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RETIRO DO ADVENTO & NATAL

- Na mística da encarnação -

PROPOSTA
Jesuítas Brasil
2021

INTRODUÇÃO

1. O QUE É O RETIRO DO ADVENTO?


A cada ano em nossas comunidades cristãs o Tempo do Advento abre o ano litúrgico e nos
prepara para as festividades do Natal do Senhor Jesus. Evidentemente, em todas as celebrações
do ano litúrgico sempre encontraremos muitas expressões, seja nas leituras proclamadas, seja
na eucologia (diversas orações), que nos remetem à memória do mistério da encarnação de
Cristo (nascimento histórico em Belém de Judá) e à feliz esperança de sua vinda gloriosa
(parusia), quando chegará o dia sem ocaso e Cristo será tudo em todos. Aqui, basta-nos lembrar
a aclamação memorial, coração da prece eucarística, quando em cada celebração dizemos
repetidamente: “Vinde, Senhor Jesus!”; ou, ainda, a belíssima intervenção da assembleia na
prece eucarística sobre Reconciliação I: “Esperamos, ó Cristo, vossa vinda gloriosa”.

Porém, de modo particular, o Tempo do Advento é caracterizado pela simplicidade de


elementos externos que tornam a celebração litúrgica mais sóbria e, ao mesmo tempo, pela
profundidade da espiritualidade que brota das orações e dos textos da sagrada escritura. Neste
caminho espiritual estamos propondo esta experiência diária de oração, no encontro íntimo
com o Senhor da vida, a partir dos textos bíblicos de cada dia ao longo do Tempo do Advento.
Como também nos anima o DA: A oração pessoal e comunitária é o lugar onde o discípulo,
alimentado pela Palavra e pela Eucaristia, cultiva uma relação de profunda amizade com Jesus
Cristo e procura assumir a vontade do Pai. A oração diária é um sinal do primado da graça no
caminho do discípulo missionário. Por isso, “é necessário aprender a orar, voltando sempre a
aprender esta arte dos lábios do Mestre” 146.

Bem, este caminho de oração, feito no dia-a-dia, por um determinado tempo, baseando-se em
exercícios de oração, sugeridos e elaborados neste material que ora apresentamos.

Elementos básicos para fazer este Retiro do Advento são:

a. dedicar trinta (30) minutos à oração pessoal diária;


b. rever esta oração durante alguns minutos;
c. fazer, no final do dia, durante aproximadamente dez (10) minutos, a Oração de Atenção
Amorosa, como uma retrospectiva do dia que passou.

2. ROTEIRO PARA A ORAÇÃO DIÁRIA


Esquema, como possível ajuda, para os trinta (30) minutos de oração diária.

a) Escolher a hora e o lugar mais apropriados para a oração.


b) Acolher a presença de Deus, saber que Ele me quer junto de si.
c) Pedir a luz do Espírito Santo para que Ele me dirija e inspire.
d) No início de sua oração pessoal, rezar esta oração preparatória:

ORAÇÃO PREPARATÓRIA
Aqui estou, meu Deus, diante de ti,
tal como sou agora.
Estou tranqüilo e pacificado diante de ti, Senhor,
como um discípulo atento a seu Mestre.
Estou na tua presença e me deixo conduzir.
Abro-me à tua proximidade.
Dá-me um coração de discípulo, para que, cada dia, possa ouvir a tua Palavra. Tu és a fonte
da vida, a força da vida que me penetra. Tu és meu ar que me oxigena e dilata. Deixa que a
tua paz me habite. Concede-me a graça de me deixar “limpar” por ti, ser uma concha que se
enche de ti, meu Deus. Que todos os meus pensamentos e sentimentos, minha vontade e
liberdade sejam orientados para o teu serviço e louvor, meu Mestre e Senhor.
Assim seja!

e) Dois modos de orar os textos indicados:

1º - CONTEMPLAÇÃO EVANGELICA (se o texto for um fato bíblico ou um mistério da


vida de Cristo)
Como proceder?
• Recordo a história e use a imaginação para entrar na cena evangélica.
• Procuro ver, contemplando cada pessoa da cena; dou um olhar demorado,
sobretudo, na pessoa de Jesus (se for o caso). Olho sem querer explicar ou
entender.
• Tento ouvir, prestando atenção às palavras ditas ou implícitas: o que podem
significar? E, se fossem dirigidas a mim...?
• Observo o que fazem as pessoas da cena. Elas tem nome, história, sofrimentos,
buscas, alegrias. Como reagem? Percebo os gestos, os sentimentos e atitudes,
sobretudo, de Jesus.
• Participo ativamente da cena, deixando-me envolver por ela. Além de ver, ouvir,
tente apalpar e sentir o sabor das coisas que nela aparecem.
• E, refletindo, tiro proveito de tudo o que ocorreu durante a oração.
• Finalizo com uma despedida íntima de meu Deus, rezando um Pai Nosso.
Saindo da oração, faço a minha revisão ( cf 3 ).

2º - LEITURA ORANTE (se for um texto de ensinamento da Escritura)


• Leio o texto inteiro de uma vez; releio, devagar, versículo por versículo. Pergunto-me:
O que diz o texto em si?
• Paro onde Deus me fala interiormente; não tenho pressa, aprendo a saborear. Pergunto-me:
O que o texto diz para mim?
• Deus é Pai que nos ama muito mais do que poderíamos ser amados. Pergunto-me: O que o
texto me faz dizer a Deus? Podem ser louvores, pedidos, ação de graças, adoração,
silêncio...
• Vou acolhendo o que vier à mente, o que tocar o meu coração: desejos, luzes, apelos,
lembranças, inspirações.
• Pergunto-me: O que o texto e tudo o que aconteceu nesta oração me fazem saborear e
viver?
• Finalizo a oração com uma despedida amorosa. Rezo um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.
• Saindo da oração, faço a minha revisão ( cf 3 ).

3. REVISÃO DA ORAÇÃO
Terminada a oração, revejo brevemente como me saí nela, perguntando-me:
• que Palavra de Deus mais me tocou?
• que sentimento predominou?
• senti algum apelo, desejo, inspiração?
• tive alguma dificuldade ou resistência?
Anoto o que me pareceu mais significativo na forma de uma breve oração de súplica ou de
agradecimento.
N.B.: Este roteiro pode ser utilizado para a partilha da oração em grupo.

4. EXAME ESPIRITUAL DIÁRIO


Agora vamos procurar entender o segundo aspecto importante do Retiro do Advento, ou seja,
a oração no final do dia, que é um elemento profundamente enraizado na tradição espiritual da
Igreja. Trata-se do Exame Espiritual Diáriol Inácio de Loyola teve uma visão mais ampla deste
exame, não apenas vendo as falhas, mas lançando um olhar para todo o dia vivido,
agradecendo, louvando e também pedindo perdão pelas culpas e falhas acontecidas. Conclui-
se confiantemente, colocando o futuro nas mãos de Deus.

Preparação (externa e interior)


Começo minha oração conscientemente: faço o sinal da cruz, acolhendo a presença de
Deus.
Peço ao Senhor a graça de perceber, com atenção amorosa, o dia que termina, vendo-o na
sua luz.

1. Agradecimento
Agradeço a Deus por tudo que vivi neste dia. E se não acho nenhum motivo para agradecer,
posso pelo menos dizer obrigado pela vida que me foi concedida gratuitamente.

2. Invocação ao Espírito Santo


Invoco o Espírito Santo, pedindo luz para discernir o uso que fiz de minha liberdade.

3. Um olhar sobre o dia que passou


Contemplo o dia que passou. Deixo passar diante de mim o dia todo ou coloco-me diante
de alguns acontecimentos. Não preciso avaliar ou julgar-me, porque a percepção da realidade
de um dia vivido antecede à avaliação. Encontro motivos para agradecer? Para me queixar?
Permiti que Deus atuasse em mim, sendo sinal de sua presença e amor para com os outros?

4. Pedido de perdão
Reconhecendo-me frágil e pecador, peço perdão ao Senhor por minhas faltas ou pelo bem
que deixei de fazer, não me deixando conduzir por seu Espírito.

5. Oração de conclusão
Confio ao Senhor o meu amanhã, experimentando a alegria de nele depositar a minha
esperança.

5. ACOMPANHAMENTO NO RETIRO DO
ADVENTO
Além das orientações dadas, seria desejável um acompanhamento mais direto. Há duas
possibilidades:
1. Recomenda-se às pessoas que desejam fazer o retiro, formarem grupos por proximidade
geográfica ou afetiva, sejam grupos já existentes na paróquia, sejam grupos a se constituírem.
O objetivo é reunir-se, semanalmente de preferência, para a partilha das experiências.

2. Tanto quanto possível, os grupos sejam acompanhados por um orientador experiente nos
Exercícios Espirituais de Santo Inácio, auxiliado por outros acompanhantes idôneos que se
disponham a prestar este serviço pastoral.
RETIRO DO ADVENTO & NATAL

SEMANA INTRODUTÓRIA
Jesuítas Brasil
2021

INTRODUÇÃO:

O Sagrado Tempo do Advento que vamos iniciar, como uma pessoa que fala, assim nos exorta:
“Levantem a cabeça e olhem para cima. Está próxima a libertação. Vejam o Filho do Homem vindo
numa nuvem com grande poder e glória. Descendentes de Davi, ele vem fazer valer a lei e a justiça
na terra. Judá será salvo e Jerusalém terá uma população confiante. Estejam atentos e rezem para
poder ficar de pé diante do Filho do Homem, quando ele vier com todos os seus santos. Cuidado!
Que seus corações não estejam pesados e façam vocês caírem. É preciso estar de pé quando ele
vier. Cuidado então com os excessos da embriaguez e as preocupações da vida! Não tornem elas
insensíveis os seus corações. Coração insensível não sente, não se percebe nem percebe os outros.
É de pedra. Que Deus lhes conceda poderem crescer no amor fraterno. Procurem ser santos aos
olhos de Deus. Não fiquem parados. Façam progressos.”
Assim começamos o Tempo do Advento, olhando para frente e olhado para cima. Advento
significa vinda, chegada. A vinda que esperamos é o retorno daquele que foi elevado para o céu e
virá do mesmo modo como foi visto partir para o céu. Boas orientações nos são dadas pelos textos
sagrados lidos, proclamados e rezados nesta liturgia. Sugestões práticas em relação a comida e a
bebida, sugestões práticas também em relação a nossa vida espiritual: a busca da santidade na
prática da caridade fraterna.
É tempo de progresso. Progredir significa dar passos para a frente. Se o Senhor está vindo,
apressemo-nos em encontrá-lo. Avancemos em direção a ele, que vem ao nosso encontro.
Escrevendo aos filipenses, São Paulo mostra ter consciência de que ainda não alcançou Jesus Cristo
e sabe que não é perfeito, mas vai prosseguindo para ver se o alcança, “pois que também já fui
alcançado por Cristo Jesus.”

Textos para a semana:


Segunda-feira (22.11) - Lucas 21,1-4: Viu também uma pobre viúva que depositou duas
pequenas moedas.

Esta narrativa de Lucas vem em seguida à advertência de Jesus contra a prática dos escribas. Estes
escribas, enquanto fazem questão de ostentar piedade e prestígio, devoram as casas das viúvas.
Em continuidade a esta denúncia, segue a narrativa da oferta da pobre viúva. O templo de Jerusalém
tinha um anexo, o Tesouro, onde eram guardadas as riquezas e depositadas as ofertas através de
pequenas aberturas externas. Jesus, ostensivamente, senta-se diante do Tesouro para observar.

Terça-feira (23.11) - Lucas 21,5-11: Não ficará pedra sobre pedra

Em meio ao barulho do povo no templo, alguns admiram a magnificência da construção. O templo,


reconstruído depois do exílio, parece que foi realmente modesto se comparado com o primeiro,
construído por Salomão. Contudo, para a época de Jesus, aquele modesto templo do pós-exílio era
outra coisa totalmente diferente.

Herodes o Grande, com mania de grandeza por natureza, buscando reconciliar-se com os judeus,
havia-se encarregado de remodelá-lo, com ampliações e com soluções que ainda surpreendem a
engenharia moderna. Isto para entender por que os visitantes se maravilhavam tanto com aquela
obra. Além da magnificência do edifício e a pompa da obra como tal, o templo significava tudo para
Israel, não somente por sua convicção de que era o lugar da Presença, lugar onde habitava o Nome
de Deus ou sua Glória (Ezequiel 43, 4), mas porque, como estrutura institucional, determinava todos
os objetivos políticos, econômicos, sociais e religiosos da nação.

Quarta-feira (24.11) - Lucas 21,12-19: Todos vos odiarão por causa do meu nome. Mas
vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça.

Continuamos com as palavras que Jesus começa a dirigir a seus discípulos no versículo 10. Tanto o
versículo 10b como 11 são um recurso literário de Lucas, próprio da literatura apocalíptica, e não
são para meter medo nem terror, nem são, como certas interpretações fundamentalistas
pretendem, um anúncio sobre o fim do mundo.
Uma ordem de coisas que tenha sido construída sobre violência e sangue de inocentes tem de cair,
esse sistema carrega em si mesmo a dinamite que terminará por destruí-lo. Isto é o que quer
descrever Lucas com estas imagens que, repito, são mais de esperança e de garantia de que algum
dia os sistemas injustos terminarão por auto-destruir-se, do que de terror ou medo.

“Antes de tudo isto, vocês serão perseguidos...” (v. 12). Prevê Jesus uma reação violenta por parte
das autoridades judaicas (leva-los-ão às sinagogas) e das autoridades romanas (diante de
governadores e reis). Por causa de quê? Por estar o discípulo empenhado ativamente na
transformação da ordem injusta, anunciando, denunciando e realizando os sinais do Reino,
exatamente como fez o Mestre. Daí que quase os mesmos termos que anunciam sua Paixão,
anunciam também o caminho de sofrimento para seus seguidores.

Quinta-feira (25.11) - Lucas 21,20-28: Levantai-vos e erguei a cabeça, porque vossa


libertação está próxima.

A destruição de Jerusalém pela Babilônia já havia sido interpretada pelo povo judeu como castigo
por terem pecado contra Deus. Por outro lado, Ciro da Pérsia, cruel conquistador, foi considerado
um messias, escolhido por Deus, por ter feito um acordo para a volta das elites exiladas a fim de
reconstruírem Jerusalém. Agora, Jerusalém está prestes a ser destruída de novo. Toda esta
violência, que é fruto da ambição e do conflito de poderes, ainda é vista como vontade de Deus.
Jesus ofereceu a paz a Jerusalém e ao mundo. Aqueles que a rejeitam caminham para a
autodestruição. Os discípulos de Jesus, libertos desta espiral de violência, de cabeça erguida
continuam sua missão de anunciar e construir a paz.

Sexta-feira (26.11) – Lucas 21,29-33: “Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras
não passarão.”

Às vezes, ficamos tão fechados em nós mesmos que o mundo à nossa volta desaparece. Só
pensamos em nós. Estamos sempre muito ocupados. Essa concentração poderá ser boa quando
estamos trabalhando. Contudo, nunca devemos nos esquecer de que estamos cercados de pessoas
que precisam de atenção e merecem ser valorizadas com os nossos “bom dia”, “obrigado”,
“desculpe” e “com licença”. Além disso, lembremo-nos de olhar para os outros em casa. Se formos
casados, reparamos em nosso cônjuge, em nossos filhos, parentes: estão com saúde? Precisam de
carinho, de cuidados? Há alguém que precisa ser ajudado? Esses são os sinais do tempo que nos
cercam a todo momento. Há também outros sinais: do bairro, da cidade, do país... Orar é sempre
preciso. É como o combustível para o carro: sem ele, não anda. A oração nos faz pensar nos irmãos
que devemos amar; faz-nos sair de nós mesmos, doarmo-nos: sermos para os outros. Portanto,
nunca deixemos de reservar tempo para a meditação da Palavra de Deus. Jesus disse: “Passarão o
céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (v.33). Essas coisas todas que nos cercam
passarão, mas as Palavras do Senhor são eternas. Não voltam sem produzir seu efeito (cf Is 55,11).

Sábado (27.11) - Repetição ou Lucas 21,34-36. Estejam vigilantes!

Ontem, o evangelho nos falava da importância de se ficar atento aos sinais dos tempos para se
poder perceber a proximidade e a chegada do reino. Hoje, ensina-nos que é preciso estar
preparados para a chegada do Filho do Homem.

O “ficar preparados” implica, segundo o evangelho de hoje, não se deixar absorver pela rotina dos
dias, já que nessa rotina há situações e fatos que podem tornar-nos insensíveis, sobretudo, aqueles
menos úteis para a vida como são os vícios, as bebedeiras (v. 34). Quem é absorvido por estas
coisas pode facilmente ser surpreendido “naquele dia” e cair como numa armadilha.
Grupo de partilha das orações da semana:

Você já se organizou em grupo, com outros participantes do Retiro do Advento & Natal, para
partilhar a vida e a oração pessoal da semana? A partilha da oração pessoal em grupo e com um
acompanhante faz parte da dinâmica do Retiro do Advento & Natal, que é uma modalidade dos
Exercícios na Vida Cotidiana.
RETIRO DO ADVENTO & NATAL

PRIMEIRA SEMANA
Jesuítas Brasil
2021

Introdução:

A primeira das semanas do Advento está centralizada na vinda do Senhor no final dos tempos. A
liturgia nos convida a estar em vigília, mantendo uma especial atitude de conversão.

O evangelho de Lucas descreve, de maneira metafórica, os acontecimentos que precederiam esta


segunda vinda de Jesus. Por causa disto, Lucas convida todos os irmãos e irmãs a se manterem
fiéis e vigilantes para, de pé, receberem o Filho do Homem.
O texto do evangelho do primeiro domingo trata da libertação que chega. Nos versículos anteriores,
Lucas nos falava do assédio a Jerusalém (21, 20-23). Agora, alude à segunda vinda de Jesus, quer
dizer, ao que chamamos de parusia. O discurso de Jesus é apocalíptico e adaptado à cultura de seu
tempo (apocalipse não significa catástrofe, como somos levados a pensar, mas revelação), e
precisamos reler estes sinais do mundo natural no terreno da história, que é o lugar em que o
Espírito se manifesta. A segunda vinda do Senhor revelará a história a si mesma. A verdade que
estava oculta aparecerá em plena luz. Todos chegaremos a nos conhecer melhor (1Cor 13, 12b).

Existem em nós a angústia, o medo e o espanto, não causados pelos “sinais no sol, na lua e nas
estrelas”. Nossas angústias e inseguranças são motivadas mais pelas crises econômicas, pelos
conflitos sociais, pelo abuso do poder, pela falta de pão e trabalho, pela frustração... por tantas
estruturas injustas, que somente poderão ser removidas pela mudança – do amor de Deus e sua
justiça – no coração do ser humano.

A mensagem de Jesus não nos livra dos problemas e da insegurança, mas nos ensina como
enfrentá-los. O discípulo de Jesus tem os mesmos motivos de angústia que o não-crente; mas ser
cristão consiste numa atitude e numa reação diferente: a atitude de esperança que mantém nossa
fé nas promessas do Deus libertador e que nos permite descobrir os passos deste Deus no drama
da história. A atitude de vigilância a que nos leva o Advento, é a de ficarmos alertas para descobrir
o “Cristo que vem” nas situações atuais e a enfrentá-las como processo necessário de uma libertação
total que passa pela cruz.

Proposta de oração - 1° Domingo do Advento:

Preparação... Coloque-se na presença de Deus... respire profundamente, sinta seu corpo e acolha
a presença do Deus da Vida em você e ao seu redor...
Recordar a história... da salvação, como Deus age na vida da humanidade... como Ele se faz um de
nós, vem morar no meio de nós... “Naqueles dias, naquele tempo, farei brotar de Davi um rebento
dado à justiça, que vai implantar a justiça e o direito no país”(Jr 33,15).

Ler o texto bíblico: Lc 21,25-28.34-36.

Textos para a semana:


Segunda-feira (29.11) - Mateus 8, 5-11: “Senhor eu não sou digno de que entres em
minha casa...”

A cura do servo do centurião na primeira semana do Advento nos faz ver a mesa posta no futuro,
quando o Senhor vier em sua glória. Foi posta a mesa do Reino dos Céus e muitos, vindos do
Oriente e do Ocidente, a ela se assentarão com Abraão, Isaac e Jacó. Deus disse a Abraão que nele
seriam abençoadas todas as nações da terra. Promessa que, segundo a carta aos Gálatas, não pode
ser anulada pelo que veio depois, restringindo-a aos observantes da Lei. A promessa deixou aberta
a porta do banquete celeste para os que virão do Oriente e do Ocidente.

Terça-feira (30.11) - Mateus 4, 18-22: “Vinde após mim e vos farei pescadores de
homens”.

Jesus, no início de sua missão, começou a convidar discípulos para ajuda-lo. Talvez o Mestre não
precisasse de alguém para acompanha-lo em seu trabalho, mas Ele nos quis ensinar que devemos
ter a humildade de pedir ajuda para trabalharmos em sua Messe. Edifica-nos também a prontidão
de São Pedro e também de Santo André - cuja festa é hoje - em aceitarem logo o convite de Jesus
para passarem a ser pescadores, não mais de peixes, mas de homens (cf. v.20)! Neste Advento,
também somos chamados por Jesus a sermos pescadores de homens pelo exemplo de nossa vida
cristã. Talvez nossa vida não tenha sido até agora assim um exemplo edificante, mas chegou a hora
de passar a sêlo. Será nossa pronta resposta ao chamado de nosso Mestre. Caminhar ao lado de
nosso Salvador será uma honra para nós, porque Ele vai nos ensinando pelo caminho o plano dele
para nossa vida espiritual. Abramos, pois, nosso coração à sua Palavra e sejamos dóceis ao seu
chamado. Abandonemos aqueles empecilhos que Ele e nós bem conhecemos e, com sua graça,
diremos “sim” ao seu convite. Dessa maneira, estaremos nos preparando para um Santo Natal.

Quarta-feira (01.12) - Mateus 15, 29-37: Jesus cura muitos e multiplica os pães

A liturgia de hoje nos traz dois sinais do Reino. O primeiro é a cura de muitos enfermos com a qual
o evangelista nos quer mostrar que estamos nos tempos do Messias segundo as profecias de Isaías.
O segundo sinal do Reino é o banquete narrado na primeira leitura e no salmo. Nos dias do Messias,
o Senhor brindará com um banquete a todos os povos em Sião. Estamos nesses “últimos dias”.
Jesus convida, não já a todos os povos, senão a todos os pobres (coxos, aleijados mancos,
enfermos) a uma ceia de solidariedade. Jesus pergunta a seus discípulos quantos pães têm, chama-
os à solidariedade, a sair de si. Logo convida a todos a fazerem o mesmo: “mandou que as pessoas
se sentassem no chão”. Este sinal de mútua solidariedade se transformou em alimento para todos,
o verdadeiro sinal do Reino messiânico e cumprimento das promessas de Isaías.

Quinta-feia (02.12) - Mateus 7, 21.24-27: Aquele que faz a vontade de meu Pai entrará
no reino dos céus.

A liturgia de hoje nos apresenta o final do Sermão da Montanha, no evangelho de Mateus (5-7).
Este nos conta que a pregação de Jesus tem muito êxito entre as cidades pobres do norte do país.
Gente de muitas cidades o seguia, então ele decide subir ao monte e expõe num longo discurso,
sua lei de vida, o ideal de vida da comunidade. Chama bem-aventurados os pobres e reinterpreta a
lei do Antigo Testamento, centrada no cumprimento de regras e preceitos, antepondo a toda a lei
o respeito ao ser humano, à sua dignidade. É neste contexto que aparece o evangelho do dia de
hoje.

Sexta-feira (03.12) - Mateus 9,27-31: “Tem compaixão de nós, filho de Davi!”

Mateus narra a cura de dois cegos na passagem de Jesus por Jericó, a caminho de Jerusalém (Mt
20,29-34). Este episódio também é narrado por Marcos e Lucas, com a cura de apenas um cego.
Mateus, com pequenas diferenças, repete aqui esta narrativa da cura, inserida no bloco de dez
milagres que reúne como afirmação do caráter messiânico de Jesus. Fundamenta, assim, a
autoridade que Jesus confere aos doze apóstolos em fazer exorcismos e curas em sua missão.

Sábado (04.12) - Repetição ou Mateus 9,35-10,1.6-8: “Jesus percorria todas as cidades


e aldeias.”

Pelo Batismo, passamos a trabalhar na Messe do Senhor. Mas por que será que Deus nos chama
para levar sua doutrina de paz por toda parte onde estivermos? Ele, como o Senhor da Messe e
Deus, não poderia fazer isto sozinho? Poderia, mas em seu plano divino quis precisar de homens e
mulheres: assim como poderia aparecer entre nós já adulto, mas quis tomar um corpo igual ao
nosso, no seio puríssimo da Virgem Maria. Foi seu imenso amor por nós que o levou a agir dessa
forma. O amor é o contrário do egoísmo que leva a pessoa a fechar-se em si mesma. O Pai ama o
Filho, e esse amor é o Espírito Santo! O amor nos leva a ajudarmos o próximo em suas necessidades;
leva-nos a termos a humildade de aceitar sermos ajudados pelo outro; leva-nos a cumprirmos nosso
deveres do melhor modo possível, porque a Messe não é nossa, é do Senhor!!
Repetição:

Outra possibilidade para a oração do último dia desta semana e também das próximas, é não
rezarmos a partir de um texto novo, mas voltar aos momentos em que sentimos maior consolação
ou maior desolação nas orações de cada dia, lembrando-nos de que “não é o muito saber que
satisfaz a pessoas, mas o saborear internamente, com fé, o que o Senhor nos revelou” (EE 15).
RETIRO DO ADVENTO & NATAL

SEGUNDA SEMANA
Jesuítas Brasil
2021

Introdução:

Mais que a vigilância, convite da semana passada, nesta somos motivados a dar uma atenção ativa
ao grande profeta asceta do deserto, João Batista, que nos incentiva com uma palavra de ordem:
“preparai os caminhos do Senhor e endireitai suas veredas”. A geografia a ser contemplada é antes
de tudo o nosso interior, nosso coração. É aí, sobretudo, que se encontram os caminhos sinuosos,
as altas montanhas, os vales profundo da separação, da divisão. Tudo construído por nós mesmos.

A ação proposta pelo Batista interpela o nosso coração à conversão. Esta é uma exigência para que
o Senhor não apenas passe pelo nosso caminho, mas permaneça conosco. É uma necessidade na
qual todos nos encontramos, ainda que não estejamos atentos às moções que acalentam o nosso
coração. A conversão é fruto da ação e da graça de Deus. Esta é a única força capaz de mover o
nosso coração para Deus. Por isso, para que ela aconteça, a condição é um profundo encontro com
o Evangelho, com Cristo.

Proposta da oração: 2º Domingo do Advento

Preparação: Tomo consciência de que estou na presença de Deus e de que Ele deseja encontrar-
se comigo. Sinto-me acolhido. Preparo meu coração para este encontro. Para isso “é preciso vestir
o coração”.

Recordando a história:
A tradição de Israel nos fala de um Deus que caminha com seu povo e está intimamente ligado à
sua vida. Por isso em todos os tempos suscita profetas que vão á frente dos seus, indicando o
caminho que devem trilhar. Nesta semana, somos convidados a seguir o profeta do deserto, olhando
para dentro de nós mesmos e deixando-nos afetar pela sua proposta, ao mesmo tempo em que
vamos reconhecendo as veredas, encruzilhadas e montanhas, que ainda exercem grande força
dentro de nós e nos impedem de ver o verdadeiro horizonte que é Cristo.

Composição de lugar:

O tempo e o lugar fortemente marcados pelo poder político e religioso. Estas duas forças exerciam
grande pressão sobre uma grande massa de pobres, famintos, doentes, sedentos de vida e sem
destino. É neste contexto que aparece o profeta João Batista, que arrasta uma multidão ao deserto,
nas mediações do Jordão. João convida seus ouvintes a não se conformarem com tal situação,
porém propõe-lhes uma mudança a partir de si mesmos. À palavra de ordem e encorajamento, o
povo acorre ao deserto, paradoxalmente, lugar da saciedade e ponto de partida para os novos
tempos. O deserto é o lugar para estar consigo mesmo e da pré-disposição para encontrar-se com
Deus. Lugar de se desfazer das amarras e tirar do coração os impedimentos que dificultam o
surgimento do novo.

Graça: Senhor, dá-me a graça de reconhecer as montanhas e vales, que me dificultam enxergar
o que queres e desejas realizar em mim.

Leio o texto: Lc 3,1-6

Textos para a semana


Segunda-feira (06.12): Lucas 5,17-26: Homem, teus pecados são perdoados...

A incredulidade constitui uma dos maiores obstáculos para que a Boa Nova de Jesus penetre no
coração humano. No relato lucano esta dificuldade é apresentada em forma de preconceito, quer
contra Jesus que atribui a si o que, segundo o poder religioso estabelecido, somente Deus poderia
fazer, que é perdoar pecados, quer contra o paralítico que, sendo tal, era considerado impuro.
Quando o coração humano se volta ao seu Senhor não existem barreiras que possam impedir o
verdadeiro encontro. É o que aconteceu no caso do paralítico que, estando impedido de chegar até
Jesus, foi conduzido por quatro pessoas generosas que não mediram esforços para ajudar aquele
necessitado. A iniciativa do encontro é de Deus. Ele espera a abertura do coração humano.

Terça-feira (07.12): Mateus 18, 12-14: “O Pai que está nos céus não deseja que se perca
nenhum desses pequenos.”

São Dâmaso, que hoje celebramos, cuidou da ovelha extraviada e das 99 que ficaram. Foi Papa no
ano 366. Nasceu provavelmente em Guimarães, hoje Portugal. É considerado um dos mais notáveis
papas do século IV. Uma das suas grandes iniciativas foi pedir a São Jerônimo que providenciasse
um texto completo da Bíblia em latim. O povo já não entendia o grego e havia diversas traduções
de partes da Bíblia em Latim. São Jerônimo examinou o que existia e traduziu tudo de novo a partir
dos textos grego e hebraico. O resultado foi o que chamamos de Bíblia Vulgata, ou Bíblia popular.
O Papa Paulo VI mandou fazer uma revisão da Vulgata de São Jerônimo e surgiu uma nova edição
promulgada por João Paulo II, com o nome de nova Vulgata.

Quarta-feira (08.12): Lucas 1,26-38: Imaculada Conceição de N. Senhora

“Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina segundo a qual, por uma graça e um
especial privilégio de Deus Todo-Poderoso e em virtude dos méritos de Jesus Cristo, salvador do
gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado
original no primeiro instante de sua concepção, foi revelada por Deus e deve, por conseguinte, ser
crida firme e constantemente por todos os fiéis”. (Papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1854).

Quinta-feira (09.12): Mateus 11,11-15: Quem tem ouvidos, ouça.

Delicadeza da parte do Senhor. Ele mesmo testemunha a grandeza de João Batista. João não é um
oportunista, mas um verdadeiro profeta. No entanto, sabendo ele que não é a Luz, mas aquele que
testemunha a Luz, embora sendo grande, se faz pequeno, o menor no Reino dos céus Sua
humildade se opõe à violência dos poderes e dos grandes deste mundo.

A proposta de hoje é rezar a atitude de Jesus. Aprender com Ele que, quando falamos bem dos
outros, somos sinais de redenção para eles que, ao mesmo tempo, são sinais de conversão para
nós. Vamos faze este exercício.

Sexta-feira (10.12): Mateus 11,16-19: Com quem vou comparar esta geração?

A multidão não reconhece que João era o precursor e nem que Jesus era quem João anunciava,
por isso não acolhe o convite feito por João. De igual modo rejeitam também o testemunho de João,
asceta, despojado, bem como a atitude alegre de Jesus, tido por eles como aquele que come com
os pecadores e publicanos. Deste modo, permanecem numa postura medíocre que lhes impede de
se converterem. A verdadeira conversão exige uma tomada de atitude. Uma adesão à Palavra e ao
convite de Cristo.

Sábado (11.12): Repetição ou Mateus 17, 10-13: “Assim também o Filho do Homem será
maltratado por eles.”

Estamos esperando pela vinda do Senhor no Natal, primeiro, e no último dia, depois. Primeiro no
Natal porque é quando se manifesta o Messias prometido e esperado por todo o povo. Mas onde
está o profeta Elias, que deve vir antes que chegue o Messias? Já veio, diz Jesus. É João Batista.
Não que Elias tenha se reencarnado em João Batista, como querem alguns, mas porque João
desempenhou literalmente o papel de Elias como precursor do Messias, que é Jesus! O profeta
Malaquias deixou escrito o que disse o Senhor sobre Elias: “Eis que vos enviarei Elias, o profeta,
antes que chegue o grande e terrível Dia do Senhor. Ele fará voltar o coração dos pais para os filhos
e o coração dos filhos para os pais”.

Repetição:

Outra possibilidade para a oração do último dia desta semana e também das próximas, é não
rezarmos a partir de um texto novo, mas voltar aos momentos em que sentimos maior consolação
ou maior desolação nas orações de cada dia, lembrando-nos de que “não é o muito saber que
satisfaz a pessoas, mas o saborear internamente, com fé, o que o Senhor nos revelou” (EE 15).
RETIRO DO ADVENTO & NATAL

TERCEIRA SEMANA
Jesuítas Brasil
2021

INTRODUÇÃO:

Ao orar os textos propostos para a Terceira Semana, devemos estar atentos às orientações dadas
no início deste Retiro do Advento.

Rezando os textos da liturgia estamos em comunhão com a Igreja que reza também na expectativa
de acolher mais uma vez nosso Salvador, o Emanuel. Podemos a cada dia acolher e “saborear” no
coração a riqueza e a beleza que trazem em si. Orando-os assim, eles enriquecerão e fecundarão
mais nossa vida espiritual e apostólica.

Pois o mesmo Espírito que desceu sobre Jesus no batismo também está sobre nós, confirmando ou
não nossa vida e nossa missão.

Preparemo-nos para acolher com “ânimo e liberalidade” a proposta desta semana.

Dada a importância dos rituais para o encontro com Deus na oração, voltamos a insistir na sua
prática. No início do tempo reservado para a oração, devemos ler o texto proposto para a oração.
Se ela for feita de manhã cedo, o texto deve ser lido na noite anterior antes de dormir. Assim, o
conteúdo do texto surgirá no nosso pensamento ao acordar de manhã.
No início do tempo reservado para a oração, devemos praticar estas cinco recomendações de Santo
Inácio: 1) fazer a oração preparatória, 2) imaginar o cenário, 3) pedir a graça que desejo receber,
4) conscientizar-me de que estou na presença de Deus, meu Criador e meu Pai que me olha com
um olhar carregado de ternura, 5) fazer um gesto de adoração e de louvor, inclinando meu corpo
diante de Deus, ou fazendo uma genuflexão, ou prostrando-me no chão, ou outro gesto pelo qual
expresso meu amor e meu louvor a Deus.

Proposta da oração: 3º Domingo do Advento

Preparação: Tomo consciência de que estou na presença de Deus e de que Ele deseja encontrar-
se comigo. Sinta-se acolhido e envolvido em seu amor e sua ternura. Preparo meu coração para
este encontro. Para isso “é preciso vestir o coração”. O texto proposto para nossa oração de hoje
traz um forte apelo de conversão, ilustrado pelo exemplo da pregação do Batista no Jordão e o
desejo de mudança de seus ouvintes. É interessante atentar para o fato de que todos lhe
perguntavam, “o que devemos fazer?”. Com autoridade de profeta, João dizia categoricamente o
que cada um deveria fazer, partindo de sua realidade. Tal como os ouvintes no Jordão, cada um de
nós temos uma vereda, na vida, a endireitar. O que devo fazer?

Graça: Senhor na expectativa de ser nova criatura “dá-me um coração grande para amar, dá-me
um coração forte para lutar”.

Leio o texto de Lc 3, 10-18 uma, duas ou mais vezes e, depois fecho a Bíblia.

TEXTOS PARA A SEMANA:


Segunda-feira (13.12) – Mateus 21, 23-27: “Com que direito fazes isso? Quem te deu
essa autoridade?”

Neste Natal, o Menino Jesus deseja limpar o templo do nosso coração. O que Ele encontrará sujo?
Logo de saída, previne-nos de que aquilo que sai da boca provém do nosso coração, porque é dele
que saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos
testemunhos, as calúnias (cf Mt 15, 18-20). Podemos enganar as pessoas sobre o que se passa em
nosso coração a respeito delas ou de outros irmãos, mas não a Deus, que tudo vê dentro de nós.
Como canta o salmista: “Senhor, vós me perscrutais e me conheceis, sabeis tudo de mim, quando
me sento ou me levanto”. Sl 138 (139). Por isso, o Senhor nos diz: “O homem bom tira coisas boas
do bom tesouro do seu coração e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca
fala daquilo de que o coração está cheio” (Lc 6,45). Peçamos ao Menino Jesus a sinceridade.

Terça-feira (14.12) – Mateus 21, 28-32: “Em verdade vos digo: os publicanos e as
meretrizes vos precedem no Reino de Deus!”

Também nós fomos convidados a trabalhar na Vinha do Senhor. E, em um momento de grande


fervor, como após um retiro, uma palestra, uma homilia, ou mesmo diante do conhecimento e do
exemplo da vida fervorosa de algum santo, fomos tocados pela semente divina da conversão. O
Menino Jesus nasceu da Virgem Maria, humildemente reclinado em uma manjedoura, onde os
animais comiam, e era por eles aquecido. Cresceu como um jovem judeu comum, ajudou sua Mãe,
aprendeu a arte da carpintaria com São José, até que, após seus trinta anos, deu início à sua missão
de que o Pai lhe incumbira: anunciar o Reino dos Céus aos pobres! Foi sempre fiel ao chamado de
seu Pai, após um grande tempo de oração por palavras e ações. Por que, às vezes, fazemos nossos
propósitos - até tomamos nota - e, após algum tempo, esquecemo-nos dele e voltamos à “estaca
zero”? Faltou-nos a oração. É a oração em que falamos realmente com Deus e a oração de uma
vida normal levada a sério que fundamentam nossa promessa. Talvez, em algum momento,
tenhamos nos esquecido de nossa palavra “não”, mas logo nos arrependemos e fomos trabalhar na
Messe do Senhor.

Quarta-feira (15.12) – Lucas 7, 19-23: “És tu o que há de vir ou devemos esperar por
outro?”

São João Batista é chamado de Precursor do Messias porque preparou sua chegada à vida pública.
Sabia que Jesus era o Messias, humilde, sem alarde, iniciando sua Missão. Assim lhe anunciou: “Eu
vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso
do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados”. Por isso, quando Nosso Salvador pediu para
ser batizado por João, este recusou: “Eu devo ser batizado por ti e tu vens a mim!”. Mas depois que
o Messias lhe explicou que, pela Nova Lei, o superior deveria se fazer servo de todos, João cede
(Mt 3, 11-15). Mas se ele acreditava que Jesus era o Messias, seus discípulos, influenciados por
seus patrícios, estavam em dúvida. Esperavam por um Messias cheio de glória mundana, como um
rei que restauraria o Reino de Davi. Porém, Jesus lhes respondeu com um trecho do Livro de Isaías
que profetizava sobre o Messias (Is 35, 1-10).

Quinta-feira (16.12) – Lucas 7, 24-30: “Pois vos digo: entre os nascidos de mulher não
há maior que João.”

Jesus nos indica São João Batista como um exemplo de virtude: “Que foste ver? Um homem vestido
de roupas finas? Mas os que vestem roupas preciosas e vivem no luxo estão nos palácios dos
reis”(v.25). Evidentemente, nossa missão não é igual à de João, mas devemos imitar suas virtudes,
porque o Mestre o canonizou: “Entre os nascidos de mulher não há maior que João” (v.28). Sua
primeira virtude foi a de não confiar no dinheiro. Mas quem, naquele tempo, vestia-se com roupas
finas e confiava no dinheiro? O autor no-lo aponta: Eram aqueles que se negavam a receber o
batismo de penitência de São João Batista: “Os fariseus, porém, e os doutores da Lei, recusando o
seu batismo, frustraram o desígnio de Deus a seu respeito” (v.30). Como preparar nosso Natal?

Sexta-feira (17.12) – Mateus 1, 1-17: “Genealogia de Jesus Cristo...”

Inicia-se hoje, a Novena de Natal, até o dia 24.12. Os dias desta semana visam, de modo mais
direto, à preparação do Natal do Menino Jesus. Não será a hora de pararmos um pouco para nos
perguntarmos como está nossa preparação do Natal? Talvez já tenhamos programado passeios;
comprado os ingredientes da Ceia e escolhido os presentes que vamos trocar com nossos familiares
e amigos. Até combinamos com outras famílias de rezarmos juntos a Novena de Natal. Tudo são
aparatos externos que emolduram essa grande data. Mas são só externos! Falta limparmos nosso
coração de toda a sujeira que haja nele, por meio do arrependimento e de propósitos sinceros de
conversão. Aí, sim! A alegria da Festa será sincera, porque virá de dentro de nós. Nossos sorrisos e
abraços serão a expressão de uma verdadeira amizade, fundamentada na acolhida do Menino Jesus,
presente em cada família e em cada amigo. Não nos esqueçamos, porém, do dono da Festa: o
Menino Jesus! Celebrar a Santa Missa é tornar presente entre nós o aniversariante. Conversemos
com Ele e falemos-lhe de nossa vontade de amar de verdade nosso próximo.

Sábado (18.12) - Repetição:

Preparação: Como temos feito nas semanas anteriores, nesta também propomos uma repetição
no sábado. Esta consiste em, já na preparação remota, reler os apontamentos da semana. Parar
naquele ponto que foi mais marcante, que mais me interpelou ou também naquele que tive mais
resistência. Estes pontos serão minha matéria para oração de hoje.

Ou Mateus 1, 18-24: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus...”

Na Antiga Aliança, os israelitas temiam o Senhor. Era por meio de Moisés que Ele falava ao povo:
“Diante dos trovões, das chamas, da voz da trombeta e do monte que fumegava, o povo tremia e
conservava-se à distância. E disseram a Moisés: ‘Fala-nos tu mesmo, e te ouviremos; mas não nos
fale Deus, apra que não morramos”. E quando lhes entregou os Dez Mandamentos, chamou Moisés
ao cume do monte. Moisés subiu, e o Senhor lhe disse: ‘Desce e proíbe expressamente o povo de
precipitar-se para ver o Senhor, para que não morra um grande número deles”. Na Nova Aliança, o
Senhor é chamado “Deus conosco”. Está dentro de nós, no irmão, na irmã, na Eucaristia. Falamos
com Ele? Será que não podemos “gastar” um minuto para visita-lo na igreja e falar-lhe?
RETIRO DO ADVENTO & NATAL

QUARTA SEMANA
Jesuítas Brasil
2021

INTRODUÇÃO:

“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua vontade!”Lc 1,38.

Seguramente, na felicidade de Maria estava a nossa felicidade. Com Ela também podemos dizer que
somos felizes porque, tal como os simples de coração, ousamos acreditar no grande mistério da
salvação, acessível àqueles que, como Maria, colocam suas vidas inteiramente nas mãos do Senhor
a serviço da redenção da humanidade.
Nossa proposta de oração para esta semana quer nos ajudar a saborear com Maria sua alegria, com
um coração agradecido a Deus, por Ele ter-se dignado nos aceitar como filhos amados seus.
Abramos o coração para acolhermos as graças do Senhor!

Proposta da oração: 4º Domingo do Advento

Oração preparatória: Pedir luz ao Espírito Santo para mais saborear o encontro de Maria com
Isabel.

Recordar a história: A história a ser contemplada é o que sucede à concepção de Maria. Ou seja,
sem perder tempo ela se dirige à região montanhosa para visitar sua prima, Isabel. Acompanhemos
o desenrolar dos fatos.

Composição de lugar: Trata-se de, com o olhar da imaginação, contemplar as montanhas de


Judá. Ver as dificuldades do caminho para se chegar à casa de Isabel na qual acontece o grande
encontro entre as duas mulheres de fé que gestam no ventre, precursor e Salvador.

Graça: Senhor, concede-me a graça de ter um coração como o de Maria, capaz de acolher o
mistério da salvação e de transformar-me em sinal de redenção para aqueles que Tu mesmo colocas
em meu caminho.

Leio o texto de Lc 1, 39-45 uma, duas ou mais vezes e fecho a Bíblia.

TEXTOS PARA A SEMANA:


Segunda-feira (20.12) – Lucas 1, 26-38: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça
junto a Deus.”

Mais de uma vez o oráculo ressoou pela voz dos profetas, até que veio o anjo Gabriel anunciar a
Maria que os tempos eram chegados. Cheia de fé, a Virgem acreditou, e em seu seio realizou-se a
concepção tão desejada do Verbo eterno de Deus. Submeteu-se as leis do nascimento humano,
aquele por quem todas as coisas foram feitas; enquanto a Mãe futura do seu próprio Criador sentia
crescer nela o fruto das suas entranhas. Na verdade, para Deus nada é impossível. Mistério inefável!

Terça-feira (21.12) - Lucas 1, 39-45: A Palavra de Deus é cumprida.

O encontro de Maria com sua prima Isabel foi de grande profundidade. João, no seio de sua mãe,
percebeu a presença de Jesus. E Isabel, descobrindo que Maria estava cheia de graça, proclamou-
a abençoada. Isto tornou-se possível porque Isabel estava com o Espírito Santo e foi este quem a
inspirou para compreender tais coisas. Frequentemente, esquecemos a ação do Espírito na
evangelização. Ele é o único que abre nossos corações para o conhecimento de Jesus, já presente
em meio a nós.

Quarta-feira (22.12) – Lucas 1, 46-56: Magnificat, o canto de Maria.

Maria era toda revestida da Palavra de Deus. O Magnificat, o canto de Maria, é uma sucessão de
realidades da Palavra, vividas por Maria, que transbordam espontaneamente de sua intimidade.
Maria alimentava-se das Escrituras, daí seu falar estar revestido da Palavra de Deus. “No cântico do
Magnificat, cada pedaço de frase é um eco de algum passo da Bíblia... Nós vemos aí Maria tão
penetrada pela Palavra de Deus que disso resulta seu eco sonoro. Não nos devemos admirar,
portanto, com o fato de Deus na Anunciação lhe responder através do anjo do mesmo modo. À
Virgem nutrida pelas Escrituras, o mensageiro divino fala a linguagem das Escrituras!” A Arca da
Aliança encerra lei. Maria continua em si o Evangelho. Maria nos introduz no mistério de Deus e nos
alimentas com a Palavra que é o próprio Deus. Ela nos gera Jesus, a Palavra eterna. Maria é nossa
mãe pela Palavra.

Quinta-feira (23.12) – Lucas 1, 57-66: “Quem será este menino? Porque a mão do
Senhor estava com ele.”

Antes de o anjo Gabriel aparecer à Virgem Maria e perguntar-lhe se Ela aceitaria ser a Mãe do
Salvador, já tinha visitado o pai de São João Batista, Zacarias, que era sacerdote. Sua esposa
chamava-se Santa Isabel. Ora, não tinham tido filhos porque, além de sua esposa ser estéril, ambos
já estavam em idade avançada. Um dia, enquanto exercia sua função de sacerdote, apareceu-lhe o
mensageiro divino, dizendo-lhe nada mais nada menos que o seguinte: “Não temas, Zacarias,
porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, vai dar-te um filho, e tu o chamarás João” (Lc
1, 13). Zacarias, porém, duvidou da notícia do anjo. Quando Deus nos confia uma missão, também
nos dá a força para bem nos desincumbirmos da tarefa a nós confiada!

Sexta-feira (24.12) – Lucas 1, 67-79: “E tu, menino, será chamado profeta do altíssimo,
porque precederás o Senhor e lhe prepararás o caminho...”

Às vésperas do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, nos é apresentado o Cântico de São Zacarias,
entoado logo após o nascimento do filho a ele prometido por Deus. Humilde, deu-lhe o nome de
“João”, conforme o anjo lhe havia ordenado. Sejamos humildes como ele e nunca duvidemos de
que, para Deus, nada é impossível. Eis-nos o caminho que o Senhor nos mostra: “Ele há de iluminar
os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz”. Não
duvidemos de Deus! Basta olharmos para o presépio de Jesus!

Sábado (25.12) – Uma boa repetição da semana ou João 1, 1-18: “No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava junto de Deus...”

Após quatro semanas de preparação espiritual, chegamos à Solenidade do Natal do Senhor, com o
mesmo Jesus no coração, pela Sagrada Comunhão, que os pastores visitaram e os Reis Magos de
longe foram adorar. Demos-lhe nosso presente: pode ser simples, como foi o dos pastores, que lhe
deram o pouco que tinham para se alimentar durante a noite; pode ser rico e vistoso, como foram
os presentes dos Reis Magos. Pouco importa. O que nosso Senhor quer de nós é um coração
convertido para Ele. Um coração que, por sua graça, terá sido limpo de nossos pecados. Que não
se diga de nós que Ele veio para os seus, mas nós não o recebemos. Que nós, após adorar o Menino
Divino, saiamos também glorificando e louvando a Deus por tudo o que ouvimos e vimos. Ou,
voltemos por “outro caminho”: convertidos para imitar o Amor de Deus por nos!
RETIRO DO ADVENTO & NATAL

OITAVA DE NATAL
Jesuítas Brasil
2021

INTRODUÇÃO:
Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o
conhecimento do Evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar e a penetrar o
significado tão profundo e misterioso desta manifestação do Filho de Deus, tão simples, tão humilde
e tão bela. Talvez se aprenda também, quase sem dar por isso, a imitá-la.

Aqui se aprende o método e o caminho que nos permitirá compreender facilmente quem é Cristo.
Aqui se descobre a importância do ambiente que rodeou a sua vida, durante a sua permanência no
meio de nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo o que
serviu a Jesus para Se revelar ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem sentido. Aqui, nesta escola, se
compreende a necessidade de ter uma disciplina espiritual, se queremos seguir os ensinamentos do
Evangelho e ser discípulos de Cristo. Quanto desejaríamos voltar a ser crianças e acudir a esta
humilde e sublime escola de Nazaré! Quanto desejaríamos começar de novo, junto de Maria, a
adquirir a verdadeira ciência da vida e a superior sabedoria das verdades divinas!

Proposta da oração: Domingo da Sagrada Família

Leio o texto de Lc 2, 41-52.

Estamos aqui apenas de passagem e temos de renunciar ao desejo de continuar nesta casa o
estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. No entanto, não partiremos deste lugar
sem termos recolhido, quase furtivamente, algumas breves lições de Nazaré.

Em primeiro lugar, uma lição de silêncio. Oh, se renascesse em nós o amor do silêncio, esse
admirável e indispensável hábito do espírito, tão necessário para nós, que nos vemos assaltados
por tanto ruído, tanto estrépito e tantos clamores, na agitada e tumultuosa vida do nosso tempo.
Silêncio de Nazaré, ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas
inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor de uma
conveniente formação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus
vê.

Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a
sua austera e simples beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é
preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no
plano social.

Uma lição de trabalho. Nazaré, a casa do Filho do carpinteiro! Aqui desejaríamos compreender e
celebrar a lei, severa mas redentora, do trabalho humano; restabelecer a consciência da sua
dignidade, de modo que todos a sentissem; recordar aqui, sob este teto, que o trabalho não pode
ser um fim em si mesmo, mas que a sua liberdade e dignidade se fundamentam não só em motivos
econômicos, mas também naquelas realidades que o orientam para um fim mais nobre. Daqui,
finalmente, queremos saudar os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande
Modelo, o seu Irmão divino, o Profeta de todas as causas justas que lhes dizem respeito, Cristo
Nosso Senhor.

A Sagrada Família é a primeira de tantas outras famílias santas. O Concílio recordou de que a
santidade é a vocação universal dos batizados (LG 40). Como no passado, também na nossa época
não faltam testemunhas do “evangelho da família”, mesmo que não sejam conhecidas nem
proclamadas santas pela Igreja…

A Sagrada Família, imagem modelo de toda a família humana, ajude cada um a caminhar no espírito
de Nazaré; ajude cada núcleo familiar a aprofundar a própria missão civil e eclesial, mediante a
escuta da Palavra de Deus, a oração e a partilha fraterna da vida! Maria, Mãe do amor formoso, e
José, Guarda e Redentor, nos acompanhem a todos com a sua incessante proteção.
Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós!

TEXTOS PARA A SEMANA:


Segunda-feira (27.12) – João 20, 2-8: ”Então, entrou também o discípulo que havia
chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.”

Embora Jesus tivesse anunciado várias vezes a seus discípulos que ressuscitaria três dias após sua
morte, nenhum dos três, Santa Madalena, São João Evangelista e São Pedro, recordavam-se disso.
A morte de Jesus tinha acabado com suas expectativas de que Ele fundaria um Reino terreno, como
todos os judeus esperavam. Como os dois discípulos que voltavam desiludidos para Emaús e
disseram para um forasteiro ( que era Jesus Ressuscitado), a respeito do Mestre que, “Nós
esperávamos que fosse ele quem haveria de restaurar Israel e agora, além de tudo isso, é hoje o
terceiro dia que essas coisas sucederam” (Lc 24, 21), os três achavam que estava tudo acabado.
Com medo dos judeus, os dois discípulos voltaram a juntar-se aos apóstolos que estavam reunidos
no Cenáculo. Após Jesus ter aparecido a Maria Madalena, apareceu também os apóstolos, pondo-
se no meio deles, Jesus inaugurou, então, um novo tipo de presença: invisível, mas real.
Acreditemos que Ele é o nosso companheiro de jornada.

Terça-feira (28.12) - João 2, 13-18: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para
o Egito.”

Quando os Reis Magos foram a Jerusalém saber das autoridades onde havia nascido o Messias, pois
eles, tendo visto sua estrela no Oriente, tinham vindo adorá-lo, Herodes, rei da Judeia, levou um
susto. O rei era somente ele e, se havia um novo rei, era preciso eliminá-lo. Anotou o autor que, a
essa notícia, Herodes ficou perturbado, e toda Jerusalém com ele: “Herodes, ... enviando-os a
Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado,
comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo”. A ambição nos cega e pode-nos levar a extremos
criminosos, pois, quando Herodes viu que tinha sido enganado pelos magos, mandou massacrar
todos os meninos de dois anos para baixo.

Quarta-feira (29.12) – Lucas 2, 22-35: “Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz...”

As palavras que Simeão proferiu, inspiradas pelo Divino Espírito Santo, quando tomou o Menino
Jesus nos braços, são tão cheias de fé e comoventes que a Sagrada Liturgia as colocou nas
Completas, ou Oração da Noite, do Ofício Divino. Diz o texto sagrado que “Havia em Jerusalém um
homem chamado Simeão. Esse homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o
Espírito Santo estava nele. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver
o Cristo do Senhor”. Nós temos a imensa graça de Deus de podermos receber o seu Filho unigênito
em forma de alimento. Simeão, assim que recebeu Jesus em seus braços, proferiu esta oração:
“Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos
viram a vossa salvação que preparastes diante de todos os povos, como luz para iluminar as nações,
e para a glória de vosso povo de Israel”.

Quinta-feira (30.12) – Lucas 2, 36-40: “O menino ia crescendo e se fortificava...”

Meditamos sobre as belas palavras, cheias de fé, proferidas por Simeão quando recebeu o Menino
Jesus em seus braços. Tanto ele como a profetisa Ana, uma mulher que, não obstante seus 84
anos, não se afastava do Templo, presenciaram a chegada do Menino Jesus, trazido por seus pais,
Maria e José. Tinham vindo de sua longínqua terra até Jerusalém para apresentar seu Filho ao
Senhor, conforme estava escrito na Lei: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao
Senhor”. Após essa entrega, o Menino passava a ser do Senhor. Para resgatá-lo, ofereceram a Deus
um par de pombinhos - porque eram pobres -, dando-o em sacrifício, para poderem receber a
criança de volta. Ana, maravilhada por ter podido ver o Messias, falava d’Ele a todas as pessoas que
também o esperavam para libertá-los das cadeias do pecado. E nós, que às vezes moramos tão
perto de uma igreja ou capela, que esforço fazemos para visitar Jesus, que cremos estar presente
no Sacrário, tão vivo como está no Céu?

Sexta-feira (31.12) – João 1, 1-18: “A luz resplandece nas trevas...”

Neste último dia do ano civil, repassemos as palavras tão cheias de significado sobre o nascimento
de Jesus, há poucos dias: “Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito”. Essas palavras, relativas
à Criação do mundo, continuam valendo para o Ano Novo. Tudo é feito por Jesus, e nada podemos
fazer de bom sem Ele. Todo bem vem de Deus, e nós somos só instrumentos d’Ele para tudo que
fazemos, menos o pecado. Agradeçamos a Deus pelas graças que nos concedeu neste ano que
termina e continuemos humildes para dizermos a quem nos elogia que, se temos alguma qualidade,
ela vem do Senhor. Ele é a luz e vida. Portanto, se resvalarmos e cairmos nas trevas do pecado,
voltemos arrependidos para seus braços, misericordiosos a fim de sermos perdoados. Ele virá a nos,
presente nas pessoas que se aproximarem. Oxalá Ele não possa dizer de nós: “Os seus não o
receberam”.

Sábado (01.01) – Uma boa repetição da semana ou Lucas 2, 16_21: “Maria conservava
todas essas palavra, meditando-as no seu coração.”

Ao meditarmos sobre o nascimento de Jesus, chama-nos a atenção a pressa dos pastores em


acolher a notícia que lhes tinha sido dada por um anjo: Não temais, eis que vos anuncio uma Boa-
nova que será alegria para todo o povo: hoje nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo
Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa
manjedoura (Lc 2, 10-12). Eles decidiram ir imediatamente até Belém para ver o que tinha
acontecido. Essa decisão é graça de Deus e consequência da boa vontade daqueles homens de irem
até a gruta onde estavam o Menino Jesus, Nossa Senhora e São José. Poderiam ter se desculpado
de não irem porque tinham de fica juntos às ovelhas, porque não tinham o que lhe oferecer, etc.
Mas não: decidiram-se e foram. Acolhamos, também nós, a voz do Espírito Santo e, quando ele nos
mostrar nosso dever, peçamos que nos dê sua força, para nos decidirmos a fazê-lo o quanto antes.
O “deixar para depois” pode ser sinônimo de “nunca”.

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