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UNIVERSIDADE FEDERAL SANTA CATARINA | UFSC

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS | CFH


Departamento de História
Disciplina: História Contemporânea
Semestre: 2024/1
Professor(a): Adriano
Aluna(o): William de Oliveira Borba

E. Wood. As origens do capitalismo cap. 4 (PG.75-100)

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p. 75 A autora inicia contestando a noção etapista, afastando a concepção de
que a própria dinâmica do feudalismo tenha criado o capitalismo,
demonstrando que características importantes da conformação
socioeconômica contemporânea já existia no feudalismo, mas não
edificaram a gênese do capitalismo; teria sido o contato das nações
ainda feudais com a concorrência inglesa e o desenvolvimento
industrial que foram puxadas para órbita do modo de produção
capitalista. Ela aponta para longe da concepção que os burgos foram
sementes que destruíram o feudalismo internamente, e para tanto
sugere que para tanto: “em primeiro lugar separarmos capitalista de
burguês e capitalismo de cidade.” Explicar o conceito de burgos”
p. 76 Capitalismo agrário
As cidades geralmente são associadas ao lugar de gênese do
capitalismo; diz-se que basta-se a autonomia das cidades (e seus
burgueses e atividades econômicas características) para que o
capitalismo se desenvolva (sem as amarras ideológicas deveria poderia
ter se desenvolvido praticamente em qualquer era segundo essa lógica).
p. 76-77 Comumente (e de forma equivocada) é dado um caráter natural do
humano práticas ao capitalismo, evidenciado na antiquíssima prática do
comércio e dos agrupamentos urbanos. Wood rebate essanauralidade
apontando para a origem rural do capitalismo, não encarnado na
expansão do comércio ou das margens de lucro, nem fundamentalmente
na relação entre produtores e apropriadores da riqueza, mas na
separação dos trabalhadores do meio de produção (cercamentos dos
campos)
p. 78 A relação produtor X apropriador já era circundada por mercados, mas
no capitalismo o dito mercado toma contornos específicos (agr tudo é
mercadoria, até o trabalho). Além da singularidade desse mercado
também há uma constante necessidade de expansão e concentração
dada a competição estabelecida – inédita nos demais modos de
produção.
p. 79 Se diferentes mercados e relações de exploração sempre existiram,
“como foi que os produtores e apropriadores, assim como a relação
entre eles, passaram a ser tão dependentes do mercado?”. Antes já
havia extensas redes de comércio, mas a principal lógica era “comprar
barato e vender caro”, não se necessitava de uma grande acumulação
anterior e a competição não era tão determinante. Os mercados eram
desarticulados, e sua lógica de lucro estava fundamentada no
transporte: Encontrar um lugar com matéria/produto barata(o), e um
onde possa vender pelo maior valor possível (até aí os produtores que
não eram escravizados ainda detinham os meios de produção).
p.80 Os produtos do mercado (até pelo menos oséculo XVII – o contexto
anteriormente elencado pela autora) eram acessíveis para uma pequena
classe de posses; os camponeses e trabalhadores urbanos que
produziam e marcavam seus excedentes para suprir as demandas
cotidianas. Não havia competição no sentido de melhorar a
eficiência/produtividade da produção e baratear o custo e aumentar o
lucro; a competitividade se dava por meios extra econômicos (domínios
de rotas, normas, instituições financeiras). O mercador apenas fazia
circular.
p. 81 81: Na frança (séc XVIII) pode-se perceber a convivência das lógicas
de comércio com a estrutura de propriedade e produção pré-capitalista;
o camponês tem a terra, e a exploração do excedente se dá por impostos
e rendas; a exceção a esse quadro está na Inglaterra do século XVI.
p. 82 Lá se encontrava um Estado em boas condições de centralização de
poder político (em contraste da “soberania fragmentada do feudalismo);
nação com uma logística bem integrada; Londres estava pujante e a
economia inglesa de base agrária cresce de forma singular: 1) Classe
dominante desmilitarizada aliada a monarquia centralizadora;
aristocracia sem “poderes extraeconómicos autônomos nem uma
propriedade politicamente constituída” igual seus pares europeus.
p. 83 2) Troca entre centralização do poder estatal e o controle da terra pela
aristocracia; acumulação sem precedente de terras conferiu novas
possibilidades de exploração para os latifundiários. Uma grande parte
da terra na mão de arrendatários. Por não ter meios de coerção
suficientes, esses rendeiros não podiam cobrar mais pela terra, sem ao
menos estimular/forçar os produtores a aumentarem a produção
(aumentando o excedente disponível para explorar pelos impostos e
rendas). Normalmente as aristocracias apenas precisavam da coerção.
p. 84-85 A competição passa a ser pautada também pela sujeição dos
arrendatários a um mercado de rendas monetárias, onde os preços a
serem pagos variam; se comparado a França onde os camponeses
tinham mais terra, lá não houve o imperativo da acumulação” já que
suas rendas eram fixas (baseadas na tradição feudal).

p.86 A competição tem um papel importante na separação dos produtores do


meio de produção, e também pelo aumento da produtividade, mas tudo
isso foi combinado a coerção e expulsão e extinção do direito
consuetudinário. Aumento da concentração do latifúndio e do número
de trabalhadores assalariados; maior produtividade no campo, maior
capacidade de abastecer os insumos cotidianos da classe trabalhadora
em formação. (aumento da exploração e da produtividade, “tanto a
exploração do trabalho alheio quanto a autoexploração”).
p. 87 França: A distribuição de cargos garante às classes ascendentes e
dominantes o poder de coerção e extorsão do campesinato; a
fragmentação econômica e política dificulta a integração econômica e a
própria competição/unificação do mercado interno, apenas superada no
período napoleônico, segundo a autora.
p. 88 A ascensão da propriedade capitalista e a ética do “melhoramento”
Desde o século XVI o campo inglês já apresentava características
únicas referente ao melhoramento dos processos produtivos, a autora
seguira discorrendo sobre o tal melhoramento (improve) – inclusive
demonstra a etimologia ligada a busca do lucro da terra;
p. 89 Ligação umbilical entre melhoramento e maximização do lucro no
século XIX; No séc. XVII os intelectuais formularam e se engajaram na
questão do melhoramento agrícola (cita Locke e membros da Royal
Society). Esse melhoramento a princípio se deu pela revisão e
reelaboração de técnicas e da tecnologia já concebida – não dependeu
de avanços tecnológicos –, ele “significava [...] novas formas de
concepções da propriedade.” = latifúndio mais concentrado
p.90 A cultura aldeã camponesa tinha uma lógica própria na regulação do
campo/plantio, que não visava necessariamente o lucro máximo, mas
sim certo equilíbrio e estabilidade entre os aldeões; uso de terras por
terceiros (não proprietários) e terras comunais; Para os latifundiários
essas práticas iam contra sua lógica de melhoramento e maximização
da produtividade/lucro; eles pleitearam o fim do direito feudal para
transformar as relações de propriedade, tanto para provada quanto
exclusiva.
p.91 Cercamentos: A mais significativa transformação nas relações de
propriedade; reivindicação de grandes proprietários pelo fim das terras
comunais e até de pequenos produtores tradicionais; objetivo era
ocupar as terras com ovelhas ou tornar mais eficiente e lucrativa a
produção – em detrimento do direito feudal. Esse primeiro impulso foi
no século XVI e XVII, depois da guerra civil – onde os cercamentos
ainda causavam grande tensão e ressentimento nos lesados –, o papel
dessas ações no século XVIII passaram a se originar do parlamento,
regulando completamente essas expropriações em favor do grande
latifúndio e do melhoramento de forma oficial e ampla – “vitória do
capitalismo agrário”.
p.92-94 A Teoria da propriedade de Locke: Houve uma disputa jurídica e
ideológica entre o melhoramento e o direito tradicional; a autora
examinará as teses de Locke sobre o tema (no Segundo tratado sobre o
governo – séc. XVII). Sua abordagem está pautada no direito natural à
propriedade – tudo aquilo que o “homem” emprega no trabalho já não é
mais da natureza, mas sim sua ferramenta por direito e mérito. O
próprio sentido da terra seria ser melhorada, transformada para
melhorar o lucro e prosperidade – que deve ser cercada para atender as
demandas privadas de lucro máximo; o valor agregado de todo produto
viria dessa transformação pelo trabalho do homem sobre a natureza –
mas há uma ligação idealista entre propriedade e trabalho, onde o
empreendedor seria também o produtor, tratando o trabalho do
assalariado como se fosse o de seu empregador. Não é o trabalho em si
que gera o valor, mas sim a capacidade lucrativa da produção – o
trabalho coletivo dos indígenas americanos portanto seria estéril e sem
valor segundo Locke
p.95 É um advento capitalista o proprietário da classe dominante – aquele
que não trabalha, apenas recebe rendas ou contrata terceiros –
chamar-se de produtor. Locke é pioneiro em sistematizar teses com
base nessas nascente práticas capitalistas agrárias no que diz respeito à
propriedade. Antes o foco não estava em analisar a produção e sua
eficiência, a atenção se voltava à circulação das mercadorias. A autora
diz que Locke tece críticas a produtores que não investem em
melhoramentos ou comerciantes intermediários que priorizam a
especulação (estoque ou comprar barato para vender caro) – [essa
parte me causa dúvida por causa da própria lógica do livre
mercado; pesquisar quais as diferenças entre a visão de Locke e
Adam Smith]
p.96-97 Os escritos/análises de Locke estavam focados nas tendências
econômicas emergentes do capitalismo agrário – portanto às
priorizavam frente às formas industriais. Também se pautava nos
estudos de seu tempo sobre avanços das técnicas agrícolas para
maximização da produtividade. Em seu tempo foi muito influente, dada
a disputa que ocorria na esfera prática entre costume X +produtividade.
O princípio da lucratividade vai se estabelecendo e ganhando cada vez
mais espaço no século XVIII. As ideias de Locke estavam em
consonância com os interesses latifundiários e serviam para justificar os
cercamentos – estes, que como dito antes –, se intensificaram via
parlamento no século XVIII. Supostamente o melhoramento traria mais
riqueza à comunidade do que o “quinhão comum” – mais valia o lucro
de poucos do que a subsistência e estabilidade de muitos.
p.98 Luta de classes: A disputa pela terra na Inglaterra escancarou e
inaugurou uma escalada na luta entre as classes – agora que os
camponeses, artesão, etc –, estavam apartados ou na disputa pelo
acesso aos meios de produção; na França a questão era outra, já que as
classes ascendentes enriqueciam pelo privilégio concedido pelo Estado
– este legitimado pela nobreza que passava a repartir seu poder
econômico e extra-econômico com a “burguesia” latifundiária – os
proprietários ganhavam na base da extorsão. As relações de poder tem
conflitos e contradições; a ascensão burguesa pela renda e negligência a
impostos, competia com o Estado que devia preservar sua primazia pela
exploração do campesinato por meio do imposto – enquanto o burguês
tentava aumentar a renda em cima desse mesmo campesinato.
p.99 Na maior parte do antigo regime a maior exploração do camponês foi a
questão do imposto abusivo, então no período revolucionário esta será
uma importante bandeira de mobilização; o latifundiário inglês não
tinha a mesma relação com o Estado e com a terra – baseado na
exploração pela via econômica. O francês estava preocupado com a
manutenção do privilégio e do cargo, o inglês com a regulação dos
cercamentos para maximizar o lucro/capacidade produtividade. A luta
do camponês inglês então se voltava contra os cercamentos e pela
manutenção dos direitos consuetudinários – diferentemente do
camponês francês. A grande diferença da classe latifundiária inglesa é
seu grau de dependência econômica do estado; ela não depende que sua
renda venha diretamente do Estado nem tem grandes problemas com a
tributação, sua disputa gira em torno da concentração de terra e
extinção das leis e relações de propriedade feudais que travavam seus
interesses.
p.100 A autora encerra fazendo indagações sobre como a dinâmica da luta de
classes está relacionada ao desenvolvimento capitalista; No caso
francês é evidente um embate entre burguesia e aristocracia; no caso
inglês nem tanto, já que apesar dos atritos, o Estado inglês pavimentou
as transformações da propriedade que abriram caminho para o
desenvolvimento do capitalismo agrário e os melhoramentos.
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