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O surgimento do estilo rococó está intrinsecamente ligado ao contexto dos conflitos políticos e
sociais do século XVIII na Europa. O rococó emergiu como uma reação ao período anterior,
dominado pelo barroco, e foi influenciado por uma série de fatores políticos e sociais:
Guerras de Sucessão: Várias guerras de sucessão ocorreram nesse período, incluindo a Guerra
de Sucessão Espanhola (1701-1714)). Essas guerras foram travadas em grande parte devido a
disputas sobre a sucessão de tronos europeus. Elas tiveram impacto profundo na geopolítica
europeia e resultaram em tratados que reconfiguraram as alianças e territórios. A Guerra de
Sucessão Espanhola, em particular, teve um impacto significativo na Espanha e suas
possessões, influenciando a cultura e a política da época.
Política Absolutista: Muitas nações europeias ainda eram governadas por monarcas
absolutistas durante esse período, como Luís XIV na França. Esses governantes exerciam um
controle significativo sobre seus reinos e frequentemente promoviam a cultura como meio de
consolidar seu poder e status. Isso influenciou a estética artística e a ênfase na pompa e
grandiosidade do Barroco.
Na França, nos últimos anos do reinado de Luís XIV, a estabilidade alcançada tornou
desnecessário o cerimonial barroco. Então, o Rei Sol viu nos nobres uma ameaça. No final de
seu reinado, ele despojou a nobreza de seu poder, tornando-os uma elite ociosa.
A morte de Luís XIV em 1715 abriu espaço para uma flexibilização da cultura francesa, até
então fortemente cerimonial e dominada por representações que objetivavam acima de tudo
a louvação do rei e de seu poder e se manifestavam de forma grandiloquente e pomposa.
Origem
Tendo recebido uma excelente educação num colégio religioso, tinha uma cultura que lhe
permitiu tornar-se uma mecenas das artes ao patrocinar muitos artistas (Boucher): o estilo Luís
XV, é em grande parte fruto do seu próprio gosto (a arte rococó).
CARACTERISTICAS
Ao contrário da arte barroca, a arte rococó caracterizou-se por ser alegre, celebrar a vida, dar
espaço ao humor, à graça e ao erotismo leve. Pode-se dizer que foi, de fato, a expressão de
uma classe social que fugiu do tédio por meio de uma arte entusiástica, sem pretensões
transcendentes ou didáticas.
A arte rococó era antes de tudo um estilo que procurava expressar graça e alegria. Embora o
rococó fosse ornamentado na decoração, sua atmosfera buscava ser luminosa e demonstrar
entusiasmo.
Humor e malícia
A arte rococó é a expressão de uma elite que se diverte. Por isso, tem uma grande dose de
humor e malícia que suprime qualquer tentativa de solenidade. Por isso, o rococó também
expressa o relaxamento da etiqueta.
Ficaram para trás as cenas moralizantes, didáticas ou cenas que ostentavam poder. Cada
tópico passava pelo filtro da graça, do prazer e da vida cotidiana.
Erotismo velado
A arte se nutria de um erotismo velado, tanto em suas formas quanto em seus temas. Para
alguns artistas, a mitologia era um esconderijo para justificar o desenvolvimento do nu erótico,
para que não sofresse críticas das elites intelectuais.
O rococó era uma arte atenta aos detalhes e à ornamentação excessiva. Os artistas, designers
e arquitetos enriqueceram a decoração das obras com elementos tão exuberantes quanto
imaginativos. Não foi estranho encontrar elementos de culturas orientais como fauna, flora e
todo o tipo de motivos.
O rococó libertou a arte de seu papel propagandista. A arte não estava mais a serviço de
causas eclesiásticas ou absolutistas, e isso influenciou a liberdade temática e estilística. A arte
não precisava mais ser o veículo de uma “verdade”, nem precisava ser séria.
LINGUAGENS ARTISTICAS
Arquitetura
A arquitetura rococó é um estilo artístico que floresceu na Europa durante os séculos XVIII e
início do século XIX, especialmente durante o período conhecido como o Rococó, que se
desenvolveu após o Barroco e antes do Neoclassicismo. Essa arquitetura é caracterizada por
sua ornamentação elaborada, leveza, graciosidade e uma ênfase na decoração exuberante.
Aqui estão algumas características principais da arquitetura rococó:
4. Paleta de cores suaves: As cores usadas no rococó tendem a ser suaves e delicadas,
com tons pastéis, dourado e prata frequentemente presentes. Isso cria uma sensação
de leveza e delicadeza.
6. Frescos e pinturas: Pinturas murais e frescos eram comuns, muitas vezes retratando
cenas pastorais, mitológicas ou alegres. Essas pinturas eram integradas à arquitetura e
à decoração de interiores.
Rococó
Artista extremamente popular na Paris do Século XVIII. Boffrand construía casas para a
aristocracia francesa e centrava sua atenção na harmonia entre a construção e a decoração de
seu interior ao estilo rococó.
Como exemplo de seu trabalho está o Salon de la Princesse no Hôtel de Soubise (1732). Trata-
se de uma rica sala de recepção numa casa particular, em que elementos como janelas e
espelhos são usados para dar a sensação de amplitude e fragmentar a luz. É fantástica a
integração entre as formas arquitetônicas, a decoração e as pinturas presentes na moradia.
Escultura
A escultura no estilo rococó compartilha muitas das características gerais desse período
artístico, como a ênfase na ornamentação exuberante e na sensação de leveza e graciosidade.
Aqui estão algumas características específicas da escultura rococó:
2. Temas e motivos leves: Os temas da escultura rococó muitas vezes eram leves e
alegres. Esculturas retratavam cenas pastorais, mitológicas, amorosas e galantes. A
representação da beleza e da graciosidade era um foco central.
Pintura
2. Cores Pastéis: O Rococó faz uso abundante de cores pastéis, como tons suaves de rosa,
azul, verde e dourado. Essas cores suaves contribuem para a sensação de delicadeza e
feminilidade que é característica do estilo.
6. Detalhes Intrincados: As obras de arte Rococó eram conhecidas por seus detalhes
intrincados, como rendas, jóias, roupas ricamente decoradas e outros acessórios
luxuosos.
Críticas ao Rococo
Quanto às aproximações que estamos construindo entre Rousseau e a pintura Rococó, temos
que ter em mente a evidente oposição política do autor a esse contexto artístico, o mesmo já
parte de pressupostos preconceituosos quanto à arte elitista francesa do período, tendência
essa que também faz parte das críticas de Diderot aos principais nomes do gosto Rococó. Esse
antagonismo ideológico está ligado à um contexto de crítica à sociedade de antigo regime,
tendo uma série de intelectuais engajados nessa causa. Entre eles o nosso autor genebrês, que
foi um aguerrido combatente aos mecenas da pintura Rococó.
Ponto chave para o entendimento do filósofo e a nossa discussão é a sua elaboração das
origens das artes, para ele o espetáculo estritamente ligado à busca pelo luxo. Essa vaidade
baseada no supérfluo ocasiona a “dissolução dos costumes” na sociedade consumidora e
como consequência a “corrupção do gosto”, o último é que levou a sociedade do antigo
regime à situação pior que o “Estado de Natureza” de Hobbes. Seus discursos muito ligados à
moral calvinista( afirma que o indivíduo pode estabelecer sua própria relação com Deus, desde
que a sua vivência seja baseada na pureza e na prática de bons costumes), evocam uma série
de exemplos históricos para legitimar seus argumentos, entre eles usa a figura de Esparta em
contraposição à Atenas, à sua própria Genebra em contraposição à Paris. O modo de vida
genebrês estaria mais próximo do modelo espartano, vida essa de trabalho e dedicação à
família, simples e com poucos luxos, dando prioridade às festas cívicas e à moral dos
indivíduos, ligado à família e a nação. Em oposição a esse modo de vida, temos a sociedade do
antigo regime ligada à ateniense, com uma vida regada aos luxos, a hipocrisia, a traições e
amparada na retórica, uma vida das grandes cidades e da ociosidade, onde a vaidade e a
intrigas são mais importantes que a moral do indivíduo, onde toda a corte tem conhecimento
dos amantes que se encontram para a volúpia sem que nada façam
Como visto o pensamento de Rousseau buscar criticar a sociedade francesa do antigo regime e
para tanto se utiliza até das artes produzidas e consumidas por essas classes. Essa crítica é feita
embasada na crença do autor genebrês da proximidade dos valores morais da sociedade e de
sua arte. Em um segundo momento o autor vai contra a arte no caráter mais amplo, pois a sua
origem estaria ligada ao luxo e o supérfluo. Toda essa discussão está ligada a um contexto de
mudança social que alguns anos depois iriam resultar na Revolução Francesa, sendo Rousseau
apenas mais uma voz a se juntar a um coro de críticos do antigo regime e à pintura Rococó
Na Antiguidade, a ilha de Citera, situada nas ilhas gregas do mar Egeu, abrigava um templo
dedicado a Afrodite, deusa do amor: as suas águas testemunharam o nascimento da deusa. A
ilha simboliza, portanto, os prazeres amorosos.
Primeiro plano: Pares preparam-se para a partida, estando uma estátua de Afrodite diante de
árvores. Segundo plano: prosseguimento da procissão. Fundo: o lado esquerdo é invadido pelo
azul do mar e do céu e o rosa das montanhas distantes. Vemos vários sinais mitológicos:
A popa do barco está decorada com uma concha, um dos símbolos de Afrodite
As pinceladas são tão suaves que podemos observar de perto os desenhos preparatórios e as
repinturas.[2]
Composição
Watteau estabeleceu um certo equilíbrio no quadro ao distribuir com êxito os seus elementos.
Foi capaz de compensar o desequilíbrio criado no quadro pelas linhas verticais das árvores e o
eixo da estátua. Pintou de forma rápida, tendo feito esboços sem desenhar linhas precisas ou
massas.
As suas cores quentes (rosa ouro) são acompanhadas de verde ou azul. Faz contrastes e
gradientes de luz para representar os raios do sol que marcam o fim do dia.
Interpretação
Não pode ser determinado pela análise pictórica, se as pessoas acabam de desembarcar na
ilha, ou se, pelo contrário, elas se aprestam para a deixar, relutantemente. Para o historiador
de arte inglês Michael Levey, o quadro representa a partida da ilha e não a partida em direcção
à ilha.[3] De fato, vários símbolos eróticos sugerem que a ilha é Citera:
pares já enlaçados
A jovem mulher do casal da esquerda, em primeiro plano, vira-se e olha com pesar o lugar da
sua felicidade. É por isso possível que a ilha seja já Citera e não o lugar de partida para essa
ilha. Não há nenhuma ilha à distância, que poderia remover a dúvida; a luz e a baixa claridade
sugerem o fim do dia, favorecendo por isso a hipótese de um retorno. Isso também explicaria a
aparência melancólica da cena, ainda que a barca, em forma de cama, garanta que mesmo
abandonando a ilha, a paixão não se extinguirá.
A representação da sedução
Para Auguste Rodin, Watteau alcançou uma representação dos três estágios da sedução,
expressa de acordo com os princípios da simultaneidade medieval, graças aos três casais em
primeiro plano.[3] O quadro poderia então ser lido como se segue, da direita para a esquerda:
O convite: a mulher aceita a mão que lhe estende o seu cavalheiro para a ajudar a levantar-se,
estando ela convencida.
O abraço: os amantes descem para o cais totalmente de acordo (o casal é acompanhado por
um cão pequeno, que por vezes tem sido interpretado como um símbolo erótico ou um
símbolo de fidelidade)
O que podemos ver desde logo (...) é um grupo constituído por uma jovem e o seu admirador.
O homem está vestido com um manto do amor, no qual está bordado um coração
trespassado, gracioso distintivo da viagem que ele pretende realizar. (...) ela contrapõe uma
indiferença talvez fingida (...) a vara de peregrino e o breviário de amor ainda estão por terra.
À esquerda do grupo a que acabo de referir está um outro par. O amante aceita a mão que ela
lhe estende para ajudá-la a levantar-se. (...) Mais longe, terceira cena.. O homem leva a sua
dama pelo dorso para encaminhá-la. (...) Depois os amantes descem para o cais, e, (...)
empurram-se a rir para o barco; os homens não têm mais necessidade de fazer pedidos: são as
mulheres que se agarram a eles. Finalmente os peregrinos fazem os seus amigos entrar para a
barca que balança sobre a água, a sua quimera dourada, os seus festões de flores e os seus
lenços de seda vermelhos. Os marinheiros apoiados em varas estão prontos para os usar. E, já
enlevados pela brisa, pequenos cupidos volteando guiam os viajantes para a ilha de azul que
surge no horizonte.[1]
O quadro não tende a expressar uma realidade social, porque a vontade de Watteau é
sobretudo uma representação poética. Watteau era um poeta sonhador. Por exemplo, não
existe nenhuma vontade de oposição social ao colocar lado a lado aristocratas e populares,
mas antes uma representação do mundo do teatro, inspirado na commedia dell'arte.
Menina Reclining (Louise O Murphy) (1751) é um óleo sobre tela de François Boucher. Esta
pose particular foi um dos temas favoritos de Boucher. Ela ocorre várias vezes em suas obras.
A pintura representa o retrato de Louise O Murphy, uma jovem irlandesa que trabalhou como
modelo e Boucher Ela também foi a amante (1753) de Louis XV. O artista não apresentá-la
como uma Vênus de beleza clássica, mas retrata sua vez em uma pose provocante de
persuasão inequivocamente erótico como uma jovem mulher. Esta pintura (59,5 x 73,5
centímetros) é agora na coleção do Museu Wallraf-Richartz, de Colônia.
François Bouchet não recebia apenas elogios em sua arte, pois críticos como o filósofo Diderot
não aceitavam a sua maneira de retratar seus nus, sob a alegação de que deveriam ser
apresentados dentro de um contexto mitológico ou alegórico, remetendo à beleza clássica.
Achavam-no um imoral por representar “crianças-mulheres” em posturas provocantes, sendo
muitas delas menores de idade.
A pintura retrata uma jovem num baloiço na área central do quadro, cercada por roseiras e
árvores imensas. Ao fundo um homem está a baloiça-la, e mais à frente um outro homem, o
"voyeur", camuflado entre os arbustos que a observa. No retrato, é enfatizado no momento
em que o balanço atinge o seu ponto mais alto, permitindo ao espectador vislumbrar o que
está por baixo de suas anáguas. São perceptíveis os olhos, tanto da jovem como do voyeur, ela
olha para ele e ele olha para o que está oculto sob as anáguas.[5] O jovem pretendente esté
aos pés de um monumento de pedra — incidentalmente coroado por Amor, o deus do amor —
como se acidentalmente tivesse tropeçado e caído nos arbustos, onde, como por acaso,
consegue vislumbrar as saias interiores da bela mulher no baloiço.[6]
A cena mostra mais do que um jogo de namorico entre o voyeurismo e o exibicionismo; os dois
cupidos posicionados acima de um golfinho, um dos quais dirige o olhar à jovem.[6] Este
quadro se transformou na imagem universal de uma sexualidade feliz e descuidada. O tema é
o do amor e o da onda de paixão, sugerido pelo grupo na parte central inferior do quadro: os
golfinhos, guiados por Cupido, puxando o carro de Vênus, simbolizando o amor impaciente.[7]
O rosto do jovem deitado entre as rosas é iluminado como se fosse por uma fonte de luz
invisível — como um santo perante uma visão celestial. No entanto, não é uma verdade divina
que se lhe revela, mas algo muito mais humano: o que ele vislumbra é o paraíso na terra, e as
alegrias que promete são de natureza muito mundana.[6]
ROCOCO NO BRASIL
É evidente que o estilo rococó migrou para a América e no Brasil o expoente máximo foi o
artista Aleijadinho.
Aqui, o estilo floresceu no fim do século XVIII, sob grande influência religiosa, ao contrário das
representações da vida profana e aristocrática comuns em outras localidades.
Nelas, o rococó decorava algumas igrejas, mas foi realmente difundido para decoração de
palácios que glorificavam o poder civil.
No Brasil, o rococó teve sua presença no mobiliário do século XVIII e foi corriqueiramente
chamado de “estilo Dom João V”. A arquitetura religiosa rococó foi de fraco desenvolvimento
na França, porém com maior expressão na região da Baviera, na zona portuguesa do Minho e
logo depois no Brasil.