lhe ajudavam a se manter, ato que ficou
conhecido como a cultura de subsistência.

Em 1929 em consequência da crise, muitos colonos se toraram proprietários de


sítios separados de algumas fazendas arruinadas. Para o colono a principal forma
de desigualdade entre ele e o fazendeiro era a propriedade fundiária, mas essa era
também uma condição de liberdade.

A partir de 1880, foram incorporadas novas tecnologias e maquinas nas produções,


em especial na do café, e com isso ocorreram algumas modificações nas atividades
dos fazendeiros, que passam a investir em ferrovias, indústrias, bacos e na própria
exportação do café.

Os colonos não se consideravam donos do meio de produção, tampouco proprietário


da terra do seu trabalho, ele acreditava ser apenas, proprietário do seu próprio
trabalho.

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