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A origem agrária do

capitalismo -
In: Wood E.M. A Origem do Capitalismo Trad. Vera
Ribeiro. Rio de Janeiro. Jorge Zahar, 2001. p.75-100

UNIVERSIDADE FEDERAL SANTA


CATARINA | UFSC
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
HUMANAS | CFH
Departamento de História
Disciplina: História contemporânea I
Semestre: 2024/1
Professora: Adriano
Alunos: Vinicius e William
Ellen Meiksins Wood
● A cientista política e historiadora traça
muitas das suas investigações sob o
prisma da história social, desde o mundo
antigo até a contemporaneidade – se
debruçando sobre a história das ideias.
● Não teve vínculos com partidos nem
adeptas de linhas/correntes específicas,
bebeu de muitas vertentes do marxismo
(bem eclética), mas tem um histórico
engajado – participou das jornadas de 68
e também contribui para o debate em
torno da crítica ao marxismo dogmático.
1999 2001
Cap.4 - A origem agrária do capitalismo
● A autora faz um debate inicial sobre a noção etapista e natural do
desenvolvimento do capitalismo, que nega o caráter singular, situado no
tempo e em um contexto histórico/geográfico específico.
● Algumas características tidas como modernas, relacionadas a práticas
mercantis e trocas monetárias, remontam à Antiguidade greco romana.
● Autores que tratam da origem do capitalismo o relacionam uma espécie de
“oportunidade/liberdade” que surgiu no mercado de trocas no feudalismo.
● Junto a ligação que ocidente faz de capitalismo com a cidade pressupõem
alguma condições, e entre elas a ética, que deveria ser a protestante: Ligada a
disciplina do trabalho e busca pela prosperidade.
Capitalismo Agrário
● E a noção que a autora traz para quebrar a tradicional é a do surgimento do
capitalismo no campo.
● Para o surgimento do capitalismo, foi necessário a separação do homem
em relação a natureza, a transformação completa das relações sociais e
práticas humanas. Se destaca a separação do produtor da terra do meio de
produção.
● Uma das características que diferenciam a sociedade capitalista da pré são
os meios de apropriação do trabalho alheio.
○ através de meios “extra-econômicos” ou seja a coerção, no capitalismo é
puramente econômica.
● A classe latifundiária vai disputando seu poder pela via econômica à partir
do século XVI – buscando concentrar a terra e explorar o trabalho
enquanto mercadoria. Durante esse processo há uma mudança singular do
papel do mercado na sociedade, que passa a ser um mediador direto das
relações de produção e manutenção da vida.
Capitalismo Agrário
● Antes o princípio do comércio era “comprar barato e vender
caro”.
● As condições específicas da Inglaterra a partir do século XVI ao
XVIII, são favoráveis a transformação do papel do mercado nas
esferas mais essenciais da vida – seja desde de a alimentação a
própria exploração da força de trabalho em si:
■ Essas condições estão associadas a centralização política e a
capacidade logística desenvolvida ao longo do tempo que são
singulares na sociedade inglesa.
● Antes os produtos eram voltado ao consumo de especiarias
destinados a uma “elite” e estavam ligados ao transporte.
● Após houve uma política de “melhoramento”
A ascensão da propriedade capitalista e
a ética do “melhoramento”
● A palavra melhoramento (improve) passa a se referir ao aumento
de produtividade em vista do lucro.
● Melhoramento agrícola está fundamentado mais nos avanços de
novas técnicas de cultivo do que na invenção de novas tecnologias.
● No séc. XVII os intelectuais formularam e se engajaram na questão
do melhoramento agrícola (cita Locke e membros da Royal
Society).
● Basicamente a utilização de toda terra* agora era para produzir,
eliminando antigos costumes que poderiam atrapalhar a produção
Cercamentos
● Redefinição dos direitos a propriedade, delimitação de forma física
e não física dos direitos comunais a terras, das quais muitas
pessoas sobrevivam.
● Teve início no séc XVI e se arrastou até o XVIII com grandes
revoltas.
● Houve resistência da monarquia no começo mas depois que as
classes proprietárias consegue moldar o Estado para defenderem
seus interesses no séc XVII houve um novo tipo de cercamento o
parlamentar, ocorriam por decretos parlamentares
A teoria da propriedade de Locke
● Houve uma disputa jurídica e ideológica entre o melhoramento e o
direito tradicional; a autora examina as teses de Locke sobre o
tema (no Segundo tratado sobre o governo – séc. XVII).
● Basicamente há um esforço teórico para se alterar a natureza da
propriedade.
● Parte de um direito divino, onde deus concebeu a terra a todos os
homens mas alguns detinham propriedade de coisas particulares.
● Não é o trabalho em si que gera o valor, mas sim a capacidade
lucrativa da produção/trabalho – o trabalho coletivo dos indígenas
norte-americanos portanto seria estéril e sem valor segundo Locke
Luta de classes
● A luta de classe protagonizada na inglaterra após o século XVIII se
pauta na disputa da terra; apesar dos atritos entre a burguesia
ascendente e a nobreza, após a revolução gloriosa há uma cooperação
de interesses mais estável que lesa os camponeses, em favor dos
fazendeiros, latifundiários, arrendatários e mercadores.
● No contexto da França outra lógica é observada, onde burguesia e
nobreza se chocam na disputa pelo direito de tributar os camponeses e
pela manutenção dos privilégios dos cargos do Estado – os camponeses
nesse contexto não estavam na emergência de defender seu direito de
usufruto a terra (que não estava em voga), sua luta estava pautada na
luta contra a extorsão exacerbada comanda e mediada pelo Estado.

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