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Eletiva Literatura através do Cinema – Prof.

ª Geovana Soares

A DANÇA/ SONETO XVII

Nã o te amo como se fosses rosa de sal, topá zio


ou flecha de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que nã o floresce e leva


dentro de si, oculta a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,


te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque nã o sei amar de outra maneira,

senã o assim deste modo em que nã o sou nem és,


tã o perto que tua mã o sobre meu peito é minha,
tã o perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

NERUDA, P. Cem Sonetos de Amor. Porto Alegre: L&PM, 2006.

Como se vê, inú meras vezes a Literatura vai enriquecer uma obra, principalmente porque conversa
com tudo o que lhe é apresentado, causando emoçõ es no indivíduo que mantém contato com as
palavras, fazendo-o refletir sobre as condiçõ es de existência e as sentimentalidades pessoais.

A literatura e o cinema se relacionam em inú meras possibilidades. Algumas vezes,


o cinema faz uso da literatura; em outras, a literatura se utiliza do cinema, exatamente porque as duas
artes apresentam significativas interseçõ es. Vale ressaltar que um filme só é rodado depois que se tem
uma histó ria redigida, um roteiro, um texto, porém ambas as artes possuem características
específicas, principalmente quando se leva em consideraçã o o espaço, o tempo, os personagens e suas
emoçõ es etc.

Conceitualmente adaptaçã o cinematográ fica é quando se adapta uma histó ria literá ria para uma mídia
audiovisual, especificamente para o cinema. Para que isso seja possível é preciso transformar a
histó ria narrada, normalmente em prosa, em um roteiro para as telas. É possível, também, adaptar
uma obra para uma série de TV ou streaming.

Quando se escreve um livro há uma série de intençõ es do autor na hora da escolha das palavras e do
ritmo da escrita. Ao transpor isso para outra mídia (considerando o livro como um tipo de “meio de
comunicaçã o”) é preciso fazer uma série de adaptaçõ es que permitirã o que o argumento do livro nã o
se perca no formato fílmico.

A adaptaçã o de um livro nã o é, portanto, uma traduçã o no sentido corrente do termo, mas uma
“traduçã o intersemió tica”, pois implica traduzir um texto escrito em um texto audiovisual.

Em suma, adaptaçã o cinematográ fica é um tipo particular de “traduçã o” que se propõ e a colocar no
formato do cinema as intençõ es comunicativas da obra literá ria.

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