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RPGM
Revista Acadêmica

O LÚDICO NO POEMA: “O PATO” DE VINICIUS DE MORAES

PLAYFUL PROCESS OF THE POEM “O PATO” DE VINICIUS DE MORAES

Francisco Calicchio1, Ana Cristina Almeida dos Santos2

RESUMO
Este trabalho apresenta o resultado da pesquisa e análise de um poema da obra-A Arca de Noé de
Vinicius de Moraes. Dentre as muitas marcas de estilo, o objetivo é delinear ao processo lúdico, do
poema - O Pato. O estudo desenvolve-se no âmbito da Estilística e da Literatura Infantil-Juvenil,
como meio de abranger as relações estabelecidas, e mostrar a riqueza do ludismo no caminho
para a interpretação da poesia infantil. Neste poema, a motivação que age no signo percorre todos
os níveis do código: não apenas os sons, mas as formas gramaticais, o vocabulário, e as relações
sintáticas. Fica apontado um percurso em que se constatam estruturas singulares, que inferem e
aguçam a imaginação e a fantasia. Os fonemas e as palavras deixam muito mais que musicalidade e
significados: fornecem vitalidade.

Palavras Chave: Lúdico, Poesia, Sons, Imaginação.

ABSTRACT
This work presents the results of the research and analysis of a poem from the work A Arca de Noé by Vinicius
de Moraes. Among many brands of style, the goal is to outline the playful process of the poem O Pato.
The study is developed within the scope of stylistics and children’s literature, as a mean of encompassing
established relationship and show a wealth of ludism without a path to an interpretation of children’s
poetry. In this poem, the motivation that age does not mean crosses all levels of the code: not as children,
but as grammatical forms, the word and as syntactic relations. It is pointed out in a course, in which a school
is found singular that infer and sharpen an imagination, a fantasy ... In which the phonemes and as words
leave much more than musicality and meanings, they leave: vitality.

Keywords: Playful, Poetry, Sounds, Imagination

1 Faculdades Integradas Campos Salles - FICS

2 EMEF Henrique Felipe da Costa e na Escola Estadual República da Guatemala

Revista de Pós-Graduação Multidisciplinar, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 391-406, nov./fev. 2018.


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1. INTRODUÇÃO
O objetivo desta pesquisa é analisar em que medida os recursos estilísticos do poema - O
Pato, do livro A Arca de Noé, de Vinicius de Moraes, nos níveis fonético, morfossintático e semântico
promovem o lúdico, suscitando emoção e divertimento.

Este trabalho de finalização dos estudos de Pedagogia é voltado para as séries iniciais de Ensino
Fundamental, e busca evidenciar que as pesquisas que permeiam os campos da Literatura Infantil-
Juvenil, associadas às da Estilística, são inerentes aos objetivos do magistério em sua essência, já que
aproximam palavra, pensamento, criação e imaginação.

O tema justifica-se por abrir uma discussão da linguagem organizada do ponto de vista do
seu conteúdo afetivo, e da atuação sobre o interlocutor (apelo), gerador do poder de persuasão que,
numa conduta aparentemente descomprometida, espontânea e brincalhona promove a diversão e,
dessa forma persuade.

Para que se logre a análise, dar-se-á prioridade ao estudo dos efeitos que O Pato suscita no
leitor comum, cujo objetivo primeiro, é o prazer.

Visando ao estudo da Estilística, pela qual se encontram os traços expressivos que permeiam a
linguagem, utilizá-la-emos para entender como se constrói a significação em uma obra representativa
da Literatura Infantil-Juvenil.

De acordo com Michael Riffatere (1971:33): a linguagem exprime e o estilo realça. Nesta obra
infantil da modernidade, Vinícius realça e aguça a brincadeira, a diversão que, como constataremos,
se destaca pelo grau da musicalidade.

Não esquecendo também, é claro, que o efeito do processo estilístico supõe a combinação de
valores semânticos, morfossintáticos e fônicos. A união de palavras é como “magique fournaise”3,
evoca imagens ciclópicas de uma chama também todo-poderosa. (RIFFATERE, op.cit:191)

Para a realização do trabalho, foi criada uma hipótese que, por sua vez, foi confirmada e
alterada na fundamentação teórica. O método que se utilizou foi o hipotético dedutivo.

Realizadas as considerações, observou-se que este trabalho foi realizado pelos procedimentos:
histórico, comparativo e estruturalista. Buscaram-se obras que pudessem aprofundar e apontar
características referentes ao estilo, à obra específica, ao escritor, à fase na vida, ao movimento literário,
à época e, mais especialmente, à linguagem em particular.

As técnicas de pesquisa, para a investigação proposta, foram a observação e a contínua análise,


a “leitura circular”, de alguns poemas que compõem a obra. Para a amostra, foi selecionado o poema
O Pato, onde são apontados registros pictóricos de jovens estudantes de modo a ampliar a visão
lúdica dos poemas.

3 “magique formais”: mágica fornalha. (NONNENBERG, CURTENAZ. Dicionário Francês-Português. Porto Alegre: Globo, 1968)

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2. ARCA DE NOÉ
Esta obra participa do chamado boom na Literatura Infantil-Juvenil Brasileira, a partir dos anos
70. Nesta fase, para além da época Modernista Brasileira, Vinícius incorpora a nova consciência do
escritor, num mundo em plena reformulação de valores. Em 1969.inicia parceria com o violonista
Toquinho, e ambos fazem sucesso nos anos 70 com a Literatura Infantil-Juvenil musicada, até morte
do primeiro, em 1.980.

A Arca de Noé é composta por poemas infantis de Vinicius de Morais, escritos ao longo dos
anos e ao sabor das circunstâncias, que foram reunidos em livro, em 1971. Poeta do amor e da
sensualidade mais profunda, Vinicius não seria, talvez, a voz adequada para falar às crianças.

Entretanto ele o fez e, em muitos momentos de sua poesia infantil, reencontra a


ingenuidade do olhar antigo e se deixa arrastar pelo ludismo, que é indispensável à comunicação
com a criança.

Tal ingenuidade lúdica está presente em poemas como O pato, A Galinha d’Angola, As Abelhas
e A Casa, entre outros, nos quais sons e ritmo se integram, organicamente, com a mensagem.

As relações estabelecidas entre os fonemas levam o ouvinte/leitor a sentir os sons e a serem


agarrados pelo jogo-de-palavras e suas mil possibilidades de invenção.

Em outros poemas, porém, o conceitual supera o lúdico. É o caso de A Arca de Noé, O leão e
São Francisco. Neles, importa mais o que dizem do que o jogo sonoro. Talvez poemas para meninos
mais velhos, pois a mensagem transmitida pende mais para a reflexão adulta. Faltam a eles, humor,
brincadeira ou emotividade que agarram de imediato o pequeno ouvinte ou leitor.

2. 1.  OUTRAS ARCAS


Conforme o texto bíblico Gênesis, capítulo 7, versículos 1 e 2, Deus anuncia o dilúvio a Noé e
lhe propõe que construa uma arca para que sua família e animais se salvem. “Entra tu e toda a tua
casa (...) De todo o animal tomarás para ti”.

Publicada em 1930, outra obra nacional alusiva a este episódio bíblico, A Arca de Noé, de Viriato
Correia, foi representativa da vida rural, sobretudo na primeira história, “A revolta do galinheiro”. Destinada
às crianças, também Viriato Correia é um dos autores em que se encontram versões de histórias de bichos.

Já em homenagem ao poeta Vinicius, logo após a sua morte, em 1980, a TV Globo transformou
seus poemas de A Arca de Noé, 1970, em linguagem televisiva, num “belíssimo show de cores, formas,
ritmos, mímicas e dança, os poemas de A Arca de Noé cresceram em beleza, significação e dinamismo
lúdico”. (COELHO, 1995:1124)

As obras infantis de Vinicius e Viriato não só dialogam, em título, com o fato bíblico. Importante
citar que os bichos, ou os animais, tanto na obra de 1970. quanto em 1930, aparecem ricamente, e
são o ponto em comum ao texto bíblico, cuja passagem é preferida pelas crianças justamente pela
“salvação” dos animais; mas que, na realidade, a todo o público atrai.

A atração da arca de Vinicius ocorre desde o título religioso da obra; aos nomes simples e

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imagéticos dos poemas, que expandem expressividade, e que vão construindo, com o leitor, uma
visão de mundo por meio do ambiente onírico e lúdico.

3. EXPERIMENTALISMO: REALIDADE & FANTASIA


Como já mencionado, a Literatura Infantil-Juvenil brasileira, a partir dos anos 70, foi gerada
mais por uma questão vital/existencial, que por razões meramente estéticas ou didáticas. O
amadurecimento desvencilha a poesia do recorte tradicional, engaja a música e a torna onipresente
na vida brasileira.

Verifica-se o experimentalismo com a linguagem, com a estrutura narrativa e com visualismo


do texto. A literatura inquieta/questionadora põe em causa as relações convencionais existentes,
entre a criança e o mundo em que ela vive.

Em diferente estilo, forma ou linguagem, a obra A Arca de Noé oferece às crianças poemas atraentes,
vivos, que buscam diverti-las. A confiança no poder criativo da palavra literária permite, a Vinícius de
Moraes, o tom bem-humorado, a agilidade no falar e um espírito lúdico de aparente irreflexão, que o
aproxima do comportamento livre dos jovens – exatamente os seres ainda descomprometidos com o
preestabelecido, pelo sistema vigente, e que marca limites ao espírito criador livre.

Dentre as diversas tendências da Literatura Infantil, explicitadas por Coelho (1991: 265),
foi selecionado, para este trabalho, o poema O Pato, que está na literatura realista, pois pretende
expressar o real, tal qual é percebido pelo senso comum, registrando um pouco da vida e da morte
de um pato.

Vinícius de Moraes opta por testemunhar a realidade (o mundo, a vida real...), representando-a,
diretamente, pelo processo mimético (pela imitação fiel) na obra em análise.

Neste caso, ela se identifica, não com a realidade aparente, mas com aquela imaginada pelo
seu leitor.

Coelho4 (in ARROYO, 1988: 213) esquematiza a teoria da Literatura Infantil-Juvenil brasileira
atual, de acordo com o desenvolvimento psicológico da criança. Então, o poema estudado, se
encontraria na primeira fase: dos 5 aos 7 anos, fase do pensamento, quando as crianças anseiam
praticamente pelo maravilhoso – a realidade do absurdo – das fábulas, das fadas, do mundo vegetal
e animal e de seres inanimados.

4. LINHA LÚDICA OU DIDÁTICA


“A primeira marca dessa poesia infantil mais recente é o abandono da tradição
didática que, por um largo tempo, transformou o poema para crianças em veículo
privilegiado de conselhos, ensinamentos e normas. Ao menos seus poetas maiores
– Sidônio Muralha, Cecília Meireles e Vinícius de Morais – parecem ter varrido do
horizonte qualquer compromisso antigo com a pedagogia de valores tradicionais.
“(LAJOLO e ZILBERMAN, 1985:146)

4 Nelly Novaes Coelho, O Ensino da Literatura, pág. 126.

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O leitor de Literatura Infantil e Juvenil que se pretende formar é aquele que estabelece diálogo com
a sua própria vivência. Na obra estudada, esse processo envolve aspectos sensoriais (ver, ouvir os símbolos
linguísticos) e aspectos emocionais (identificar, concordar, discordar, repelir, apreciar, defender).

O caráter didático é inerente à matéria literária; e também, ou acima de tudo, o caráter lúdico,
à Estilística e à Literatura Infantil Juvenil, se encontra presente. Aquilo que não divertir, emocionar
ou interessar ao pequeno leitor, não poderá também transmitir-lhe nenhuma experiência duradoura
ou fecunda.

Obras sobrecarregadas de “informação”, corretíssimas, mas que, despidas de fantasia e


imaginação, em lugar de atraírem o jovem leitor, afugentam-no. Não podemos nos esquecer de que,
sem estarmos motivados para a descoberta, nenhuma informação, por mais completa e importante
que seja, conseguirá nos interessar ou será retida em nossa memória.

A poesia, toda grande poesia, faculta-nos a sensação de franquear, impetuosamente, o novo


intervalo aberto entre a imagem e o som. A própria estrutura em verso promove o lúdico.

lúdico, segundo Antônio D’Ávila,

Criança gosta de poesia, antes de tudo porque a guarda sem esforço: o ritmo é
auxílio precioso para a memória; a cadência do verso para o ouvido; a regularidade
do número de sílabas e consonância de rimas. A criança tem alma poética, é
criadora do belo, no exercício das atividades lúdicas, quando inventa rimas e
ritmos, quando reitera sons”. (D’ÁVILA, 1969:24)

Ou, conforme Cassiano Nunes e Mário da Silva Brito: “A poesia é a infância que permanece em
nós”. (in ARROYO, op.cit.: 223)

Daí a importância atribuída à orientação dada às crianças, no sentido de que, ludicamente,


sem tensões nem traumatismo, consigam estabelecer relações fecundas entre o universo literário e
seu mundo interior, formando, assim, uma consciência que facilite, ou amplie suas relações com o
universo real, que elas estão descobrindo, dia-a-dia, e onde elas precisam aprender a se situar com
segurança, para nele poder agir.

A linguagem poético/musical, de natureza popular, de Vinicius de Moraes, exerce grande


efeito sobre a criança; podendo levá-la a descobrir algo à sua volta e a experimentar novas vivências
que, ludicamente, se incorporarão em seu desenvolvimento mental/existencial.

É o caso das cantigas de roda, parlendas e canções de ninar, cuja estrutura formal
é idêntica às primeiras manifestações da poesia entre os povos primitivos: poesia
identificada com os cantos, com as fórmulas proféticas ou de encantação mágica
que eram proferidas em rituais. Enfim, os selvagens, os primitivos, as crianças ou o
povo amam as palavras por sua própria sonoridade. (COELHO, 1997: 201)

5. AS “VOZES” DO PATO
A Arca de Noé é composta de poemas com incrível predominância de temas de animais: Os
bichinhos e o homem, O pinguim, O elefantinho, O leão, O pato, A cachorrinha, A galinha-d’angola, O

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peru, O gato, As borboletas, O marimbondo, As abelhas, A foca, O mosquito, A pulga, A corujinha, O


pintinho, O porquinho, A formiga, O peixe-espada, A morte de meu carneirinho, A morte do pintainho;
estes que, por sua vez, ocupam o centro do interesse das crianças de quatro a nove anos5.

Vinicius, em seus poemas, representa animais que fogem à conduta do cão fiel ou do pássaro
cativo. Em seus textos, os bichos protagonizam situações que se afastam do convencional e, com
isso, mergulham a poesia infantil contemporânea num clima insólito e de estranhamento, caros à
modernidade.

O pato é um poema extremamente inovador construído a partir da “voz do animal”. A


exploração lúdica da palavra que o nomeia traz ao poema infantil o sentido lúdico, o non sense.

Há incorporação da oralidade, docilidade e transparência da linguagem, enquanto instrumento,


além de potencializar ao máximo: aliterações, onomatopeias e rimas internas.

Observamos que, quando a linguagem se configura numa massa sonora a ser explorada,
emergem significados.

O PATO6
Lá vem o pato

Pata aqui, pata acolá

Lá vem o pato

Para ver o que é que há

O pato pateta

Pintou o caneco

Surrou a galinha

Bateu no marreco

Pulou no poleiro

No pé do cavalo

Levou um coice

Criou um galo

Comeu um pedaço

De jenipapo

5 Informação encontrada em (D’ ÁVILA, op.cit.:113). Ressalva: a literatura que encante uma criança, encantará também um adulto, sem

restrição de faixa etária.

6 MORAES (op. cit.:40)

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Ficou engasgado

Com dor no papo

Caiu no poço

Quebrou a tigela

Tantas fez o moço

Que foi pra panela.

Notamos que o poema é construído por períodos compostos por coordenação – orações
independentes que se sucedem com relação de significado, sem conectivos. Já que elaborado para
crianças, este tipo de composição frasal se deve por ser de mais fácil compreensão e assimilação.
Desta forma, as crianças poderiam “decorá-lo” ou cantá-lo facilmente.

Poema cheio de vida, versos naturais, espontâneos, simples, acessíveis e feitos especialmente
para elas, as crianças, que têm capacidade poética de ver e sentir a realidade. Elas a transfiguram e
configuram, graças às tintas e aos poderes de sua imaginação.

Colocados no centro da realidade, os sons, a música, o animal, os fatos se organizam dentro de


um quadro mágico, maravilhoso.

O discurso lúdico, explicitado por Adilson Citelli (1997:38), é a forma mais aberta e “democrática”
de discurso, em que o signo ganha uma dimensão múltipla, plural, de forte polissemia: os sentidos se
estilhaçam, expondo as riquezas de novos sentidos. A própria descoberta da linguagem pela criança
tem muito deste caráter de jogo com as palavras: prazer e encantamento com os mistérios dos sons.

A motivação que age no signo percorre todos os níveis do código; não só os sons, mas as
formas gramaticais, o vocábulo e as relações sintáticas. Os efeitos sensoriais são valorizados pela
repetição dos fonemas, ou seu contraste; e a estilística não realiza outra coisa senão a de destacar:
“harmonia imitativa”, “eufonia”, “imitação sonora”, “pintura sonora” ou “simbolismo fonético7”; recurso
que merece destaque na obra.

As onomatopeias, também encontradas na obra A Arca de Noé, e de largo uso na fala das
crianças, são utilizadas como meio de despertar a fantasia dos leitores, e tornar mais vivas, concretas
e ritmadas as partes narradas, em correspondência a Max Muller (in BOSI, 1993: 40): os brinquedos,
são os instrumentos da linguagem.

Todo o poema sugere uma onomatopeia, recurso de linguagem que consiste em imitar sons
e ruídos dos seres por meio de palavras. Este recurso, de harmonia imitativa, sugere o andar típico
de um pato.

Os efeitos acústicos, com ocorrência de vozes tônicas, dão impressão a sons de batida;
a assonância do [a] promove isso, sugerindo abertura da fala do pato “qua, qua, qua”. A contínua
repetição da mesma vogal no poema se dá de forma a aparecer 33 vezes:

7 Consultar (MARTINS,2000:47-51)

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“Lá vem o Pato

Pataaqui, pata acolá”

(...)

A recorrência das oclusivas /p/, /k/, /t/ promove o “jogo” de esquema rítmico/sonoro da
aliteração, que pode ser explicitada pelos movimentos contínuos e acelerados do pato, do que
ocorria, e intensificando os sons de batida. Este fator poderia definir-se como mimese, em que a
forma vai criando uma ideia.

“Lá vem o pato

Pata aqui, pata acolá

Lá vem o pato

Para ver o que é que há”

(...)

As sílabas tônicas aparecem de forma intercalada, subidas e descidas, que sugerem o andar do
pato descompassado. Harmonia melódica que cria a harmonia imitativa dos passos:

“O Pato pateta

Pintou o caneco

Surrou a galinha

Bateu no marreco

(...)

Este poema se compõe de um ritmo solto e distanciado das regras da métrica tradicional: é
assimétrico. Observemos que os versos são de medidas diferentes, da mesma forma que ocorre um
enjambement, transmitindo a ideia de continuidade do verso.

“Co- meu- um- pe- da {ço} 5

De- je- ­ni - pa{po} 4

Fi- cou- en- gas- ga{do} 5

Com- dor- no- pa{po}” 4

(...)

Como podemos observar nestes versos, ocorre variação - ritmo liberado - entre tetrassilábicos
e pentas silábicos, utilizado por Vínicius de Moraes em A Casa. Mas, ainda, há os heptassílabos. E além
disto, as redondilhas menor e maior, por sua vez, muito utilizadas na música folclórica se repercutiu
na poesia infanto-juvenil:

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Pa- ta a- qui, -pa- ta a- co- LÁ 7

Pa- ra- ver- o- que é- que- HÁ 7

Retomemos o poema a fim de analisarmos as rimas.

Lá vem o pato 1

Pata aqui, pata acolá 2

Lá vem o pato 1

Para ver o que é que há 2

O pato pateta

Pintou o caneco 3

Surrou a galinha

Bateu no marreco 3

Pulou no poleiro

No pé do cavalo 4

Levou um coice

Criou um galo 4

Comeu um pedaço

De jenipapo 5

Ficou engasgado

Com dor no papo 5

Caiu no poço 6

Quebrou a tigela 7

Tantas fez o moço 6

Que foi pra panela. 7

Quanto à posição do acento tônico, na maioria das rimas coincidem, por serem formadas por
palavras graves, porém, há uma quebra nos versos de rima 2, pois são agudas.

Assim, nos versos não numerados as rimas ocorrem nas vogais tônicas, rima toante. Eles
não deixam de ter sonoridade, pois as sílabas fortes se identificam e as repetições de consoantes
favorecem o dinamismo lúdico, junto aos demais versos. Ou seja, ritmo se sobrepõe à rima.

O Pato pateta rima toante: e, /Є/

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Pintou o caneo

Surrou a galinha rima órfã8

Bateu no marreco

Pulou no poleiro rima toante: poleiro, coice. São as mais distantes, mas poderiam ser
chamadas de imperfeitas. Dois ditongos orais fechados: ei / oi.

No pé do cavalo

Levou umcoice rima toante

Criou um galo

Comeu um pedaço rima toante: a

De jenipapo

Ficou engasgado rima toante

Com dor no papo

Notamos a repetição de estrutura nos versos de rima 1, anunciando a chegada do pato. O ludismo
está evidente no motivo inicial “Lá vem o pato”, ideia que se repete no início e, implicitamente, se prolonga
por todo o poema. “Técnica da repetição” que intensifica ações e atributos do pato: repetição de estrutura.

O emprego dos verbos no presente do indicativo, “vem”, denota o tempo para a criança e reforça
o ininterrupto movimento das vindas do pato; mesmo sucedidas de verbos no tempo pretérito, não
há ruptura temporal. O eu – lírico, então, narra uma das vindas, que representa o hábito. Em fonética,
a fricativa labiodental [v] também faz render a ideia do movimento no prolongamento natural a esse
som consonântico.

Sua estrutura narrativa também proporciona o entretenimento lúdico, como pequenas


histórias, e desvenda, aos olhos e à imaginação, um rico panorama de poesia e de beleza em que
tudo se move, se completa, se articula, sem peias nem dificuldades. Torna-se, então, um brinquedo e
animador do jogo: extensão de atividade infantil.

O vocabulário do texto revela um nível de linguagem coloquial, mais frequente nos poemas
modernos, adequado ao público infantil. Como observamos, ela apresenta especial interesse pelo
valor fonético, em que vale a ação da figura animal, predominando o movimento. Os verbos de
ação merecem destaque: “pintou”, “surrou”, “bateu”, “pulou”, “levou”, “comeu”, “caiu”, “quebrou” etc. Eles
indicam um frequente dinamismo, pressupondo o lúdico.

Existem tipos de construção frástica ou vocábulos mais expressivos, ou ainda, mais poéticos que
outros. De fato, é que o vocábulo mais banal pode carregar-se de expressividade, tudo dependendo
de fatores ligados ao contexto.

8 Terminologia de Norma Goldstein.

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O Pato pateta9

Pintou o caneco

Ocorre o uso da expressão de natureza metafórica “Pintou o caneco”; esta apropriação do oral
é uma influência modernista, que denota as peripécias do pato.

A característica pateta prenuncia as ações ativas do pato e os fatos intensos, causados por
ele. Observável, também, que esta adjetivação possui, de acordo com o dicionário, carga semântica
similar ao vocábulo tolo ou pato.

Pateta ratifica as aventuras e as respectivas consequências, chegando à hipérbole. Depois de


pular no pé do cavalo:” Levou um coice/Criou um galo”

Há a construção sintática que liga um verso ao seguinte, “enjambement”. O sentido do objeto


“pedaço” só é completado no próximo verso com o adjunto adnominal “De jenipapo”. Sugere o
sentido de que o pato acabou engasgando por causa dos ritmos: do pato e do poema. É a própria
representação do engasgar.

“Comeu um pedaço

De jenipapo

Ficou engasgado

Com dor no papo”

A personificação é constatada no penúltimo verso, em que trata o pato de moço, ocorrendo


humanização deste animal extremamente agitado, que mais parece uma criança travessa e que
termina na panela.

“Tantas fez o moço

Que foi pra panela.”

6. DO REALISMO LÚDICO
O imaginismo encontrado em O Pato pode desempenhar um papel significativo na vida da
criança, misturando-se ao universo de suas atividades. Isto anima o pato, personifica-o, atribui-lhe
personalidade e transfigura sua realidade.

O estilo escolhido por Vinicius em A Arca de Noé, parte do real para o imaginário, em que opta
por um poema de cunho narrativo, cujo personagem animal, para as crianças10, dá continuidade ao
princípio da fábula, numa implícita lição de moral, que transcorre no âmbito do maravilhoso do “Era
uma vez”, onde o espaço e o tempo normais não existem e onde o inverossímil se torna verossímil.

9 Pateta: tolo. (1, 2 e 7) - p.519. 1.que diz tolices. 2. simplório, ingênuo. 7. indivíduo tolo; basbaque, bocó, idiota, imbecil, maluco, pacóvio, palerma,

parvo, paspalhão, pateta, pato (grifo nosso) - p. 675. (FERREIRA, Aurélio. mini Aurélio. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.)

10 Ver pinturas, pág. 33.

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E a lição de moral para um pato que surra a galinha, bate no marreco e termina na panela pode
ser expressa proverbialmente em: “Quem semeia vento, colhe tempestade” (ditado popular), ou “O
espírito aventureiro é apanágio de indivíduos frágeis”11.

A verdade é que, embora poetizado pela linguagem, o pato conserva sua “realidade” animal,
vivendo em seu habitat natural e obedecendo aos seus instintos primários: dor, fome, alegria,
esperteza, curiosidade e covardia.

O poema O Pato se encontra na linha do realismo lúdico, a realidade com uma dose de
brincadeira e imaginismo, em que enfatiza a aventura de viver, as travessuras do dia-a-dia. O pato é
real e serve de alimento na cadeia natural, isso justifica seu desfecho.

O animal pato, além de ser elemento da natureza, é objeto de estima das crianças e criação de
Deus. Conforme o Dicionário de Simbologia, exerce simbolicamente conotação positiva:

(...) Na China, o casal de patos é símbolo do casamento feliz. (...) no conto de fadas,
João e Maria são trazidos de volta à casa por um pato branco depois da aventura
com a bruxa. Um mito húngaro fala sobre uma cidade que gira com o céu, apoiada
sobre um pé de pato firmemente apoiado no solo(...)(LURKER, op.cit.:524)

6. 1.  IMAGINAÇÃO = IMAGEM + AÇÃO


A palavra passa, então, a representar, a reviver; por meio da força da linguagem: em vez de ser
signo é símbolo. O poema transcende o discurso. Nascido da palavra, ele desemboca em algo que
o transpassa, e se reveste de uma força mágica, pois transforma a ação e a imagem na imaginação
lúdica. Isto ocorre no trabalho do lúdico em poesias com crianças.

O poema O Pato, especificamente, foi motivo de atividades com alunos de sétimo ano para
leitura, percepção e transferência de código, de onde acabaram surgindo os referentes das metáforas
observaram um pouco do que o texto gera nas diferentes mentes infantis, em suas diferentes leituras
de mundo.

Ver Figura 1 do Apêndice.

Beatriz, 12 anos, e outros colegas compreenderam o poema, “ao pé da letra”, no sentido


denotativo, e desenharam o pato pintando um caneco. Notemos a personificação do pato: ele senta
em um banquinho para pintar.

Ver Figura 2 do Apêndice.

Um momento bastante lúdico é o escolhido por Priscila, 12 anos, a personagem “voa” ao levar
um coice do cavalo.

Ver Figura 3 do Apêndice.

Claudiana, 12 anos, fez o pato engasgado com o jenipapo. Na ordem do poema, ele já tinha
levado um coice: as marcas da ferradura reforçam a comicidade da narrativa visual.

11 Idem: “A Revolta do Galinheiro” A Arca de Noé de Viriato Correa, de 1930 (LAJOLO e ZILBERMAN, 1985:62)

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Ver Figura 4 do Apêndice.

Ewerton, 12 anos, imagina, por meio da onomatopeia, os passos do pato, e os ilustra nas
pegadas antes de cair no poço. À direita, um caneco pintado.

Ver Figura 5 do Apêndice.

Ray, 12 anos, ilustrou o desfecho do pato. Apesar de estar na panela, ironicamente, ainda se
encontra vivo e inteiro para contar história.

O poema narrativo O Pato é econômico porque opera, basicamente, com imagens. Trata-se de
um expediente de libertação da leitura detalhista e discursiva, para uma leitura pictórica, em que a
palavra tenta voltar-se para a coisa em si.

Isso ocorre por meio da função lúdica da obra que é destinada a gerar prazer, distrair, alegrar.
Após ler ou cantar, a ilustração seria um registro da imaginação aguçada pelo ludismo do poema; e
por que não considerar mais uma brincadeira: a de passar o poema para códigos não-verbais.

Segundo ILARI (2011, p.141), a prática de movimentos, as atividades rítmicas e o aprendizado


pela melodia ocorrem de forma simultânea: um som ou ritmo pode gerar um gesto, movimento
ou dança. Logo, diversas atividades pedagógicas podem ser desenvolvidas tendo por referência o
poema O Pato desde: contextualizar, significar, pronunciar ou, até acompanhar o som com objetos,
ou dançar.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A obra A Arca de Noé é formada por poemas que se constituem de linguagem lúdica, por meio
de uma metódica construção frasal e apurada escolha lexical, fônica e rítmica.

A estrutura em verso, a docilidade, a transparência da linguagem e a sonoridade peculiar


sua, e o ritmo, mais especificamente, são elementos encontrados no poema O Pato que deu início
à pesquisa de textos, no campo da Literatura Infantil-Juvenil, juntamente à Estilística, no qual se
observou seu caráter lúdico e persuasivo para a aprendizagem.

O ludismo, além de promover o entretenimento, é indispensável à comunicação com a criança,


logo, de caráter didático pelo encantatório e estilístico, fez render o fantástico, a imaginação, a música
e o pictórico.

Dentre outras tantas maravilhas que a literalidade destes poemas pode nos proporcionar,
a poesia para crianças de Vinicius de Moraes, por excelência, apresentou para a época, e ainda
apresenta um meio de recriação da linguagem, e de se respeitar e contemplar o mundo da criança,
que tem uma lógica particular e característica.

No poema O Pato, a linguagem verbal atua com a não-verbal, a fonética com a musicalidade,
o ritmo com os movimentos, a realidade com a fantasia, o didático com o lúdico. Além de ter sido
musicalizado por Toquinho, o que também o torna um poema infantil especial.

Evidentemente, os sentimentos e os efeitos que a linguagem do poema analisado produz

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são impressões subjetivas, as quais podem ser recebidas de maneira diversa entre os leitores/
ouvintes que, apesar de poderem pertencem a diferentes idades, com certeza, em algum momento
imaginaram as peripécias do Pato em suas mentes.

Desta forma, ficam apontadas a vitalidade e as riquezas encontradas no caminho de uma


interpretação em que, me perdoem os chatos, mas o lúdico é fundamental12.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, João Ferreira (tradutor). Bíblia Sagrada. 2ª ed. São Paulo: Geográfica, 2000.

ARROYO, Leonardo. Literatura Infantil Brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1988.

BOSI, Alfredo. O Ser e o Tempo da Poesia. São Paulo: Cultrix, 1993.

CASTELLO, José. Vinícius de Moraes: Livro de Letras. São Paulo: Schwarcz,1991.

CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 11ªed. São Paulo: Ática,1997.

COELHO, Nelly Novaes. Dicionário Crítico da Literatura Infantil e Juvenil Brasileira. 4ªed. São Paulo:
EDUSP, 1995.

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COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil. 6ªed. São Paulo: Ática, 1997.

COELHO, Nelly Novaes. Panorama Histórico da Literatura Infantil Juvenil. 4ªed. São Paulo: Ática, 1991.

D’ÁVILA, Antônio. Literatura Infanto-Juvenil. São Paulo: do Brasil, 1969.

GOLDSTEIN, Norma. Versos, Sons, Ritmos. 13ªed. São Paulo: Ática, 2000.

KHÉDE, Sônia Salomão. Literatura Infanto-Juvenil: Um gênero polêmico. Petrópolis: Vozes, 1983.

LAJOLO, Marisa. ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil Brasileira. São Paulo: Ática, 1985.

MARTINS, Nilce Sant’anna. Introdução à Estilística. 3ªed. São Paulo: T.A. Queiroz, 2000.

MATEIRO, Tereza; IRALI, Beatriz. Pedagogia em Educação Musical. Curitiba: Ibpex, 2011.

MONTEIRO, José Lemos. A Estilística. São Paulo: Ática, 1991.

MORAES, Vinícius. A Arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

RIFFATERRE, Michael. Estilística estrutural. São Paulo: Cultrix, 1971.

12 Parafraseando Vinicius.

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SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 21ª ed., São Paulo: Cortez, 2001

INFORMAÇÕES DOS AUTORES


Francisco Calicchio é graduado pela PUC-SP, prof. Ms. em Historiografia Linguística pela PUC-SP,
e professor pelas Faculdades Integradas Campos Salles – Mundial franciscocalicchio@gmail.com

Ana Cristina Almeida dos Santos é professora de Ensino Fundamental II e Médio, formada em letras
e pós-graduada em Língua Portuguesa na Universidade Cruzeiro do Sul. Trabalha na EMEF Henrique
Felipe da Costa e na Escola Estadual República da Guatemala. hana_kamaria@hotmail.com

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