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História da Arquitetura

e Urbanismo
Material Teórico
Barroco e Rococó

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior

Revisão Textual:
Prof. Esp. Kelciane da Rocha Campos
a
Barroco e Rococó

• Introdução;
• Barroco e Rococó: Características Gerais;
• Exemplares do Estilo Rococó: Arquitetura e Decoração;
• Considerações Finais.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· O objetivo principal desta unidade é estudar a influência das artes
na arquitetura e os novos métodos de projeção e da gestão urbana
emergentes na Europa que entremeiam o renascimento e a moder-
nidade, como o Barroco e o Rococó.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
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Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

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as redes sociais.

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Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Barroco e Rococó

Introdução
Costuma-se designar com o nome de Barroco o estilo no qual se dissolveu a
Renascença ou também o estilo que resultou da degeneração da Renascença.

A Renascença é a arte da beleza tranquila, que nos oferece aquela beleza liber-
tadora experimentada como um bem-estar.

Em suas criações perfeitas não se encontra nada pesado ou perturbador. O Bar-


roco propõe outro efeito. Pretende dominar o espectador com o poder da emoção
de modo imediato e avassalador (WOLFFLIN, 2000, pp. 25; 47). Embora com
características diferenciadas na forma de expressão, os artistas do Barroco e da
Renascença defrontaram-se com os mesmos gêneros de tarefas e trabalhavam de
maneira preponderante para os mesmos clientes: a corte, a aristocracia e a igreja.

O período conhecido como Barroco compreende, em linhas gerais, os séculos


XVI a XVIII e equivale ao meio-termo entre a Renascença e a idade/era moderna.
Foi acompanhado por uma expansão das artes em todas as frentes e embora seu
primeiro impulso tenha partido da Itália, os limites geográficos foram expandidos
particularmente para a França, Espanha, Portugal e Europa Central. Além disso,
o Barroco foi levado para o ultramar por missionários católicos em atividade na
América Latina e no Extremo Oriente.

O Barroco atinge todos os domínios artísticos: escultura, pintura, literatura, mú-


sica e arquitetura e se caracteriza pelo exagero do movimento, os efeitos dramá-
ticos (claro e escuro), a exuberância e a grandiosidade. Os edifícios típicos são o
palácio e o templo.

O Rococó, por sua vez, é um movimento artístico francês que se desenvolve no


século XVIII, estendendo-se rapidamente a outros países europeus, como Alemanha
e Áustria. Propaga-se na arquitetura, nas artes decorativas, no mobiliário e pintura.
A influência na música e na literatura ocorre com menos ênfase.

Barroco e Rococó: Características Gerais


O Rococó surge como uma espécie de reação aos excessos do regime de Luís
XIV, cujo reinado na França se estendeu entre 1635 e 1715. A delicadeza do
Rococó vinha contrastar com o luxo do mobiliário, ornado de incrustações em ouro
e com a simetria absoluta e ostentatória que prevalecia na corte de Luís XIV.

Se o Barroco estava a serviço do poder absolutista, o artista rococó se identificava


com a aristocracia e a burguesia. Sua intenção se voltava mais para a comodidade e
as preocupações que permeavam o modo de vida aristocrático do que às motivações
de caráter religioso. O apogeu do Rococó foi atingido na França em 1740.

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Explor
Barroco: a palavra “barroco” é originária da língua portuguesa. Dentre seus vários signifi-
cados, o que parece ter sido mais comum entre os artistas e teóricos da arte remonta ao
termo usado para designar uma pérola irregular, ou seja, “barroco” significava “imperfeito”.
O termo remete, portanto, à ideia de irregularidade.
Rococó: derivado da palavra francesa rocaille (rocha). A palavra “rococó” aparece em
princípios dos anos de 1700 sendo muito usada nas marcenarias francesas para designar as
formas sinuosas e ornamentadas do mobiliário Luís XV (estilo associado à corte durante o
reinado de Luís XV, que durou de 1715 a 1774). Resulta de uma associação do termo rocaille
em francês, para denominar uma ornamentação que imitava pedras naturais e formas que
evocavam conchas.

As peças decoradas à maneira rococó são dotadas de ornamentos, tapeçarias,


espelhos, pequenas esculturas e pinturas murais. O espelho, enquanto peça de orna-
mento, encimado por curvas e motivos orientais, era muito requisitado. A preferên-
cia pelas formas naturais sobre as artificiais ou abstratas também é típica do período.

Na arquitetura é reconhecido pela abundância decorativa através das linhas cur-


vas, cores luminosas, claras e suaves; fachadas ornadas com pequenos balcões
arredondados e guarda-corpos em ferro forjado. Sua temática, sem influências re-
ligiosas, inspira-se nas formas da natureza e da mitologia, recorrendo ao exotismo
e à sensualidade. A altura das casas foi reduzida, em comparação com o Barroco,
estando quase sempre as salas situadas no andar térreo. As janelas em geral não
tinham frontão e por vezes eram alteadas quase até o nível das cornijas e frequen-
temente continuavam até o assoalho - daí a expressão “janela francesa”.

Contrastando com o Barroco, onde as formas se desprendem da massa, o


Rococó assentava-se num delicado jogo de superfície. O relevo era mantido num
plano inferior.

Os primeiros exemplos do novo estilo de decoração começam a surgir já por volta


de 1700 em edifícios reais próximo a Versalhes. Dois anos depois já aparece em
algumas salas do próprio Versalhes, atingindo dessa forma o gosto da corte francesa.

De um outro lado, tem-se outras contribuições do Rococó, estas situadas no âmbito


do mobiliário. Foi um período em que se fabricaram muitos novos tipos de mobílias,
decoradas com embutidos ou laqueados chineses. Houve uma diversificação muito
grande nos tipos de móveis produzidos, criando-se uma infinidade de mobiliários
que refletiam uma nova busca de individualidade e comodidade.

O Barroco foi concebido como uma expressão artística que teve sua origem
principalmente em Roma, por influência da Companhia de Jesus (Cornelius Gurlitt,
apud HATZFELD, Helmut,1988, p. 14), para fortalecer a autoridade católica e
garantir a evangelização do Novo Mundo. Mas não só isso, nos primeiros anos
do século XVII na Itália, particularmente em Roma, acham-se concentrados os
melhores artistas europeus, sendo a sede do papado o lugar privilegiado da eclosão
de um estilo em acordo com a Contra-Reforma.

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UNIDADE Barroco e Rococó

Segundo Bazin,
o chamado período barroco é, de fato, o período da civilização ocidental
mais rico em variedade de expressão – é o momento em que cada um dos
povos da Europa inventou as formas artísticas que melhor se ajustam ao
seu próprio gênio. A variedade ampliou-se graças a um intenso trânsito e
intercâmbio de formas; nunca a civilização ocidental conheceu tamanha
troca entre nações no campo intelectual. (BAZIN,1993, p. 3.)

Como tantos outros estilos, foi desenvolvido por artistas e encontrou sua expres-
são de forma bela e eficaz, tanto em pequenas obras particulares como nas grandes
e de caráter público.

O intenso vínculo com a religiosidade por certo estabelece o modo como a arte
barroca dirige um apelo à mente através das emoções.

Evidentemente, toda a arte apela tanto à emoção como à mente, em várias


proporções. Mas o Barroco recorre ao apelo emocional como um meio de atingir
a mente de uma maneira muito especial. Lança-se na busca das suscetibilidades
emocionais do espectador num grau muito maior do que qualquer outro estilo
(KITSON, 1966, p. 61).

Entre as características principais do estilo, estão a teatralidade e a opulência.


A decoração do teto barroco é calculada levando-se em conta o formato, tamanho
e iluminação do ambiente. A cobertura é tratada como um teatro com colunas e
nichos povoados de estátuas. O altar da igreja lembra um palco repleto de anjos
e santos esculpidos. Este é um aspecto muito particular do Barroco, já que tudo
era pensado de maneira que as sensações pudessem ser criadas de acordo com a
posição ou posições adotadas pelo espectador para a contemplação da obra.

Podemos destacar como um meio de intensificação do apelo emocional o


recurso ao ilusionismo. Esclarecendo que embora o ilusionismo não tenha sido
uma invenção do período barroco, tornou-se muito comum sua utilização enquanto
recurso persuasivo, especialmente na pintura e escultura, para superar as limitações
naturais dos materiais. Era, por exemplo, quando o mármore poderia parecer
cabelo ou vestuário, o metal dourado imitava raios de luz e o bronze criava o efeito
de um tecido.

A opulência é uma forte característica da arquitetura barroca. A utilização das


cores e dos efeitos de sombra e luz aliados à evolução tecnológica permitia o
aperfeiçoamento das formas arredondadas, possibilitando a criação de espaços
imponentes e de puro esplendor visual.

A ornamentação, em geral, com adornos excessivos; o uso de materiais como


o mármore, pedra natural e tijolo no exterior das edificações equivalia, no interior
do ambiente, ao mármore colorido; talhas de madeira colorida ou dourada e cores
fortes na pintura (KITSON, 1966, 38).

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A arte da talha esteve presente em toda a arte sacra do período barroco.
A decoração no interior das igrejas era carregada de ornatos, e nas salas dos palácios
se fazia com móveis e tapeçarias de elevado custo. A opulência e ostentação eram
obtidas em boa parte pela “acumulação da máxima quantidade de material”.
O urbanismo é uma das características mais fascinantes e inovadoras do Barroco.
A cidade barroca é dotada de algumas especificidades, entre elas a abertura
do espaço urbano por meio da implantação de perspectivas infinitas. Embora um
instrumento herdado do Renascimento, a perspectiva foi utilizada e valorizada no
que se refere ao traçado e composição das cidades à época barroca.
A perspectiva implica contemplar o mundo de um único ponto de vista, com um
único olho que abrange todo o panorama.
Nesse aspecto, a visão focal ou centralista coincide com a organização monár-
quica do Estado.
Todas a residências reais da Europa do século XVIII correspondem a este tipo
de organização perspectiva, em cujo ponto focal se situa o palácio real e a cidade
converte-se na expressão de uma realidade política.
A forma geométrica simples é centrada em torno da figura do monarca absolutista
que forma o núcleo, o centro de gravidade do sistema. Mas não é só, por detrás
da tendência cenográfica montada para a exaltação do príncipe, seu palácio e sua
estátua, igrejas e cenário monumental, outros empreendimentos denotam uma
grandeza de propósitos que não se pode esquecer (GOITIA, 1992, p. 137, 138).
Entretanto, nem todas as artes evoluem em sintonia. O que para a pintura e
para arquitetura já representavam conquistas maduras, não foi igual no campo
do urbanismo. É somente no século XVIII que a arte barroca da composição de
cidades atingirá todo o seu apogeu.
Um aspecto essencial do urbanismo barroco é a criação da capital. Para Goitia,
nesse período,
surge a capital como conceito de tal permanência; a capital, que é uma
criação inteiramente barroca, uma criação a que podemos chamar
barroca, dando a este termo a amplitude que se lhe confere geralmente
no campo da cultura. (GOITIA, 1992, p. 129.)

Antes dessa concepção de capital atribuída ao Barroco, existiram metrópoles


gigantescas, como Alexandria e Roma. Porém estas cidades não eram capitais
no sentido moderno aqui empregado, mas entidades políticas de certo modo
autossuficientes, encarnações da cidade-estado (GOITIA, 1992, p. 129).
Casos exemplares da Arquitetura e de um Urbanismo ordenado e magnífico do
Barroco se espalhavam pela Europa, principalmente no século XVIII.
Entre os responsáveis pelas mais belas criações da arte Barroca e Rococó,
destacamos:

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UNIDADE Barroco e Rococó

Artistas do Barroco
• Itália: Gianlorenzo Bernini, Francesco Borromini. Giacomo Vignola;
• França: Louis Le Vau, Emmanuel Héré de Corny, Jules Hardouin-Mansart;
• Espanha: Bautista Crescenci, José de Churriguera Casas Novas;
• Portugal: Manuel da Maia, Carlos Mardel, João Frederico Ludovice - os dois
últimos, embora não fossem portugueses, eram radicados e trabalhavam
em Portugal.

Artista do Rococó
Gabriel-Germain Boffrand, Jean Courtonne, Jacques-Ange Gabriel.

Barroco Italiano
Arquitetura de Giacomo Vignola e pertencente à ordem dos Jesuítas, a igreja de
Jesus ou Il Gesù, em Roma, foi iniciada em 1568 e reúne elementos do Barroco.

Figura 1 – Fachada e interior da Figura 2 – Interior da Igreja de Gesù, Roma, Itália


Igreja de Jesus ou Il Gesù, Roma, Itália Fonte: Wikimedia Commons
Fonte: Wikimedia Commons

A característica mais marcante do interior é o afresco do teto. Materiais ricos e


adornos com ornatos são utilizados como meio de glorificação de Deus e apelo às
emoções do espectador.

A princípio não era uma decoração despojada, o que vai acontecer somente no
final do século XVII (de 1672 a 1683), quando foram pintados os afrescos, cúpulas
e nave, por Giovanni Battista Gaulli.

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Um dos marcos decisivos do Barroco é O Êxtase de Santa Teresa, combi-
nando escultura, arquitetura e pintura. Cria uma poderosa sensação de ilusão.
A natureza é trazida para a obra de arte mediante o uso de luz de uma fonte oculta
e o metal dourado imita os raios de sol.

Figura 3 – Êxtase de Santa Tereza (1645-1648), interior da Capela Cornaro,


Sta. Maria della Vittória (Roma). De Gianlorenzo Bernini
Fonte: Wikimedia Commons

Outro exemplo barroco é a fachada de S. Carlo alle Quattro Fontane, onde


se pode observar as curvas convexas e côncavas contrastantes e o ângulo de
45º. da torre da esquina, típico da contribuição de Francesco Borromini para a
arquitetura barroca.

Figura 4 – Fachada de S. Carlo alle Quattro Fontane (1665-1682). Roma


Fonte: Wikimedia Commons

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UNIDADE Barroco e Rococó

Barroco Espanhol
A arquitetura barroca se introduz na Espanha em fins do século XVI e de forma
mais contida e austera que a italiana.

A Capela de Santo Isidro em Madri é um exemplo da construção barroca do


século XVII na Espanha.

Abaixo, o detalhe do retábulo do século XVII da capela barroca de San Martino.

Figura 5 – Capela de Santo Isidro, Madri, Espanha


Fonte Wikimedia Commons

O Palácio Real de Madri está entre os maiores palácios reais da Europa Oci-
dental, possuindo em torno de 135.000m². Foi construído em 1735-1764 por
Sacchetti, segundo projeto de Filippo Juvara, que ele modificou de maneira no-
tável. Juvara era italiano, mas desenvolveu sua carreira profissional na Espanha,
onde morreu em 1735. Discípulo do arquiteto e escultor italiano Carlo Fontana,
pertenceu a um grupo de arquitetos formado por italianos e franceses que introdu-
ziu o neoclássico na Espanha, extinguindo gradualmente a arte barroca.

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Figura 6 – Palácio Real de Madri, Espanha
Fonte: iStock/Getty Images

No interior do palácio de Madri está a Sala Gasperini, ornamentada com mate-


riais nobres e enriquecida com mobiliários e pratarias. Aqui, na decoração rococó,
a arquitetura se “esconde”, exceto na curvatura do teto. O restante é pura decora-
ção. Uma decoração pictórica que, com suas formas e cores, envolve o espectador.

Figura 7 – Interior do Palácio Real de Madri


Fonte: Wikimedia Commons

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UNIDADE Barroco e Rococó

Um primor da arquitetura barroca espanhola é a pequena capela de São José,


com construção datada de 1699 e concluída na segunda metade do século XVIII,
por volta de 1760. Situada no centro de Sevilha, tem em seu interior um dos
espaços mais ricos e ornamentados da cidade.

As portadas apresentam típica superposição barroca de materiais. Na entrada


principal uma imagem de São José, desenhada em 1716.

Figura 8 – Capela de São José (Sevilha)


Fonte: Wikimedia Commons

Barroco Francês
A Praça Vedôme, em Paris, antiga Praça Luis - o Grande, foi concebida em
1699 pelo arquiteto Jules Hardouin-Mansart. Trata-se de uma praça retangular
e chanfrada, onde todas as fachadas seguem o mesmo modelo. Em seu centro
foi erguida uma estátua equestre em bronze, de Luís XIV, destruída em 1792.
Atualmente no seu centro está a coluna Vendôme.

Sobre o projeto desta praça, Goitia avalia que:


É a obra-prima do gênero, uma das mais belas praças barrocas do mundo.
O fato de só duas ruas, no mesmo eixo, lhe darem acesso, converte-a num
espaço onde tudo se subordina à nobreza da arquitetura e às proporções.
Em nenhum outro lugar é tão evidente como aqui o objetivo essencial:
servir de moldura solene a uma estátua equestre (1992, p.144).

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Figura 9 – Praça Vendôme, Paris, França
Fonte: iStock/Getty Images

As fachadas obedecem a um mesmo projeto, com edificações de 3 pavimentos e


arcadas no térreo. No terceiro piso podemos observar que as janelas eram menores
do que as dos andares inferiores. Esta é uma característica que vamos encontrar em
outras obras, tais como as de Lisboa, como veremos a seguir.

Diz-se que para que seguissem o mesmo padrão, primeiro foram construídas as
fachadas e só depois a parte posterior das edificações.

Figura 10 – Detalhes da Praça Vendôme, Paris, França.


Fonte: iStock/Getty Images

Outros dois célebres exemplos do urbanismo francês do século XVIII são as pra-
ças das cidades de Bordeaux e Nancy.

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UNIDADE Barroco e Rococó

Figura 11 – Praça da Bolsa, Bordeaux. Aberta em um dos lados para o rio Garonne.
Projeto do arquiteto Jacques-Ange Gabriel, foi inaugurada em 1749
Fonte: iStock/Getty Images

Figura 12 – Praça Real de Nancy, França. Projeto do arquiteto Heré de Corny. “O mais belo eixo
do urbanismo monumental barroco, que relaciona diversos recintos, ligados uns aos outros com um
sentido requintado, oferecendo sensações de espaços diferentes [...]” (GOITIA, 1992, p. 141, 142)
Fonte: iStock/Getty Images

Com a transferência da corte do rei Luís XIV (século XVII), que decide mudar-
-se para os arredores de Paris, tem início a construção do Palácio de Versalhes,
com seu grandioso e exuberante jardim. São aproximadamente 800 hectares de
parques e jardins, com fontes, lagos, alamedas e 400 esculturas.

Projetado pelo funcionário de Luís XIV, André Le Nôtre, essa obra impressiona
por sua grandiosidade, beleza e a maneira como o projetista doma a natureza
encaminhando o olhar do observador para o horizonte distante, através dos
canteiros, passarelas e lagoas, que estabelecem entre si um jogo de simetria e
ilusão de ótica.

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E nesse sentido as próprias conquistas e avanços da ciência e da matemática
são refletidas na concepção deste jardim, na temática da geometria e das curvas
que comporta.

Muitas plantas que adornavam o jardim foram encomendadas em viveiros pro-


venientes de outras regiões da França e auxiliaram na composição e desenho que
as árvores, estátuas, flores, gramados e água serviram à genialidade de Le Nôtre.

Figura 13 – Vista de um pequeno trecho do Jardim do Palácio de Versalhes


Fonte: iStock/Getty Images

Barroco Português
Fora da França, floresce entre as melhores criações do urbanismo barroco o
conjunto urbanístico de Lisboa, que representa uma das composições mais admi-
ráveis de todo o século XVIII.

O conjunto da Baixa Pombalina, formado por duas praças monumentais, a Praça


do Comércio e a Praça do Rossio, liga-se entre si por meio de ruas que formam
um conjunto urbano com prédios que obedecem a uma mesma conduta normativa.
As edificações são padronizadas e constituídas por elementos arquitetônicos de
extrema simplicidade e seguem a mesma altura e simetria nas portas e janelas.

Essa criação urbanística teve início após 1755, quando o grande terremoto
devastou a cidade de Lisboa e se tornou urgente sua reconstrução. Sob determinação
de Sebastião de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, ministro do rei D.
José I, teve início a grandiosa obra, comandada pelo engenheiro-mor do reino
Manuel da Maia.

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UNIDADE Barroco e Rococó

Figura 14 – Praça do Comércio, na Baixa Pombalina (Lisboa, Portugal.)


Fonte: iStock/Getty Images

A Praça do Comércio segue uma monumentalidade à moda barroca da época.


É enquadrada por arcadas sobre pilares maciços e abre-se em um dos lados para o
rio Tejo. Do lado oposto à margem do rio, tem-se o Arco Triunfal (decorado com
estátuas de personalidades importantes, inclusive de Pombal), que permite a entrada
para a rua Augusta, importante eixo de todo o conjunto e que também dá acesso à
Praça do Rossio.

Ao centro da praça, seguindo o exemplo das ideias vigentes implantadas no


urbanismo, foi colocada a estátua equestre do rei D. José I, inaugurada em 1775.

No conjunto da Lisboa Pombalina, todas as edificações são semelhantes,


diferenciando-se apenas nos detalhes decorativos das fachadas. A largura das ruas
também segue um modelo padrão.

Figura 15 – Uma das ruas que compõem a Baixa Pombalina. Observar a


padronização dos prédios (altura, simetria e uniformização de fachadas)
Fonte: iStock/Getty Images

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Exemplares do Estilo Rococó:
Arquitetura e Decoração
A arquitetura simples da fachada do Hotel de Soubise, em Paris, contrasta com
o seu interior.
A pintura do teto em azul, paredes brancas e moldagens folheadas a ouro per-
sonificam com exatidão o Rococó francês. A decoração foi realizada por Germain
Boffrand, entre 1738 e 1739.

Figura 16 – Hotel de Soubise, Paris, França


Fonte: iStock/Getty Images

Figura 17 – Interior do Hotel de Soubise, Paris, França


Fonte: Wikimedia Commons

Na Arquitetura francesa, foram raros os exemplos de puro rococó, exceto em


algumas regiões. De certa forma, o Rococó francês não se caracterizou pela monu-
mentalidade, como era comum em outros estilos. As fachadas eram simples, menos
austeras e possuíam muitas janelas e os diferentes andares claramente marcados.

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UNIDADE Barroco e Rococó

Esse exemplo é encontrado no Hotel de Soubise e no Hotel Matignon, cuja


arquitetura recebe uma decoração de fachada simples, embora alguns toques de
escultura em relevo e superfícies murais animassem a fachada, de um modo geral.

Figura 18 – Hotel de Matignon, Paris, França


Fonte: Wikimedia Commons

O Edifício Helblinghaus, situado na cidade de Innsbruck, na Áustria, apresenta


um estilo rococó originário da Europa Central. A decoração da fachada é rococó
e, provavelmente, data da metade do século XVIII.

Figura 19 – Edifício Helblinghaus (Áustria)


Fonte: iStock/Getty Images

Os estilos Barroco e Rococó foram exportados para diversas partes do mundo, inclusive o
Explor

Brasil. Para conhecer mais, sugerimos um documentário sobre estas construções artísticas
no Brasil: Caminhos da Arte - Documentário sobre Aleijadinho. Vídeo disponível no YouTube:
https://youtu.be/yvLJH68SWSc

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Considerações Finais
Procuramos nesta unidade apresentar os estilos Barroco e Rococó no berço de
sua criação. Pudemos estudar alguns exemplares destes estilos em países como a
França, Espanha, Áustria, Portugal, etc.

Muitos monumentos encontram-se em excelente preservação na Europa.

No Brasil, o Barroco e o Rococó foram estilos bastante presentes nas ricas ci-
dades mineiras dos séculos XVII a XIX, como Ouro Preto, Mariana, Congonhas,
entre outras.

Finalizamos esta unidade com uma sugestão. Que tal, caro(a) aluno(a), visitar as
cidades mineiras para conhecer estas expressões de estilos de pertinho?

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UNIDADE Barroco e Rococó

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Leonardo da Vinci
DOCUMENTÁRIOS CIÊNCIA.
https://youtu.be/h2nNPm2Wy9c
Arte barroca e do Rococó ao Neoclássico – Parte 1
Grupo Cultural S.A. DVD-Vídeo.
https://youtu.be/oLMsU68HKeA

Leitura
História do Brasil Colônia – e-book
https://goo.gl/uKTKoF
História social e econômica moderna – e-book
https://goo.gl/PgkvsG

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Referências
BAZIN, Germain. Barroco e Rococó. São Paulo: Martins fontes,1993.

GOITIA, Fernando Chueca. Breve história do Urbanismo. Lisboa: Ed. Presen-


ça, 1992.

HATZFELD, Helmut. Estudos sobre o Barroco. São Paulo: Ed. perspectiva/


Edusp, 1988.

KITSON, Michael. O Barroco. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 1966.

TAPIÉ, Victor-L. O Barroco. São Paulo: ed. Cultrix/Edusp,1983.

WOLFFLIN, Heinrich. Renascença e Barroco. São Paulo: Ed. Perspectiva,2000.

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