Você está na página 1de 4

Peça Teatral

Título: Lendas da Amazônia

Personagens: 2 caçadores (Zé e Chico), Severino, Curupira, Boto, Cobra grande,


mulher e filha.

CENA 1 – Cenário (Mata)


 Zé: Chico, nóis tivemo muita sorte de pegá essas caça, hein!
 Chico: É verdade Zé, mas foi a lua cheia que ajudô nóis, sabe?
 Zé: É? Eu num lembro da lua tê ajudado!
 Chico: Ara, seu burro. Cum esse clarão todo, cumo qui as caça ia se escondê di
nóis?
 Zé: Ah é!
Nesse momento vem se aproximando um homem.
 Chico: Olha aí o Sivirino!
 Severino: Mas o qui ocês faz aqui essa hora?
 Zé: A gente tá indo pra festa!
 Severino: E onde tem festa?
 Zé: Ô Zé Mané. Num tá vendo as caça nas nossas costa?
 Severino: E ocês isquecero qui hoje é lua cheia?
 Chico: Cumo é qui a gente vai isquecê. Tá parecendo lamparina na nossa
cabeça!
 Severino: Ô homi de Deus. É na lua cheia que aparece o curupira, a cobra
grande e inté o boto!
Chico e Zé disfarçam o medo.
 Chico: Mas nóis num tem medo disso. Né, Zé?
 Zé: É! – responde, já com medo.
 Severino: Nesse causo, eu vô indo!
Severino vai embora e os dois continuam parados.
 Zé: Ocê num tem medo mesmo, Chico?
 Chico: Claro que tenho, né! Mas ocê acha qui eu ia falar isso pra ele?
 Zé: Ah Meu Deus. Intão semo dois cum medo. O qui nóis vai fazê agora?
Ouve-se um barulho estranho e os dois correm gritando, um para cada lado. E
se perdem.
Chico vai para a mata fechada.

CENA 2 – Cenário (Mata Fechada)


 Chico: Zé, cadê você? Aposto como tá morrendo de medo. – Fala, tremendo
de medo.
O barulho agora é mais forte. Vem alguém se aproximando de Chico.
(Curupira)
 Chico: Ai meu Deus. O cu-cu-curupira!
 Curupira: O que você carrega nas costas?
Chico deixa cair a caça.
 Chico: Ah! Num é nada não, Seu Curupira. É que arguém jogô nas minhas
costa, sabe?
 Curupira: Como é que você se atreve a aborrecer os animais da floresta?
 Chico: É qui a minha família tava cum fome e... – O curupira não deixa ele
terminar de falar.
 Curupira: E QUEM VAI CUIDAR DA FAMÍLIA DOS ANIMAIS? – Fala,
gritando e assusta Chico.
O curupira se aproxima mais de Chico e este fecha os olhos com medo e
começa a tremer.
 Curupira: Se eu encontrar você de novo aqui, não vai ter volta para casa.
Entendeu?
Chico faz sinal positivo e o curupira vai se afastando. Segundos depois Chico
abre os olhos e não vê ninguém. Dá um grito e corre desesperado.
Perto do rio está o Zé.

CENA 3 – Cenário (Beira do rio)


 Zé: Nossa mãe, como é que eu vim pará aqui na bêra? Cadê o Chico? -
Ouve um ruído.
 Zé: Chico, é você? – Não tem resposta. – Aparece logo, Chico, sinão eu acerto
as tuas fuça!
O ruído aumenta.
 Zé: Chico, num tô brincando. Cê sabe qui num sô corajoso. Acho inté qui sujei
as calça. – Olha para as calças.
De repente aparece a Cobra Grande. Zé dá um pulo.
 Zé: Jesus Cristo! – Deixa cair a caça. ― É a co-cobra grande. Não, não é.
Acho que tô vendo coisa. ― Começa a tremer.
A cobra rasteja em torno de Zé.
 Zé: Oh! Minha Nossa Sinhora dus disisperado. ― Olha para o céu. ― Eu
prometo qui nunca mais vô caçá. Mas eu tenho qui vivê pra isso, né?
A cobra continua rondando e Zé começa a rezar. Minutos depois a cobra vai
embora e Zé foge, desesperado.
Mais tarde os dois se reencontram e cada um conta a sua história.

CENA 4 – Cenário (Mata)


 Zé: Oh Chico, onde cê tava? Ti procurei na mata toda!
 Chico: Cê num vai criditá. ― Começa a falar nervoso e depois simula
coragem. ― Encontrei o curupira. ― Fala agora todo seguro de si.
 Zé: No-nossa! E o qui ele feiz?
 Chico: Nadinha, purque eu num dexei. Lutei inté ele caí. Aí ele viu qui eu era
forte e si intregô. Fiquei cum pena dele e dei a caça. Dispois ficamo amigo. -
Zé fica admirado e Chico sorri, orgulhoso de si.
 Zé: Ingraçado, Chico. Num é qui eu também ganhei um amigo. Qué, qué
dizê... uma amiga.
 Chico: É? E quem foi?
 Zé: A Cobra Grande!
 Chico: Num diga?
 Zé: Digo sim. Ela veio tentá me assustá, mas se lascô. Eu dei um pontapé na
custela dela qui ela saiu qui nem cachorro quando apanha.
 Chico: Nossa!
 Zé: É. Dispois ela veio querê si discurpá e eu dei uma chance. Conversemo um
tempão e eu dei a caça pra ela.
 Chico: Poxa, Zé, pena qui num vamo levá cumida pras nossa casa.
 Zé: Mas pelo meno nóis fizemo amigo, né?
 Chico: Ah é, isso é verdade!
Os dois se abraçam.
Aparece a mulher de Chico, chorando.
 Mulher: Chico, Chico! Pelo amor de Deus, hômi. Corre que a nossa filha
sumiu.
 Chico: Sumiu? Mas cumo?
 Mulher: Num sei. Ninguém sabe dela! ― Fica pensativa de repente. ―
Argúem falou sobre lua cheia!
Chico olha para Zé, assustado, e falam ao mesmo tempo:
 Zé e Chico: O boooto!
Chico puxa a mulher e os três saem correndo.

CENA 5 – Cenário (Beira do Rio)


Aparece o boto levando a filha para o rio.
Ao final aparece a filha, grávida.
Tatiane Santos

Você também pode gostar