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O “CAPITALISMO”

O sistema capitalista é adotado em quase todo o mundo e começa a dar seus primeiros sinais de
existência no século XV, com o enfraquecimento do sistema feudal. Há um certo consenso entre os
estudiosos de que o capitalismo está hoje em sua terceira fase – capitalismo financeiro -, as duas
primeiras foram comercial e industrial.
Apesar de nos referirmos ao capitalismo como um sistema econômico, é fundamental ter em mente
que o modo de produção vai interferir diretamente em aspectos políticos, sociais e econômicos, ou
seja, o sistema vai influenciar na organização de todos os aspectos de uma sociedade.
O sistema capitalista começa a surgir com a decadência do sistema de produção vigente até então:
o feudalismo. O feudalismo teve início no século V e durou até o século XV, quando o capitalismo
começou a tomar forma.
O capitalismo é um sistema econômico que visa ao lucro e à acumulação das riquezas e está baseado
na propriedade privada dos meios de produção. Os meios de produção podem ser máquinas, terras,
ou instalações industriais, por exemplo, e eles têm a função de gerar renda por meio do trabalho.
Há duas classes sociais principais nesse sistema: os capitalistas (ou burgueses) e os proletários (ou
trabalhadores). Os capitalistas são os donos dos meios de produção, eles empregam os trabalhadores
e a eles pagam salários. Os proletários, por sua vez, oferecem sua mão-de-obra para realizar
determinado trabalho em troca de uma remuneração.
No capitalismo, a comercialização dos produtos é realizada em um mercado livre, com pouca ou
nenhuma interferência do Estado. Nesse caso, as empresas vendem seus produtos conforme as leis da
oferta e da demanda. Ou seja, conforme a quantidade de produtos que são produzidos e estão em
estoque, e também de acordo com a procura dos consumidores pelos serviços e bens de consumo.
Principais características do capitalismo
Para ficar ainda mais fácil de entender como funciona esse sistema, nesta seção vamos explicar
algumas das principais características do capitalismo:
 Propriedade privada dos meios de produção
Para o funcionamento do capitalismo, é necessário que o Estado garanta a propriedade privada. Com
a propriedade privada garantida, os capitalistas – detentores de terras, maquinários ou qualquer outro
meio de produção – são livres para utilizá-la da forma como desejam, afinal, são os donos desses
recursos.
 Busca pelo máximo lucro e pela acumulação de riquezas
O objetivo do capitalismo é a obtenção de lucros cada vez maiores e esses lucros são decorrentes do
trabalho dos proletários nos meios de produção – fábricas, comércio, agricultura. Para a maximização
do lucro é comum que os donos dos meios de produção reduzam ao máximo os custos de suas
atividades e elevem os preços dos produtos ou serviço o quanto for possível.
 Economia de mercado (e a lei da oferta e da demanda)
Em uma economia de livre mercado, os bens e serviços são distribuídos de acordo com a lei da oferta
e demanda e há pouca interferência do Estado. Segundo essa lei, para os produtores, ou seja, para
aqueles que produzem e vendem os bens, quanto mais alto o preço do produto, mais interesse ele tem
em vendê-lo e por consequência, maior a quantidade ofertada. Se o preço do produto for muito baixo,
os produtores vão ter pouco estímulo a permanecer no mercado, pois terão baixos lucros.
Pelo lado da demanda, o comportamento é oposto, pois os consumidores vão ter mais interesse em
consumir um produto, quanto mais baixo for o seu valor. É uma relação bem simples, pense com a
gente: se você está com sede e pretende comprar uma água, você provavelmente comprará apenas
uma garrafa se considerar seu valor alto, mas se ela estiver barata, você vai considerar comprar uma
quantidade maior.
Quando há uma intensa competição entre os capitalistas, aquele que reduzir os preços, conseguirá
vender mais. Nessa dinâmica, os consumidores buscam sempre os menores preços e os donos dos
meios de produção buscam sempre os maiores lucros.

 Trabalho assalariado
O trabalho assalariado do sistema capitalista substituiu as relações servis e escravocratas dos
séculos de feudalismo. No sistema capitalista, os proletários trabalham para os burgueses e
recebem um salário em troca de sua força de trabalho.
O trabalho assalariado no capitalismo é fundamental para a manutenção do sistema, afinal, é
com o salário que os trabalhadores compram bens e serviços e garantem o funcionamento do
sistema. Como a classe dos trabalhadores é muito maior que a classe dos burgueses, é
imprescindível que eles possam consumir, caso contrário, faltaria demanda.
Apesar de o capitalismo se basear no trabalho assalariado, sabe-se que práticas próximas ao
trabalho escravo ainda são comuns no mundo.

 Existência de classes sociais (capitalistas e proletários)


Esta é uma das características que mais geram críticas ao funcionamento do capitalismo. Isso
porque, de um lado, existe uma pequena parcela da população que é detentora dos meios de
produção e, a partir da acumulação de riquezas, eleva o seu poder econômico. E de outro, um
número muito grande de proletários trabalham para garantir a satisfação de suas necessidades.
Por inúmeras razões, como qualificação profissional e oportunidades de educação, por
exemplo, alguns trabalhadores conquistam bons salários, o que lhes permite condições
confortáveis de vida e até mesmo ascensão social. Mas por outro, uma grande parcela da
população recebe salários baixos, o que pode diminuir as condições de mobilida de na escala
social.

Fases do sistema capitalista


Primeira fase do sistema capitalista: Capitalismo Comercial (Século XV – XVIII)
A fase do capitalismo comercial é também chamada de pré-capitalista. Naquele momento ainda não
havia industrialização e o sistema estava baseado em trocas comerciais. O modelo econômico adotado
nesse período foi o mercantilismo, que tinha como principais características:
o controle estatal da economia – o Rei controlava o mercado;
o protecionismo – proteção do mercado interno;
o metalismo – acúmulo de metais preciosos;
e a balança comercial favorável – mais exportação do que importação.
A crença naquele momento era de que a riqueza disponível no mundo não poderia ser aumentada,
apenas redistribuída. Assim, os países buscavam a acumulação de riquezas por meio da proteção da
economia local e acúmulo de metais decorrente das trocas comerciais que realizavam com outros
países. Foi nesse período que nações europeias exploraram os recursos de suas colônias, como
aconteceu aqui nas Américas.
Segunda fase do sistema capitalista: Capitalismo Industrial (Século XVIII – XIX)
A passagem do capitalismo comercial para o capitalismo industrial se deu em meio à
revoluções tecnológicas e políticas. A Revolução Industrial se inicia na Inglaterra em 1760, e tem
como seu marco principal a introdução da máquina a vapor na produção, o que deu início à transição
de uma produção manufatureira para uma produção industrial.
A produção industrial tornava-se necessária, pois com o crescimento demográfico e expansão das
cidades era necessário que os produtos fossem criados e distribuídos com mais eficiência e escala.
As revoluções também tiveram um caráter político. Em 1789 inicia-se a Revolução Francesa,
movimento que buscava o fim da organização política, social e econômica vigente na época; que
oferecia privilégios a pequenas parcelas da população e concedia poucos direitos ao povo.
Nessa fase do capitalismo, o poder passou para as mãos da burguesia, que começou a crescer com a
intensificação do comércio. A economia durante o período do capitalismo industrial estava baseada
no liberalismo econômico. Essa corrente de pensamento – cujo principal pensador foi Adam Smith –
defendia o Estado mínimo e a não intervenção estatal na economia. Segundo seus defensores, a lei de
oferta e procura e a competição do mercado, garantiriam melhores resultados para a sociedade como
um todo.
O modo de produção vigente nos séculos de capitalismo industrial permitiram o aumento da
produtividade, a diminuição dos valores das mercadorias e a acumulação de capital; por outro lado,
esses avanços só foram possíveis a partir de condições precárias de trabalho, jornadas de trabalho
muito altas, diminuição dos salários e aumento do desemprego.

Terceira fase do sistema capitalista: Capitalismo Financeiro (Século XX)


O capitalismo financeiro se inicia no século XX, depois do final da Segunda Guerra Mundial. Essa
nova fase tem seu início quando bancos e empresas se unem para obter maiores lucros. É nesse
momento que surgem as empresas multinacionais e transnacionais, e se fortalecem as práticas
monopolistas. Esse modelo, vigente até hoje, é baseado nas leis das instituições financeiras e dos
grandes grupos empresariais presentes no mundo todo.
É um período caracterizado por elevada concorrência internacional, monopólio comercial, evolução
tecnológica, globalização e elevadas taxas de urbanização. É chamado de capitalismo financeiro, pois
as grandes empresas passaram a vender parcelas de seu capital na bolsa de valores, e a partir de então,
passou-se a produzir riqueza por especulação. Nesse momento, a acumulação do capital chegou a
níveis nunca vistos antes.
Em decorrência das políticas liberais, em 1929, o sistema capitalista vive uma das piores crises
econômicas da história. Por conta de uma produção em excesso nos Estados Unidos e da redução da
demanda por produtos desse país, as empresas perderam valor e houve a quebra da bolsa de valores.
Para salvar o mercado, o Estado teve que intervir na economia e a partir de então adotou-se o sistema
econômico Keynesiano, que defendia a intervenção do Estado na economia para evitar crises e
garantir o consumo e o emprego. Esse sistema é também chamado de Welfare State, ou Estado de
bem-estar social.
A partir dos anos 1980, o keynesianismo perde forças e a ideia de Estado mínimo e pouca participação
estatal na economia retorna. Assim como os liberais, os defensores do neoliberalismo, defendem que
as próprias regras do mercado vão garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento social.
O neoliberalismo foi implantado no Brasil e em diversos países da América Latina, seguindo as
proposições do que se estabeleceu no Consenso de Washington – uma proposta neoliberal para o
desenvolvimento dos países da região.
Capitalismo informacional
O capitalismo informacional não é uma nova fase do capitalismo, mas um novo momento da fase do
capitalismo financeiro. O conceito de capitalismo informacional foi discutido pela primeira vez
por Manuel Castells, em seu livro Sociedade em rede, publicado em 1996 e está relacionado
à revolução tecnológica dos últimos tempos.
O capitalismo informacional é caracterizado pela globalização e pelos avanços nas tecnologias de
informação, na aceleração e crescimento dos fluxos de informações, pessoas, capitais e mercadorias.
Segundo esse autor, essas transformações tecnológicas mudam nossas práticas culturais e sociais e
constroem uma nova estrutura social.
Disponível em: https://www.politize.com.br/capitalismo-o-que-e-o/
https://www.politize.com.br/sistema-capitalista-origem/
TRILHA 4 Tema: O trabalho na era digital

1. PONTO DE ENCONTRO
Nossa, chegamos a nossa última trilha dessa etapa. Passou tão rápido! Até
aqui vários amigos te ajudaram a se localizar nas trilhas que percorreu,
agora é minha vez. Juntos, vamos pensar um pouco sobre como funciona
o trabalho na era digital. Já está dando um pouquinho de saudades, né?
Eu sei. Mas não se preocupe, temos um tempinho juntos ainda. “Bora” para
trilha, aventureiro?

2. BOTANDO O PÉ NA ESTRADA
Você já assistiu filmes de ficção científica que previam um futuro super
tecnológico, com carros voadores, teletransporte e apartamentos total-
mente automatizados? Bom, nossa realidade pode não ser exatamente como
nos filmes, mas a tecnologia faz parte do nosso cotidiano, intensamente.

3. LENDO AS PAISAGENS DA TRILHA


E quando se trata do trabalho no mundo digital, como você acha que ele
acontece? Nas imagens 1 e 2, podemos ver algumas questões referentes a
isso. Que tal, fazermos nosso último exercício de observação da paisagem
dessa primeira temporada? Não esqueça de registrar suas impressões no
seu diário de bordo (caderno), ok?

Figura 1

Disponível em: https://www.


foursales.com.br/2019/03/25/
futuro-do-trabalho-como-sera/
Acesso em: 30 de jul. 2020.

TRILHA 4 | Tema: O trabalho na era digital 1


Figura 2

Disponível em: https://consultor-


marketing.digital/marketing-de-
-influenciadores-vale-a-pena/
Acesso em: 30 de jul. 2020.

4. EXPLORANDO A TRILHA
E aí, tudo tranquilo até aqui? Vamos avançar um pouco mais na nossa
trilha, vendo como se desenha o trabalho nesse novo cenário atual. Como
esse é um tema bem novo, além das leituras, te recomendo fazer uma
pesquisa sobre o tema, afinal sempre é bom saber um pouco mais, não é?

Texto 1 – Revolução 4.0: Robôs e máquinas fecharão milhões de empre-


gos no Brasil
Na era dos robôs e das máquinas, o emprego é de quem? Esta é a pergunta
um trabalho recente da Universidade de Brasília (UnB) sobre o avanço da
tecnologia no mercado de trabalho brasileiro. Inúmeras pesquisas no mun-
do tentam responder a essa questão, já que, hoje, a Inteligência Artificial
(IA) pode criar máquinas com capacidades cognitivas até então exclusivas
dos humanos.
A resposta é complexa, mas um resumo possível é que boa parte das ocu-
pações conhecidas serão radicalmente transformadas, ou mesmo extintas,
para dar lugar a dispositivos dotados de IA. Outras, contudo, serão criadas.
E a capacidade de ocupá-las é o que fará a diferença entre emprego e de-
semprego no futuro.
Depois de avaliar 2.062 ocupações, o estudo do Laboratório de Aprendiza-
do de Máquina em Finanças e Organizações (Lamfo), da UnB, concluiu que
25 milhões de empregos (ou 54% do total) estão alocados em funções com
probabilidade alta (de 60% a 80%) ou muito alta (80%) de automação. A
base é a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2017, do Ministério

TRILHA 4 | Tema: O trabalho na era digital 2


da Economia, analisada por 69 acadêmicos e especialistas em aprendizado
de máquina.
Estariam a perigo trabalho repetitivo (como cobradores de ônibus e ope-
radores de telemarketing) – mas também especializados (caso de fono-
audiólogos e advogados). Sobreviverá por mais tempo o que depender de
empatia, cuidado, interpretação subjetiva, como assistentes sociais, babás
e psicanalistas. E há ainda ocupações em que apenas uma parte é “roboti-
zável”: 40% do trabalho de um contador, por exemplo.
Não significa que, no Brasil, 54% do mercado de trabalho vai desaparecer.
Sob o aspecto econômico, em alguns segmentos pode não ser viável subs-
tituir gente por máquina. Mas, lenta ou rapidamente, o avanço da máquina
continuará sua marcha, afirmam especialistas. Caixas de lojas resistem,
mas terminais de atendimento são cada vez mais comuns no comércio.
“Até há pouco tempo, a automação eliminava atividades de baixa qualifica-
ção. O que há de novo é que robôs dotados de inteligência podem substituir
ao menos parte das funções exercidas por advogados, engenheiros, médi-
cos”, afirma Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia e Admi-
nistração (FEA) da USP. Há 30 anos, ele escreveu o livro Robôs: Ruim Com
Eles, Pior Sem Eles. Naquele momento, montadoras de automóveis começa-
vam a instalar robôs em suas linhas de produção.
Um exemplo do que diz Feldmann: em Cingapura, o hospital Mount Eliza-
beth Novena adotou “enfermeiras-robôs” para monitorar os sistemas vitais
dos pacientes em sua unidade de terapia intensiva. Outro: 13 tribunais de
Justiça no Brasil, entre eles o Supremo Tribunal Federal (STF), instalaram
IA para reduzir o volume de trabalho. No TJ do Rio Grande do Norte, o robô
“Clara” lê documentos, sugere tarefas e até recomenda decisões.
A robotização ameaça eliminar milhões de empregos aqui e no mundo. Rela-
tório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
chamado O Futuro do Trabalho estima que 14% dos empregos do bloco têm
alta probabilidade (70%) de automação. Outros 32% serão “radicalmente
transformados” – têm de 50% a 70% de chances de serem robotizados.
Disponível em: https://vermelho.org.br/2019/07/18/revolucao-4-0-robos-e-
-maquinas-fecharao-milhoes-de-empregos-no-brasil/ Acesso em: 30 jul. 2020.

Para aprofundar mais sobre esse tema, é necessário que você realize os
estudos no seu livro didático e nos objetos de conhecimento a seguir.

TRILHA 4 | Tema: O trabalho na era digital 3


A situação da classe trabalhadora na Inglaterra
A história da classe trabalhadora na Inglaterra começa na segunda metade do século passado, com a
invenção da máquina a vapor e das máquinas destinadas a trabalhar o algodão. Sabe-se que estas
invenções desencadearam uma revolução industrial que, simultaneamente, transformou a sociedade
burguesa no seu conjunto o cuja importância só agora se começa a reconhecer na história do mundo.
A Inglaterra e o país clássico desta revolução que foi tanto mais poderosa quanto mais
silenciosamente se fez. E por isso que a Inglaterra e também o país de eleição onde se desenvolve o
seu resultado essencial, o proletariado. E só na Inglaterra que o proletariado pode ser estudado em
todos os seus aspectos e relações. [...]
Antes da introdução da maquinaria, a fiação e a tecelagem das matérias-primas efetuava-se na própria
casa do trabalhador. Mulheres fiavam o fio que o homem tecia ou que elas vendiam, quando o chefe
de família não o trabalhava. Estas famílias de tecelões viviam, na maior parte dos casos, no campo,
próximo das cidades, e o que ganhavam assegurava perfeitamente a sua existência, porque o mercado
interno constituía ainda o fator decisivo da procura de fazendas — era mesmo o único mercado — e
o poder esmagador da concorrência que devia aparecer mais tarde, com a conquista de mercados
estrangeiros e com a extensão do comércio, não pesavam ainda sensivelmente no salário. A isto
juntava-se um permanente crescimento da procura do mercado interno, paralelamente ao lento
crescimento da população, o que permitia ocupar a totalidade dos trabalhadores; e preciso mencionar,
por outro lado, a impossibilidade de uma concorrência brutal entre os trabalhadores, dada a dispersão
do habitat rural. Assim, o tecelão podia fazer, muitas vezes, economias e arrendar um bocado de terra
que cultivava nas horas de ócio. Ele determinava-as a sua vontade porque podia tecer quando e
durante quanto tempo desejasse. E certo que era um pobre camponês e que se dedicava a agricultura
com certa negligência, sem tirar dela um proveito real; mas, pelo menos, não era um proletário e tinha
plantado — como dizem os ingleses — uma estaca no solo da sua pátria, tinha uma habitação e na
escala social situava-se no escalão acima do trabalhador inglês de hoje.
Assim, os trabalhadores viviam uma existência em geral suportável e levavam uma vida honesta e
tranquila, em tudo piedosa e honrada; a sua situação material era bem melhor que a dos seus
sucessores; não tinham necessidade de se matarem a trabalhar, não faziam mais do que lhes apetecia
e, no entanto, ganhavam para as suas necessidades e tinham tempos livres para um trabalho são no
jardim ou no campo, trabalho que era para eles uma forma de descanso, e podiam, por outro lado,
participar nas distrações e jogos dos seus vizinhos; e todos estes jogos contribuíam para a manutenção
da sua saúde e para o seu desenvolvimento físico.

Figura – 1
Figura – 2

“ A GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO ATUAL ”.

Texto 1 – Controvérsias em torno da globalização


A globalização é um dos termos mais frequentemente empregados para descrever a atual conjuntura
do sistema capitalista e sua consolidação no mundo. Na prática, ela é vista como a total ou parcial
integração entre as diferentes localidades do planeta e a maior instrumentalização proporcionada
pelos sistemas de comunicação e transporte.
O conceito de globalização é dado por diferentes maneiras conforme os mais diversos autores em
Geografia, Ciências Sociais, Economia, Filosofia e História que se pautaram em seu estudo. Em uma
tentativa de síntese, podemos dizer que a globalização é entendida como a integração com maior
intensidade das relações socioespaciais em escala mundial, instrumentalizada pela conexão entre as
diferentes partes do globo terrestre.

Vale lembrar, no entanto, que esse conceito não se refere simplesmente a uma ocasião ou
acontecimento, mas a um processo. Isso significa dizer que a principal característica da globalização
é o fato de ela estar em constante evolução e transformação, de modo que a integração mundial por
ela gerada é cada vez maior ao longo do tempo.

Há um século, por exemplo, a velocidade da comunicação entre diferentes partes do planeta até
existia, porém ela era muito menos rápida e eficiente que a dos dias atuais, que, por sua vez, poderá
ser considerada menos eficiente em comparação com as prováveis evoluções técnicas que ocorrerão
nas próximas décadas. Podemos dizer, então, que o mundo se encontra cada dia mais globalizado.

O avanço realizado nos sistemas de comunicação e transporte, responsável pelo avanço e


consolidação da globalização atual, propiciou uma integração que aconteceu de tal forma que tornou
comum a expressão “aldeia global”. O termo “aldeia” faz referência a algo pequeno, onde todas as
coisas estão próximas umas das outras, o que remete à ideia de que a integração mundial no meio
técnico-informacional tornou o planeta metaforicamente menor.

A origem da Globalização

Não existe um total consenso sobre qual é a origem do processo de globalização. O termo em si só
veio a ser elaborado a partir da década de 1980, tendo uma maior difusão após a queda do Muro de
Berlim e o fim da Guerra Fria. No entanto, são muitos os autores que defendem que a globalização
tenha se iniciado a partir da expansão marítimo-comercial europeia, no final do século XV e início
do século XVI, momento no qual o sistema capitalista iniciou sua expansão pelo mundo.
De toda forma, como já dissemos, ela foi gradativamente apresentando evoluções, recebendo
incrementos substanciais com as transformações tecnológicas proporcionadas pelas três revoluções
industriais. Nesse caso, cabe um destaque especial para a última delas, também chamada
de Revolução Técnico-Científica-Informacional, iniciada a partir de meados do século XX e que
ainda se encontra em fase de ocorrência. Nesse processo, intensificaram-se os avanços técnicos no
contexto dos sistemas de informação, com destaque para a difusão dos aparelhos eletrônicos e da
internet, além de uma maior evolução nos meios de transporte.
Portanto, a título de síntese, podemos considerar que, se a globalização iniciou-se há cerca de cinco
séculos aproximadamente, ela consolidou-se de forma mais elaborada e desenvolvida ao longo dos
últimos 50 anos, a partir da segunda metade do século XX em diante.

Aspectos positivos e negativos da globalização

Uma das características da globalização é o fato de ela se manifestar nos mais diversos campos que
sustentam e compõem a sociedade: cultura, espaço geográfico, educação, política, direitos humanos,
saúde e, principalmente, a economia. Dessa forma, quando uma prática cultural chinesa é vivenciada
nos Estados Unidos ou quando uma manifestação tradicional africana é revivida no Brasil, temos a
evidência de como as sociedades integram suas culturas, influenciando-se mutuamente.

Existem muitos autores que apontam os problemas e os aspectos negativos da globalização, embora
existam muitas polêmicas e discordâncias no cerne desse debate. De toda forma, considera-se que o
principal entre os problemas da globalização é uma eventual desigualdade social por ela
proporcionada, em que o poder e a renda encontram-se em maior parte concentrados nas mãos de
uma minoria, o que atrela a questão às contradições do capitalismo.

Além disso, acusa-se a globalização de proporcionar uma desigual forma de comunicação entre os
diferentes territórios, em que culturas, valores morais, princípios educacionais e outros são
reproduzidos obedecendo a uma ideologia dominante. Nesse sentido, forma-se, segundo essas
opiniões, uma hegemonia em que os principais centros de poder exercem um controle ou uma maior
influência sobre as regiões economicamente menos favorecidas, obliterando, assim, suas matrizes
tradicionais.

Entre os aspectos positivos da globalização, é comum citar os avanços proporcionados pela evolução
dos meios tecnológicos, bem como a maior difusão de conhecimento. Assim, por exemplo, se a cura
para uma doença grave é descoberta no Japão, ela é rapidamente difundida (a depender do contexto
social e econômico) para as diferentes partes do planeta. Outros pontos considerados vantajosos da
globalização é a maior difusão comercial e também de investimentos, entre diversos outros fatores.
É claro que o que pode ser considerado como vantagem ou desvantagem da globalização depende da
abordagem realizada e também, de certa forma, da ideologia empregada em sua análise. Não é
objetivo, portanto, deste texto entrar no mérito da discussão em dizer se esse processo é benéfico ou
prejudicial para a sociedade e para o planeta.

Efeitos da Globalização

Existem vários elementos que podem ser considerados como consequências da globalização no
mundo. Uma das evidências mais emblemáticas é a configuração do espaço geográfico internacional
em redes, sejam elas de transporte, de comunicação, de cidades, de trocas comerciais ou de capitais
especulativos. Elas formam-se por pontos fixos – sendo algumas mais preponderantes que outras – e
pelos fluxos desenvolvidos entre esses diferentes pontos.

Outro aspecto que merece destaque é a expansão das empresas multinacionais, também chamadas de
transnacionais ou empresas globais. Muitas delas abandonam seus países de origem ou,
simplesmente, expandem suas atividades em direção aos mais diversos locais em busca de um maior
mercado consumidor, de isenção de impostos, de evitar tarifas alfandegárias e de angariar um menor
custo com mão de obra e matérias-primas. O processo de expansão dessas empresas globais e suas
indústrias reverberou no avanço da industrialização e da urbanização em diversos países
subdesenvolvidos e emergentes, incluindo o Brasil.

Outra dinâmica propiciada pelo avanço da globalização é a formação dos acordos regionais ou
dos blocos econômicos. Embora essa ocorrência possa ser inicialmente considerada como um entrave
à globalização, pois acordos regionais poderiam impedir uma global interação econômica, ela é
fundamental no sentido de permitir uma maior troca comercial entre os diferentes países e também
propiciar ações conjunturais em grupos.

Por fim, cabe ressaltar que o avanço da globalização culminou também na expansão e consolidação
do sistema capitalista, além de permitir sua rápida transformação. Assim, com a maior integração
mundial, o sistema liberal – ou neoliberal – ampliou-se consideravelmente na maior parte das políticas
econômicas nacionais, difundindo-se a ideia de que o Estado deve apresentar uma mínima
intervenção na economia.

A globalização é, portanto, um tema complexo, com incontáveis aspectos e características. Sua


manifestação não pode ser considerada linear, de forma a ser mais ou menos intensa a depender da
região onde ela se estabelece, ganhando novos contornos e características. Podemos dizer, assim, que
o mundo vive uma ampla e caótica inter-relação entre o local e o global.

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