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RESPOSTAS DA ATIVIDADE
Machado de Assis é um dos maiores escritores brasileiros, sendo sua obra “Memórias
póstumas de Brás Cubas de 1899 uma de suas principais obras e também do realismo no Brasil, tendo
sua adaptação para o cinema com o filme de mesmo título em 2001, dirigido por André Klotzel.
Pensar em adaptações literárias para o cinema é um assunto bastante complexo,
principalmente sobre qual andamento se dará em relação a obra literária, sobre como ela será
retratada: fielmente, como uma espécie de documentário, ou uma inspiração livre, como o filme Dom,
adaptação da obra Dom Casmurro, também de Machado de Assis.
Na contramão do filme Dom que adapta a história de dom Casmurro à contemporaneidade,
temos no filme Memória Póstumas de Brás Cubas uma preocupação com a fidelidade da obra, notada
já no início do filme, que começa sua narrativa semelhantemente ao livro, quase como uma
declamação ou leitura teatral dele, mesmo com os recursos visual e estilísticos do cinema é possível
sentir a obra escrita de Machado de Assis em seus personagens, principalmente na cadência da fala
do personagem principal, interpretado pelo ator Reginaldo Faria, que mesmo diante da subjetividade
e da poesia imagética do cinema, sua narração nos transporta à toda concretude do realismo da obra
escrita, mesmo com a narrativa proposta pelo cineasta que em alguns momentos nos transporta para
os filmes do cinema mudo, com suas tomadas sem diálogo, estética que nos remete a Charles Chaplim
com seus movimentos atípicos e irônicos, principalmente quando o personagem relata seus momentos
anteriores à sua morte, quando sentiu-se transformado na Suma Teológica de São Tomás, neste
momento a velocidade impressa na cena nos remete claramente e estética de Carlitos, impressão que
não nos dá na leitura, sendo inclusive uma descrição bastante dura, característica do realismo na
literatura, contrapondo-se a toda suavidade do romantismo.
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Em relação ao realismo da obra escrita com sua narrativa densa, acredito que a adaptação para
o cinema trouxe tanto as locações quanto o figurino de modo exagerado utilizando elementos próximo
do barroco e rococó exagerando nesse caráter afrancesado que a sociedade brasileira tinha na época,
acredito que tal escolha se deva para ratificar o tempo e espaço ao expectador e também dar mais
liberdade para se trabalhar a questão da cores na composição da imagem, principalmente em relação
aos tempo da obra, já que esta não é linear.
Todas essa características fazem do filme até bastante coeso, com uma identidade bastante
particular todo esse arcabouço de recursos fazem com que o filme não seja, supreendentemente
monótono, qualidade essa que eu tinha atribuído ao filme antes de vê-lo, o ritmo em que a história é
contada no filme é bastante agradável, ritmo esse que a leitura a obra não tem, ela chega a ser bastante
dura em sua leitura ininterrupta, provocando até certo cansaço, porém o filme não traz essa impressão,
até pelos recortes dados ao filme, que em alguns momentos dá ênfase em trechos que destacam-se
outros personagens e não se mantenha absolutamente na narrativa do defunto-autor.
Particularmente gostei mais do filme que do livro, talvez porque tenha uma relação conflituosa
com a obra de Machado de Assis, que me foi apresentada na juventude como “leitura obrigatória para
o vestibular” e não como um convite apara apreciar esse gênio da literatura brasileira, já o filme me
chegou como esse convite da pura apreciação, talvez por isso a experiência tenha sido mais
proveitosa. Mas em ambos uma coisa não há como negar: a genialidade de Machado de Assis para
contas histórias.
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