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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

PARÁ CURSO DE LETRAS LÍNGUA PORTUGUESA

NÁTALY FERREIRA PAIVA - 20223086586


CAMILLE ROSE VALENTE QUARESMA – 20223086475

ANÁLISE FORMALISTA RUSSA DO CONTO “RESTOS DE CARNAVAL”, DE


CLARICE LISPECTOR

Belém-PA
Dez/2022
CAMILLE ROSE VALENTE QUARESMA
NÁTALY FERREIRA PAIVA

Análise formalista russa do conto: “Restos de Carnaval” de Clarice Lispector

Trabalho acadêmico apresentado ao


Curso de Licenciatura em Letras, do
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Pará-Campus Belém,
como requisito para avaliação parcial no
âmbito da disciplina Introdução aos
Estudos Literários.

Prof. Wellingson Valente Dos Reis.

Belém - PA
Dez/2022
INTRODUÇÃO

Este trabalho foi feito a partir do estudo do formalismo russo, utilizando como
estudo as videoaulas de Jean Pierre Chauvin “Teoria da Literatura – Formalismo
Russo, UNIVESP” (2021) e o Mestre em Literatura e Ensino Weslley Barbosa
“Literalidade | Projeto “Introdução a Teoria Literária”, (2021) e os materiais
informativos “Teoria Literária I” (p. 117-132) do IFPR e “Fortuna Crítica”, de Ivan
Teixeira (1998).
Entendemos o formalismo russo como uma recusa do impressionismo crítico
e da erudição historicista (SOUZA; FONSECA, 1976), que dá unicamente foco ao
texto, integral em sentido, não a elementos extratextuais, como biografia do autor,
seu contexto histórico, seu público-alvo ou a intenção do autor.
Os formalistas tentarão encontrar no próprio texto as características que o
tornam literário, a sua literalidade, algo que faz este texto diferente de outros tipos
de escrita, pois se expressará de forma subjetiva e conotativa, ou seja, haveria na
linguagem literária uma deformação criadora, que conduziria a um estranhamento
por parte do leitor, gerando o que os formalistas russos designaram de
desautomatização da língua. Como Terry Eagleton (2003) afirma, a literatura é uma
forma especial de linguagem, em contraste com a língua comum, a qual automatiza
as expressões. (EAGLETON, 2003, p. 6; SOARES, 1984, p. 95;).
Para cumprir com a literalidade e o estranhamento, acreditamos que a obra
trabalhada teria que seguir esses conceitos para ser analisada de acordo com o
formalismo russo. Porquanto adotamos o conto “Restos de Carnaval” de Clarice
Lispector, que se caracteriza pela linguagem poética e evocativa.

METODOLOGIA

O formalismo russo emprega o seu próprio método de análise do poema,


focalizando-se nos aspectos formais do texto. Terry Eagleton nos deu um maior
direcionamento para tomarmos como base, citando os “artifícios”, que formariam
em seu conjunto uma obra literária, os quais analisariam o ritmo, métrica, rima,
técnicas narrativas e, no geral, todo o gerador do estranhamento. Assim, ter-se-ia
uma análise a referida corrente.
Analisaremos de acordo com os seguintes aspectos formais:
1. Estrutura: como se organizam os parágrafos do texto, se estão curtos
ou longos, e como isso altera o ritmo e a musicalidade do texto
literário.
2. Recursos linguísticos: como está a linguagem na obra, o uso da
sintaxe, o vocabulário, escolha de palavras.
3. Figuras de linguagem: quais figuras de linguagem estão presentes no
texto.
4. Imagem: as imagens formadas a partir das descrições do texto, seja
de apresentação de personagens ou cenário.
5. Técnicas narrativas: como foi narrada a história, em que tempo e
espaço.
Desta maneira, citaremos cada parágrafo do conto seguido da análise dos aspectos
citados. Ao final, resumiremos tudo e formaremos nossa conclusão.
ANÁLISE DE ACORDO COM O FORMALISMO RUSSO DO CONTO “RESTOS
DE CARNAVAL”, DE CLARICE LISPECTOR

Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a
minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam
despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a
cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao
carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa ia se aproximando, como
explicar a agitação íntima que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de
botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim
explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem
a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.
(Grifos nossos: recursos linguísticos)

O conto começa dando continuidade ao seu título “Restos de Carnaval”, ao


enunciar “não deste último carnaval”. A narrativa é dada pela protagonista, em
primeira pessoa, que lembra de quando era criança; a partir do momento em que é
dito “transportou para minha infância”, no entanto, a lembrança passa a ser descrita
como o tempo atual da narrativa, utilizando verbos no gerúndio que mostram uma
ação em andamento. Utilizando da pergunta “como explicar a agitação íntima que
me tomava?”, a personagem mescla os seus pensamentos atuais com os do seu eu
passado, evidenciando a sua visão de mundo naquela época.
Há três figuras de linguagem presentes no parágrafo: “ruas mortas”, uma
metáfora que estabelece relação entre a rua e a vida, metaforicamente sugerindo
que as ruas estavam vazias, tristes, sem alegria, sem vida; “como se enfim o mundo
se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate”, mais uma metáfora, a qual
associa o mundo a um broto de rosa fechado, mas que floresce com o carnaval,
dando a ideia de estar em seu estado mais belo; e “como se as ruas e praças de
Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas”, prosopopeia, ao dar
atribuições humanas às ruas como se falassem, gerando o sentido figurado de que
são dotadas de vida e personalidade. Não apenas elas moldam a literalidade do
parágrafo, como também as repetições “não, não” ao início, e “meu, meu” ao final,
dando musicalidade ao texto, a primeira em um tom mais tristonho, enquanto a
última em um tom mais eufórico.

No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile


infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até
umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos,
olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e
economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um
saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de
coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era
de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.
(Grifos nossos)

A narrativa prossegue com a protagonista contando os pequenos detalhes de


sua infância, sendo revelado que ela está, de fato, escrevendo a narrativa e não
apenas relembrando seu passado, deixado nítido em “está se tornando difícil
escrever”. Há de se destacar, também, a imagem criada em “olhando ávida os
outros se divertirem”, de uma menina olhando dentro de casa, com avidez, um
desejo intenso de estar na rua. As palavras “ávida”, “avareza” e “sedenta” foram
escolhas que, por si só, representam algo negativo — desejo de não ter, egoísmo e
que quer algo exageradamente, respectivamente —, o que pode ser uma técnica
utilizada para, ao exagerar sentimentos e atitudes, indicar que a protagonista
achava errado.
As figuras de linguagem presentes no conto são: “pé da escada”, catacrese,
que associa a parte inferior da escada ao pé, por terem uma semelhança
conceitual; “coração escuro”, metáfora que relaciona ao coração, visto do modo
figurado como o sentimento, a alguns significados atribuídos a cor preta, como
medo, luto e dor, levando a crer que a personagem se sentia triste.

E as máscaras? Eu tinha medo mas era um medo vital e necessário porque vinha de
encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse
uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava
comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior,
que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu
mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.
(Grifos nossos)

Utilizando-se de uma pergunta retórica, que transmite a oralidade de uma


conversa casual, a narrativa dialoga com o leitor, enriquecendo-a. A expressão
“espécie de máscara” remete a uma significação figurativa, metaforicamente falando
sobre os rostos poderem esconder a verdade. Enquanto que “meu mundo interior”
se refere aos pensamentos da protagonista que não são apenas de histórias
infantis.
As figuras de linguagem presentes no texto se encontram em alguns trechos,
como em “se um mascarado falava comigo” é presente a figura de linguagem
metonímia, usando a parte pelo todo, a máscara em vez do indivíduo. A partir deste
uso, é possível notar que a personagem focaria somente na máscara e não na
pessoa que estaria por trás dela. Já em “meu mundo interior não era feito apenas
de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério” apresenta
um conjunto de metáforas que compara os pensamentos com um mundo, um
planeta, um universo, porém que reside na sua mente, em seus pensamentos,
citado anteriormente; o mundo dos contos de fada, positivo e belo; as pessoas com
o seu mistério, que não são tão boas, como os personagens de contos de fadas
são.

Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém
em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas
irmãs
para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha
então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano.
Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça
-
eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca
de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia
bonita e feminina, eu escapava da meninice.

(Grifos nossos)

Há mais dois elementos atribuídos à história: a “mãe doente”, mostrada,


inicialmente, como alguém que impede dos seus sonhos e a irmã, que os ajuda a se
concretizar. Este desejo, assim como a avareza, implica em um palavra negativa:
vaidade. A busca por supri-la, frisando seus cabelos, pintando sua boca e
bochechas (faces), a transforma de uma menina, criança e infantil, para uma moça,
feminina e bonita. Este contraste mostra a transição não apenas de aparência
externa, mas também de como ela se enxerga, dando o sentido metafórico ao
trecho.

Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia
acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe
de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino
Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com as
quais,
suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a
pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom
nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais
belas que jamais vira.

Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e
muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu apelo mudo, ao meu
mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel -
resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de
material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre
quisera: ia ser outra que não eu mesma.

No quinto parágrafo, a suposta cor Rosa representa mais que um figurino.


Ela é posta em letra maiúscula como nome próprio. Ao escrever desta maneira, é
deixado claro que aquele não era um figurino comum. A narrativa gera suspense,
ocasionado pelo “Mas houve um carnaval diferente dos outros”, que sugere a
abertura do clímax da história, o qual seria encontrado neste algo dado a
protagonista, mas que não é dito no parágrafo, apenas no sexto parágrafo.
Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão
ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da
fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo
menos estaríamos de algum modo vestidas - à ideia de uma chuva que de repente
nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua,
morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria!
Quanto ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli
com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o
destino me dava de esmola.

No sétimo parágrafo, a personagem narradora relata os passos de seus


preparativos para a festividade da noite com sua amiga. Após o travessão, na frase
"- à ideia de uma chuva", a personagem evidencia o travessão (-) deixando o
pensamento claro e avançado do vergonhoso e delicado momento em que se
encontraria na possibilidade de uma chuva acontecer. Em "nossos pudores
femininos de oito anos" a mesma revela na narrativa sua idade infantil,
esclarecendo que a personagem é uma criança de oito anos almejando se parecer
com uma jovem mais madura. É presente a figura de linguagem hipérbole na frase
"morríamos previamente de vergonha", apresentando o sentimento das meninas
com tamanha intensidade e exagero além do que poderia parecer. A frase "mas ah!
Deus nos ajudaria! Não choveria!", com a figura de linguagem apóstrofe, com uma
interpelação feita com ênfase, continuando a tonalidade dramática da narrativa.
Finaliza-se com uma metáfora, em que a protagonista engole seu orgulho,
comparando o ato de engolir com o de não ter o sentimento de orgulho.

Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão
melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para
que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta
ansiedade. Enfim, enfim! chegaram três horas da tarde: com cuidado para não
rasgar o papel, eu me vesti de rosa.

Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto
essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional?
É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os
cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de
saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa
um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não
tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo,
correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A
alegria dos outros me espantava.

Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e


pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu
havia lido sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora
desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até
a
rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados.
Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso
lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.

Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque


tanto
precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um
rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho,
grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos, de confete: por
um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha
de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido:
eu era, sim, uma rosa.

Ao oitavo parágrafo, a personagem se encontra em uma contradição interna.


Mesmo assim, veste o figurino rosa, evidenciado em itálico, não sendo um qualquer.
A narrativa não está mais em seu clímax, com as emoções afloradas da
personagem; começa a seguir um ritmo mais monótono.
Já ao nono, ela dialoga com o leitor em mais perguntas retóricas e
metafóricas: “o jogo de dados de um destino é irracional?”, comparando a
realidade, ou a vida, a um destino de probabilidades ilógicas. As metáforas
continuaram, como ao décimo parágrafo quando diz que algo morreu nela, ao passo
que há o trocadilho em “fadas que encantavam e desencantavam, eu fora
desencantada”.
Do nono ao último, há um segundo clímax, que conta decorrer da história os
acontecimentos que inibiram sua felicidade de criança ao descobrir que sua mãe
havia piorado de saúde, subitamente sua empolgação fora diminuída pela
preocupação e o sentimento de culpa por estar se preparando para uma
comemoração mundana enquanto sua mãe se encontra em um estado delicado de
saúde. Logo em meio aos gritos e as alegrias alheias, embora tentasse se divertir
rapidamente recordava-se da mesma e "de novo morria", sentindo-se culpada por
estar em uma festa ao invés de estar em sua casa.
Como é detalhado pela personagem "ali de pé eu não era uma flor, era um
palhaço pensativo de lábios encarnados", vemos que ela menospreza sua tentativa
de sentir-se uma jovem crescida e volta ao fato de ser uma criança "brincando de
adulta", quando diz que "era um palhaço pensativo", em outras palavras, fingindo
ser algo que não era de fato. Logo em meio aos gritos e as alegrias alheias, embora
tentasse se divertir rapidamente recordava-se da mesma e "de novo morria", aqui
há a figura de linguagem metáfora, onde ela expressa o sentimento de tristeza
exageradamente.
No último parágrafo, a jovem menina descreve sua "salvação" como um
menino de 12 anos, que para ela "significava um rapaz". É enfatizado o desespero
da personagem de se salvar daquele momento arrebatador em que se encontrava
com as palavras "depressa agarrei-me" e "tanto precisava". A mesma buscou tanto
recuperar a sensação juvenil que havia perdido após o ocorrido com sua mãe, que
rapidamente entreteu-se com a presença de um jovem desconhecido descrito com
"uma mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade". A personagem
segue com as palavras "mulherzinha de 8 anos" apresentando-se como uma mulher
jovem e madura ainda pequena, na idade de uma criança. Por fim pode reconhecer
que era sim "uma rosa", ao sentido figurado, pois havia sido reconhecida por outra
pessoa quando ela já não estava se reconhecendo mais.

CONCLUSÃO

Analisando o poema, encontramos suas figuras de linguagem, em que a


maioria se fazia de metáforas, mas havendo outras como a prosopopeia,
metonímia, trocadilho, catacrese, apóstrofe e hipérbole, todas usadas como
recursos estilísticos no texto e seu conteúdo. Há a presença de ritmo, com palavras
sendo repetidas, gerando a sonoridade e musicalidade ao texto, enfatizando tanto
os tons mais alegres quanto os mais tristes. A narrativa se passa no futuro do
pretérito, com a personagem contando como era a sua infância no carnaval,
alternando entre o cenário da rua e a sua casa.
O maior desafio foi recortar a literalidade do conto, pois a subjetividade e
conteúdos do texto são mais proeminentes nas análises normalmente utilizadas.
Porém acreditamos que no conto houveram vários estranhamentos, desde a
descrição dos cenários, que refletiram na construção das imagens, até a maneira
que os sentimentos e dificuldades da menina foram expressos, dando perceber de
maneira diferente os sentimentos e olhares de uma criança com o mundo.

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