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Fernando Becker
Para Gramsci, as ideologias têm uma validade que é validade ‘psicológica’: Elas
‘organizam’ as massas humanas, formam o terreno sobre o qual os homens se
movimentam, adquirem consciência de sua posição, lutam, etc. Trata-se de uma
concepção de mundo que se manifesta implicitamente na arte, no direito, na atividade
econômica, em todas as manifestações de vida individuais e coletivas. Nenhuma
transformação real que modifique a ordenação das classes acontecerá caso também
não haja uma transformação no campo ideológico, utilizando dos seus artifícios para
se alcançar êxito Para Gramsci, as classes dominantes não ocupam o poder apenas
pelo meio da força e da intimidação; essa dominação se dá pelo fato da classe possuir
uma hegemonia cultural, presente em todos os aspectos da sociedade, através da
educação, da religião, da mídia, até as relações mais banais do cotidiano, como a
função de naturalizar aquilo que não é natural, produzindo hábitos e ações que
moldam as classes subalternizadas ao ponto de inibir seus reais interesses políticos
e aceitar a arbitrariedade. A hegemonia, portanto, trata-se da forma como uma classe
dominante consegue conquistar consentimento do seu poder mesmo entre os
subjugados. Diferentemente de Destutt Tracy que acreditava que todos as áreas da
experiência humana, tradicionalmente examinadas à luz da teologia ou da metafísica,
deveriam ser examinadas pela razão. Uma vez que toda ciência repousa em ideias, a
ideologia desalojaria a teologia como soberana de todas elas, garantindo-lhes
unidade. Reconstruiria completamente a política, a economia e a ética, partindo dos
processos mais simples de sensação até as regiões mais sublimes do espírito. A
propriedade privada, por exemplo, baseia-se em uma distinção entre o ‘seu’ e o ‘meu’,
que se pode remontar, por sua vez, a uma oposição fundamental entre ‘você’ e ‘eu’.”
Não faltava ambição à “ciência das ideias”. A Ideologia almejava ser uma ciência
prática, em oposição à metafísica e sua alta carga especulativa, fornecendo
fundamento sólido para diversas áreas, tais como a moral, a ciência política, a época,
a lógica, a educação e a gramática.
SOCRÁTES, “O PAI DA FILOSOFIA
Sócrates (470 a.C.-399 a.C.) foi um filósofo grego, mesmo não sendo o
primeiro filósofo da história, é reconhecido como o "pai da filosofia" por representar o
grande marco da filosofia ocidental. Sócrates (c. 469-399 a.C.) nasceu em Atenas,
que em meados do século V a.C. tornou-se a metrópole da cultura grega. Da sua
infância pouco se sabe para além de sua origem pobre. Ele era filho de um escultor,
Sofronisco, e uma parteira, Fenarete, da qual Sócrates pegaria a ideia do parto para
sua forma de fazer filosofia. Homem feito, chamava atenção não só pela sua
inteligência, mas também pela estranheza de sua figura e seus hábitos. Corpulento,
olhos saltados, vestes rotas e pés descalços, era considerado o homem mais feio de
Atenas. Costumava ficar horas mergulhado em seus pensamentos. Quando não
estava meditando solitário, conversava com seus discípulos, procurando ajudá-los na
busca da verdade. Nessa época, teve início a segunda fase da filosofia grega,
conhecida como socrática ou antropológica, onde Sócrates foi o principal filósofo
desse período da filosofia antiga. Nessa fase, os filósofos passaram a se preocupar
com os problemas relacionados ao indivíduo e a organização da humanidade.
Sublime nos lineamentos gerais de sua ética, Sócrates, em prática, sugere quase
sempre a utilidade como motivo e estímulo da virtude. Esta feição utilitarista emana-
lhe a beleza moral do sistema. Sócrates não elaborou um sistema filosófico acabado,
nem deixou algo de escrito; no entanto, descobriu o método e fundou uma grande
escola. Por isso, dele depende, direta ou indiretamente, toda a especulação grega que
se seguiu, a qual, mediante o pensamento socrático, valoriza o pensamento dos pré-
socráticos desenvolvendo-o em sistemas vários e originais. Isto aparece
imediatamente nas escolas socráticas. Estas – mesmo diferenciando-se bastante
entre si – concordam todas pelo menos na característica doutrina socrática de que o
maior bem do homem é a sabedoria. A escola socrática maior é a platônica;
representa o desenvolvimento lógico do elemento central do pensamento socrático –
o conceito – juntamente com o elemento vital do pensamento precedente, e culmina
em Aristóteles, o vértice e a conclusão da grande metafísica grega. Fora desta escola
começa a decadência e desenvolver-se-ão as escolas socráticas menores.