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Fichamento aula de comunicação e expressão

A relação entre construções e cultura


AGUIAR, Mônica.; FAVERO, Marcos. Arranhando o céu: os edifícios altos como
manifestação de cultura. CONCRETO & Construções, São Paulo, v. 101, ed. 101,
n. 101, p. 47-53, jan./mar. 2021. Disponível em: http://dx.doi.org/10.4322/1809-
7197.2021.101.0004. Acesso em 28/04/2023.
Os arranha-céus são edifícios que não apenas demonstram desenvolvimento
tecnológico das estruturas do mundo contemporâneo, mas também manifestam uma
cultura capitalista ligada à modernização acelerada da sociedade. Essas estruturas
originam-se de materiais (aço e concreto armado) apresentados na Revolução
Industrial no século XIX que revolucionaram o que era percepção de construção nas
áreas de engenharia e arquitetura.
A Revolução Industrial influenciou demasiadamente os Estados Unidos da América
(EUA) devido ao seu processo colonial que possibilitou o desenvolvimento econômico
e criativo para novas estruturas que seriam construídas ao decorrer da história, no
caso, o edifício alto.

As demandas da Revolução Industrial, no qual exigiam o desenvolvimento de grandes


obras, como ferroviárias, mercados, grandes centros com lojas de departamento
foram resolvidas pela engenharia. Exemplo mais evidente é a Torre Eiffel, projetada
pelo engenheiro Gustave Eiffel (1832-1923), que representa a expressão cultural das
construções de aço proveniente daquele tempo.

Paris era uma referência acadêmica na área de engenharia para Europa, porém atraia
interesse de estudantes em diversas partes do mundo, entre eles, destacavam-se,
jovens estadunidenses, como é o caso de William le Baron Jenney (1832-1907),
engenheiro e arquiteto formado na École Polytechnique e na École Centrale
responsável por mesclar conceitos da escola francesa com outras doutrinas, uma vez
que não se prendia a tradições europeias e sustentava uma postura pragmática.

Com Exposição Universal Colombiana realizada em Chicago em 1893 mostrando o


centro de Chicago ao público estrangeiro, Jenney e o arquiteto Louis Sullivan (1856-
1924) tiveram a oportunidade de mostrar inovações nas construções realizadas na
cidade. Em 1879, Jenney construiu o primeiro edifício alto medindo aproximadamente
42 metros de altura. Neste projeto desenvolve-se um sistema estrutural em esqueleto
que liberava as alvenarias da responsabilidade de suporte da edificação, isto é, uma
modificação que permitiu projetar janelas maiores para melhorar a iluminação e
ventilação de ar entre os cômodos. Posteriormente, inovações ocorreriam com muita
frequência.

“Em 1840, projetado pelos arquitetos Charles Barry e Augustus Pugin,


o Big Ben durou 30 anos. Com a nova arquitetura, a construção tornou-
se um dos principais representantes do estilo neogótico, muito em
voga nessa época (assim como as intervenções de revivalismo
medieval na Torre de Londres), devido a sua imponente e harmoniosa
arquitetura. Das suas três principais torres, a Elizabeth Tower tornou-
se a mais conhecida por abrigar, desde 1859, um relógio e cinco sinos,
dentre os quais o Big Ben, que anuncia as horas. Hoje a torre inteira é
conhecida por esse apelido.”

Com a tecnologia do concreto armado e influência arquitetônica internacional, o Brasil


iniciou a verticalização das construções. Exemplo disso foi, inicialmente, a percepção
do arquiteto Lucio Costa (1902-1998) em uma entrevista dizendo que o arranha-céu
demonstrava o progresso de forma simbólica, sobretudo representando a arquitetura
moderna.

“O Edifício Guinle foi construído para a família de mesmo nome,


projetado pelo arquiteto catalão Hyppolito Gustavo Pujol Junior, o
prédio tem sete andares, o que, para a época de sua construção foi
um marco na arquitetura da cidade de São Paulo, que tinha prédios
com somente dois andares e apenas um com quatro pavimentos.”

Após o fim da II Guerra Mundial, os grandes edifícios construídos a partir de estruturas


metálicas tornaram comuns (principalmente nos centros estadunidenses) por conta
do avanço tecnológico dos computadores e equipamentos que auxiliam os
engenheiros. Entretanto, em solo europeu, as técnicas de construção em concreto
armado eram mais aprimoradas, logo mais corriqueiras nos centros das cidades do
velho continente.

Depois da II Guerra, surgiram reflexões filosóficas que relacionavam o crescimento


do capitalismo tardio com o avanço da cultura de massas evidenciando o conceito de
“indústria cultural” do filósofo Theodor Adorno (1903-1969). Outro que vale a citação
é o crítico de arte Jonathan Crary, apresentando em sua obra (24/7: capitalismo tardio
e os fins do sono) a evolução do sistema capitalista não apenas como baseado no
acúmulo de bens, porém no consumo ininterrupto de serviços na finalidade de
resolver problemas, e, seguindo esse raciocínio, é possível entender as demandas
de construções cada vez mais extravagantes com o estudo do contexto sociocultural
de uma determinada sociedade. Portanto, conclui-se que edifícios altos
permaneceram um símbolo da cultura desde o final dos anos 1800 até os dias atuais,
refletindo os valores sociais da época. No século XXI, edifícios altos são construídos
com projetos avançados, sistemas digitais e arquitetura de interiores adaptados às
demandas do capitalismo tardio. Esses edifícios representam uma competição entre
corporações transnacionais e refletem a cultura do consumo, com o poder mudando
de nações para corporações. Apesar disso, edifícios altos persistem em seu valor
simbólico e continuam a alcançar o céu.

[O tema sugerido pelo texto é interessante, pois propõe uma reflexão


relacionando o aprimoramento de construções de diferentes magnitudes
de acordo com o desenvolvimento de uma cultura vidente. E essa
mesma reflexão ajuda a entender o real processo de desenvolvimento
de novas técnicas arquitetônicas ao passar dos anos].

Universidade Federal de Santa Catarina

Aluno(a): Gabriel de Melo Atallah Bazzo

Disciplina: EMB5037-01603 (20231) – Comunicação e Expressão

Professor(a): Dieysa Kanyela Fossile

Trabalho de Fichamento

Data: 28 de abril de 2023

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