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UTILIZAÇÃO DE BIM NA

PREFABRICAÇÃO

LUÍS CARLOS CORREIA SILVA

Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de


MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES

Orientador: Professor Doutor Alfredo Augusto Vieira Soeiro

JULHO DE 2019
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2018/2019
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

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Editado por

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mencionado o Autor e feita referência a Mestrado Integrado em Engenharia Civil -
2018/2019 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2019.

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___________________________________________________________________Utilização de BIM na prefabricação

Aos meus Pais, à minha Irmã e aos meus Avós

Imagine uma nova história para a sua vida e acredite nela.


Paulo Coelho
Utilização de BIM na prefabricação
Utilização de BIM na prefabricação

AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pelo amor e apoio incondicional que sempre demonstraram ao longo do curso e pelos
sacrifícios e obstáculos que tiveram de enfrentar, colocando sempre em primeiro lugar o meu sucesso
académico.
À minha irmã, pela sua disponibilidade para me ouvir e me aconselhar ao longo deste percurso.
À minha família, aos meus avós, tios e primos, que sempre demonstraram o seu apoio ao longo desta
caminhada.
Aos meus amigos, e em especial ao Roque, ao Diego, ao Dinis, ao João, ao Diogo, à Vânia e à Rita, pela
convivência, pelas histórias e pelas memórias que ficarão para o resto da minha vida.
Ao meu orientador, Professor Doutor Alfredo Soeiro, pela disponibilidade, compreensão,
aconselhamento e ajuda prestada no desenvolvimento deste trabalho.

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Utilização de BIM na prefabricação

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Utilização de BIM na prefabricação

RESUMO
O Building Information Modeling (BIM) é uma Information Technology (IT) que tem impactado a
Indústria da Construção (IC) nos últimos anos, devido aos seus benefícios e capacidades em vários
aspetos. O BIM consiste num modelo tridimensional virtual de um edifício com informação sobre todas
as componentes, tendo-se vindo a popularizar fortemente na última década por iniciativa própria da IC,
mas também por ação de políticas governativas que tendem a acelerar o ritmo de implementação da
tecnologia. Contudo, o BIM não é um software, mas sim um conjunto de processos inovadores que se
apoiam em softwares e que para serem adotados de uma forma o mais favorável possível, implicam
mudanças de mentalidade em todos os participantes do processo construtivo, conduzindo no fundo a
uma nova forma de trabalhar na construção.
Estudos anteriores concluíram que, de uma forma geral as vantagens inerentes à adoção de BIM por
parte da Indústria da Construção, tendem a suplantar em muito as desvantagens ou adversidades daí
decorrentes, dando, contudo, menos ênfase à utilização desta tecnologia num método construtivo com
uma cota de mercado minoritária e com características e particularidades distintas da construção
tradicional, a prefabricação.
De uma forma geral, podemos definir Prefabricação ou Off-Site Manufacturing (OSM) como sendo um
processo que tem lugar numa fábrica especializada e que consiste em produzir os elementos de um
edifício num local diferente do definitivo. Este método construtivo, tem já séculos de existência e possui
diferentes tipos de áreas de aplicação, tendo vindo a ser utilizado ao longo dos anos em países por todo
o mundo e em contextos variados. O mesmo tem evoluído em termos qualitativos ao longo das últimas
décadas, contudo, a sua baixa reputação e aceitação por parte da IC e da população em geral refletem-
se na sua baixa cota de mercado.
Este trabalho consistirá, portanto, numa abordagem conjunta às duas temáticas anteriormente
enunciadas, o Building Information Modeling e a Prefabricação, numa tentativa de analisar as
implicações entre ambas e a utilidade que a primeira poderá ter sobre a segunda, de forma a auxiliá-la
em vários aspetos e consequentemente a melhorar a sua popularidade entre a população em geral,
conduzindo eventualmente a um aumento da sua cota de mercado face ao método de construção
tradicional.
Assim sendo, esta dissertação pretende perceber até que ponto a utilização de BIM será útil na
Prefabricação, realizando-se um balanço entre pontos positivos e negativos resultantes da aplicação e
teste de um modelo para utilização de BIM na Prefabricação constituído no decorrer deste trabalho e
onde serão tidos em conta os softwares, processos e operações que mais se evidenciem nos casos de
estudo anteriores.
A comparação entre o que se obteve num projeto real sem recurso a BIM, e o que se obteria caso o
mesmo se tivesse utilizado, contribuirá fortemente para avaliar a viabilidade da aplicação desta
tecnologia na construção prefabricada.
Espera-se que este trabalho e em particular o guia de utilização de Building Information Modeling na
Construção Prefabricada elaborado no decorrer do mesmo, possa resultar numa contribuição para as
empresas ligadas a este método construtivo e que pretendam a curto ou médio prazo implementar a
metodologia BIM.

PALAVRAS-CHAVE: Bim, Tecnologia de Informação, Industrialização, Prefabricação, Offsite


Construction, Modularization.

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Utilização de BIM na prefabricação

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Utilização de BIM na prefabricação

ABSTRACT
The Building Information Modeling (BIM) is an Information Technology (IT) that has been impacting
the construction industry over the last few years, due to its benefits and capacities in various aspects.
BIM consists in a virtual tridimensional model of a building with information about all its components,
and it has been becoming highly popular over the last decade by Construction Industry’s own initiative,
but also through the action of government politics that tend to accelerate technology’s implementation
rhythm. However, BIM is not a software, but a set of innovative software-based processes that, in order
to be adopted as favorably as possible, imply changes of mindset in all participants in the construction
process, ultimately leading to a new way of working in construction.
Previous studies have concluded that, in general, the advantages regarding the adoption of BIM by part
of the IC tend to overcome the disadvantages or adversities also connected to that, giving, however, less
importance to this technology’s usage in a constructive method with a minor market quota and different
characteristics from traditional construction, the Prefabrication.
In a general way, we can define Prefabrication or Off-Site Manufacturing (OSM) as being a process that
takes place in a specialized factory and consists in producing elements of a building in a different
location from the final one. This construction method has been in existence for centuries, with different
types of application areas and has been used over the years in several countries around the world and in
various contexts. It has evolved in qualitative terms in the last decades, but due to its low reputation and
acceptance by the Construction Industry and population in general reflect its low market quota.
This work will therefore consist of a joint approach to the two previously mentioned themes, Building
Information Modeling and Prefabrication, in an attempt to analyze the implications between both and
the usefulness that the former may have on the latter, in order to help it, and consequently improving its
popularity among the general population, possibly leading to an increase in its market quota compared
to the traditional method of construction.
With that said, this dissertation aims to understand until which point the usage of BIM will be useful in
Prefabrication, by making a balance between positive points and negative results of its application and
test in a model for use of BIM in Prefabrication built during the making of the present thesis, in which
highlight software’s, processes and operations used in previous studies will be taken in account.
The comparison between what was achieved in a real project without using BIM and what would have
been achieved if it had been used, will therefore contribute to evaluate the viability of this technology’s
usage in prefabricated construction.
It is hoped that this thesis, and in particular the guide for using Building Information Modeling in
Prefabricated Construction elaborated during this work, may result in a contribution for companies
linked to this constructive method and wishing to implement the BIM methodology in the short or
medium term.

KEYWORDS: Bim, Information Technology, Industrialization, Prefabrication, Offsite Construction,


Modularization.

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Utilização de BIM na prefabricação

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Utilização de BIM na prefabricação

Índice Geral

UTILIZAÇÃO DE BIM NA PREFABRICAÇÃO .......................... I


AGRADECIMENTOS................................................................................................................ I
RESUMO..............................................................................................................................III
ABSTRACT .......................................................................................................................... V

1 INTRODUÇÃO ........................................................................ 1
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................................................... 1
1.2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 2
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................................................................... 2

2 ESTADO DA ARTE ................................................................ 5


2.1. CONSTRUÇÃO PREFABRICADA....................................................................................... 5
2.1.1. O CONCEITO ........................................................................................................................... 5
2.1.2. DESIGNAÇÕES E CONCEÇÕES .................................................................................................. 5
2.1.3. A PREFABRICAÇÃO EM PORTUGAL E NO ESTRANGEIRO .............................................................. 6
2.1.4. SISTEMAS DE PREFABRICAÇÃO ................................................................................................. 7
2.1.5. ÁREAS DE PREFABRICAÇÃO...................................................................................................... 8
2.1.5.1. Volumetric / Modular Construction – Construção Volumétrica ou Modular .................... 8
2.1.5.2. Panellised Construction – Construção com Painéis Prefabricados ................................ 8
2.1.5.3. Sub-Assemblies and Components – Subsistemas e Componentes ............................... 9
2.1.6. TIPOS DE LIGAÇÃO ................................................................................................................. 11
2.1.6.1. Viga contínua em betão armado com ligação simplesmente apoiada em mísula ........ 12
2.1.6.2. Pilar de aço com ligação em placa aparafusada à fundação ....................................... 12
2.1.6.3. Pilar com ligação aparafusada embutida à fundação ................................................... 13
2.1.6.4. Ligações utilizadas na fixação das componentes de estruturas metálicas em perfis de
aço .............................................................................................................................................. 13
2.1.6.5. Ligações utilizadas em estruturas metálicas de aço leve galvanizado (LSF) ............... 15
.................................................................................................................................................... 16
2.1.7. ANÁLISE SWOT DA PREFABRICAÇÃO...................................................................................... 17
2.2. BUILDING INFORMATION MODELING – BIM ................................................................... 18
2.2.1. O CONCEITO ......................................................................................................................... 18
2.2.2. EVOLUÇÃO DOS BIM .............................................................................................................. 19
2.2.3. DIMENSÕES DO BIM............................................................................................................... 20
2.2.4. LOD ..................................................................................................................................... 21
2.2.5. PROGRAMAS BIM .................................................................................................................. 22
2.2.6. PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DE BIM ................................................................................. 23
2.2.7. VANTAGENS E CONSTRANGIMENTOS ....................................................................................... 23

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Utilização de BIM na prefabricação

2.3. CASOS DE ESTUDO ANTERIORES ................................................................................. 23


2.3.1. AVALIAÇÃO DO IMPACTO ECONÓMICO DO BIM NA ÁREA DO BETÃO PREFABRICADO – E.U.A. ...... 23
2.3.2. IMPACTO DA UTILIZAÇÃO DE BIM NA SEGURANÇA EM OBRA DA CONSTRUÇÃO PREFABRICADA ..... 25
2.3.3. IMPLEMENTAÇÃO DE BIM NA PREFABRICAÇÃO - IRÃO ................................................................... 25
2.3.4. IMPLEMENTAÇÃO DE BIM NA CONSTRUÇÃO MODULAR: VANTAGENS E DESAFIOS........................ 27
2.3.4.1. Processo de implementação de BIM na construção modular ....................................... 27
2.3.4.2. Caso de estudo 1: Projeto de expansão de um hospital, Charlotte, North Carolina, USA
.................................................................................................................................................... 28
2.3.4.3. Caso de estudo 2: Projeto de escola secundária, Gastonia, North Carolina, USA ...... 29
2.3.5. BIM E PREFABRICAÇÃO: PESQUISA RECENTE E OPORTUNIDADES ............................................. 30
2.3.6. PERCEBENDO O CONTEXTO DE IMPLEMENTAÇÃO DE BIM EM EDIFÍCIOS PREFABRICADOS - BRASIL
....................................................................................................................................................... 31
2.3.6.1. Caso de Estudo 1: Hangar ............................................................................................ 31
2.3.6.2. Caso de estudo 2: Edifício de escritórios ...................................................................... 32
2.3.6.3. Caso de estudo 3: Hotel ................................................................................................ 32
2.3.6.4. Caso de estudo 4: Hospital ........................................................................................... 32
2.4. SUMÁRIO .................................................................................................................... 32

3 PONTOS RELEVANTES DA REVISÂO BIBLIOGRÁFICA . 33


3.1. VANTAGENS ............................................................................................................... 33
3.1.1. ECONOMIA ......................................................................................................................... 33
3.1.2. TEMPO .................................................................................................................................. 35
3.1.3. LOGÍSTICA ............................................................................................................................. 36
3.1.4. QUALIDADE............................................................................................................................ 37
3.1.5. SEGURANÇA .......................................................................................................................... 37
3.2. ADVERSIDADES ........................................................................................................... 38
3.3. SUMÁRIO .................................................................................................................... 38

4 MODELO PARA UTILIZAÇÂO DE BIM NA


PREFABRICAÇÂO............................................................... 39
4.1. DESCRIÇÃO GERAL ..................................................................................................... 39
4.2. VISITA A EMPRESA DE PREFABRICAÇÃO ....................................................................... 39
4.2.1. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA - SHAY MURTAGH PRECAST LTD ................................................ 39
4.2.2. PONTOS RELEVANTES DA VISITA ............................................................................................. 40
4.3. MODELO CONCEITUAL PARA UTILIZAÇÃO DE BIM NA PREFABRICAÇÃO .......................... 40
......................................................................................................................................... 40
4.4. DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DO MODELO PARA UTILIZAÇÃO DE BIM NA PREFABRICAÇÃO ... 41
4.4.1. PLANEAMENTO INICIAL ........................................................................................................... 41

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Utilização de BIM na prefabricação

4.4.2. MODELO 3D .......................................................................................................................... 41


4.4.2.1. Criação do Modelo 3D - Revit ....................................................................................... 42
 Ligação Viga principal/Viga secundária ......................................................................... 45
 Ligação Viga principal/Viga principal ............................................................................. 46
 Ligação Viga principal/Pilar ............................................................................................. 46
 Ligação Pilar/Sapata ......................................................................................................... 47
4.4.3. TRANSPORTE......................................................................................................................... 48
4.4.3.1. Swept Path Analysis - Vehicle Tracking ........................................................................ 48
4.4.4. PLANEAMENTO ...................................................................................................................... 49
4.4.4.1. Planeamento do caso teórico no Navisworks ............................................................... 50
4.4.5. PRODUÇÃO ............................................................................................................................ 54
4.4.6. INSTALAÇÃO .......................................................................................................................... 54
4.5. LIMITES DO MODELO ................................................................................................... 54

5 CASO DE ESTUDO - APLICAÇÃO DO MODELO PARA


UTILIZAÇÃO DE BIM NA PREFABRICAÇÃO A UMA OBRA
.............................................................................................. 55
5.1. DESCRIÇÃO DO CASO DE ESTUDO ............................................................................... 55
5.1.1. CARACTERÍSTICAS MÉTRICAS DO EMPREENDIMENTO............................................................... 55
5.1.2. CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO ...................................................................................... 55
5.2. SISTEMAS E ELEMENTOS DO PROJETO CONSIDERADOS NA APLICAÇÃO DO MODELO ........ 56
5.3. ESTIMATIVA ORÇAMENTAL DA CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ESTRUTURAL DE PÓRTICOS SEM
RECURSO À METODOLOGIA BIM......................................................................................... 56
5.4. ETAPAS DE APLICAÇÃO DO MODELO PARA UTILIZAÇÃO DE BIM NA PREFABRICAÇÃO –
CASO DE ESTUDO .............................................................................................................. 57
5.4.1. PLANEAMENTO INICIAL ........................................................................................................... 58
5.4.2. MODELO 3D .......................................................................................................................... 58
5.4.3. TRANSPORTE......................................................................................................................... 60
5.4.4. PLANEAMENTO ...................................................................................................................... 60
5.4.5. PRODUÇÃO ............................................................................................................................ 61
5.4.6. INSTALAÇÃO .......................................................................................................................... 61
5.5. ANÁLISE DE RESULTADOS ........................................................................................... 61
5.5.1. AVALIAÇÃO DAS VANTAGENS .................................................................................................. 61
5.5.1.1. Estimativa da Poupança Anual numa Empresa de Prefabricação devida à Utilização de
BIM ............................................................................................................................................. 61
5.5.2. AVALIAÇÃO DOS CONSTRANGIMENTOS .................................................................................... 62
5.5.2.1. Estimativa de Custos Anuais resultante da implementação da Metodologia BIM ........ 62

6 CONCLUSÕES ..................................................................... 63

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Utilização de BIM na prefabricação

6.1. CONCLUSÕES FINAIS................................................................................................... 63


6.2. LIMITAÇÕES DA DISSERTAÇÃO..................................................................................... 65
6.3. RECOMENDAÇÕES PARA DESENVOLVIMENTOS FUTUROS .............................................. 66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 67

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Utilização de BIM na prefabricação

ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – As três principais etapas na construção prefabricada (Fonte: [1]) …………………………... 1

Figura 2 – Parâmetros da industrialização (Fonte: [2]) ……………………………………………………. 2

Figura 3 – Sistemas de prefabricação (Fonte: [2]) …………………………………………………………. 7


Figura 4 – Módulo ou unidade tridimensional (Fonte: [1]) ………………………………………………….. 8

Figura 5 – Ligação dos módulos à fundação (Fonte: [1]) …………………………………………………... 8

Figura 6 – Ligação entre módulos (Fonte: [1]) ………………………………………………………………. 8


Figura 7 – Montagem de painel de fachada em madeira (Fonte: [1]) …………………………………….. 9

Figura 8 – Montagem de fundação prefabricada (Fonte:[11]) ……..………………………………………. 9


Figura 9 – Floor cassettes (Fonte: [12]) ………………..…………………………………………………….. 9
Figura 10 – Roof cassettes (Fonte: [13]) …………………………………………………………………….. 9

Figura 11 – Cobertura prefabricada (Fonte: [1]) ……………………………………………………………. 10

Figura 12 – Viga prefabricada de madeira em I (Fonte: [14]) ………………………………………..…….10

Figura 13 – Betão prefabricado em viaduto (Fonte: [3]) ……………………………………………..……. 11

Figura 14 – Betão prefabricado em túnel (Fonte: [3]) ………………………………………………..……. 11

Figura 15 – Betão prefabricado em pavilhão industrial ..………..…………………………………………. 11

Figura 16 – Viga contínua em betão armado com ligação simplesmente apoiada em mísula (Fonte: [17])
…………………………………………………………………………………………………………………... 12

Figura 17 – Pilar com ligação aparafusada à fundação (Fonte: [18]) …….…….……………………….. 12

Figura 18 – Pilar com ligação aparafusada embutida à fundação (Fonte: [19]) ….……….……………. 13

Figura 19 – Ligação pilar/viga em joelho ……………. ……………..……………………………………... 13


Figura 20 – Ligação em consola de duas vigas a um pilar de aço …………….. …….…………………. 14

Figura 21 – Ligação de bielas de contraventamento a pilar de aço …………….. ….…………..………. 14

Figura 22 – Ligação ao centro de quatro perfis de contraventamento ……………. ………………….... 15

Figura 23 – Ligação de vigas com placas de aço aparafusadas …………….. ………..………………... 15


Figura 24 – Ligações aparafusadas em estrutura metálica de LSF……………………………………..... 16

Figura 25 – Tipos de modelo de informação (Fonte: [1]) …………………………………………...……... 17


Figura 26 – Comunicação entre plataformas com IFC (Fonte: [24]) ……………..…………….………... 18

Figura 27 – Dimensões de BIM (Fonte: [27]) …...…………………………………………………………... 20


Figura 28 – Level Of Detail (Fonte: [27]) …………..………………………………………………………... 21

Figura 29 – Level Of Development (Fonte: [27]) ….………………………………………………………... 22

Figura 30 – Impacto do BIM e da prefabricação na segurança em obra (Fonte: baseado em [32])…. 25

Figura 31 – Modelos BIM no projeto de expansão hospitalar (Fonte: [34]) …………….……………..... 28

Figura 32 – Modelo BIM do projeto da escola secundária (Fonte: [34]) ……………….………………... 29

xi
Utilização de BIM na prefabricação

Figura 33 – Deteção de conflitos entre elementos de diferentes especialidades (Fonte: [34]) ……….. 29
Figura 34 – Eixos de referência ……………………. …………………………..…………………………... 43

Figura 35 – Níveis ………..……………………………..…..………………………………………………... 44

Figura 36 – Sapata tipo ………………………………………..……………………………………………... 44


Figura 37 – Pilar/Viga tipo ……………………………………..……………………………………………... 45

Figura 38 – Painel de cobertura tipo ………………………………...……………..………………………... 45

Figura 39 – Comando Cortar Por …………………………………….…………...………………………... 46


Figura 40 – Comando Chanfro ………………………………………..……………………………………... 46

Figura 41 – Ligação Viga principal/Viga secundária …………………………….………………………... 47

Figura 42 – Ligação Viga principal/Viga principal ……………………………………...…………………... 47


Figura 43 – Ligação Viga principal/Pilar …………..……………………………………..………………... 48

Figura 44 – Ligação Pilar/Sapata ……………………………...………………………………..…………... 48

Figura 45 – Conjunto de elementos estruturais ……………………...………………………..…………... 49

Figura 46 – Modelo 3D ……………………………...…………………….……………………….………... 49

Figura 47 – Exportador de arquivos Revit …………………………………………………………………... 50

Figura 48 – Clash Detection 1 ………………………....……………………………………………..……... 50


Figura 49 – Clash Detection 2 ………………………....………………………………………..…………... 51

Figura 50 – Corte Por Contorno ………………………....…………………………………………….….... 51

Figura 51 – Sets ………………………....………………………………………………………..…………... 52

Figura 52 – TimeLiner ……………………………..…....………………………………………..…………... 52

Figura 53 – Animator …………………………………....……………………………………………..……... 53

Figura 54 – Viewpoints ………………………....………….……………………………………………..…... 53

Figura 55 – Animação 4D ………………………............………………………………………………….... 54

xii
Utilização de BIM na prefabricação

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Vantagens ou adversidades inerentes à adoção de BIM em empresas de prefabricação de betão


(Fonte: baseado em [4]) …………………………………………………………………………………….………. 24

xiii
Utilização de BIM na prefabricação

ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS

BIM – Building Information Modeling

IC – Indústria da Construção

OSM – Off-Site Manufacturing


IT - Information Technology

CAD – Computer Aided Design

IFC – Industry Foundation Classes


LOD – Level Of Detail

LOD – Level Of Development

MEP - Mechanical, Electrical and Plumbing

FM - Facility Management

EUA – Estados Unidos da América

PCA – Precast Concret Association


BSI - British Standards Institution

ACI - American Concrete Institute

ANIPB - Associação Nacional dos Industriais da Pré-fabricação em Betão

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

LSF - Light Steel Frame

SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats


CNC – Computer Numerical Control

xiv
Utilização de BIM na prefabricação

1
INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Ao contrário do Building Information Modeling (BIM) que se apresenta como algo relativamente recente
e inovador na Industria da Construção, a prefabricação em sentido lato tem registos desde há quase 400
anos, quando em 1624 os ingleses levaram para Cape Ann, nos Estados Unidos da América, uma casa
de painéis prefabricados de madeira que serviria de habitação aos trabalhadores de uma frota pesqueira.
[5]
Assim sendo, o BIM e prefabricação possuem origens muito espaçadas no tempo, no entanto, nos dias
de hoje, faz todo o sentido analisar a ambos simultaneamente e retirar as implicações de um sobre o
outro, constituindo-se como os termos-chave correntemente utilizados ao longo desta dissertação, pelo
que importa, desde já, fazer uma abordagem elucidativa a ambos.
A prefabricação pode definir-se como sendo um método construtivo alternativo ao tradicional, em que,
em vez de se construir quase a totalidade da obra in situ, se opta por fabricar os elementos num local
diferente daquele em que vão estar em serviço, usualmente em fábrica. [1]

Produção em fábrica dos componentes → Transporte para o local → Montagem

Figura 1 – As três principais etapas na construção prefabricada (Fonte: [1])

Por outro lado, o BIM pode ser definido como um processo em que se combina informação e tecnologia,
de modo a criar uma representação digital de um projeto que integra dados de várias fontes e evolui em
paralelo ao projeto real durante o seu ciclo de vida, desde o seu desenho, passando pela construção até
à fase de manutenção. [6]
As casas prefabricadas escolhidas por catálogo foram populares nos Estados Unidos da América no
início do século 20. No entanto, hoje em dia, a reputação da construção prefabricada não é a melhor,
muito devido a casos em que esta foi adotada para atender à necessidade de construir habitações muito
rapidamente e para um grande número de pessoas, como foi o caso dos pós-guerra, em que a prioridade
foi sempre a rapidez, conduzindo por vezes a construções de baixa qualidade e baixa eficiência do ponto
de vista térmico. [3]
No entanto, com o desenvolvimento alcançado nas últimas décadas dos processos de informação e
comunicação, como por exemplo o BIM, surge a oportunidade de utilizar o mesmo para melhorar a
construção prefabricada em vários aspetos, tais como: economia, tempo, transporte, qualidade e
segurança. [7]

1
Utilização de BIM na prefabricação

O BIM e a prefabricação são manifestações da industrialização. Esta, pode segundo Sabbatini (1989)
ser definida como: " A industrialização da construção é um processo evolutivo que, através de ações
organizacionais e da implementação de inovações tecnológicas, métodos de trabalho e técnicas de
planeamento e controle, tem como objetivo incrementar a produtividade e o nível de produção de modo
a aprimorar o desempenho da atividade construtiva". Outra definição, ilustrada na figura 2, consiste em
considerar a industrialização como o somatório de racionalizar, mecanizar e automatizar. [2]

Figura 2 – Parâmetros da industrialização (Fonte: [2])

Contrariamente ao que sucede noutros setores, a Indústria da Construção (IC) e em particular a


construção prefabricada, é considerada como unitária, não repetitiva e sob encomenda. Isto significa que
à partida cada projeto é único, um protótipo, e deverá atender a requisitos específicos do mesmo tais
como o local onde se insere, o seu uso em serviço e as exigências do cliente e utilizador. Esta
característica do setor constitui uma dificuldade no processo de industrialização do mesmo, mas que
poderá ser ultrapassada com o aproveitamento das funcionalidades da tecnologia BIM, uma vez que esta
permite construir os protótipos de uma forma virtual por intermédio de modelos 3D. [1]
Hoje em dia a abertura da IC para com as tecnologias modernas de construção como o BIM está a
aumentar, o que contribuirá para o aperfeiçoamento das técnicas de off-site manufacturing (OSM) em
fábrica e consequentemente para a implementação de uma imagem positiva deste método construtivo.
Desde Subsistemas e Componentes, à construção com Painéis Prefabricados até à Construção
Volumétrica ou Modular, o modelo 3D em BIM contém a informação necessária para fabricantes e
empresas de construção reproduzirem réplicas físicas das intenções dos projetistas e clientes. [6]

1.2. OBJETIVOS
O principal objetivo deste trabalho é avaliar as vantagens e desvantagens da utilização de BIM na
prefabricação. Para tal, irá analisar-se as práticas utilizadas em casos de estudo anteriores e em trabalhos
realizados internacionalmente, fazendo-se uma recolha das vantagens, adversidades, dados e conceitos
relacionados com a adoção de BIM na construção prefabricada. Com base na recolha de informação
realizada será apresentado um modelo para utilização de BIM na prefabricação, sugerindo-se a aplicação
de um conjunto de etapas e de softwares considerados mais relevantes para auxiliar os vários tipos de
empresas ligadas a este método construtivo. Posteriormente, dar-se-á o teste do modelo onde se irá
aplicar o mesmo num caso de estudo, e donde se retirará, portanto, as mais significativas ilações sobre
a viabilidade da utilização de BIM na prefabricação.

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO


Este trabalho encontra-se organizado em seis capítulos.
O primeiro capítulo inicia-se com uma contextualização às temáticas abordadas, seguida de uma
apresentação dos objetivos e da estrutura da dissertação.

2
Utilização de BIM na prefabricação

No segundo capítulo é realizada uma exposição e descrição daquelas que são as temáticas centrais deste
trabalho: o BIM e a Prefabricação. Apresentando-se também os casos de estudo realizados a nível
internacional, com uma listagem das vantagens e adversidades encontradas em cada caso de estudo.
De seguida, no terceiro capítulo, é realizada uma revisão da informação encontrada no capítulo anterior
para vários tópicos considerados mais relevantes.
No quarto capítulo é apresentado um modelo para utilização de BIM na prefabricação com o intuito de
apoiar as empresas ligadas à construção prefabricada.
No quinto capítulo é apresentado um caso de estudo onde se aplica o modelo para utilização de BIM na
prefabricação e se realiza uma comparação entre os resultados obtidos e os anteriormente descritos na
revisão bibliográfica.
Para finalizar, o sexto capítulo corresponde às conclusões retiradas desta dissertação e aos seus possíveis
desenvolvimentos futuros.

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Utilização de BIM na prefabricação

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Utilização de BIM na prefabricação

2
ESTADO DA ARTE

De forma a analisar com propriedade os casos de estudo anteriores relacionados à utilização de BIM na
prefabricação, importa previamente apresentar e reter um conjunto de informações essenciais relativas
a cada um dos principais termos-chave isoladamente, sendo os mesmos o BIM e a prefabricação. Assim
sendo, pretende-se definir e clarificar ambos os conceitos referindo quais as conceções e definições
adotadas hoje na Indústria da Construção (IC). Deste modo, obter-se-á uma ampla base de
conhecimento, que permitirá de uma forma sustentada compreender e expor os casos de estudo
anteriores relacionados à utilização de BIM na prefabricação e a partir daí listar as vantagens e
desvantagens encontradas nesses trabalhos.

2.1. CONSTRUÇÃO PREFABRICADA


2.1.1. O CONCEITO
Na IC, a prefabricação ou construção prefabricada pode ser definida como um sistema de construção
com elementos estandardizados, fabricados previamente e montados segundo um esquema
preestabelecido. A mesma, pode também segundo alguns autores definir-se como sendo um método
construtivo alternativo ao tradicional, onde em vez de se construir quase a totalidade da obra in situ, se
opta por fabricar elementos num local diferente àquele em que vão estar em serviço, usualmente em
fábrica. [1] Sendo que, entende-se por “Construção Tradicional”, como o método construtivo mais
comum em Portugal, em que se realiza a construção in situ da quase totalidade de uma determinada
obra. [3]
A grande diferença entre os dois métodos construtivos reside no faseamento construtivo, que no caso da
construção prefabricada consiste essencialmente em [3]:
 Subdivisão do empreendimento em sistemas, subsistemas e elementos de menor dimensão;
 Produção destes elementos num local diferente daquele em que vão estar em serviço;
 Transporte dos elementos para o local do empreendimento;
 Montagem e ligação dos vários elementos de forma a garantir o comportamento exigido a todos os
sistemas e subsistemas que compõem o empreendimento, em termos estruturais, de conforto e de
qualidade.

2.1.2. DESIGNAÇÕES E CONCEÇÕES


A nível internacional e em particular na literatura inglesa, existem as mais diversas designações para o
conceito de Construção Prefabricada ou Prefabricação. Destas, importa realçar três que, embora sejam
usualmente utilizadas alternadamente e com pouco critério, possuem diferenças subtis, sendo elas:

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Utilização de BIM na prefabricação

 Prefabrication – Prefabricação: corresponde ao processo de fabricar e planear a instalação de um


edifício por completo ou componentes do mesmo num ambiente mais controlado, geralmente numa
fábrica especializada, onde vários materiais são conjugados para formar cada uma das componentes.
Uma vez completas, as mesmas são transportadas para o local da obra onde se dará a instalação. [8]

 Offsite Construction: encontra-se estreitamente relacionada com a anterior, no que se refere aos
aspetos gerais de planeamento, desenho, fabricação e montagem dos elementos de um edifício numa
localização diferente da definitiva. [8] Localização esta que, não necessita de ser um ambiente de
fábrica propriamente dito, podendo o processo de fabrico de elementos realizar-se em estaleiro num
local diferente ao de serviço. [1] Contudo, e em contraponto com a Prefabrication não é especificado
como as componentes produzidas se irão conectar ou interligar. Assim sendo, e de uma forma
resumida a Offsite Construction refere-se ao (Onde), e por sua vez a Prefabrication ao (Como). [8]

 Modularization – Construção Modular: é frequentemente confundida com a Prefabrication,


sendo semelhante no processo de produzir em fábrica antes de se instalar em obra. Contudo, a
diferença é que a Modularization se refere à Pré-Construção de um sistema completo. Estes módulos
são conjugados e instalados em obra formando assim o conjunto do edifício. [8]

Todas as designações acima apresentadas contemplam: racionalização de processos, mecanização de


tarefas e automatização de operações. Desta forma, e segundo a figura 2 inserida no capítulo anterior,
constituem manifestações da Industrialização utilizadas para melhorar o processo construtivo. [8]
Contudo, para uma aplicação o mais eficiente possível, o projeto deverá desde início ser pensado e
concebido para ser composto de elementos prefabricados, devendo, portanto, todo o processo ser
realizado de uma forma integrada. [7]
No âmbito desta dissertação e de forma a simplificar a sua compreensão serão utilizados correntemente
os termos Prefabricação ou Construção Prefabricada de uma forma generalista para se referir a qualquer
uma das designações.

2.1.3. A PREFABRICAÇÃO EM PORTUGAL E NO ESTRANGEIRO


Devido às razões apresentadas no primeiro capítulo, a reputação da Construção Prefabricada nunca foi
a melhor. No entanto, em alguns países este método construtivo tem alguma tradição, tendo a aposta no
mesmo sido realizada por razões económicas, ambientais e culturais. Embora a prefabricação tenha tido
origem no Reino Unido, esta tem sido amplamente utilizada nos Estados Unidos, Japão e em países
nórdicos. [9]
Na europa, mais propriamente no Reino Unido existem entidades regulamentadoras que definem os
parâmetros técnicos a respeito da construção prefabricada, como por exemplo a Precast Concrete
Association (PCA) e a British Standards Institution (BSI). Nos EUA, a entidade que regulamenta a
construção com elementos prefabricados é a American Concrete Institute (ACI).
Em Portugal, segundo a Associação Nacional dos Industriais da Pré-fabricação em Betão (ANIPB)
existe um mercado que contempla 200 empresas de prefabricação de betão, o que totaliza um total de
6400 trabalhadores e um volume de negócios no valor de 550 milhões de euros. Estas empresas
consomem aproximadamente 10% do total de cimento utilizado em Portugal, demonstrando já alguma
capacidade de dar resposta às necessidades de mercado no setor dos edifícios comerciais e industriais.
[2]
Na Prefabricação de elementos de betão poderá ocorrer dois tipos de abordagem ao projeto:

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Utilização de BIM na prefabricação

 Baseada no produto fabricado: realiza-se uma adaptação da estrutura a construir aos elementos
disponibilizados pelos fabricantes, tornando-se um pouco limitador ao nível da conceção do projeto.
[1]
 Baseada no projeto: os elementos são projetados com base na conceção da estrutura, adaptando-se
o fabricante à obra em questão. [1]
Contudo, no que diz respeito a edifícios de habitação, a aplicação deste método construtivo é ainda
relativamente limitada, existindo, no entanto, de alguns anos a esta parte, uma aposta considerável na
área dos “Subsistemas e Componentes” como por exemplo: pilares, vigas e painéis de fachada. [1]
Alguns dos entraves à prosperidade deste método construtivo em Portugal e em particular na área dos
edifícios de habitação, prendem-se com:
 Existência de pouca formação académica sobre as técnicas de Prefabricação. [1]
 Seleção de soluções construtivas baseada quase que exclusivamente em custos, negligenciando a
análise de outros critérios. [1]
 Escassez de informação disponibilizada aos participantes do processo construtivo, por parte das
fábricas produtoras de elementos prefabricados. [1]

2.1.4.SISTEMAS DE PREFABRICAÇÃO
Define-se Sistema de Prefabricação como sendo um sistema de construção onde se descreve o
planeamento de um dado empreendimento e os processos e operações que se irão realizar tanto na fase
de produção em fábrica, como na fase de montagem no local do empreendimento. Podemos afirmar que
estamos perante um sistema de prefabricação, quando a taxa de prefabricação de um dado
empreendimento é muito elevada, sendo o trabalho em obra reduzido para um número reduzido de
operações.

Figura 3 – Sistemas de prefabricação (Fonte: [2])

No que diz respeito à disponibilidade de um dado fabricante colaborar com outros fabricantes, um
sistema poderá ser classificado de aberto, quando um fabricante admite a utilização de elementos e
materiais de construção produzidos por outros fabricantes ou de fechado caso o mesmo não se verifique.
Quando um empreendimento é quase totalmente prefabricado trata-se de um sistema de prefabricação
total. Caso a prefabricação se cinja a apenas alguns elementos específicos do empreendimento estamos
perante um sistema de prefabricação parcial. [2]

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Utilização de BIM na prefabricação

2.1.5. ÁREAS DE PREFABRICAÇÃO


Como verificado anteriormente, em Portugal, o termo Prefabricação ainda está muito conotado a obras
que são construídas recorrendo à utilização de componentes específicos, tais como, pilares e vigas de
aço ou betão armado do sistema estrutural de pavilhões industriais. No entanto, este método construtivo
é abrangente e divide-se em diversas áreas com diferentes técnicas construtivas que podem ser aplicadas
nos mais diversos tipos de obra.[10]

2.1.5.1. Volumetric / Modular Construction – Construção Volumétrica ou Modular


A construção volumétrica, também designada de construção modular, consiste na fabricação de
unidades tridimensionais ou módulos, utilizando para isso materiais como aço, madeira, betão ou
derivados. Aproximadamente 90% do processo construtivo é realizado em fábrica, realizando-se
posteriormente in situ a montagem e ligação entre módulos à fundação previamente construída. [1]

Figura 4 – Módulo ou unidade tridimensional (Fonte: [1])

Figura 5 – Ligação dos módulos à fundação (Fonte: [1]) Figura 6 – Ligação entre módulos (Fonte: [1])

2.1.5.2. Panellised Construction – Construção com Painéis Prefabricados


Nesta técnica construtiva, os painéis podem ter ou não capacidade estrutural, sendo produzidos em
fábrica e de seguida transportados e instalados no local de implantação do empreendimento. Estes
painéis podem ser produzidos de forma a constituírem diversos tipos de elementos, tais como paredes
interiores, paredes de fachada, lajes ou coberturas. [1]

8
Utilização de BIM na prefabricação

Figura 7 – Montagem de painel de fachada em madeira (Fonte: [1])

2.1.5.3. Sub-Assemblies and Components – Subsistemas e Componentes


Esta técnica construtiva, consiste na utilização de certos subsistemas ou elementos específicos
prefabricados incorporados em edifícios, tendo estes sido construídos pelo método tradicional ou não.
De seguida apresenta-se uma lista com diversos elementos deste tipo:
 Fundações prefabricadas: consistem numa série de vigas e outros componentes prefabricados,
montados de forma a constituir uma fundação de forma rápida e precisa. [1]

Figura 8 – Montagem de fundação prefabricada (Fonte: [11])

 Floor / Roof cassettes: são painéis prefabricados desenhados especialmente para constituírem os
pisos ou a cobertura de uma construção. [1]

Figura 9 – Floor cassettes (Fonte:[12]) Figura 10 – Roof cassettes (Fonte:[13])

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Utilização de BIM na prefabricação

 Coberturas prefabricadas: esta técnica construtiva consiste em montar a cobertura no chão em


sobreposição temporal com a restante estrutura do edifício. De seguida, a cobertura é sobreposta
com auxílio de gruas à restante estrutura. A realização simultânea dos dois trabalhos de montagem
permite reduzir o tempo total necessário para realização dos trabalhos, assim como aumentar a
segurança em obra, uma vez que se diminui a quantidade de trabalho realizado em altura. [1]

Figura 11 – Cobertura prefabricada (Fonte: [1])

 Tubagens e acessórios de canalização previamente montados que são posteriormente instalados nos
módulos, diminuindo o tempo de produção das unidades tridimensionais em fábrica. [1]

 Vigas de madeira maciça ou derivados com secção transversal em I, que devido a possuírem um
peso próprio reduzido permitem formar grandes vãos e espaços amplos. [1]

Figura 12 – Viga prefabricada de madeira em I (Fonte: [14])

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Utilização de BIM na prefabricação

 Elementos para estruturas prefabricadas de betão: este tipo de prefabricação estende-se desde
os edifícios de habitação a todas os ramos da IC. Estes elementos são produzidos em fábrica com
mão de obra especializada, permitindo obter elevados padrões de qualidade. A simplicidade e a
repetição dos elementos utilizados conduzem a uma redução dos prazos globais de execução
tornando esta técnica construtiva economicamente atrativa. Este tipo de solução, por envolver
menos pessoas em obra e os trabalhos serem de menor duração contribui para aumentar a segurança
da construção. Estes elementos podem ser aplicados em: edifícios de habitação, edifícios comerciais,
edifícios industriais, pontes, viadutos, túneis, muros de suporte entre outras aplicações. [3]

Figura 13 – Betão prefabricado em viaduto Figura 14 – Betão prefabricado em túnel


(Fonte: [3]) (Fonte: [3])

Figura 15 – Betão prefabricado em pavilhão industrial

2.1.6. TIPOS DE LIGAÇÃO


A ligação nas estruturas prefabricadas diz respeito ao conjunto de peças e sua pormenorização que
permitem globalmente assegurar a transmissão de tensões entre dois ou mais elementos estruturais. [15]
Estas podem ser classificadas segundo o tipo de fixação (aparafusadas, rebitadas, apoiadas ou soldadas),
assim como segundo a rigidez das mesmas (rígidas, simplesmente apoiadas e semirrígidas). [16]

 Ligação rígida – este tipo de ligação consegue suportar ações verticais e horizontais assim como
momento fletor. O ângulo relativo entre elementos ligados é mantido devido à rigidez da ligação.
[16]

11
Utilização de BIM na prefabricação

 Ligação simplesmente apoiada – este tipo de ligação consegue suportar ações verticais e
horizontais não reagindo a momento fletor. Os elementos ligados são livres para rodar nessa direção
uma vez que a ligação não possui rigidez. [16]

 Ligação semirrígida – este tipo de ligação é meio termo entre a ligação rígida e a simplesmente
apoiada, uma vez que é capaz de suportar ações verticais e horizontais assim como algum momento
fletor. [16]

De seguida, serão apresentados de forma gráfica, variados tipos de ligações utilizadas para fixar
elementos prefabricados constituídos por materiais como aço e betão armado.

2.1.6.1. Viga contínua em betão armado com ligação simplesmente apoiada em mísula

Figura 16 – Viga contínua em betão armado com ligação simplesmente apoiada em mísula
(Fonte: [17])
Este tipo de ligação é mais frequentemente utilizado para suportar vigas com um carregamento
considerável. [16]

2.1.6.2. Pilar de aço com ligação em placa aparafusada à fundação

Figura 17 – Pilar com ligação em placa aparafusada à fundação


(Fonte: [18])

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Utilização de BIM na prefabricação

Neste tipo de ligação, o pilar de aço prefabricado contém uma placa constituída pelo mesmo material
afixada na sua base, que após ser inserida nos varões de aço provenientes da fundação é aparafusada aos
mesmos. A fixação do pilar à placa de base é correntemente realizada com recurso a processos de
soldadura previamente realizados em fábrica ou in situ. A área em redor dos parafusos poderá então ser
preenchida com uma argamassa não extensível para finalizar a ligação. [16]

2.1.6.3. Pilar com ligação aparafusada embutida à fundação

Figura 18 – Pilar com ligação aparafusada embutida à fundação


(Fonte: [19])

Este tipo de ligação tem a singularidade de apresentar uma maior resistência ao fogo, de melhorar o
aspeto visual e de maximizar o pé direito do espaço. Em caso de necessidade de ajustar a altura do pilar
in situ devido por exemplo a um erro de fabricação ou a um assentamento de apoio da fundação, o
mesmo poderá ser realizado com a utilização de uma placa de base ajustável. [16]

2.1.6.4. Ligações utilizadas na fixação das componentes de estruturas metálicas em perfis de aço
Na construção de estruturas metálicas com recursos a perfis de aço com geometrias diversas e que são
selecionadas segundo os requisitos a cumprir para uma determinada obra, é frequente recorrer-se a
métodos de ligação dos elementos que englobam a utilização de parafusos, rebites, soldadura, placas e
outros elementos de aço de pequenas dimensões.
De seguida apresentam-se alguns exemplos deste tipo de ligações.

Figura 19 – Ligação pilar/viga em joelho no Revit

13
Utilização de BIM na prefabricação

A ligação em joelho apresentada na figura 19, consiste num conjunto de reforçadores, placas de aço e
soldadura que permitem fazer a ligação entre a viga e o pilar de aço prefabricados.

Figura 20 – Ligação em consola de duas vigas a um pilar de aço no Revit

A ligação apresentada na figura 20 consiste numa consola de aço fixa ao pilar e à alma das vigas com
recurso a parafusos, assegurando-se assim a transmissão dos esforços dos elementos horizontais para os
verticais.

Figura 21 – Ligação de bielas de contraventamento a pilar de aço no Revit

A ligação apresentada na figura 21 consiste num conjunto de bielas de contraventamento que são
soldadas na sua base ao elemento em consola representado a laranja e que se encontra fixo por soldadura
ao pilar de aço.

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Utilização de BIM na prefabricação

Figura 22 – Ligação ao centro de quatro perfis de contraventamento no Revit

A placa metálica a laranja representada na figura 22, corresponde ao elemento de fixação ao centro dos
perfis de contraventamento, podendo os mesmos serem aparafusados, rebitados ou soldados à mesma.

Figura 23 – Ligação de vigas com placas de aço aparafusadas no Revit

O tipo de ligação representado na figura 23, consiste na fixação de duas vigas por intermédio de placas
de aço de fixação soldadas nos seus topos e posteriormente aparafusadas in situ.

2.1.6.5. Ligações utilizadas em estruturas metálicas de aço leve galvanizado (LSF)

Este tipo de estruturas consiste na utilização de perfis de aço leve galvanizado ou LSF do inglês Light
Steel Frame que é um material de baixo peso e, portanto, de fácil manuseamento e corte em obra. [21]
Uma vez que requer uma quantidade de trabalho considerável in situ, as estruturas metálicas em LSF
constituem um sistema de prefabricação parcial, garantindo, contudo, uma grande versatilidade na sua
utilização. [21]

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Utilização de BIM na prefabricação

A fixação dos elementos poderá ser realizada com recurso a ligações aparafusadas como abaixo
ilustrado. [21]

Figura 24 – Ligações aparafusadas em estrutura metálica de LSF

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Utilização de BIM na prefabricação

2.1.7. ANÁLISE SWOT DA PREFABRICAÇÃO


Nos dias de hoje, prevêem-se a curto/médio prazo uma série de benefícios recorrentes da correta
implementação da Prefabricação, não só ao nível da poupança de tempo e de custos, mas também na
possibilidade de salvar vidas, decorrente de um ambiente de produção mais controlado, com menos
trabalhadores em obra e com menos tempo de trabalho realizado em altura. [8]
Assim sendo, e de forma a finalizar este subcapítulo diretamente relacionado com este método
construtivo, apresenta-se de seguida de uma forma sucinta e com auxílio a uma análise SWOT, um
conjunto de aspetos importantes diretamente relacionados à construção prefabricada.
O acrónimo SWOT resulta das palavras Strengths (Pontos fortes), Weaknesses (Pontos
fracos), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). De uma forma resumida uma análise
SWOT é uma ferramenta em que se avaliam os fatores externos e internos, de forma a otimizar o
desempenho no mercado de uma dada empresa ou neste caso em concreto, de um método construtivo
inserido na IC, a prefabricação.

Figura 25 – Análise SWOT da prefabricação [1]

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Utilização de BIM na prefabricação

No que respeita a fatores internos e em particular aos pontos fortes descritos, é de salientar uma série de
vantagens competitivas da Construção Prefabricada face à via tradicional, como por exemplo: a maior
rapidez de construção, o aumento da segurança em estaleiro e a redução das paragens e atrasos em obra.
Contudo, as desvantagens competitivas face à construção tradicional também se mostram bem evidentes
em fatores como: o custo, a necessidade de coordenação desde as fases iniciais de projeto ou a
necessidade de mão de obra especializada.
Nos fatores externos, e começando pelas oportunidades, evidencia-se o aumento da produtividade da IC
e a aposta em edifícios mais eficientes em termos energéticos. No entanto, também são de salientar
algumas influências negativas ou Ameaças à Prefabricação como a má reputação deste método
construtivo ou a inércia à mudança por parte dos participantes no processo de construção.
Desta forma, e com objetivo de melhorar a Prefabricação, importa corrigir os Pontos Fracos, manter os
Pontos fortes, minimizar as Ameaças e potenciar as Oportunidades. Para tal, uma das ferramentas que
poderá impactar os quatro tópicos distintos acima apresentados será o BIM, uma vez que a sua
implementação e aplicação implicará uma vasta alteração de processos, tarefas e operações.

2.2. BUILDING INFORMATION MODELING – BIM

2.2.1. O CONCEITO
Os primeiros passos na área do Building Information Modeling (BIM) foram dados no final dos anos 70
por Charles M. Eastman, quando este apresentou as suas teorias sobre modelação de dados de produtos
da construção. A partir desta época o interesse neste tema por parte da IC tem vindo a acentuar-se, muito
devido aos bons resultados obtidos com métodos semelhantes em outros setores da indústria. [22]
O BIM é uma tecnologia avançada que constitui uma Information Technology (IT), consistindo num
modelo de informação digital para a construção, formado pelos elementos que constituem a obra e que
pode ser acedido e ampliado ao longo do ciclo de vida da construção. A informação atribuída aos
elementos permite aos profissionais da construção gerirem de forma organizada e partilhada os seus
projetos, auxiliando e facilitando o trabalho das diferentes especialidades envolvidas no processo
construtivo. [23]
Esta IT, tem por base a modelação paramétrica e a interoperabilidade suportada por ficheiros de padrão
aberto, e é devido às relações paramétricas contidas no modelo que toda a informação se interliga e
conduz a atualizações automáticas e em tempo real de todas alterações realizadas. [22]

Figura 26 – Tipos de modelo de informação [24]

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Utilização de BIM na prefabricação

Em BIM tudo se processa em redor do modelo tridimensional do edifício, que poderá ser criado através
da utilização de diversos programas de modelação BIM. Estas ferramentas de modelação vão além dos
modelos puramente geométricos realizados por exemplo em CAD. Em BIM os modelos são
paramétricos, isto é, representam um conjunto de informações e propriedades definíveis pelo utilizador.
Isto permite fornecer dados como o tipo de materiais ou o tempo de construção da obra, representando
de forma mais rigorosa as etapas de construção da mesma. Para isso, os elementos do modelo virtual
estão representados por objetos, que posteriormente são catalogados por ordem de semelhança em
famílias e bibliotecas.
BIM é um processo constituído por várias etapas e não apenas um determinado programa, e para a sua
utilização ser bem-sucedida requer que pessoas e tecnologia trabalhem colaborativamente. Um modelo
BIM poderá estar em constante evolução ao longo do ciclo de vida de um edifício, enriquecendo-se e
atualizando-se constantemente o modelo. [25]

2.2.2. EVOLUÇÃO DOS BIM


Como anteriormente descrito, o acrónimo BIM surge do inglês Building Information Modeling, porém,
devido à vastidão de implicações inerentes à aplicação do mesmo, uma determinada empresa dizer que
irá adotar BIM, em concreto, significará muito pouco. De forma a contornar esta situação, foram criados
quatro níveis de desenvolvimento, que consistem num conjunto de guias e standards específico para
cada um dos mesmos. [6]
Na figura 26 encontram-se ilustrados os quatro níveis de desenvolvimento de BIM, sendo estes baseados
no nível de tecnologia usada na modelação do projeto e no nível de colaboração envolvido no processo.
 Nível 0: consiste no processo tradicional de troca de informação através de representações CAD
bidimensionais ou tridimensionais, porém apenas com uso de objetos vetoriais e sem a inserção de
informações relevantes para o projeto.

 Nível 1: corresponde ao nível mais aplicado nos dias de hoje e consiste na utilização de formatos
bidimensionais em CAD para a apresentação de documentos no formato tridimensional para a
conceção de projetos, não sendo, contudo, incentivada a colaboração entre os participantes do
processo construtivo.

 Nível 2: cada equipa desenvolve o seu projeto em modelos tridimensionais em BIM, contudo estes
modelos são individuais, não existindo um modelo único e partilhável entre equipas. Contudo, a
informação criada por uma dada equipa, pode ser consultada pelas restantes através de um ambiente
de trabalho comum. Para que tal ocorra é necessário garantir a interoperabilidade entre diferentes
plataformas BIM, ou seja, garantir a troca de informação entre equipas independentemente dos
programas utilizados. Isto é conseguido através do uso de um formato aberto de exportação e
importação de ficheiros como o IFC (Industry Foundation Classes).
Este nível de evolução é também conhecido como BIM colaborativo, e desde 2016 que é obrigatório no
Reino Unido em todos os projetos de construção financiados pelo governo com o objetivo de modernizar
o setor da construção, melhorando a qualidade e reduzindo os custos e o tempo de construção.
 Nível 3: este é o nível de máximo desenvolvimento do BIM, consistindo num processo aberto e
integrado, em que todos os participantes do processo construtivo podem aceder e fazer alterações a
modelos partilhados disponíveis numa plataforma online, sendo desta forma eliminado o risco de
existirem projetos conflituosos entre si. [22]

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Utilização de BIM na prefabricação

2.2.3. DIMENSÕES DO BIM


O conceito de Dimensões do BIM é diferente do anteriormente apresentado de Níveis de
Desenvolvimento, referindo-se o primeiro à forma especifica como diferentes tipos de informação se
conjugam. Desta forma, o entendimento do projeto tenderá a aumentar à medida que se adicionam
dimensões extra de informação ao mesmo. [26]
Estas dimensões, são então categorizadas, de acordo com o conjunto de informação que a partir delas
pode ser acedido. Cada uma das mesmas, fornece informação distinta, mas complementar, tendo-se nos
últimos anos popularizado os termos BIM nD e Modelo nD.
Por definição, cada dimensão contém em si mesma as dimensões numericamente inferiores a si. Por
exemplo, a partir de um modelo 4D pode ser extraída uma representação 3D de um determinado
elemento.
De seguida será apresentado o conjunto de informação que cada dimensão pode fornecer, e que são
designadas de: 3D, 4D, 5D, 6D e 7D.

Figura 27 – Dimensões de BIM (Fonte:[27])

 BIM 3D: esta é a dimensão de BIM mais simples e mais utilizada. Com o BIM 3D é possível obter
uma representação gráfica tridimensional do edifício em estudo, permitindo desde cedo a
colaboração entre equipas e participantes do processo construtivo, gerar cortes e plantas
automaticamente a partir do modelo, realizar clash detection, entre outras funcionalidades.

 BIM 4D: esta dimensão de BIM relaciona o modelo 3D com o tempo, de modo a obter o
planeamento de tarefas. A possibilidade de realizar animações 4D que representam o decorrer da
construção, permite melhorar o planeamento de tarefas, resultando num melhor encadeamento dos
trabalhos, e na melhor gestão do espaço de estaleiro.

20
Utilização de BIM na prefabricação

 BIM 5D: esta dimensão de BIM relaciona os custos com o modelo 3D e o seu planeamento,
permitindo realizar estimativas de custos reduzindo muito o tempo consumido em tarefas de
quantificação de elementos.

 BIM 6D: esta dimensão está diretamente relacionada com a sustentabilidade na IC e engloba todo
o ciclo de vida de um edifício. Ao incorporar a sustentabilidade no modelo BIM, os projetistas
passam a conhecer a pegada de carbono associada a um dado edifício e poderão realizar avaliações
ao consumo energético das soluções. Desta forma, o BIM 6D poderá contribuir para validar as
decisões tomadas na fase inicial de projeto.

 BIM 7D: esta dimensão de BIM está diretamente relacionada com o Facility Management (FM),
que é um conceito que engloba tarefas como: gestão financeira, limpeza e manutenção dos sistemas
de mecânica, de eletricidade, de canalização e de segurança contra incêndios. O objetivo passa por
reduzir os custos com energia, prolongar o tempo de vida útil dos edifícios, melhorar a satisfação
dos utilizadores e diminuir os custos operacionais. [28]

2.2.4. LOD
LOD é um acrónimo utilizado para dois conceitos, Level Of Detail (Nivel de Detalhe) e Level Of
Development (Nível de desenvolvimento), sendo que o primeiro mede a quantidade de informação
inserida para caracterizar um objeto e o segundo reflete o grau de confiança que os utilizadores do
modelo poderão ter na informação contida no mesmo.
O conceito de Level Of Detail representa uma medida de quantidade onde se admite que toda a
informação inserida é correta e com relevância para o projeto, encontrando-se os diferentes níveis de
detalhe ilustrados e exemplificados para um objeto na figura 28. [28]

Figura 28 – Level Of Detail (Fonte: [27])

21
Utilização de BIM na prefabricação

Quanto ao Level of Development, é de referir que este conceito não mede a quantidade de informação
ou o grau de realismo da representação gráfica, uma vez que a aparência é apenas uma das características
de um determinado objeto e normalmente a menos importante. [28] Na figura 29 encontram-se ilustrados
e exemplificados para um objeto em concreto os vários níveis de desenvolvimento.

Figura 29 – Level Of Development (Fonte: [27])

2.2.5. PROGRAMAS BIM


O mercado de programas BIM disponíveis no mercado é muito alargado, sendo o Autodesk Revit o mais
utilizado entre os profissionais da IC. De seguida serão apresentados e descritos alguns dos softwares
BIM com maior relevância para o decorrer desta dissertação.
 Revit: é uma plataforma BIM desenvolvida pela Autodesk vocacionada para a criação de modelos
tridimensionais de estruturas, MEP (Mechanical, Electrical and Plumbing), construção e
arquitetura. Os participantes do processo construtivo poderão utilizar esta plataforma com o objetivo
de facilitar o seu próprio trabalho e de extrair e partilhar informações relevantes.
Esta é uma plataforma multidisciplinar que envolve arquitetos, engenheiros e profissionais
diretamente relacionados com a construção, promovendo a comunicação e a colaboração no setor.

 Navisworks: é uma plataforma BIM desenvolvida pela Autodesk. A diferença entre Navisworks e
Revit é que a primeira se vocaciona mais para a revisão de projetos e para o planeamento, permitindo
realizar Clash Detection, animações walk-through e animações 4D que ilustram a construção do
projeto de acordo com o planeamento de tarefas escolhido, corrigindo-se numa fase prévia à
construção muitas das falhas dos projetos.

 Vehicle Tracking: é uma plataforma BIM desenvolvida pela Autodesk, vocacionada para analisar
detalhadamente os itinerários possíveis para o trajeto de veículos, otimizando a escolha dos mesmos
com base no trânsito, na largura e nas limitações de altura das vias, revelando-se especialmente
importante aquando da necessidade de transportar elementos de grandes dimensões. [22]

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Utilização de BIM na prefabricação

 Dynamo: é uma plataforma BIM desenvolvida pela Autodesk, lançada em 2011, que pode ser
corrida sozinha ou como plug-in do Revit. O seu principal propósito passa por criar representações
gráficas de geometrias complexas através de programação em code blocks (blocos de código). [29]

2.2.6. PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DE BIM


Como já anteriormente referido, na última década o BIM tem vindo a popularizar-se a grande ritmo,
sendo, contudo, o nível de implementação do mesmo diferenciado em cada país. No Reino Unido, a
adoção desta metodologia foi realizada com base numa abordagem top-down, uma vez que a mesma foi
imposta por lei em 2011, declarando a obrigatoriedade de utilização de BIM Nível 2 em todas as obras
públicas até 2016, e implicando assim uma formação acelerada de técnicos especializados. [27]
De acordo com o “NBS National BIM Report 2017”, 90% dos utilizadores de BIM no Reino Unido
concordam que a sua implementação requer alterações nos seus processos e procedimentos de trabalho,
contudo apenas 4% desejaria voltar atrás com a decisão de o ter implementado. As empresas que não
adotaram o BIM apresentam dois tipos de barreiras para o não terem realizado: internas, tais como falta
de técnicos especializados, tempo ou fundos disponíveis; e externas, especialmente a não exigência do
cliente e o facto de os projetos serem demasiados pequenos para necessitarem da utilização do BIM.
[30]
A exemplo do Reino Unido, outros países têm vindo a adotar uma abordagem top-down, recorrendo
para isso iniciativas governativas de legislação e regulamentação. Em Portugal, tem-se privilegiado a
abordagem bottom-up, em que a própria IC se organiza de forma a estudar o melhor plano de adoção de
BIM, sendo exemplo disso o BIMForum Portugal que é uma entidade constituída por projetistas,
empresas de construção, instituições de ensino superior e empresas de software que procura incentivar
a implementação de BIM na IC. [27]

2.2.7. VANTAGENS E CONSTRANGIMENTOS


A implementação de BIM e o consequente controlo global de toda a informação relevante para um
determinado projeto, conduzirá a uma redução de custos e prazos assim como a uma melhoria da
qualidade e segurança dos projetos realizados. Contudo, a adoção desta metodologia exige às empresas
uma reorganização dos seus processos de trabalho e a formação ou contratação de profissionais
especializados. Estes fatores, corresponderão a um custo para as empresas que tenderá a ser avultado
com a aquisição de hardware e licenças de utilização de software. [27]
.
2.3. CASOS DE ESTUDO ANTERIORES
Uma vez apresentado o conjunto de informações essenciais relativas à Construção Prefabricada e ao
BIM isoladamente, importa agora expor e analisar os casos de estudos anteriores em que se conjugam
os dois conceitos. De forma a catalogar os resultados encontrados, será realizada para cada caso de
estudo, uma listagem das vantagens e adversidades encontradas nesses projetos.

2.3.1. AVALIAÇÃO DO IMPACTO ECONÓMICO DO BIM NA ÁREA DO BETÃO PREFABRICADO – E.U.A.


Este estudo de 2004, apresenta uma listagem das vantagens e adversidades da implementação de BIM
no âmbito da prefabricação de betão em empresas pertencentes à North American Precast Concrete
Software Consortium.

23
Utilização de BIM na prefabricação

O facto de quase 100% das empresas norte-americanas de betão prefabricado já terem à data deste
trabalho adotado um meio de IT (Information Technology) como o CAD (Computer-Aided Drafting),
não resultou contudo numa mudança significativa do fluxo de trabalhos, uma vez que os desenhos em
CAD não são suscetíveis de serem automaticamente utilizados em processos como análise estrutural,
listagem de materiais, controlo de qualidade e produção de peças, o que requer reintrodução de dados e
portanto não se traduz numa grande mais valia do ponto de vista económico. Na prática, CAD substitui
desenhos físicos por digitais, com impactos mínimos quer ao nível de projeto, quer ao nível da
automação da produção. Assim sendo, e de forma a explorar o potencial inerente à IT importa portanto
conhecer as vantagens e adversidades trazidas por outro meio de IT, o BIM. [4]
De uma forma geral, para a maioria das empresas de betão prefabricado um empreendimento poderá ser
dividido em quatro etapas distintas; projeto, produção, armazenamento e construção. No âmbito deste
estudo o foco foi direcionado no projeto e na produção.
No quadro 1, representado na página seguinte, apresenta-se a listagem de vantagens e adversidades
identificadas neste estudo.
Vantagem ou adversidade Descrição
Melhor definição do projeto aquando da venda A apresentação de propostas de projetos aos
clientes resulta na sua melhor definição.
Melhor estimativa de custos Os projetos podem ser estimados com mais
detalhe, precisão e menor custo.
Redução dos custos de projeto Os ganhos de produtividade alcançados quer ao
nível dos projetos de arquitetura, quer ao nível
dos projetos de estabilidade, conduzem a uma
redução de custos correspondente a 2,6 até 6.7
porcento do custo total do empreendimento
(incluindo construção).
Redução dos erros de desenho O conjunto de erros nos desenhos de montagem
e detalhe de peças corresponde a 0.40 até 0.46
porcento do custo total de projeto.
Melhoria de serviço ao cliente Redução significativa do tempo de espera entre
contratação e produção, e melhor resposta às
solicitações de alterações por parte dos clientes.
Melhor logística Melhor controlo da gestão, redução de erros de
comunicação interna e menores inventários de
componentes e peças acabadas.
Automação da produção Fornecimento de dados para laser layout
projection systems e para máquinas controladas
por computador.
Custos diretos das estações de 3D BIM Custos diretos para compra de software,
hardware, instalação, formação, contratos de
manutenção e para aumento salarial dos
funcionários formados para operar os sistemas.
Com base num ciclo de cinco anos, a estimativa
anual dos custos por cada estação de trabalho é
de $11,390 até $20,165.
Custos indiretos durante a fase de adoção Necessidade de despender tempo e recursos,
assim como reduzida produtividade durante a
adoção, ou seja, no começo da curva de
aprendizagem e restruturação organizacional.

Quadro 1 – Vantagens ou adversidades inerentes à adoção de BIM em empresas de prefabricação de


betão (Fonte: baseado em [4])

24
Utilização de BIM na prefabricação

2.3.2. IMPACTO DA UTILIZAÇÃO DE BIM NA SEGURANÇA EM OBRA DA CONSTRUÇÃO PREFABRICADA


Como visto anteriormente, a construção prefabricada por si só, já contribui positivamente para a
segurança em obra, desde logo devido ao facto de a necessidade de mão de obra ser muito mais reduzida,
no entanto, este efeito tenderá a ser maximizado se a este método construtivo aliarmos o BIM. [31]
A figura 30 representa graficamente o impacto da implementação da prefabricação e de BIM
conjuntamente. De onde se conclui que a segurança em obra foi melhorada em 34% das empresas
selecionadas. Os valores apresentados são resultado de um estudo de 2011 onde se recolheu durante sete
anos dados de empresas, por parte da McGraw-Hill Construction, que é uma editora de ciência da
aprendizagem norte americana. Contudo, 56% das empresas consideram que as mudanças realizadas
nesse período não conduziram a alterações na segurança em obra, e uma minoria de 10% considera até
que a mesma foi reduzida. [32]

Figura 30 – Impacto do BIM e da prefabricação na segurança em obra (Fonte: baseado em [32])

As empresas que consideram um impacto positivo na segurança em obra, relatam ter ocorrido uma
redução significativa do número de acidentes e consequentemente dos encargos de seguro dos
trabalhadores. As razões para tal são a redução do número de trabalhadores em obra, a redução da
necessidade de utilização de escadas e andaimes e o facto de a disposição em estaleiro dos elementos
prefabricados, das vias de circulação, e dos EPC’s (Equipamentos de Proteção Coletiva). poder ser
devidamente acautelada no modelo 3D do empreendimento. [32]

2.3.3.IMPLEMENTAÇÃO DE BIM NA PREFABRICAÇÃO - IRÃO


Este estudo de 2016, teve como objetivo perceber de que forma a adoção de BIM poderia ajudar a
ultrapassar certas limitações encontradas na indústria da prefabricação Iraniana, na tentativa de dar
resposta à migração em massa de jovens para as zonas urbanas e obter um crescimento planeado das
cidades.
Assim sendo, para o conjunto de constrangimentos encontrados na Construção Prefabricada, passará a
descrever-se de que forma a implementação da metodologia BIM poderia auxiliar a ultrapassar cada um
dos mesmos.

25
Utilização de BIM na prefabricação

 Elevado custo inicial

Um dos maiores desafios que os clientes encontram quando optam por um edifício em construção
modular é o seu financiamento. A prefabricação requer um plano de financiamento distinto do associado
à construção tradicional. Os fabricantes requerem receber a totalidade do pagamento antes de a obra
estar terminada, e vão frequentemente pedir pagamentos periódicos para financiar o processo
construtivo. Por outro lado, os bancos estão pouco familiarizados com o processo construtivo das
habitações modulares e com o facto de a maioria dos pagamentos ser exigido logo inicialmente, o que
tem inclinado os mesmos a negar a realização de crédito a alguns clientes.
Ao considerar uma interação construtiva entre bancos e donos de obra, o conhecimento acerca do
progresso de um projeto fica disponível para todas as partes. Portanto, os donos de obra conseguem
notificar os bancos do progresso de acordo com a componente preparada e em diferentes fases do projeto
na linha de produção industrial.
Devido ao facto de todas as componentes construtivas serem únicas, os bancos conseguem, através da
interação com os funcionários, controlar o processo construtivo.
Esta abordagem permite reduzir a pressão associada ao custo inicial dos prefabricados, encorajando
assim o uso dos mesmos. [33]

 Falta de empreiteiras especializadas em prefabricação

As simulações BIM do modelo, podem ser utlizadas de forma a compensar a pouca experiência das
empreiteiras. Por outro lado, devido à crescente tendência de optar por operar em BIM, a procura por
empreiteiras e trabalhadores especializados na área irá também aumentar. Assim sendo, a formação será
estimulada e facilitada, conduzindo a um aumento do número de empreiteiras especializadas em
prefabricação. [33]

 Falta de projetistas locais especializados em prefabricação

Devido à natureza das componentes prefabricadas que necessitam ser produzidas em fábrica e depois
instaladas em obra, os detalhes dos elementos terão de ser considerados de uma forma mais cuidadosa.
Assim sendo, o papel dos projetistas fica ainda mais relevante. Através da comunicação com ferramentas
BIM, a falta de trabalhadores locais especializados é mais facilmente ultrapassável permitindo a
comunicação entre participantes no processo construtivo localizados em diferentes locais. [33]

 Monotonia da estrutura

Quando se fala de edifícios prefabricados, a opinião geral das pessoas é que se tratam de edifícios
estruturalmente simples, lineares e sem alma. Esta impressão é reforçada pela falta de diversidade nas
estruturas prefabricadas. Contudo, hoje em dia, graças ao enorme avanço tecnológico, existe a
possibilidade de os projetistas desenharem edifícios com linhas de grande complexidade e de
conectarem máquinas de corte a um software BIM como o Revit, permitindo cortar peças com
variadíssimas formas. [33]

26
Utilização de BIM na prefabricação

 Pouca aposta na inovação

Graças ao enorme avanço tecnológico na produção industrial de hoje em dia e ao BIM, que permite
analisar os edifícios para vários tipos de materiais, a falta de criatividade será eliminada da
prefabricação. Devido à grande liberdade na escolha de materiais em ferramentas BIM e ao rápido
crescimento das comunicações, as fábricas só têm a ganhar ao oferecer os melhores materiais para os
compradores.
O BIM permite analisar várias produções de diferentes fabricantes em vários países com o objetivo de
selecionar as melhores escolhas. [33]

 Transporte de elementos prefabricados

Um dos principais problemas da construção prefabricada está relacionado com o transporte dos
elementos prefabricados e ao acesso ao estaleiro de obra. Este problema é quanto mais significativo,
quanto maior a distância entre fábrica e estaleiro de obra. Ao se criar um modelo virtual das estradas em
BIM com ferramentas como o Autodesk Vehicle Tracking, é possível analisar todas as componentes das
estradas tais como distâncias, obstáculos nas vias de trânsito, largura das estradas e intensidade de
trânsito. Outra ferramenta BIM como o Autodesk Naviswork Manager Software dá-nos a possibilidade
de gerir e organizar componentes e elementos em estaleiro detetando possíveis incompatibilidades e
reduzindo riscos. [33]

2.3.4. IMPLEMENTAÇÃO DE BIM NA CONSTRUÇÃO MODULAR: VANTAGENS E DESAFIOS


Estudos anteriores provaram que a construção modular proporciona vários benefícios ao setor da
construção, tais como a redução da necessidade de mão de obra, a redução da emissão de gases com
efeito estufa, a melhoria do planeamento e a qualidade da construção. Contudo, a necessidade de
coordenação entre membros de diferentes especialidades tem reduzido substancialmente a aplicação
desta técnica. Com o recente desenvolvimento da tecnologia BIM estes desafios podem ser
ultrapassados. Através dos casos de estudos a seguir apresentados, os benefícios e desafios resultantes
da implementação de BIM na construção modular serão identificados. [34]

2.3.4.1. Processo de implementação de BIM na construção modular

 Visualização - Criação de uma apresentação 3D com a geometria dos módulos de um edifício,


localização e identificação de sistemas.
 Modelação - Criação de um modelo 3D do edifício para apresentação final do produto aos
compradores, projetistas e empreiteiras.
 Verificação de conformidades - Permite a verificação de conformidades do edifício com as normas
legais.
 Fabricação/desenhos - Criação de desenhos que facilitam a compra de elementos.
 Comunicação - Facilita a criação de documentos, imagens dos produtos, protótipos, aspeto exterior
e interior e disposição de elementos MEP do edifício. Assim sendo, o BIM promove a colaboração
entre projetistas, construtores e clientes.

27
Utilização de BIM na prefabricação

 Estimativa de custos - Através da geração automática de quantidades, a estimativa de custos será


realizada enquanto modificações forem introduzidas ao modelo.
 Planeamento - Fornece um planeamento para encomenda de material, fabricação, entrega e
montagem para cada sistema do edifício.
 Deteção de colisões - Permite identificar colisões entre elementos do mesmo sistema ou de sistemas
distintos que são identificadas visualmente. Por exemplo, uma conduta de ar condicionado a
interferir com uma viga de betão armado. [34]

2.3.4.2. Caso de estudo 1: Projeto de expansão de um hospital, Charlotte, North Carolina, USA

Custo: 44.000.000 $
Construção prefabricada: painéis prefabricados de betão utilizados em lajes
Custo de implementação de BIM: 44.000 $
Poupança devido à implementação de BIM: 220.000 $
Plataforma BIM: Autodesk Navisworks

Figura 31 – Modelos BIM no projeto de expansão hospitalar (Fonte: [34])

Para este projeto, foram realizados modelos de BIM de arquitetura, estruturas e MEP. Estes modelos
representados na figura 31, foram produzidos de forma a proporcionar uma plataforma dinâmica para
colaborações interdisciplinares. Durante toda a fase de projeto, a Roger Builders usou os modelos BIM
para estimar custos, auxiliar a subcontratação, coordenação de MEP e deteção de colisões. Os benefícios
encontrados são:
 Definição clara do trabalho a realizar por cada subempreiteira.
 Extração automática de quantidades de aço estrutural e da maioria dos elementos de MEP.
 Fornece os desenhos para compra do aço estrutural e dos elementos de MEP.
 Deteção de 560 colisões entre elementos de MEP e o sistema estrutural do edifício, devidamente
identificados antes da fabricação de qualquer elemento. [34]

28
Utilização de BIM na prefabricação

2.3.4.3. Caso de estudo 2: Projeto de escola secundária, Gastonia, North Carolina, USA

Custo: 38.000.000 $
Construção modular: salas de aula prefabricadas com instalação de MEP integrada
Custo de implementação de BIM: 38.000 $
Poupança devido à implementação de BIM: não realizado
Plataforma BIM: Autodesk Navisworks
Para este projeto foi desenvolvido um modelo BIM com as especialidades de arquitetura, estruturas e
MEP em sobreposição, criado pela Roger Builders e representado na figura 32. Este modelo foi usado
exaustivamente para coordenação de projetos, clarificação do trabalho das subempreiteiras, estimativa
de custos, coordenação de MEP e planeamento de trabalhos.

Figura 32 – Modelo BIM do projeto da escola secundária (Fonte: [34])

Toda a coordenação da especialidade de MEP foi conduzida através do modelo BIM. O fato de se ter os
projetos das várias especialidades num único modelo 3D resultou em benefícios para o desenvolvimento
do trabalho, tais como: a redução do erro humano e a deteção com meio de identificação visual de 258
conflitos entre elementos, como representado na figura 33. Cada uma das salas de aula foi prefabricada
com os elementos MEP já instalados, sendo posteriormente o mobiliário colocado após a instalação de
cada modelo de sala de aula.

Figura 33 – Deteção de conflitos entre elementos de diferentes especialidades (Fonte: [34])

29
Utilização de BIM na prefabricação

Estes casos de estudo permitiram perceber que os benefícios mais relevantes resultantes do uso de
modelos BIM na prefabricação são: coordenação de projetos, animação walk-through e deteção de
conflitos. O maior desafio reside no próprio processo de implementação do BIM, uma vez que o mesmo
requer uma vasta lista de recursos e conhecimento dos processos, o que poderá ser especialmente difícil
para as pequenas e médias empresas devido aos custos inerentes à formação de trabalhadores e à
necessidade de obtenção de licenças de software. Outros desafios residem na dificuldade em definir
responsabilidade a cada especialidade no processo colaborativo encorajado pelo BIM, nas garantias de
confidencialidade e nas questões de propriedade intelectual. [34]

2.3.5. BIM E PREFABRICAÇÃO: PESQUISA RECENTE E OPORTUNIDADES


Este estudo de 2012 desenvolvido por Ezcan, Isikdag e Goulding analisa e discute o impacto da recente
evolução do BIM no processo da Prefabricação.
De seguida apresenta-se uma lista com os pontos fracos da Construção Prefabricada e como o BIM
poderá ajudar a ultrapassar cada um deles.

 Necessidade de utilização de Information Technology (IT) com um elevado nível de integração:


os modelos BIM possuem uma quantidade extensiva de informação respeitante às características
dos elementos do edifício e ao ciclo de vida do mesmo, contribuindo fortemente para aumentar o
nível de interoperabilidade e integração entre participantes no processo construtivo. O BIM permite
também a integração com outras tecnologias de informação tais como, sistemas de informação
geográfica e modelos de realidade virtual. Desta forma, a adoção de BIM apresenta-se como uma
mais valia para aumentar o nível de integração da (IT) utilizada na construção prefabricada. [35]

 Má reputação de sistemas de prefabricação anteriores: o conceito de Prefabricação tem uma má


imagem e é olhado com alguma suspeição por parte de clientes, empreiteiras e entidades
financiadoras devido à produção em massa de projetos de habitação social prefabricada no pós-
guerra, assim como nas décadas de 60 e 70. A adoção de BIM e de simulações BIM do processo
construtivo irá contribuir para melhorar a imagem da Construção Prefabricada e fazer com que as
pessoas em geral a passem ver como um método moderno de construção, em que é possível controlar
todo o processo antes mesmo da produção e montagem das componentes. [35]

 Pouca experiência de projetistas e empreiteiras da construção prefabricada: uma vez que a


maioria das metodologias de projeto foram sendo desenvolvidas com base na abordagem de
construção tradicional, os projetistas da indústria da construção possuem um conhecimento menos
aprofundado em projetos de construção prefabricada. O mesmo se pode dizer em relação às
empreiteiras responsáveis pela montagem dos elementos em obra. A informação contida nos
modelos BIM, assim como as simulações que podem ser realizadas a partir dos mesmos, podem ser
muito úteis para auxiliar o processo de produção e de montagem. A utilização da dimensão 4D de
BIM, tem a potencialidade de melhorar a coordenação dos trabalhos de uma forma mais visual e de
facilitar o encadeamento e desenvolvimento dos trabalhos de desenho, análise estrutural, MEP e de
planeamento. [35]

 Dificuldade de fazer alterações: estando os elementos modulares de um edifício projetados, poderá


tornar-se difícil fazer modificações baseadas nas condições da área de implementação ou de

30
Utilização de BIM na prefabricação

sugestões do cliente. Contudo, em BIM qualquer alteração num objeto, conduz a atualizações
automáticas em todas as informações a ele relacionadas, facilitando o processo de modificação do
projeto. [35]

 Problemas no transporte de componentes de grandes dimensões: no caso de as componentes


prefabricadas serem de dimensões consideráveis, poderão ocorrer complicações ao nível do
transporte atá à sua área de implementação. O BIM permite obter informação acerca do estado de
um componente, de forma a perceber se este se encontra em produção, em armazenamento, em
distribuição ou em obra, assim como consultar atributos na forma (parte de, contém, etc.) que
facilitam o processo de montagem. [35]

 Pobre do ponto de vista estético: a natureza dos módulos prefabricados e o pouco incentivo à
componente mais criativa dos trabalhadores ligados à componente do desenho conduz a limitações
estéticas. Devido ao facto de os modelos BIM conterem uma série de informações e atributos
associados, existe a possibilidade de gerar diferentes alternativas de design a partir da informação
de base. A possibilidade de alterar o modelo de acordo com gostos e necessidades, dá aos clientes e
fabricantes a oportunidade de analisar diferentes alternativas, que poderão ser mais ou menos válidas
do ponto de vista do desempenho. [35]

2.3.6.PERCEBENDO O CONTEXTO DE IMPLEMENTAÇÃO DE BIM EM EDIFÍCIOS PREFABRICADOS - BRASIL


Esta dissertação de mestrado de 2016, realizada por Jeferson Shigaki na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Brasil, tem como objetivo entender o contexto da implementação de BIM em empresas
que entregam sistemas de edifícios prefabricados. Os casos de estudo 1 e 3 deram maior ênfase à fase
de produção, o caso de estudo 2 à fase de projeto e o caso de estudo 4 a ambas as fases.

2.3.6.1. Caso de Estudo 1: Hangar


Este caso de estudo refere-se à construção de um hangar para albergue de aviões de uma companhia
aérea.

 A realização de simulações em BIM 4D permitiu a realização de reuniões com as equipas de projeto,


produção e montagem, em que se otimizaram as taxas de utilização de recursos no planeamento
estimado. [36]

 O facto de os participantes do processo construtivo se reunirem nas primeiras fases do mesmo,


permitiu partilharem as suas visões sobre a solução e o processo de produção a adotar. Os mesmos
concordaram em alterar certos aspetos do projeto de forma a facilitar a fase de montagem. Estas
alterações sendo feitas antes da fabricação dos elementos por meio de visualização do modelo BIM
evitou o desperdício de tempo e dinheiro. [36]

31
Utilização de BIM na prefabricação

2.3.6.2. Caso de estudo 2: Edifício de escritórios


Este caso de estudo refere-se à construção de duas torres em São Paulo para criar uma área de 170.000
m2 de escritórios.

 Apesar dos avanços na modelação BIM, não se conseguiu alcançar uma integração total em BIM
dos processos de trabalho. Uma das principais razões, foi a falta de uma abordagem focada na troca
de informação e em sistemas colaborativos de procurement, perdendo-se a oportunidade de
acrescentar valor, sobretudo quando se trabalha com outros participantes com experiência em BIM.
[36]

 Em projeto, a inclusão de Planos de Projeto de Execução e de protocolos BIM em contratos reforça


o desenvolvimento colaborativo das atividades. Uma questão básica a ser abordada é a definição de
parâmetros LOD para configurar aplicações BIM, com o objetivo de criar modelos com a
informação esperada. [36]

2.3.6.3. Caso de estudo 3: Hotel


Este caso estudo refere-se a um hotel de luxo localizado na zona turística do Rio de Janeiro, em que o
principal objetivo passava por perceber como o BIM poderia ajudar na logística e no processo de
montagem.
 Modelos detalhados foram úteis para simular as operações de movimento de elementos em obra,
correspondendo-se o objeto 3D ao elemento físico. [36]

 As informações contidas no modelo respeitantes a cada elemento facilitaram a gestão do espaço de


estaleiro. [36]

 Simulações com base em modelos BIM foram executadas antes do começo de uma operação para
garantir que as componentes certas são movidas e montadas corretamente. [36]

2.3.6.4. Caso de estudo 4: Hospital


Este estudo refere-se à expansão de uma unidade hospitalar (3.000 m2 para 20.000 m2) localizada em
Campo Grande, em que um fator critico foi a necessidade do edifício continuar a funcionar durante os
trabalhos.
 Apesar de o BIM trazer benefícios ao processo de projeto, a integração necessária com todos os
participantes do processo construtivo não foi totalmente alcançada. A dificuldade passou por gerir
e passar a informação entre participantes do processo construtivo que utilizavam plataformas
tecnológicas diferentes e tinham diferentes prioridades operacionais. [36]

2.4. SUMÁRIO
A análise dos estudos anteriormente realizados internacionalmente, permitiu recolher um vasto conjunto
de vantagens e adversidades no âmbito da utilização de BIM na prefabricação, sendo de relevar que as
ilações retiradas serão sempre influenciadas pela situação socioeconómica de cada um dos países em
causa.

32
Utilização de BIM na prefabricação

3
PONTOS RELEVANTES DA REVISÂO BIBLIOGRÁFICA

Depois de, no capítulo anterior, se ter apresentado um conjunto de casos de estudo anteriormente
realizados por parte de vários autores no âmbito internacional, acerca da utilização de BIM na
prefabricação, importa agora organizar as vantagens e adversidades encontradas em cada um dos
mesmos, sob a ótica de vários pontos relevantes para a Indústria da Construção (IC), tais como:
economia, tempo, logística, qualidade e segurança.

3.1. VANTAGENS
Começando pelos pontos positivos, apresenta-se de seguida uma lista comentada das vantagens retiradas
nos casos de estudo apresentados no capítulo anterior, categorizadas segundo os pontos relevantes para
a IC considerados.

3.1.1. ECONOMIA
A economia é, sem dúvida, um fator com uma grande influência na IC, sendo exemplo disso as grandes
dificuldades com que o setor se depara aquando de uma crise e de ciclos de recessão económica. Além
destes ciclos que são influenciados por flutuações naturais do mercado financeiro e de fatores político-
sociais como o incentivo ao crédito bancário e as políticas fiscais, existem também fatores internos ao
setor que têm igualmente grande impacto no crescimento económico da IC e em particular na saúde
financeira das empresas que a constituem.
Com base nos estudos analisados no capítulo anterior apresenta-se de seguida um resumo e comentário
às ilações retiradas pelos autores em cada um dos mesmos do ponto de vista económico.

 Melhor estimativa de custos [4]


Numa fase inicial de projeto, a análise de diferentes alternativas baseadas no custo estimado de execução
caracteriza-se como um requisito muito importante a considerar, visto que possíveis soluções de projeto,
ou até o empreendimento como um todo, podem ser inviabilizados pelo seu custo. [37]
Com BIM, os projetos podem ser estimados com mais detalhe, precisão e menor custo. [4]
Importa agora perceber como se pode estimar os custos de obra utilizando a tecnologia BIM. Em BIM,
os elementos apresentam uma componente qualitativa e outra quantitativa. A primeira refere-se à
categorização e organização dos elementos com base em famílias, correspondendo a segunda, por
exemplo, a tabelas de contabilização de elementos que são geradas automaticamente pelo software de
modelação 3D utilizado. Assim sendo, o mapa de quantidades para cada uma das soluções é extraído
automaticamente e de acordo com as famílias correspondentes a cada elemento. Desta forma a

33
Utilização de BIM na prefabricação

estimativa de custos de uma determinada solução é realizada de uma forma mais rápida e com um maior
grau de precisão.

 Redução dos custos de projeto [4]


Os ganhos de produtividade alcançados quer ao nível dos projetos de arquitetura, quer ao nível dos
projetos de estruturas, conduzem a uma redução de custos correspondente a 2,6 até 6.7 porcento do custo
total de projeto (incluindo construção). [4] Esta poupança nos custos de projeto pode ser justificada com
base em:
1- redução de custos com pessoal – tempo poupado a evitar a reintrodução de dados; ao projetar
e estimar os custos simultaneamente, evita-se a realização de etapas desnecessárias o que conduz a
poupança de tempo e consequentemente na poupança de dinheiro.
2- redução de custos ao fazer alterações ao projeto – durante a fase de projeto haverá sempre a
necessidade de fazer alterações ao mesmo, o que conduz inevitavelmente a um aumento dos custos.
Com BIM é possível minimizar estes acréscimos de custos, uma vez que as alterações efetuadas
diretamente no modelo 3D conduzirão a uma atualização automática na listagem de elementos e
consequentemente no planeamento de tarefas e estimativa de custos.
3- evitar erros e perda de informação – o facto das alterações, efetuadas diretamente no modelo 3D,
conduzirem a atualizações automáticas na listagem dos elementos e consequentemente no
planeamento de tarefas e estimativa de custos, reduz a incidência do erro humano na transposição
de informação entre ficheiros.

 Ajuda a colmatar a falta de empreiteiras especializadas em prefabricação [33]

As simulações BIM do modelo podem ser utlizadas de forma a compensar a pouca experiência das
empreiteiras. [33] Um software como o Autodesk Navisworks permite a realização de simulações 4D,
em que é percetível a forma como os elementos prefabricados irão encaixar e a sua correta sequência
temporal de montagem. Assim sendo, a pouca experiência dos trabalhadores é compensada através da
visualização destas simulações 4D, que funcionam como um meio de aprendizagem da montagem dos
prefabricados.

 Ajuda a ultrapassar a falta de projetistas especializados em prefabricação [33]

Através da comunicação com ferramentas BIM, a falta de trabalhadores locais especializados é mais
facilmente ultrapassável, permitindo a comunicação entre participantes no processo construtivo
localizados em diferentes locais. [33] Por exemplo, ao trabalhar em cloud, utilizando o BIM 360 Team
da Autodesk, é possível que os participantes no projeto colaborem de forma eficaz e eficiente sem
necessitarem de se encontrarem fisicamente no mesmo espaço. De seguida apresentam-se os passos a
percorrer no processo de trabalho do BIM 360 Team:
1. O projeto é criado e é definido quem são os seus administradores;
2. Os administradores do projeto criam uma pasta na cloud e fazem o upload de um modelo Revit. De
seguida, enviam um convite de participação no projeto às pessoas que nele irão participar, convite
esse que irá ser recebido por e-mail.
3. Após terem recebido o convite, os participantes no projeto podem aceder ao projeto disponível na
cloud e fazer alterações ao mesmo simultaneamente.

34
Utilização de BIM na prefabricação

 Ajuda a reduzir a pressão associada ao custo inicial dos prefabricados [33]


Legalmente, em Portugal a construção de uma habitação prefabricada ou de uma casa construída pelo
método tradicional não varia, sendo em ambos os casos necessário apresentar um projeto de arquitetura
na Câmara Municipal para que esta emita um alvará de construção. A habitação prefabricada poderá de
igual forma ser dada como hipoteca numa garantia bancária para um crédito habitação, existindo, no
entanto, sempre alguma suspeita dos bancos relativa a este método construtivo, sendo por vezes difícil
obter um financiamento com taxas de juro competitivas face à construção tradicional.
Segundo o estudo apresentado no capítulo anterior, em que é abordada a implementação de BIM na
indústria de prefabricação iraniana, o BIM poderia ajudar a reduzir a pressão associada ao custo inicial
dos prefabricados, isto é, o facto de os fabricantes quererem receber a totalidade do pagamento antes de
a obra estar terminada. Este financiamento é na grande maioria das vezes obtido através da realização
de crédito bancário, pelo que a ideia de incluir os bancos como um participante ativo do processo
construtivo poderá de facto ajudar a familiarizar os mesmos com a Construção Prefabricada, dissipando
o estigma existente para com este método construtivo e, assim sendo, aumentando a sua disponibilidade
para a financiar.

 Deteção de colisões entre elementos de MEP (Mechanical, Electrical and Plumbing)e o sistema
estrutural do edifício [34]
Com o auxílio do software Autodesk NavisWorks é possível detetar colisões indesejáveis entre
elementos, o que assume especial importância na construção prefabricada, em que as componentes das
diferentes especialidades são todas produzidas em fábrica com o objetivo de, em obra, apenas se
montarem as peças. Assim sendo, qualquer necessidade de realizar alterações conduzirá à paragem do
processo montagem para avaliar o erro cometido e pensar numa solução que corrija o mesmo. Com
BIM, estas colisões são facilmente identificadas antes da fabricação de qualquer elemento, conduzindo
assim à correta produção e montagem dos elementos em obra e evitando-se, por sua vez, o aumento dos
custos devido a este tipo de erros.

 BIM fornece os desenhos para compra do aço estrutural e dos elementos de MEP [34]
Todos os participantes no processo construtivo irão em algum ponto do mesmo requerer desenhos do
projeto. Em BIM estes desenhos são como uma radiografia em que se evidenciam os detalhes ou
especificações requeridas. Assim sendo, os mesmos poderão refletir o desenho e localização das
componentes prefabricadas, podendo os mesmos ser utilizados na compra de aço estrutural e de
elementos de canalização, eletricidade ou mecânicos (MEP). Estes desenhos poderão ser cortes e plantas
do modelo 3D, em secções estrategicamente escolhidas para evidenciar determinados elementos
requeridos por algum participante do processo construtivo.

3.1.2. TEMPO
O tempo, a par do dinheiro, é sem dúvida um dos principais fatores a ter em conta num projeto de
construção e em particular na prefabricação. Um planeamento de tarefas executado de forma acertada
funciona como um marcador da velocidade de execução da obra e da mais correta sequência de tarefas
a executar.

35
Utilização de BIM na prefabricação

O não cumprimento dos prazos estabelecidos resultará sempre em aumento de custos e eventualmente
no pagamento de multas relativas ao atraso.
Assim sendo, e com base nos estudos descritos no capítulo anterior, apresenta-se de seguida um resumo
e comentário às ilações retiradas pelos autores em cada um dos mesmos do ponto de vista do tempo.

 Definição clara do trabalho a realizar por cada subempreiteira [34]


Através do software Autodesk NavisWorks, poderão ser gerados planeamentos de trabalhos
multidisciplinares e para cada subempreiteira em específico. Estes planeamentos de trabalhos poderão
então ser transformados numa animação 4D com a correta sequência temporal da montagem dos
elementos que cada subempreiteira terá de realizar. Desta forma, o tempo de montagem será reduzido,
uma vez que todo o processo estará bem definido.

 Extração automática de quantidades de aço estrutural e da maioria dos elementos de MEP


[34]
No método tradicional, os mapas de quantidades são elaborados a partir de projetos em CAD, através
da utilização de comandos e cujos resultados são inseridos em tabelas. Contudo, o processo de medição
de quantidades dos prefabricados pode ser realizado automaticamente através do software Autodesk
Revit ou NavisWorks em que os elementos construtivos considerados em cada quantidade poderão ser
visualmente identificados e com correção instantânea das tabelas no caso de alteração de algum
elemento, gerando-se assim poupança de tempo na execução da tarefa.

 Facilitar a comunicação entre os participantes do processo nas primeiras fases do mesmo [36]
Se em reuniões iniciais, realizadas com o objetivo de trocar ideias e opiniões entre equipas de projeto,
produção e montagem, for utilizado o esboço do modelo 3D e animações 4D da montagem do mesmo,
estas serão com certeza mais produtivas, por via da facilidade em expor um ponto de vista e fazer com
que este seja entendido, uma vez que tudo será explicado com suporte gráfico. Assim sendo, o trabalho
de cada uma das equipas será facilitado e ao realizar as alterações antes da fabricação e montagem dos
elementos evitam-se desperdícios de tempo e dinheiro.

3.1.3. LOGÍSTICA
A logística na construção prefabricada pode definir-se como um ramo da gestão em que as suas tarefas
estão relacionadas com o planeamento de armazenagem de equipamentos, de transporte de elementos
para obra e de circulação de elementos dentro de obra. Uma má gestão logística traduz-se em
contratempos que consequentemente conduzirão a atrasos e ao aumento de custos, daí o interesse de
perceber de que forma o BIM poderá ser útil neste sentido.

 BIM permite simular as operações de movimento de elementos em obra [36]


A partir de modelos 3D detalhados é possível simular o movimento dos elementos prefabricados em
obra, e assim acautelar as distâncias necessárias para a passagem dos mesmos, assim como melhorar a
gestão do espaço do estaleiro, ou seja, a melhor disposição para os albergar enquanto não são instalados.

36
Utilização de BIM na prefabricação

 BIM facilita o transporte dos elementos prefabricados [33]

Por vezes, como por exemplo no transporte de elementos de betão prefabricado de grandes dimensões,
o planeamento dos trajetos a considerar terá de ser devidamente analisado, de forma a que, em caso de
necessidade as dimensões da peça sejam ajustadas às dimensões delimitados pelos trajetos possíveis.
Desta forma uma ferramenta BIM como o Autodesk Vehicle Tracking é uma mais valia, uma vez que
permite analisar uma série de variáveis relacionadas com todos os trajetos possíveis.

3.1.4. QUALIDADE
Uma empresa de prefabricação terá todo o interesse em fornecer produtos de qualidade, de forma a
atender e até superar as expetativas do cliente. Assim sendo, deverá ser garantida a excelência de
processos e operações, podendo neste sentido a metodologia BIM revelar-se de grande utilidade.

 Permite a visualização de apresentações walk-through do modelo [34]


Uma apresentação walk-through realizada em BIM, pode ser realizada com auxílio do software Autodesk
NavisWorks, e apresenta-se como uma mais valia na hora da venda dos projetos de uma empresa.
Partindo da mesma, é mais fácil para o vendedor, explicar os benefícios dos seus modelos e
consequentemente melhorar o conhecimento do cliente acerca do produto final que pretende adquirir.
Desta forma, evitam-se surpresas desagradáveis após a montagem dos elementos ter sido realizada e
obtém-se um produto final que satisfaz as expetativas inicias do comprador.

 BIM é uma tecnologia com um elevado nível de integração [35]


Os elementos de um edifício pertencentes a um determinado modelo BIM possuem uma grande
quantidade de informação, que poderá ser utilizada para aumentar a integração com outras tecnologias,
como por exemplo modelos de Augmented reality (AR), que nada mais é que uma combinação da vista
do mundo real sobreposta com o modelo 3D virtual. Esta tecnologia conseguirá ser bastante imersiva
para o comprador, pois desta forma este terá uma ideia quase exata do produto final que irá adquirir, e
mais facilmente estará disponível para apontar os aspetos que deseja alterar de forma a que o produto
final fique do seu agrado.

 Ajuda a criar edifícios menos monótonos em termos estruturais e a apostar na inovação [33]
Uma vez que a máquina de corte conectada a um software BIM como o Revit apenas segue as instruções
que digitalmente lhe são enviadas, esta poderá cortar peças de formas muito variadas. Desta forma será
possível obter edifícios prefabricados com um aspeto mais complexo, com uma grande liberdade na
escolha de materiais e que de alguma forma ajudar a ultrapassar o preconceito de que os edifícios
prefabricados se tratam de estruturas simples, lineares e pouco apelativos do ponto de vista estético.

3.1.5.SEGURANÇA
Compete à entidade empregadora garantir as condições para que os trabalhadores possam desempenhar
as suas funções em segurança, havendo assim necessidade por parte das empresas de realizarem um
plano de segurança, que poderá ser evidenciado por intermédio de um modelo BIM 3D.

37
Utilização de BIM na prefabricação

 BIM contribui para a redução do número de acidentes em obra [32]


O modelo BIM 3D pode ir além da representação dos elementos constituintes do edifício propriamente
dito, e evidenciar também graficamente estruturas provisórias, a disposição dos elementos prefabricados
em estaleiro, as vias de circulação e a colocação de EPC´s (Equipamentos de Proteção Coletiva) em
obra. Desta forma a segurança em obra será melhorada e o número de sinistros tenderá a diminuir.

3.2. ADVERSIDADES
Uma vez categorizadas segundo os pontos relevantes considerados, as vantagens da utilização de BIM
na prefabricação, importa agora reunir os pontos negativos identificados, listando-se de seguida um
conjunto de adversidades retiradas da revisão bibliográfica apresentada no capítulo anterior.

 Custos de implementação da tecnologia BIM [34]


Implementar a tecnologia BIM terá sempre custos associados, que serão especialmente difíceis de
suportar para pequenas e médias empresas. Estes custos poderão ser devidos à contratação de
trabalhadores especializados em BIM, à formação dos trabalhadores já pertencentes ao quadro, à
necessidade de obter licenças de software e eventualmente à compra de hardware.
Contudo, com um bom planeamento financeiro e com a correta aplicação dos processos de trabalho em
BIM, estes custos iniciais poderão ser compensados a curto ou médio prazo, quando a empresa se afastar
do começo da curva de aprendizagem e toda a restruturação organizacional estiver bem assimilada.

 Definição de responsabilidades legais [34]


Devido ao facto do BIM ser um processo aberto que incentiva a colaboração entre especialidades, poderá
por vezes tornar-se difícil reconhecer quem será o responsável se algo não correr como pretendido.
Outro risco poderá residir nas questões de propriedade intelectual e em definir quem é o legitimo
detentor da propriedade intelectual de um determinado projeto.

 Dificuldade de comunicação entre participantes que utilizam plataformas tecnológicas


diferentes [36]
Quando os diferentes participantes do processo construtivo utilizam plataformas tecnológicas diferentes
como, por exemplo, Autodesk Revit e Graphisoft ArchiCAD a informação terá de ser partilhada em
formatos abertos como IFC de modo a garantir a interoperabilidade entre softwares. Contudo, a transição
entre softwares não é livre de erros de exportação/importação, erros estes que tenderão a ser eliminados
com a evolução do standard IFC.

3.3. SUMÁRIO
A categorização e análise das vantagens e adversidades da utilização de BIM na prefabricação, permitiu
compreender as implicações positivas e negativas que as mesmas têm entre si, começando assim a ser
possível delinear guias mestras do caminho a percorrer e dos possíveis percalços a encontrar por uma
empresa de construção prefabricada que resolva adotar a metodologia BIM.

38
Utilização de BIM na prefabricação

4
MODELO PARA UTILIZAÇÂO DE
BIM NA PREFABRICAÇÂO

4.1. DESCRIÇÃO GERAL


O conjunto de ilações retiradas da Revisão Bibliográfica devidamente categorizadas segundo pontos
relevantes no terceiro capítulo, tenderá por si só, a auxiliar uma empresa ligada à Prefabricação que
pretenda implementar a metodologia BIM na sua forma de trabalhar. Contudo, de forma a estabelecer e
organizar sequencialmente as etapas a ter em conta, será constituído e apresentado neste capítulo um
modelo para utilização de BIM na Prefabricação. O mesmo será representado na sua essência de forma
gráfica com recurso a um mapa conceitual, dando-se de seguida ênfase à descrição, simulação e análise
das etapas, processos e operações que o constituem.

4.2. VISITA A EMPRESA DE PREFABRICAÇÃO


Com o intuito de enriquecer a base de conhecimento até este ponto constituída, realizou-se uma visita a
uma empresa de Prefabricação que utiliza a metodologia BIM, permitindo assim, a recolha de
informações relevantes adicionais para a elaboração do modelo para utilização de BIM na Prefabricação
apresentado no decorrer deste capítulo.

4.2.1. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA - SHAY MURTAGH PRECAST LTD


A Shay Murtagh é uma empresa familiar irlandesa de prefabricação de betão, sendo especializada neste
setor, onde é pioneira na utilização de BIM e se afirmou como uma das líderes de mercado no Reino
Unido. Em Portugal, a mesma está inserida no complexo tecnológico Vianatech localizado na Praça da
Liberdade em Viana do Castelo onde uma equipa qualificada de engenheiros projetam soluções
completas para diversos tipos de estruturas prefabricadas de betão.
Em 2017, aquando da instalação da Shay Murtagh em Viana do Castelo, já esta empresa levava décadas
de experiência utilizando BIM na sua forma de trabalhar, pelo que em Portugal não existiu uma adoção
da metodologia BIM, mas sim uma transferência dos processos utilizados nos escritórios e estaleiros de
obra nas Ilhas Britânicas. Assim sendo, na opinião da empresa e a avaliar pela sua prosperidade no
mercado, a metodologia BIM parece ser benéfica para a mesma, sendo nesta incentivada a continuidade
à formação e atualização de conhecimento dos seus funcionários através do financiamento de cursos
especializados na área.

39
Utilização de BIM na prefabricação

4.2.2. PONTOS RELEVANTES DA VISITA


Devido ao facto de o modelo de utilização de BIM na Prefabricação da Shay Murtagh ser uma
informação que acresce valor competitivo ao seu negócio, o mesmo constitui segredo comercial da
própria empresa, pelo que só poderá ser acedido pelos funcionários da mesma. Contudo, da reunião com
dois membros do quadro da empresa, um engenheiro e um arquiteto, constatou-se que os softwares
Revit, Navisworks, e Vehicle Tracking são de grande relevância para a forma de trabalhar da mesma e
que o BIM está presente nas seguintes etapas de todos os seus empreendimentos:
 Orçamentação
 Projeto
 Planeamento
 Produção
 Transporte
 Logística
 Instalação
 Faturação

4.3. MODELO CONCEITUAL PARA UTILIZAÇÃO DE BIM NA PREFABRICAÇÃO


Tendo como base e sustentação a informação apreendida até este ponto da dissertação, apresenta-
se na figura 34, o modelo conceitual para utilização de BIM na Prefabricação.

Planeamento Inicial

Modelo 3D

Transporte

Planeamento

Produção

Instalação

Figura 34 – Modelo conceitual para utilização de BIM na Prefabricação

40
Utilização de BIM na prefabricação

4.4. DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DO MODELO PARA UTILIZAÇÃO DE BIM NA PREFABRICAÇÃO


Com intuito de apresentar e simular a aplicação deste modelo, realizou-se um caso de estudo teórico,
onde para o efeito serão utilizados três softwares pertencentes à Autodesk, sendo eles o Revit 2019, o
Navisworks 2019 e o Vehicle Tracking 2019.
O empreendimento consiste num anexo de apoio a uma zonal industrial concebido maioritariamente
utilizando elementos prefabricados, constituindo, portanto, um sistema de prefabricação total. O mesmo
será composto por vigas e pilares de aço prefabricados, sapatas de betão armado prefabricado e cobertura
metálica também prefabricada, sendo os únicos elementos concebidos in situ a laje de fundo e os
passeios laterais do anexo.
O único elemento de MEP considerado consiste numa conduta de 53mm de diâmetro e 2.85m de
comprimento colocada na parte inferior da cobertura, e que fará parte do sistema de eletricidade do
anexo industrial.

4.4.1. PLANEAMENTO INICIAL


Após a receção na empresa dos requisitos do cliente, dar-se-á o arranque dos trabalhos, sendo o
Planeamento Inicial a primeira etapa a ser realizada, e devendo a empresa de construção prefabricada
ter em conta a produtividade da empresa e a quantidade e tipo de trabalho a realizar, de forma a
estabelecer a sequência e duração aproximada das atividades necessárias para se realizar todo o processo
ligado à construção do empreendimento.

4.4.2. MODELO 3D
A partir do planeamento inicial, é possível perceber que tipos de soluções serão mais viáveis de forma
a dar resposta às expetativas do cliente, quer ao nível do produto final em si, quer ao nível de custo
máximo passível de ser atingido. Nesta fase, uma grande variedade de materiais e soluções poderão ser
equacionadas, das mais inovadores às mais conservadoras uma vez que a máquina de corte de elementos
responderá ao que lhe for solicitado. Assim sendo, as reuniões iniciais envolvendo equipas de projeto,
produção e montagem poderão discutir entre si as diferentes opções possíveis, por meio da apresentação
visual de diferentes modelos 3D equacionáveis, facultando-se resposta aos requisitos a cumprir e
facilitando o encadeamento de processos e de transição entre equipas de trabalho. Reunidas as diversas
soluções gerais equacionáveis, as mesmas deverão ser apresentadas ao cliente por meio da visualização
dos diversos modelos 3D, de Augmented Reality (Realidade Aumentada) e de animações walk-through,
que permitirão explicar de uma forma simples e visual as vantagens, desvantagens e diversas
especificações de cada uma das soluções. Assim sendo, o cliente encontrar-se-á agora em condições de
realizar a escolha que melhor corresponderá às suas expectativas e de sugerir ainda qualquer alteração
ao projeto, de forma a aprovar todas as especificidades do mesmo, dando-se assim continuidade ao
processo.
A segurança em obra também poderá ser acautelada com base num modelo 3D do edifício, devendo
evidenciar-se graficamente as vias de circulação, as máquinas e equipamentos a serem utilizados e a
colocação de EPC´s em obra, testando-se e corrigindo-se a interação entre os mesmos de forma a evitar
acidentes.

41
Utilização de BIM na prefabricação

4.4.2.1. Criação do Modelo 3D - Revit

 Definição de Elementos de Referência

Para uma correta disposição dos objetos constituintes do modelo 3D desenvolvido em Revit, começou-
se por definir elementos de referência no projeto. Os eixos de referência em planta representados
numérica (1 e 2) e alfabeticamente (A e B) na figura 35 foram criados com o intuito de, nas suas
interseções, serem implantados os quatro pilares estruturais do anexo.

Figura 35 – Eixos de referência

Similarmente, para referência e colocação dos objetos a diferentes alturas, foram definidos 3 níveis,
como representado na figura 36.

Figura 36 – Níveis

42
Utilização de BIM na prefabricação

 Elemento base – Fundação

A fundação tipo utilizada para este projeto consiste numa sapata quadrada isolada (1.20mx1.20m) com
altura de 0.45m. As 4 cavidades cilíndricas representadas na figura 37 no topo da sapata possuem um
diâmetro de 4cm e uma profundidade de 30cm, e correspondem aos locais onde entrarão os parafusos
que irão realizar a ligação entre o pilar de aço e a sapata de betão armado, ambos prefabricados.

Figura 37 – Sapata tipo

 Elemento base - Pilar/Viga

O pilar/viga tipo considerado consiste num perfil de aço em I com largura de 30cm e altura de 20cm e
com comprimento variável.

Figura 38 – Pilar/Viga tipo

43
Utilização de BIM na prefabricação

 Elemento base - Cobertura

A cobertura tipo considerada consiste num painel metálico de baixo peso próprio com 10m de
comprimento, 3m de largura e espessura de 4cm.

Figura 39 – Painel de cobertura tipo

Após a colocação no modelo 3D dos objetos representantes dos elementos prefabricados base
considerados, importa agora definir a forma como os mesmo se irão conectar.
Na ligação entre vigas, importa definir quais as principais e quais as secundárias, de forma a se realizar
o corte de encaixe, utilizando-se para tal, o comando Cortar Por da Ribbon ilustrado na figura 40, e
sendo a Ribbon o painel de comandos disponíveis em ambiente Revit.

Figura 40 – Comando Cortar Por

44
Utilização de BIM na prefabricação

Similarmente nos quatro encontros das vigas principais utiliza-se o comando Chanfro de forma a realizar
um corte de 45º nos topos das mesmas, como ilustrado na figura 41.

Figura 41 – Comando Chanfro

 Ligação Viga principal/Viga secundária


A ligação destes dois elementos, ilustrada na figura 42, consiste num conjunto de cantoneiras, porcas e
parafusos fixadas na alma das vigas, sendo o número de peças e as dimensões das mesmas personalizável
de acordo com as capacidades de resistência dos materiais utilizados.

Figura 42 – Ligação Viga principal/Viga secundária

45
Utilização de BIM na prefabricação

 Ligação Viga principal/Viga principal


A ligação destes dois elementos, ilustrada na figura 43, consiste num conjunto de placas de aço,
parafusos e soldadura. As placas de aço são soldadas aos topos das vigas e, de seguida, aparafusadas
entre si.

Figura 43 – Ligação Viga principal/Viga principal

 Ligação Viga principal/Pilar


A ligação destes dois elementos, identificada na figura 44 a linha de cor azul, consiste num conjunto de
peças de aço, porcas e parafusos.

Figura 44 – Ligação Viga principal/Pilar

46
Utilização de BIM na prefabricação

 Ligação Pilar/Sapata
A ligação destes dois elementos, identificada na figura 45 a linha de cor azul, consiste num conjunto de
placa de aço, porcas, parafusos e soldadura. Nesta ligação a placa de aço é soldada ao pilar e o espaço
em redor dos parafusos será preenchido com uma argamassa não extensível.

Figura 45 – Ligação Pilar/Sapata

O modelo 3D do anexo industrial representa o mesmo virtualmente, fazendo-se corresponder os


elementos reais a objetos no modelo.
Na figura 46 encontram-se representados o conjunto de objetos estruturais, ao passo que na figura 47 se
acrescentam os painéis metálicos de cobertura e os únicos elementos produzidos in situ do
empreendimento, sendo eles a laje de fundo e os passeios em betão.

Figura 46 – Conjunto de elementos estruturais

47
Utilização de BIM na prefabricação

Figura 47 – Modelo 3D

4.4.3.TRANSPORTE
A partir da escolha do cliente, compete agora à empresa de Prefabricação verificar as delimitações
impostas pelos trajetos possíveis desde o local de produção até ao local de instalação. Analisadas
variáveis como a largura das estradas e as alturas de passagens superiores e inferiores, através de por
exemplo do software Autodesk Vehicle Tracking, os desenhadores e projetistas possuem agora em mãos
a informação necessária para definir as dimensões dos elementos prefabricados e as ligações de fixação
entre os mesmos.
4.4.3.1. Swept Path Analysis - Vehicle Tracking
Um aspeto essencial na análise dos trajetos possíveis a adotar, consiste na verificação da passagem do
meio de transporte dos elementos prefabricados em determinados pontos de viragem de menor ângulo,
podendo acautelar-se esta situação por intermédio de uma Swept Path Analysis realizada no Vehicle
Tracking.

Figura 48 – Vehicle Library Explorer

48
Utilização de BIM na prefabricação

Este software apresenta-nos desde logo um conjunto de meios de transporte passíveis de serem utilizados
no Vehicle Library Explorer, como representado na figura 48, em que todas as características dos
mesmos estão pormenorizadamente detalhadas, podendo o utilizador escolher de forma criteriosa aquele
ou aqueles que mais lhe convém para o seu corrente projeto.

Figura 49 – Vehicle Diagram

Depois de selecionado o veículo pretendido, poderá aceder-se ao Vehicle Diagram do mesmo, onde se
representam graficamente a amplitude dos seus trajetos de viragem, como por exemplo na figura 49. De
seguida, sobrepondo as linhas do trajeto com o veículo considerado, corre-se a Swept Path Analysis e
verifica-se a existência de incompatibilidades. Caso o mesmo se verifique terá de se optar por alterar o
trajeto de forma a obter um itinerário mais favorável, escolher outro veículo ou em último recurso
repensar as dimensões das componentes prefabricadas do projeto.

4.4.4. PLANEAMENTO
Tendo o cliente efetuado a sua escolha e estando as questões relacionados ao transporte devidamente
acauteladas, caberá agora à empresa de Prefabricação concentrar-se no planeamento detalhado dos
trabalhos e na pormenorização do projeto.
Após a construção do modelo 3D por exemplo em Autodesk Revit, o mesmo deverá ser importado para
o Autodesk Navisworks de forma a realizar uma clash detection com o objetivo de apurar a existência
de colisões indesejáveis entre elementos construtivos. Identificadas estas colisões, proceder-se-á à
correção das mesmas no modelo 3D. Estas alterações no modelo 3D conduzirão a atualizações
automáticas na listagem de elementos e suas características, pelo que se evita desperdícios de tempo na
reintrodução de dados e se evitam erros e perdas de informação, reduzindo os custos devidos a alterações
no projeto.
A sequência de instalação dos elementos prefabricados poderá então ser representada por via de uma
animação 4D com o intuito de representar graficamente em timeliner o processo de montagem dos
elementos constituintes do empreendimento, e a estimativa de custos poderá ser realizada de duas
formas: fazendo uma extração automática das tabelas de quantidades do modelo 3D, com posterior
complementação de preços em Excel, ou utilizando diretamente o Autodesk Navisworks para realizar
estimativa de custos, o chamado BIM 5D.

49
Utilização de BIM na prefabricação

4.4.4.1. Planeamento do caso teórico no Navisworks


 Exportação do modelo 3D em Revit para Navisworks
Para exportar o projeto do Revit (formato RVT) para o Navisworks (formato NWC), utiliza-se o
exportador de arquivos disponível no menu Arquivo da Ribbon, como representado na figura 50.

Figura 50 – Exportador de Arquivos Revit

 Clash Detection do projeto no Navisworks


Utilizando o comando Clash Detective da Ribbon e correndo um teste do modelo no modo Self-Intersect,
foram detetadas 23 colisões entre elementos. Analisando todas as interseções, constata-se que a maioria
são interseções puramente geométricas pouco relevantes entre elementos, como por exemplo a
representada na figura 51, entre um pilar e a laje de fundo do anexo industrial.

Figura 51 – Clash Detection 1

50
Utilização de BIM na prefabricação

Contudo, três das colisões detetadas no teste apresentam grande relevância, uma vez que se tratam da
interseção de um elemento de MEP, no caso um tubo pertencente ao sistema de eletricidade do edifício,
com três vigas pertencentes ao sistema estrutural do edifício, como representado na figura 52. A solução
passaria por baixar a cota de colocação do tubo, o que diminuiria o pé-direito útil do anexo industrial,
ou então alterar as três vigas intersetadas de forma a prever a passagem do tubo, não comprometendo
contudo a resistência das vigas.

Figura 52 – Clash Detection 2

Como o Revit além do formato RVT apenas lê arquivos IFC, formato este em que não é possível exportar
no Navisworks, fica impossível exportar um arquivo do Navisworks para o Revit. Contudo, ativando no
Revit a ferramenta externa NavisWorks SwitchBack presente no menu Suplementos da Ribbon é possível
realizar alterações num elemento do modelo em Revit e essas serem refletidas de imediato no
Navisworks. Assim sendo, criou-se uma abertura em cada uma das três vigas de forma a fazer passar o
tubo do sistema de MEP, utilizando-se para tal o comando Corte por contorno presente no menu aço da
Ribbon. Assim, a interseção entre elementos encontra-se solucionada, como representado na figura 53.

Figura 53 – Corte por contorno

51
Utilização de BIM na prefabricação

 Animação 4D em Navisworks
De forma a gerar a animação 4D, começou-se por identificar cada objeto e a constituir Sets, como
apresentado na figura 54.

Figura 54 – Sets

De seguida, na TimeLiner, adicionou-se cada tarefa e a sua duração correspondente à montagem de cada
objeto, gerando-se assim o planeamento temporal da construção do empreendimento, como apresentado
na figura 55.

Figura 55 – TimeLiner

De seguida, no Animator, gerou-se uma animação para cada tarefa presente na TimeLiner, como
ilustrado na figura 56.

52
Utilização de BIM na prefabricação

Figura 56 – Animator

De forma a criar uma animação 4D em que se evidenciassem vários ângulos do edifício, criou-se uma
lista de Viewpoints do modelo 3D. Os mesmos foram utilizados para criar uma scene no Animator, em
que a câmara de move em redor da representação virtual do anexo industrial, como se pode verificar na
figura 57.

Figura 57 – Viewpoints

Esta scene criada anteriormente foi então adicionada à Timeliner atualizando-se as propriedades da
animação 4D no menu Simulate. Neste ponto, a Animação 4D encontra-se pronta para exportar, podendo
optar-se por diferentes formatos.
Na figura 58 apresenta-se uma imagem representante da animação 4D exportada em vídeo.

53
Utilização de BIM na prefabricação

Figura 58 – Animação 4D

4.4.5. PRODUÇÃO
Na conceção das componentes do projeto em fábrica poderão utilizar-se desenhos e bases de dados
provenientes do modelo 3D em Revit ou diretamente ligadas ao software de modelação produzindo as
peças em máquinas CNC (Computer Numerical Control) de acordo com as especificações
correspondentes a cada componente fabricada. De seguida, estas componentes poderão ser armazenadas
em fábrica ou seguir diretamente para o seu local de montagem, de acordo com o itinerário previamente
estabelecido.

4.4.6. INSTALAÇÃO
Chegados os elementos prefabricados ao local da obra, os mesmos terão de ser descarregados e
armazenados por algum tempo, antes de serem instalados. Este armazenamento deverá ter sido previsto
com base em modelos 3D detalhados, que acautelam a disposição dos diversos elementos em estaleiro
de acordo com as suas dimensões, o cumprimento das normas de segurança, o seu local de montagem e
a sequência temporal em que os mesmos irão ser necessários. A animação 4D realizada anteriormente
em Autodesk Navisworks, facilitará o entendimento de todo o processo de montagem aos trabalhadores,
onde se evidencia a sequência temporal de instalação das componentes e a forma como a ligação entre
as mesmas será efetuada, fazendo com que todo o processo decorra de forma fluida e com o mínimo de
interrupções possível.

4.5. LIMITES DO MODELO


O modelo para utilização de BIM na prefabricação apresentado ao longo deste capítulo possui várias
condicionantes uma vez que o mesmo constitui uma generalização das etapas a utilizar por uma qualquer
empresa de Prefabricação em abstrato. Na realidade, cada área da Construção Prefabricada e no limite
cada empresa individualmente, possuirá as suas especificidades e condicionantes próprias devendo este
modelo ser adaptado a cada uma dessas situações em concreto.

54
Utilização de BIM na prefabricação

5
CASO DE ESTUDO - APLICAÇÃO DO
MODELO PARA UTILIZAÇÃO DE BIM NA
PREFABRICAÇÃO A UMA OBRA

Depois de no capítulo anterior se ter apresentado um modelo com a pretensão de auxiliar as empresas
de Construção Prefabricada que pretendam implementar a metodologia BIM, importa agora, através de
um caso de estudo, aplicar e testar o conjunto de etapas e seus processos inerentes, a um projeto real de
Prefabricação em que não se utilizou essa metodologia, comparando-se os resultados obtidos e
avaliando-se a viabilidade do modelo.

5.1. DESCRIÇÃO DO CASO DE ESTUDO


O caso de estudo apresentado ao longo deste capítulo, consistirá na aplicação do modelo desenvolvido
no decorrer desta dissertação a um projeto de Construção de Pavilhão de apoio à Gestão Florestal onde
não foi utilizado BIM, sendo o mesmo constituído por um espaço amplo destinado a garagem e arrumos
de máquinas industriais. O empreendimento localizado em Viseu, contempla uma Área total de
construção de 462,7m2, com uma estimativa inicial do Custo total das obras realizado pelo técnico
responsável por este projeto de 76.000,00 € à data de 2005.

5.1.1. CARACTERÍSTICAS MÉTRICAS DO EMPREENDIMENTO


As medidas e números globais referentes à construção são os seguintes:
 Área da propriedade – 3.100,00m2
 Comprimento do edifício – 15,28m
 Largura do edifício – 20,28m
 Área de construção – 462,7m2
 Altura do beiral – 6,00m
 Volumetria – 2.776,02m3
 Inclinação da cobertura – 7%
 Nº de pisos – 1 acima da cota de soleira

5.1.2. CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO


Em termos construtivos a obra consiste em:

 Sistema de pórticos, com pilares e vigas metálicos em aço do tipo Fe 430 com ligações efetuadas
com parafusos de alta resistência, cobertura metálica isolada termicamente e painéis de parede em
chapa simples pré-lacada.

55
Utilização de BIM na prefabricação

 Sapatas e as vigas de travamento das fundações, em betão armado B20-A400 e a fundação das
paredes em betão ciclópico.
 Pavimento estruturalmente concebido em maciço de betão.

Figura 59 – Planta de Localização do empreendimento

5.2. SISTEMAS E ELEMENTOS DO PROJETO CONSIDERADOS NA APLICAÇÃO DO MODELO


No contexto deste Pavilhão de apoio à Gestão Florestal, e como descrito no segundo capítulo,
encontramo-nos perante um sistema de Prefabricação Total, uma vez que se trata da construção de um
empreendimento com uma elevada taxa de elementos prefabricados, cingindo-se a grande maioria do
trabalho em obra a operações de instalação dos mesmos. Exceção feita ao sistema de fundações e ao
pavimento em betão estrutural betonados in situ, contemplando assim o método tradicional.
Uma vez tratar-se de um modelo para utilização de BIM na Prefabricação, irá realizar-se a aplicação do
mesmo a um sistema do edifício construído segundo o mesmo método construtivo, no caso ao sistema
estrutural de pórticos com vigas e pilares metálicos ligados entre si com parafusos de alta resistência.
Para a execução deste sistema estrutural à data de construção, foram consultadas várias firmas
fornecedoras de estruturas metálicas no mercado, optando o cliente pela solução que apresentou o
melhor preço e admitindo-se diferentes versões do projeto estrutural.
Assim sendo, será relevante perceber as possíveis mais valias e constrangimentos que a aplicação do
modelo desenvolvido nesta dissertação implicaria numa dada empresa a concurso.

5.3. ESTIMATIVA ORÇAMENTAL DA CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ESTRUTURAL DE PÓRTICOS SEM


RECURSO À METODOLOGIA BIM
De forma a obter um termo de comparação de custos do projeto em causa, irá de seguida apresentar-se
uma estimativa orçamental da construção do sistema estrutural de pórticos sem recurso à metodologia
BIM. Para tal recorrer-se-á ao Gerador de Preços da Construção da CYPE Ingenieros, que com base
em informação retirada de projetos anteriores e numa série de condicionantes, consegue oferecer uma
aproximação aos custos reais dos trabalhos em causa.

56
Utilização de BIM na prefabricação

Figura 59 – Estimativa orçamental dos trabalhos por m2 de superfície pintável de aço

Considerando-se que a utilização do perfil de aço da série IPE 300 é viável do ponto de vista estrutural
para as vigas e pilares, a estimativa orçamental dos trabalhos será realizada com base na área de
superfície pintável do perfil necessária para a construção do sistema de pórticos (figura 59).
Uma vez que cada um dos sete pórticos considerados possuirá aproximadamente 27m de perfil IPE 300,
com uma área de superfície pintável por metro (AL) de 1.160 m2/m, vem:

𝐸𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑜 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝑠𝑒𝑚 𝐵𝐼𝑀) = (7 ∗ 27 ∗ 1,160) ∗ 50,03 = 10.968,58 €

Por outro lado, para estimar a duração dos trabalhos bastará multiplicar o rendimento de um dos dois
funcionários, apresentado na figura 59, pela área de superfície pintável do conjunto de pórticos, assim
vem:

𝐸𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑎 𝐷𝑢𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜𝑠 (𝑠𝑒𝑚 𝐵𝐼𝑀) = (7 ∗ 27 ∗ 1,160) ∗ 0,415 = 90,98 ℎ


≈ 11,5 𝑑𝑖𝑎𝑠 (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖𝑑𝑒𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜 8ℎ 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑎 𝑑𝑢𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜)

5.4. ETAPAS DE APLICAÇÃO DO MODELO PARA UTILIZAÇÃO DE BIM NA PREFABRICAÇÃO – CASO


DE ESTUDO

Como apresentado no decorrer do quarto capítulo, o modelo para utilização de BIM na Prefabricação
desenvolvido, pressupõe de uma forma simplificada a aplicação de um conjunto de etapas, sendo estas:
Planeamento Inicial, Modelo 3D, Transporte, Planeamento, Produção e Instalação. Desta forma, ir-se-á

57
Utilização de BIM na prefabricação

de seguida, aplicar cada uma das mesmas ao sistema estrutural de pórticos do Pavilhão de apoio à Gestão
Florestal em estudo.

5.4.1. PLANEAMENTO INICIAL


Neste empreendimento em concreto, foi entregue a cada uma das empresas a concurso um projeto de
estabilidade generalista com a localização em planta dos pilares de cada pórtico (figura 60). Competindo
à empresa de prefabricação adjudicatária da estrutura metálica apresentar a sua versão do projeto e
justificar os cálculos da mesma, bem como os termos de responsabilidade do autor e da sua construção.
De acordo com os requisitos do cliente refletidos na memória descritiva e justificativa do
empreendimento, cada pórtico do sistema estrutural do mesmo consiste num conjunto constituído por
vigas, pilares, parafusos de alta resistência e outras peças metálicas produzidas com aço do tipo Fe 430
utilizadas nas ligações dos elementos citados e entre cada pórtico e as sapatas do sistema de fundações
previamente realizado in situ. Sendo que todas as peças metálicas deverão ser tratadas com uma proteção
anticorrosiva com decapagem, aplicação de primário e pintura final de acabamento em esmalte de cor
cinza.
Assim sendo, uma empresa que pretenda candidatar-se à realização dos trabalhos, deverá possuir uma
base de dados de projetos, em que possa comparar os requisitos do novo projeto, com outros realizados
anteriormente, principalmente no que se refere à tipologia, à área de construção e ao pé-direito do
mesmo, conseguindo desta forma estimar os custos, o encadeamento de tarefas e a duração das mesmas
no projeto atual.

Figura 60 – Localização dos pilares em planta

5.4.2.MODELO 3D
Com o objetivo de dar resposta às expetativas do cliente assegurando a viabilidade estrutural da solução
ou soluções propostas e olhando sempre com especial atenção aos custos totais dos trabalhos uma vez
existirem várias firmas de prefabricação a concurso, deverá ser realizado um modelo 3D de cada um dos
projetos equacionáveis. Posteriormente, aquando da entrega de orçamento de cada uma das soluções
possíveis ao cliente, deverão também ser-lhe apresentados os modelos 3D e animações 4D das mesmas,

58
Utilização de BIM na prefabricação

o que lhe permitirá mais facilmente entender as especificidades de cada solução e em caso de
necessidade realizar alterações por este sugeridas.

Figura 61 – Modelo 3D de parte de uma solução equacionável

No modelo 3D das soluções equacionáveis propostas deverão ficar logo à partida definidos todos os
aspetos relacionados com os pormenores de ligação entre elementos, de forma a diminuir ao máximo o
número de decisões a tomar pelos trabalhadores no processo de instalação in situ, como se exemplifica
na ligação viga/pilar ilustrada nas figuras 61 e 62, onde pressupondo a verificação da segurança
estrutural, se opta por utilizar quatro parafusos do tipo EN 14399-8 de 16mm de diâmetro.

Figura 62 – Modelo 3D de parte de uma solução equacionável

A geração de desenhos no modelo como cortes, plantas ou vistas 3D como a representada na figura 61,
tenderá a facilitar a compra ou produção de elementos como vigas e pilares em perfil de aço, assim como

59
Utilização de BIM na prefabricação

das peças necessárias para a realização da ligação entre os mesmos, tendendo a reduzir-se erros
interpretativos e de incorreta contabilização.
No que respeita à segurança em obra, e uma vez tratar-se de trabalhos que necessitam de uma
considerável quantidade de trabalho em altura, deverá fazer-se refletir os EPC’s (Equipamentos de
Proteção Coletiva), como por exemplo a colocação de proteções guarda-corpos nos andaimes ou a linha
de vida, nos modelo 3D equacionáveis, assegurando-se a sua correta disposição em obra e diminuindo-
se a probabilidade de ocorrência de sinistros.

5.4.3. TRANSPORTE
Considerando que do concurso com outros soluções construtivas apresentadas por várias empresas de
Prefabricação, a escolha do cliente recaiu sobre uma das propostas apresentada pela empresa que estará
a utilizar BIM na sua forma de trabalhar, compete agora à mesma verificar a existência de algum
constrangimento no transporte dos elementos prefabricados de fábrica até ao local da obra, realizando-
se em caso de dúvida uma análise aprofundada no Vehicle Tracking de forma a detetar alguma
contrariedade em pontos de viragem de menor ângulo e solucionar esta contrariedade optando por
selecionar um veículo de transporte adequado aos itinerários possíveis em causa.

5.4.4. PLANEAMENTO
Nesta etapa do processo construtivo competirá à empresa de Prefabricação focar-se no planeamento
detalhado do projeto e na pormenorização das especificidades construtivas do mesmo. Para tal dever-
se-á realizar uma clash detection em Navisworks que poderá auxiliar a detetar e corrigir eventuais erros
de carácter geométrico dos elementos prefabricados.

Figura 63 – Clash detection em Navisworks

De seguida deverá ser realizada no Navisworks uma animação 4D, ilustrativa do processo de montagem
dos elementos principais dos pórticos como as vigas e os pilares, e onde se evidenciará de forma
elucidativa a montagem em timeliner das ligações entre os mesmos, permitindo posteriormente aos
funcionários da empresa responsáveis pela instalação in situ visualizar o conjunto de passos a realizar

60
Utilização de BIM na prefabricação

antes de se depararem com o trabalho em obra, conduzindo assim ao aumento de produtividade dos
mesmos.

5.4.5. PRODUÇÃO
Neste projeto em concreto a produção dos elementos do projeto poderá ficar ou não a cargo da empresa
de Prefabricação responsável pela construção, contudo independentemente do caso os desenhos e bases
de dados provenientes do modelo 3D em Revit serão sempre de grande utilidade, quer seja na compra
do material ou na produção própria dos elementos prefabricados, podendo os mesmos de seguida ser
transportados para a localização da obra, segundo o itinerário e veículo de transporte previamente
selecionados.

5.4.6. INSTALAÇÃO
Uma vez em obra, os elementos prefabricados terão de ser descarregados em sítio previamente
estabelecido no modelo 3D de acordo com a sua prioridade de instalação e a segurança do local de
trabalho. Os funcionários responsáveis pela instalação deverão sempre que necessário retirar alguma
dúvida do processo construtivo baseando-se para isso no modelo 3D do projeto e na sua animação 4D,
contribuindo para o menor tempo de interrupções possível e conferindo fluidez à instalação.

5.5. ANÁLISE DE RESULTADOS


5.5.1. AVALIAÇÃO DAS VANTAGENS
À semelhança do que se constatou no segundo capítulo (Estado da Arte), a utilização de BIM conduz a
vantagens significativas para uma empresa que o decida implementar, tais como:
 Melhor resposta à solicitação de alterações por parte do cliente, conduzindo à prestação de um
melhor serviço ao mesmo e aumentando a probabilidade de se tornar a empresa adjudicatária de um
determinado projeto.
 Definição detalhada dos pormenores de ligação entre elementos construtivos antes da chegada à
obra.
 Geração de desenhos no modelo que tenderão a facilitar a compra ou produção de elementos, assim
como das peças necessárias para a realização da ligação entre os mesmos.
 Aumento da segurança em obra com base no planeamento de colocação de EPC’s e das vias de
circulação no modelo 3D do empreendimento.
 Deteção a priori de constrangimentos ao nível do transporte de elementos com base nas dimensões
dos elementos e nos veículos de transporte considerados.
 Evitam-se interseções indesejadas entre elementos construtivos na fase de projeto, ou seja, antes da
construção se ter iniciado, pelo que se tendem a evitar erros, que de outra forma apenas iriam ser
detetados em obra.
 Geram-se animações 4D elucidativas do processo de montagem dos elementos e da mais adequada
sequência temporal a ser adotada, aumentando a produtividade dos funcionários da empresa.

5.5.1.1. Estimativa da Poupança Anual numa Empresa de Prefabricação devida à Utilização de BIM
Uma vez que as vantagens apresentadas na revisão bibliográfica se refletem no caso de estudo em que
se aplicou o modelo desenvolvido no quarto capítulo, será relevante utilizar as taxas de redução de custos
encontradas nesses projetos com o fim de realizar uma estimativa da redução de custos que a aplicação

61
Utilização de BIM na prefabricação

do modelo teria neste caso de estudo e consequentemente na poupança anual dessa empresa de
Prefabricação.
Com base no quadro 1 baseado em [4] considerar-se-á uma taxa de redução dos custos do projeto
(incluindo construção) de 7% relativa à redução dos erros de desenho e aos ganhos de produtividade
alcançados.
Assim sendo, e uma vez que a Estimativa do Custo Total do Projeto foi de 10.968,58 € vem:
𝐸𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑎 𝑅𝑒𝑑𝑢çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 − 𝐶𝑎𝑠𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑠𝑡𝑢𝑑𝑜 = 10.968,58 ∗ 0,07 = 767,80€

Considerando que se trata de uma pequena/média empresa que disponibiliza todos os seus meios para
apenas duas construção de cada vez, configurando um cenário desvantajoso do ponto de vista da
amortização do investimento na implementação da metodologia BIM e uma vez que Estimativa da
Duração dos Trabalhos neste caso de estudo foi de aproximadamente 11,5 dias e que um ano tem 252
dias úteis vem:

Estimativa da Poupança Anual – Pequena/Média Empresa de Prefabricação = 767,80*(252/11,5)*2


= 33.649,67€

5.5.2. AVALIAÇÃO DOS CONSTRANGIMENTOS


Embora à primeira vista uma poupança anual de 33.649,67€ pareça um valor muito considerável para
uma pequena/média empresa, só se conseguirá avaliar a poupança efetiva para a mesma, quando ao
valor apresentado se subtraírem os custos anuais referentes à implementação de uma estação de trabalho
BIM.
5.5.2.1. Estimativa de Custos Anuais resultante da implementação da Metodologia BIM

De forma a estimar o custo anual para uma empresa de Prefabricação resultante da implementação da
metodologia BIM será considerado a contratação de um profissional especializado com encargos para
o contratante de 1300€/mês, assim como a obtenção de licença anual dos três softwares citados no
Modelo para Utilização de BIM na prefabricação apresentado no quarto capítulo e quando adquiridos
conjuntamente representam um custo anual de 3720,75 €. [38]

Assim sendo, vem:


𝐸𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑖𝑠 𝐵𝐼𝑀 = (1300 ∗ 12) + 3720,75 = 19.320,75 €
e
𝐸𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑢𝑝𝑎𝑛ç𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎 = 33.649,67 − 19.320,75 = 14.328,92€

62
Utilização de BIM na prefabricação

6
CONCLUSÕES

6.1. CONCLUSÕES FINAIS


O Building Information Modeling (BIM) está a ganhar popularidade muito rapidamente e a começar de
transformar globalmente a Indústria da Construção (IC). Desta forma, as empresas de Prefabricação,
têm a oportunidade de se atualizarem e começarem desde já a usufruir das possíveis vantagens que esta
Information Technology (IT) tem para oferecer ao seu processo construtivo.
Uma vez que a literatura com enfoque na utilização de BIM especificamente na Construção Prefabricada
se revela à partida menos extensa, será relevante fazê-lo no âmbito desta dissertação de forma a se
avaliar, até que ponto a adoção da metodologia BIM pode auxiliar as empresas ligadas a um método
construtivo com especificidades muito singulares e que apesar de ter vindo a evoluir no decorrer dos
últimos anos, conta com pouca popularidade entre a população em geral, o que se reflete na sua cota de
mercado minoritária face à Construção Tradicional.
A realização desta dissertação comtempla alcançar um objetivo principal bem definido, que se define
por avaliar as vantagens e desvantagens da utilização de BIM na prefabricação. No entanto, para o
realizar de uma forma sustentada, importa definir um conjunto de passos, que se podem encarar como
objetivos suplementares e que se apresentam de seguida:
1. Análise de casos de estudo anteriores e de outros trabalhos realizados internacionalmente –
No decorrer do segundo capítulo, Estado da Arte, após a apresentação dos conceitos de
Prefabricação e BIM, e suas devidas contextualizações de forma a criar uma ampla base de
conhecimento no âmbito destas temáticas isoladamente, apresentam-se de forma analítica um
conjunto de trabalhos realizados anteriormente em diversos pontos do globo, referentes à utilização
de BIM na Prefabricação, em que se reúnem de forma estruturada para cada um dos mesmos um
conjunto de ilações sob a forma de vantagens e desvantagens. Posteriormente no terceiro capítulo,
realiza-se uma organização destas mesmas ilações resultantes da revisão bibliográfica, catalogando
e interpretando de forma prática cada uma das mesmas, segundo a ótica de vários pontos relevantes
para a Indústria da Construção (IC), tais como: economia, tempo, logística, qualidade e segurança.

2. Apresentação de um modelo para utilização de BIM na prefabricação, sugerindo-se a


aplicação de um conjunto de etapas e de softwares considerados mais relevantes para auxiliar
os vários tipos de empresas ligadas a este método construtivo – O quarto capítulo desta
dissertação, apresenta um modelo para utilização de BIM na Prefabricação, resultante do somatório
do conhecimento científico resultante da revisão bibliográfica, com o conhecimento empírico obtido
por intermédio de uma visita a uma empresa de Prefabricação e diálogo com um engenheiro e um
arquiteto pertencentes aos quadros da mesma. Este modelo, contempla um conjunto de etapas
apresentadas de forma conceitual através de uma representação gráfica, seguido por uma descrição
dos processos, tarefas e operações de cada uma dessas etapas e com exemplificação da utilização
dos softwares considerados mais relevantes.

63
Utilização de BIM na prefabricação

3. Teste do modelo para utilização de BIM na Prefabricação, onde se aplica o mesmo num caso
de estudo – No decorrer do quinto capítulo, desenvolve-se a aplicação do modelo concebido a um
sistema de um projeto real de prefabricação em que à data de construção não se utilizou a
metodologia BIM, comparando-se assim os resultados obtidos.
Finalmente, partindo da análise dos resultados obtidos no teste do modelo, alcança-se o objetivo
principal desta dissertação, que consiste em avaliar as vantagens e desvantagens da utilização de BIM
na Prefabricação. Como resultado da avaliação e ponderação das mesmas conclui-se que a utilização de
BIM é útil para a Prefabricação e que o modelo apresentado no quarto capítulo, pode ser utlizado de
forma a auxiliar a implementação desta metodologia em empresas ligadas à Construção Prefabricada.
O BIM é uma metodologia, que apresenta desde logo o condão de prezar por aquele que é o máximo
responsável por manter a roda que é a Indústria da Construção e em particular a Prefabricação a girar, o
cliente. Uma vez que o BIM possibilita a apresentação de vários protótipos equacionáveis do
empreendimento ao cliente, por intermédio de modelos 3D e de animações 4D, coloca-se o mesmo numa
posição privilegiada de escolha, escolha essa que em diálogo com a empresa de Prefabricação poderá
ainda ser alvo de algumas alterações solicitadas pelo cliente e aprovadas pela empresa, adequando-se ao
máximo o protótipo do empreendimento em causa às preferências do cliente. Desta forma, a empresa
mostra interesse genuíno em satisfazer o cliente, tendendo a conquistar a sua preferência, e aumentando
a probabilidade de num concurso com propostas de orçamento com valores muito semelhantes, o cliente
optar pela solução ligeiramente mais cara, mas que de certa forma melhor reflete as suas pretensões. Um
cliente satisfeito tenderá a promover de forma gratuita o produto que adquiriu e por consequência a
empresa que o fabricou, relatando através do diálogo com outras pessoas a sua positiva experiência
pessoal com o mesmo, conferindo qualidade à Construção Prefabricada e contribuindo em última análise
para a melhoria da reputação da mesma pela população em geral.
Uma das principais especificidades de um empreendimento prefabricado consiste no facto de o mesmo
ser o resultado da conexão de um conjunto de elementos previamente produzidos que quando unificados
entre si através de ligações, formam a totalidade do mesmo. Desta forma é conferido às ligações entre
elementos um carácter primordial de grande relevância, dependendo destas a integridade dos sistemas
prefabricados. Dada a importância da correta execução das ligações entre elementos, muitas das vezes
existe a necessidade em obra, de pensar sobre a melhor forma de as realizar, e conduzindo
consequentemente a perdas de tempo e de diminuição da produtividade na realização dos trabalhos.
Com o BIM, todos os pormenores relativos à ligação entre os elementos construtivos, ficam claramente
definidos antes da chegada à obra, encontrando-se os materiais necessários já devidamente produzidos
e contabilizados com recurso ao modelo 3D do empreendimento.
Por outro lado, dado ser avultado o número de elementos, das ligações entre os mesmos, e das peças
acessórias necessárias, tende a ser difícil para os funcionários responsáveis pela instalação perceber de
forma rápida a mais eficiente sequência de tarefas a adotar, implicando perdas de tempo e
consequentemente diminuição da produtividade da empresa. Com o BIM geram-se animações 4D
elucidativas do processo de montagem dos elementos, das ligações entre os mesmos e das peças
acessórias necessárias em que se simula a mais adequada sequência temporal a ter em conta, o que
culmina no aumento da produtividade de uma empresa de Prefabricação. Sendo outro fator contribuinte
para esse efeito de aumento de produtividade, a realização de clash detection dos objetos constituintes
de um modelo 3D de um dado projeto, o que permite verificar a existência de interseções indesejadas
entre elementos construtivos antes da construção se ter iniciado, pelo que se evitam e corrigem erros,
que de outra forma apenas iriam ser detetados in situ e conduziriam a paragens em obra.

64
Utilização de BIM na prefabricação

Uma vez que a partir do modelo 3D do edifício prefabricado se podem gerar desenhos do mesmo como
cortes, plantas ou vistas 3D, os mesmos apresentam grande utilidade na compra ou produção de
elementos, ligações e peças acessórias, reduzindo-se erros interpretativos e de incorreta contabilização.
No que respeita a mapas de quantidades os mesmos poderão ser realizados automaticamente através do
software de modelação 3D, estando assegurada a correção instantânea das tabelas no caso de se
realizar alterações a algum elemento.
No que respeita ao transporte dos elementos prefabricados até à localização da obra, existem softwares
BIM que possibilitam a análise dos itinerários possíveis confrontando-os com as características
geométricas do tipo de veículo necessário, assegurando-se a chegada atempada dos elementos
prefabricados à obra e evitando-se situações, como por exemplo: face à impossibilidade de um camião
articulado de 22m de comprimento, não conseguir prosseguir o itinerário estipulado devido a
insuficiente largura da estrada ou de limitações de altura de passagens inferiores ou superiores, o
motorista ver-se obrigado a realizar marcha-atrás durante centenas de metros num veículo muito difícil
de manobrar em espaços curtos, colocando em risco a sua própria segurança e a dos demais utilizadores
da via de trânsito, além de se comprometer a chegada à obra dos elementos transportados à hora
planeada.
No que respeita ao impacto do BIM na segurança em obra da Construção Prefabricada, verifica-se que
o impacto é positivo, sendo as razões para tal, o facto de a disposição em estaleiro dos elementos
prefabricados, das vias de circulação e dos EPC’s (Equipamentos de Proteção Coletiva) como guarda-
costas ou linha de vida, poderem ser devidamente acautelados no modelo 3D do projeto em causa,
diminuindo-se a ocorrência de acidentes de trabalho e consequentemente dos encargos de seguros com
funcionários.
Em termos de custos estimou-se que uma pequena/média empresa que decida aplicar uma estação de
trabalho em BIM, terá de suportar anualmente um custo de 19.320,75 € relativo aos encargos de
contratação de um técnico especializado e da aquisição das licenças de software consideradas mais
relevantes. Contudo, se a empresa apresentar um volume de negócios compatível com a sua dimensão
recuperará anualmente este investimento, somando ainda um lucro estimado de 14.328,92 €, resultante
do facto de a estimativa de poupança anual devida ao BIM ser de 33.649,67€ e, portanto,
consideravelmente superior à estimativa de custos anuais com BIM.
Uma vez que as vantagens identificadas, suplantam esmagadoramente os constrangimentos que uma
empresa possa encontrar no processo de adoção da metodologia BIM, constata-se desde já a viabilidade
da utilização de BIM na Prefabricação, esperando-se que esta dissertação e em particular o modelo
realizado no decorrer da mesma, auxilie as empresas deste método construtivo que pretendam
implementar essa metodologia.

6.2. LIMITAÇÕES DA DISSERTAÇÃO


Esta dissertação apresenta algumas limitações, nomeadamente devido ao facto de o tempo disponível
para a elaborar corresponder ao início da curva de aprendizagem de utilização do conjunto de softwares
BIM considerados, não se conseguindo aplicar os mesmo na sua total magnitude.
Por outro lado, importa referir que as ilações retiras de cada um dos estudos apresentados na revisão
bibliográfica, serão sempre influenciadas pela situação socioeconómica de cada um dos países em causa.
A análise de resultados apresentada na discussão, resultou da aplicação do modelo a apenas um caso de
estudo relativo a uma empresa de Prefabricação de estruturas metálicas, carecendo da aplicação de casos
de estudo provenientes de outras áreas de prefabricação que viessem corroborar esses resultados.

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Utilização de BIM na prefabricação

6.3.RECOMENDAÇÕES PARA DESENVOLVIMENTOS FUTUROS


Num trabalho futuro seria relevante testar em que medida o BIM 5D (Orçamentação), o BIM 6D
(Sustentabilidade) e o BIM 7D (Gestão e Manutenção do Edificado) em conjunto com a Prefabricação,
poderiam contribuir para diminuir o consumo energético dos edifícios, prolongar o tempo de vida útil
dos mesmos, diminuir os custos operacionais e melhorar a sustentabilidade na Indústria da Construção.

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Utilização de BIM na prefabricação

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