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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR

INDÍGENA NO BRASIL:
A L G U N S A P O N TA M E N T O S
ANA CAROLINA VIEIRA 102270
GUILHERME SOARES DA PA I X Ã O
103469
MARIANA DOLCETTI LOPES 97152
THIAGO HENRIQUE RODRIGUES 105686
JULIANA SCHNEIDER MEDEIROS

 Doutora em Educação (2020) pela Universidade Federal do Rio


Grande do Sul (UFRGS);
 Mestra em Educação (2012) e Licenciada em História (2007) pela
mesma universidade;
 Realizou estágio de doutorado sanduíche na University of
Saskatchewan, no Canadá;
 Trabalha como professora de História em uma escola indígena da rede
estadual do Rio Grande do Sul.
 É colaboradora na Ação Saberes Indígenas na Escolas (MEC/SECADI),
Núcleo UFRGS;
 Participa do Grupo de pesquisa (CNPq/UFRGS) PEABIRU: Educação
ameríndia e interculturalidade;
OBJETIVO
Identificar as diferentes fases da educação escolar indígena no Brasil,
considerando:
 Momentos da história do Brasil;
 Políticas indigenistas de Estado;
Período colonial - final do séc. XX:
 Padrões europeus;
 Dominar, civilizar e assimilar os povos indígenas;
 “Educação para índios”, Bartolomeu Melià (1979);

Início dos anos 70 - dias atuais:


 Construir com os índios, uma escola para os índios;
 Socialização integrante, respeitando a diversidade cultural;
 “Educação indígena” ou “escola dos índios”, Bartolomeu Melià (1979);
FA S E S D A E D U C A Ç Ã O E S C O L A R I N D Í G E N A N O
BRASIL

A PARTIR DE 1530
Início da ocupação sistemática de Portugal:
 População autóctone segregada em aliados vs. inimigos de Portugal:
 Índios bravos escravidão;
 Índios mansos catequização, civilização e trabalho;
 1549: primeiras experiências de escolarização dos povos indígenas;
 Foco para a tentativa de conversão ao cristianismo;
 O ensino ocorria por meio da oralidade. A escolarização propriamente
dita era reservada aos filhos dos portugueses;
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SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

Reformas de Marquês do Pombal, ministro do Império:


 Foco para a assimilação de todos os indígenas, mansos ou bravos;
 Civilização primeiro, catequese depois:
 Aldeias sob a administração de diretores leigos;
 Educação com enfoque ao desempenho civil;
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SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

 Diretório dos Índios, de 1757:


 Proibição dos costumes indígenas nas aldeias;
 Imposição da língua portuguesa;
 Estímulo ao casamento entre índios e não-índios;
 Fim à discriminação legal contra os índios;
 Incentivo à presença de não-índios nas aldeias;
 Transformação de aldeias em vilas, freguesias ou lugares;
 Criação de escolas para meninos e outra para meninas;
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SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

 Nordeste:
 Aldeamentos jesuíticos Vilas administradas pelo governo;
 Escolas de ler e escrever, e ensino da doutrina cristã;
 Capitania do Mato Grosso:
 Comum ainda a prática do cativeiro de indígenas;
 Não havia escola propriamente dita;
 A educação ocorria por meio do trabalho;
 São Paulo:
 Se manteve atrelada à igreja;
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A PARTIR DE 1845
Em 1789 o Diretório dos Índios foi extinto, mas continuou em vigor até
1845, com a criação do Regulamento das Missões:
 Foco para a acentuação das políticas assimilacionistas: transformar os
índios em trabalhadores a serviço do Estado e ocupar suas terras;
 A administração dos indígenas foi dividida entre Estado e ordens
religiosas católicas:
 Toda aldeia teria um missionário responsável por instruir os
índios nas máximas da religião católica e ensiná-los a ler,
escrever e contar;
 Ao Estado, cabia dar apoio estratégico e financeiro;
 Educação formal e catequese eram sinônimos, e o principal objetivo
era conversão para o trabalho;
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BRASIL REPÚBLICA
 Foco para aquisição de terras e formação de mão-de-obra;
 Criação do primeiro órgão de Estado voltado para assuntos
indigenistas:
Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores
Nacionais (SPILTN) Serviço de Proteção aos índios (SPI);
 O principal intuito do SPI era trabalhar na integração dos indígenas;
 Distinção dos índios em quatro grupos, conforme grau de assimilação:
 Índios isolados;
 Índios em contato intermitente;
 Índios em contato permanente;
 Índios integrados → o foco era esse, o completo
desaparecimento da condição indígena;
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BRASIL REPÚBLICA
 Implantação de escolas e oficinas nos aldeamentos: o intuito era
educar as primeiras letras, e, em alguns casos, o trabalho agrícola e
numerosos ofícios;
 As investidas missionárias como projetos de escolarização
permaneciam;
 O discurso oficial do SPI destacava a proteção e a tutela dos nativos.
Na prática, a conquista continuou ocorrendo, agora sob forma de
poder tutelar;
 SPI foi extinto na década de 1960 devido a acusações de maus tratos
aos indígenas, ineficiência administrativa e corrupção;
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CRIAÇÃO DA FUNAI
Criação da Fundação Nacional do índio, a FUNAI, em 1967:
 Primeiro órgão estatal de cunho puramente laico com os povos
indígenas;
 A escola continuou exercendo a função de civilizar e integrar;
 Em 1969, foi firmado convênio com o Summer Institute of Linguistics
(SIL):
 Introdução da educação bilingue como um instrumento;
 Utilização da alfabetização em língua indígena como um
elemento de transição à língua nacional;
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MOVIMENTO DE LUTA PELOS


DIREITOS INDÍGENAS
 Na década de 70 emerge o movimento que luta, sobretudo, pelos
direitos de demarcação de terras e pelo reconhecimento das
diferenças étnicas:
 Lideranças de diferentes povos passam a realizar assembleias
e participar ativamente da política nacional
 Educação escolar começa a ser debatida pelos próprios
indígenas e em âmbito acadêmico
 Nos anos 80, o movimento se intensifica:
 Eleição do primeiro indígena no congresso nacional: Mário
Juruna, do povo Xavante, foi eleito deputado federal;
 Artigo 231: rompimento (em teoria) com a política
integracionista do Estado respeito à organização social, aos
costumes, às línguas, às crenças e às tradições;
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MOVIMENTO DE LUTA
PELOS DIREITOS INDÍGENAS
 Garantir aos povos indígenas a autonomia quanto à gestão de suas
escolas;
 Participação direta da comunidade, de modo que o cotidiano escolar
seja adequado ao modo de vida de cada grupo;
 As línguas nacional e indígena possam circular de modo simétrico,
“fortalecendo e valorizando os povos indígenas”;
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MOVIMENTO DE LUTA PELOS


DIREITOS INDÍGENAS

 1991: as escolas vinculadas à FUNAI passam a ser administradas pelo


Ministério da Educação:
 Criação de leis;
 Criação de setores específicos para a gestão das escolas
indígenas, com envolvimento de lideranças, professores e
intelectuais indígenas na condução dos processos
educacionais;
 Novo paradigma: escola comunitária, bilingue, intercultural,
específica e diferenciada;
MARIANA KAWALL FERREIRA (1992)

1. Período colonial: a cargo dos missionários;


2. Do SPI à política FUNAI: assimilação indigenista pelo Estado;
3. Ditadura civil-militar: ação de ONGs indigenistas e do movimento
indígena;
4. Final dos anos 80 aos dias atuais: iniciativa dos próprios indígenas;
GERSEM LUCIANO
(2011)
 Análise processual da história da educação escolar do povo Baniwa;
 Propõe 4 períodos, considerando as complexidades de cada:

Escola colonial:
 Levou ao empoderamento intelectual e político dos indígenas;
 Permitiu pensar uma escola indígena específica e diferenciada;

Escola atual:
 Apresenta dificuldades básicas;
 Muitas ainda reproduzem o modelo colonial;
RICARDO CAVALCANTI-SCHIEL(1999)
E JOSÉ DA SILVA E MACIEL (2009)

Críticas:
 Cronologicamente linear;
 Divisão em etapas rígidas;
 Uniforme a todos os povos;
 “Passado de trevas” vs. “futuro iluminado”;

Adendos:
 A escola de ontem permite compreender a escola de hoje e a escola
que queremos construir;
 Não cair na armadilha de presumir que mudanças legislativas são, por
si, só suficientes para garantir a autonomia indígena;
RITA DO NASCIMENTO E LUIZ
ANTÔNIO OLIVEIRA (2012)

 Políticas educacionais são um reflexo das intenções do Estado em


relação aos indígenas;
 Movimento indígena e outras agências indigenistas: a história é, na
verdade, histórias;
A PRODUÇÃO CIENTÍFICA

 Há uma tendência crescente acerca o estudo da história da educação


escolar indígena no Brasil;
 Ela costuma aparecer de forma periférica, como contextualização
prévia à discussão central das pesquisas;
 A maioria dos trabalhos acerca a história da educação escolar
indígena no Brasil se localiza no período colonial;
 A educação escolar indígena ainda é um tema esquecido entre os
pesquisadores;
 É necessário afirmar a história da educação escolar indígena no Brasil
como um campo de pesquisa explorado por pesquisadores da História,
da Antropologia, ou da Educação;
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MEDEIROS, Juliana Schneider. História da educação escolar indígena no


Brasil: alguns apontamentos. In: XIV Encontro Estadual de História
ANPUH-RS, 2018, Porto Alegre.

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