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Readequação do Capitalismo na expropriação

de terras na então chamada


acumulação de capital

Gabriel Queiroz Parra


Resumo:

O artigo em si tem como proposta demonstrar uma relação cíclica de estruturação


ascensão, declínio e renovação do Capitalismo , ou seja o sistema começa no
acúmulo primitivo de capital, decorrente em seus primórdios na Inglaterra ainda no
século XVII, passa pelo processo de expropriação ascensão das indústrias, seguido
de crise primordialmente pela falta de alimentos que é superada brevemente por
intervenção do governo inglês, que por sua vez realiza alterações e mudanças mas
que de fato reformam o sistema capitalista. Enfim, o fato é que independente do
momento histórico o modelo capitalista de sociedade segue esse padrão,
principalmente na realidade do campo. Para tanto o enfoque é no que acontece
atualmente uma readequação da expropriação de terras e na formulação constante
de novas formas de acúmulo de capital principalmente pós os efeitos da crise de
2008. Para tanto, é relatado as transformações, na forma de gerenciar a introdução
ao agronegócio, e as novas formas de financeirização da terra o processo de
arrendamento perpétuo, sendo esse o método de expropriação da terra nos dias
atuais. Para obtenção das informações foram analisados, os dados a partir de
artigos, postagens e livros.

Introdução
O sistema capitalista se estabelece, a partir da expropriação e do acúmulo primitivo
de Capital, para tanto é necessário entender o processo que leva a isso.
Nesse contexto tem se como recorte temático a euro dos século XVII onde já se
vivenciava a expansão marítima e a introdução ao mercantilismo. Com o passar do
tempo o acúmulo primitivo de capital e a introdução das novas tecnologias, passa a
se tornar cada vez a transição dos meios de produção mais rudimentares ainda nos
feudos para, oque se aproxima futuramente da manufatura.
Isso consequentemente gera a demanda de insumos para a produção
semi-manufatureira, para que isso e consolide é necessário a alteração do modo de
vida Feudal, ou seja já não era mais cabível a ideia de campos sevis com centenas
de camponeses trabalhando nele, além do mais essas fábricas iriam precisar de
mão de obra.
E é nesse contexto que se inicia a expropriação dos camponeses e
consequentemente o apossamento de terras

Metodologia
A metodologia utilizado foi a revisão Bibliográfica de diversos textos

A então acumuçlação primmitiva de Capital como principio do


padrão capitalista:

“Trabalhadores livres no duplo sentido de que nem integram


diretamente os meios de produção, como os escravos, servos etc.,
nem lhes pertencem os meios de produção, como no caso, por
exemplo, do camponês que trabalha por sua própria conta etc., mas
estão, antes, livres e desvinculados desses meios de produção.”
(MARX, Karl. O Capital. vol I. Boitempo pág.515).
Com isso Marx resume o pressuposto do que ocorreu na Inglaterra inicialmente no
século XVII, com a decadência da sociedade medieval, e a introdução do modo de
vida e de produção capitalista. O autor descreve tal movimento como :
“o movimento histórico que transforma os produtores em trabalhadores
assalariados aparece, por um lado, como a libertação desses
trabalhadores da servidão e da coação corporativa, e esse é único
aspecto que existe para nossos historiadores burgueses. Por outro
lado, no entanto, esses recém libertados só se convertem em
vendedores de si mesmos depois de lhes terem sido roubados todos
os seus meios de produção, assim como todas as garantias de sua
existência que as velhas instituições feudais lhes ofereciamse”(MARX,
Karl. O Capital. vol I. Boitempo pag.515).
Saia da servidão na qual o senhor feudal que arrendou terras ao camponês, que
garantia ali sua produção voltada à subsistência a partir da entrega de boa parte
dos seus produtos.Entende-se que na nova configuração social o camponês
expropriado se torna mais vulnerável aos mandos e desmandos do sistema, já que
agora não tem mais controle sobre o meio de produção, sendo responsável
unicamente por sua força de trabalho e nada mais.
Isso segundo Marx gera:“Uma massa de proletários absolutamente livres foi lançada
no mercado de trabalho pela dissolução dos séquitos feudais, que, como observou
corretamente sir James Steuart, “por toda parte lotavam inutilmente casas e
castelos” (MARX, Karl. O Capital. vol I. Boitempopag.514). Com a introdução das
manufaturas se fazia necessário a presença de mão de obra barata, que seria
garantida de forma exemplar pela expulsão do campos dos antigos feudos, oque por
sua vez é feito de maneira tão brutal ao ponto de gerar um exército de mão de obra
reserva fora de contexto.
A capacidade, para que a introdução dessa manufatura se dá a partir, do título de
um do capítulos que embasa este artigo até o momento, “A então acumulação
primitiva de Capital”, segundo o Autor ela se dá inicialmente pela usurpação no
século XVI das terras até então da igreja e posteriormente as terras do estado, oque
garante uma seguridade para que futuros investimentos sejam feitos sem
impedimento segundo o autor : “expropriação violenta das massas populares foi
dado, no século XVI, pela Reforma e, em consequência dela, pelo roubo colossal
dos bens da Igreja. Na época da Reforma, a Igreja católica era a proprietária feudal
de grande parte do solo inglês.” (MARX, Karl. O Capital. vol I. Boitempo pag.515).
(Revolução Gloriosa) já conduziu ao poder, com Guilherme III de
Orange200, os extratores de mais-valor, tanto proprietários fundiários
como capitalistas. Estes inauguraram a nova era praticada em escala
colossal o roubo de domínios estatais que, até então, era realizado
apenas em proporções modestas. Tais terras foram presenteadas,
vendidas a preços irrisórios ou, por meio de usurpação direta,
anexadas a domínios privados (MARX, Karl. O Capital. vol I.
Boitempo pag.519).
Os capitalistas burgueses favoreceram a operação, entre outros
motivos, para transformar o solo em artigo puramente comercial,
ampliar a superfície da grande exploração agrícola, aumentar a oferta
de proletários absolutamente livres, provenientes do campo, etc. Além
disso, a nova aristocracia fundiária era aliada natural da nova
bancocracia, das altas finanças recém saídas do ovo e dos grandes
manufatureiros, que então se apoiavam sobre tarifas protecionistas.
(MARX, Karl. O Capital. vol I. Boitempo pag.520).
Essas passagens evidenciam, que para a consolidação da da manufatura e do
processo capitalista, foi necessário a combinação de diversos fatores, entre eles a
criação de uma reserva financeira pela burguesia crescente e pela nobreza, para
que dessa forma houvesse meios para o investimento na indústria em si. é
importante ressaltar a relevância destacada por Marx em relação ao papel do
estado Inglês nesse processo, ou seja ele facilita, doa e distribui essas terras
dentro desses grupos para que tal processo seja possível.
É perceptível também a alteração, do artigo da terra para tanto é necessário
entender o valor da terra e sua caracterização a partir do conceito de renda
fundiária descrita por Marx como : o'que antes se caracterizava como artigo de valor
pela extensão e capacidade de produção, a partir da entrada no sistema capitalista
passa a se comportar como artigo de especulação financeira, uma forma de
assegurar recursos financeiros.
No entanto esse formato começa a gerar consequências já que com a maior parte
da população sendo expropriada e ganhando baixos salários nas cidades,
inevitavelmente o número de pessoas em vulnerabilidade e situação de fome
começa a aumentar. Desse modo a questão é tratada de forma hostil e inicialmente
pelo parlamento que instaura as leis sanguinárias a quem não trabalhasse, dentre
elas por exemplo: “Em caso de uma segunda prisão por vagabundagem, o indivíduo
deverá ser novamente açoitado e ter a metade da orelha cortada; na terceira
reincidência, porém, o réu deve ser executado como grave criminoso e inimigo da
comunidade.” (MARX, Karl. O Capital. vol I. Boitempo pág.52).
Visto a baixa eficácia já que não haviam empregos a todos e a percepção do
problema como algo causado pelo sistema, O autor ainda conta como se observa o
fato a época é falado : “Os pobres exigiam salários tão altos que ameaçavam a
indústria e a riqueza. Hoje, seu salário é tão baixo que igualmente ameaça a
indústria e a riqueza, mas de outra maneira, e talvez com muito maior perigo do que
então.”(MARX, Karl. O Capital. vol I. Boitempo pág.527). Com isso entende-se
que o salário se encontrava tão baixo que se tornava impossível a população
consumir os produtos produzidos por ela mesmo, oque futuramente geraria uma
crise de superprodução.
Até o momento é possível perceber os processos de consolidação do sistema
capitalista, para tanto, é necessário analisá-los. De início se tem a expulsão do
trabalhador do campo, expropriado, transformado de produtor, conhecedor do uso,
potencial do solo e controlador dos meios produtivos até então vigentes. O mesmo
se dirige então às cidades em busca de vender sua força de trabalho em troca de
salário, para o burguês que instala sua manufatura isso constitui um ótimo cenário
no qual pela alta procura por empregos abre a brecha para redução dos salários
em longos períodos de trabalho. Ou seja, constata-se até então a ascensão do
sistema capitalista, seguido da crise gerada por ele que será relatado a seguir.
A grande questão é que se seguiram as crises geradas pelo sistema Capitalista.
Além dos elevados índices de desemprego se percebe uma expressiva redução da
produção de alimentos, oque por sua vez agrava a crise humanitária. Como
tentativa estatal para o barramento de tal ocasião são promulgadas leis como
descrito por Marx em : “Uma lei de Henrique VII, de 1489, c. 19 e, proibiu a
destruição de toda casa camponesa que tivesse pelo menos 20 acres de terra.
Numa lei 25f, de Henrique VIII, confirma-se a disposição legal anterior.” (MARX,
Karl. O Capital. vol I. Boitempo pág.527). Em outras palavras, foi necessária ação
legal para que as terras não fossem convertidas todas em produtoras de insumos
para a indústria, inviabilizando assim a produção nacional de alimentos.
Com o passar do tempo, o caráter do capitalismo vais e tornando cada vez mais
monopolista, em outras palavras algumas empresas começam a se sobressair
comercialmente, por vantagens mercantis, seja por intervenção estatal ou não, e
nesse processo passam a aglutinar suas concorrentes menores, crescendo e
estabelecendo um mercado único do qual a competição começa a cair, e o domínio
sobre o produtor aumentar, a longo prazo restam poucas empresas no ramo ao
ponto de quase não haver competição por mercado.
O autor descreve bem isso na 7° parte do capítulo descrita como tendência histórica
da acumulação de Capital
“Ao atingir certo nível de desenvolvimento, ele engendra os meios
materiais de sua própria destruição” …“Essa expropriação se consuma
por meio do jogo das leis imanentes da própria produção capitalista,
por meio da centralização dos capitais. Cada capitalista liquida muitos
outros. (MARX, Karl. O Capital. vol I. Boitempopág.540).
O caso Brasilierio de acumulação primitiva de Capital:

Tendo salientado, como a expropriação e o acúmulo primitivo de capital acontecem


na pré-história do capitalismo, na Inglaterra, na qual é seu berço de formação. É
possível observar como a situação se dá no Brasil, na qual a formação do
capitalismo se dá tardiamente principalmente pelo fato de constituir-se em boa parte
do tempo como uma colônia. No entanto, a formação agrária nacional se dá de
formas parecidas com oque acontece na Inglaterra.
É importante ressaltar que por ser uma colônia, o objetivo do desenvolvimento
dessa agricultura se dá com finalidade de exportação de matéria prima e não com
intuito do desenvolvimento de uma indústria nacional, isso e nem um momento da
história nacional. A agricultura brasileira tem como maior característica até hoje a
monocultura voltada à exportação de matéria prima com pouco ou nenhum
beneficiamento.
Voltando a acumulação primitiva de capital, no contexto nacional, é necessário
retomar ao período colonial, no qual só é possível sua expansão e a criação do
latifúndio da cana, a partir da mão de obra escravista, como descrito por furtado em
um trecho de seu livro “formação econômica do Brasil :
“No processo de acumulação de riqueza quase sempre o esforço
inicial é relativamente maior. A mão de obra africana chegou para a
expansão da empresa, que já estava instalada. E quando a
rentabilidade do negócio está assegurada que entram em cena, na
escala necessária, os escravos africanos: base de um sistema de
produção mais eficiente e mais densamente capitalizado.”(FURTADO,
2005, p. 64)
Ou seja, levando em consideração a dificuldade da implantação da cana os custo e
impostos de transportes e todos os encargos, sería impossível que a oligarquia
conseguisse êxito, sem a mão de obra escrava o autor ainda ressalta que “Com
efeito, para subsistir sem trabalho escravo seria necessário que os colonos se
organizassem em comunidades dedicadas a produzir para
autoconsumo”(FURTADO, 2005, p. 63) o'que por sua vez definitivamente não era o
objetivo da colônia, sendo esse a constituição de uma colônia meramente de
exploração. Para tanto o processos subsequentes, depois de muitos séculos da
abolição da escravatura acaba por gerar uma forma de asseguramento para o
expropriador rural e para a oligarquia que por sua vez já realizava o processo de
acumulação.
Para tanto o autor relata “Prevalecia então a ideia de que um escravo era uma
"riqueza" e que a abolição da escravatura acarretaria o empobrecimento do setor da
população que era responsável pela criação de riqueza no país.”(FURTADO, 2005,
p. 64). Ou seja essa oligarquia, mobiliza o poder estatal, em modo de reembolso,
pelas “perdas sofridas” nessa questão só a transição formal da ideia de um escravo
e de uma pessoa negra livre, já que mesmo constando na lei o ex escravizado ainda
era considerado uma mercadoria.
O que se conclui até então é que o processo de acumulação primitiva de capital
pelas oligarquias locais, se dá desde de a implantação da colônia, já que na
situação de exploração do trabalho escravo, o lucro obtido com a cana ou qualquer
monocultura subsequente, era de 100%, sendo assim viável o processo da lei de
terras que ocorrerá mais a frente no processo histórico.
“Fica claro que a partir de agora a lei de terras nacionais consideradas devolutas, só
poderiam ser adquiridas a partir da compra” (JAHNEL,1987,p.109) “A lei de terras é
portanto a expressão da vitória dos fazendeiros num país de regime de trabalho livre
a terra havia de ser cativa para servir de instrumento de dominação”
(JAHNEL,1987,p.109).Isso posto, é possível perceber o comportamento na política
agrária, até a instituição da terra em 1850, não havia regulamentação de compra e
venda sendo essas concedidas pela coroa, que por sua vez com o passar do tempo
se tornam propriedade para quem o foi cedido, ao mesmo modo que aconteciam
com as terras estatais, ou da igreja católica, no século XVI para frente. Com intuito
de manter a terra na mão dessa oligarquia dominante, tornasse a propriedade da
terra privada, desse modo o recém liberto ou o imigrante nunca teria acesso
propriedade, por falta de condições econômicas para tal desse modo sendo
submetidos a essa elite, que por sua vez agora tinha mão de obra abundante e
barata, o'que mais uma vez remete a situação ocorrido logo no início da revolução
industrial na inglaterra.
O Ramo agrícola atualmente; arrendamento perpétuo, Land Grabs,

Nessa parte do artigo trataremos sobre a situação atual do meio do agronegócio.


Para entender o processo atual é necessário entender as mudanças na forma de
comercialização e exploração da terra, desde a inglaterra pré capitalista a terra
ganha característica de artigo especulativo financeiro, ou seja um artifício de
segurança econômica, que se não se investe ou não mexe não se perde valor
financeiro, independente da renda fundiária do local em questão, sempre será
possível ganhar em cima daquela terra sem nem um tipo de investimento,
principalmente pensando nos grandes latifundiários ingleses ou brasileiros
usurparam essa terra nem pagando ao menos o valor pela sua aquisição.
Nos dias atuais a terra passa de artigo especulativo, para artigo catalisador de valor
ou seja, a terra pode ser vendida na bolsa de valores como um ativo econômico
empresarial. Com isso nasceram, principalmente após a crise de 2008, empresas
denominadas por Nascimento em Frederico em Imobiliárias agrícolas financerizadas
land grabbing: a atuação de empresas agrícolas controladas pelo capital financeiro
no mercado fundiário brasileiro como: “as IAF podem ser definidas como empresas
agrícolas vinculadas ao capital financeiro dedicadas a obter rendas futuras por meio
da incorporação, transformação, comercialização e gerenciamento de propriedades
agrícolas.” (Nascimento em Frederico, 2022 pag.5)
“os investidores, no lugar de imóveis, passaram a deter papéis e a negociar com
eles como qualquer outro título financeiro” (Nascimento em Frederico, 2022
pag.6). Com isso qualquer terra pode valer e receber muito investimento sem nunca
ter sido alterada, trabalhada ou sem ser geradora de algum produto, desse modo
elevando a capacidade de sua especulação. Segundo autores (Nascimento em
Frederico, 2022) o acesso ao investimentos dá de duas formas seja por Hipotecas
de investimento que darão acesso ao imovel em si, ou por Reit que é ação em si
em carteiras vastas de investimentos,
Constituída a ideia técnica por trás da financeirização da terra pode-se observar os
modelos de expropriação e acúmulo de capital que ela representa. Terras como tal
representam o fenômeno de Land grabs que é definido pelo artigo como :
Land grabbing é um subproduto das crises ecológica, alimentar,
energética e financeira do projeto de globalização neoliberal e pode
ser definido pela apropriação em larga escala de terras pela capital
financeiro e Estados soberanos, como estratégia, respectivamente, de
acumulação financeira e de assegurar a soberania alimentar e
nutricional de sua população.” (Nascimento em Frederico, 2022
pag.5)
Ou seja, após o ano de 2008, consideradas uma das maiores crises econômicas
desde a grande depressão de 1929, a recomendação das maiores instituições
econômicas é para aquisição de terras, sendo esse método umas das melhores
formas, pois se capitaliza se vende com grande facilidade o ativo em si.
A grande questão é que isso se torna uma forma acumulo de capital, sem geração
de renda, e causando impedimentos à economia local. Isto é se a terra é
manipulada unicamente no mercado de ações, sem investimentos próprios, ela se
torna uma propriedade sem função social, sem falar que causa restrição ao acesso
à terra principalmente ao pequeno produtor, que não terá acesso a esse complexo
mercado de ações que em sua maioria é operado para grandes empresas e
investidores fora do país, o'que por sua vez pode-se caracterizar uma forma de
expropriação da terra em si.
Além da capitalização da terra, algumas dessas empresas realizam o investimentos
no beneficiamento do solo para sua revenda isso em um processo mais longo como
descrito pelo autor :
“situação mais interessante é a da BrasilAgro … após a capitalização
proveniente da abertura do capital na B3 em 2006, a empresa passou
a adquirir terras, sobretudo em áreas de expansão da fronteira
agrícola brasileira”Após a maturação do desenvolvimento agrícola (em
torno de cinco anos), a empresa iniciou o processo de liquidação das
propriedades.” (Nascimento em Frederico, 2022 pag.13)
Oque por sua vez gera outro problema, que é o aumento do valor dessa terra, ou
seja, cada vez mais a aquisição da terra será restrita a um grupo seleto com
capacidade financeira para tal.
Isso leva ao próximo ponto que caracteriza a expropriação de terras atualmente.
Essas terras beneficiadas serão vendidas ou arrendadas, que por sua vez se define
como “O arrendamento capitalista consiste no ato de um agricultor detentor de
capital alugar parcela de terra, em detrimento do pagamento da renda fundiária em
dinheiro” (MONERATO, JUNIOR,2018, pag4) a empresas do ramo agrícola, como
as indústrias do meio agrícola, no Brasil e mais especificamente na região sudeste
se tem como objetivo o arrendamento as usinas de cana de açúcar.
Fora do escopo das grandes IAF temos os pequenos produtores que se veem
cercados por essas grandes propriedades de beneficiamento que estão sendo
arrendadas às usinas, isso por sua vez pode vir a inviabilizar suas produções em
outras culturas, dado o fato de estarem cercados pela cana.
Na hipótese deste pequeno agricultor arrendar essa terra a usina oque ocorrerá
será um processo de repartição dos ganhos da seguinte forma :
A mais-valia, será repartida entre o arrendatário capitalista, o
proprietário de terras, demais capitalistas seja do setor comercial,
industrial e bancário.A cada uma dessas classes corresponderá uma
parte da mais-valia sob a forma de lucro, renda e juros. Sendo lucro o
rendimento obtido pelo capital industrial e comercial; os juros são os
rendimentos do capital bancário e a renda parte obtida pelo
proprietário de terras.”
Isso significa que mesmo sendo proprietário da terra o pequeno produtor não obterá
todo o lucro a ele teoricamente pertencente. Lembrando que levando em
consideração renda diferencial II se o mesmo valor de capital que a usina aplica na
terra fosse aplicado pelo pequeno produtor o resultado seria diferente.
Seguindo com a ideia do arrendamento, após a terra ser arrendada por qualquer
que seja o período de tempo, ela estará exposta às consequências geradas pela
monocultura de Soja, ou seja desgaste contínuo, e como toda a terra está
arrendada, em questão de tempo todo o solo estará destruído sem capacidade de
retomada de outro plantio. É válido lembrar que este produtor não recebe mais pela
produção mas sim por uma parte do lucro da usina, desse modo correspondendo a
uma porcentagem menor e dependente do fator da usina gerar lucro sobre aquela
terra ou não. para tanto se é relatado no texto da seguinte forma :
“No discurso da maioria dos pequenos citricultores, o arrendamento
para a cana representa uma potencial perda da propriedade, uma
escolha da qual não há retorno. Retomar o sítio e a produção exigiria
do pequeno produtor um investimento alto na recuperação de seus
implementos e na reconstituição de sua lavoura, o que tende a ser
inviável a partir dos magros recursos de que dispõe. Daí que, uma vez
arrendada a pequena propriedade, a continuidade do contrato de
arrendamento ou a venda da terra tendam a impor-se como as únicas
opções ao pequeno proprietário. Para muitos, isto representa a
completude de seu processo de proletarização: a perda do meio de
produção e sua conversão em um assalariado típico (FARIAS, 2014,
p. 159).” (MONERATO, JUNIOR,2018)
Considerações finais:

Com a análise dos textos, desde o século XVI até os dias atuais, o capitalismo
passou por vários processo de ascendência e descendência. No entanto, sendo
mantido uma característica clássica que era a constante expropriação, o acúmulo
de capital, que por sua vez viabilizou a ascendência de empresas e posteriormente
suas devidas monopolização. Sempre como característica também o apoio do
estado nesse processo cedendo terras,e subsidiando o processo.
O mesmo vem a ocorrer no Brasil , inicialmente com a expropriação da terra dos
nativos que aqui viviam. Mais a frente nos primórdios da propriedade privada
nacional, que irá se dar após séculos de um sistema de sesmarias, na qual a coroa
concedia terras a determinados grupos. Esses grupos por si só após o
estabelecimento da lei de terras, se torna proprietária dessa terra e tem capacidade
para a compra de mais.
Ainda é importante ressaltar que são reembolsados pelo estado pela mão de obra
perdida com a abolição da escravatura, o'que por si só corresponderá a uma forma
de acumulação de capital sem nem um tipo de trabalho para tal.
O mesmo processo de expropriação e acúmulo acontece atualmente, pós crise de
2008, onde o fenômeno Land grabbing segue acontecendo, ou seja terras nacionais
comparadas muitas vezes por investidores internacionais unicamente com o intuito
de especulação financeira. Processo esse que por si só vai gerar o arrendamento,
que por sua vez irá cercar pequenos produtores os tornando reféns do
arrendamento, mais uma vez sendo expropriados.
Desse modo percebe-se uma ciclicidade no processo como um todo o que leva
sempre a um retorno do mesmo.

Referencia bibliografica:

MONERATO, JUNIOR,Arrendamento perpétuo e o processo de centralização


de terra 6 the International Conference of the BRICS Initiative for Critical
Agrarian Studies-UNESP,UNB-2018

NASCIMENTO, R. C.; FREDERICO, S. Imobiliárias agrícolas financeirizada


land grabbing: a atuação de empresas agrícolas controladas pelo capital
financeiro no mercado fundiario brasileiro Geousp, v. 26, n.1, e-188587, abr.
2022.ISSN2179-0892.Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/188587. doi:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2022.188587.

Celso Furtado,
Formação econômica do Brasil, 14ª ed. São Paulo, Nacional, 1976.
JAHNEL,Leis de terra no Brasil 1987. Disponivel:
https://publicacoes.agb.org.br/index.php/boletim-paulista/article/view/968

MARX, K. O Capital - Livro I – crítica da economia política: O processo de


produção do capital. Tradução Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.
ÁVILA, S. R. S.A. Efeitos sócio-econômicos da expansão da cana de açúcar no
vale do São Patrício. Brasília: Ed.
UnB, 2009.

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