Você está na página 1de 14

CURSO: Licenciatura em Pedagogia

DISCIPLINA
DISCIPLINA: História da Educação

PROFESSOR:
PROFESSOR: Luis Carlos

CONTEÚDO:
CONTEÚDO: Linha cronológica no aspecto geral da
História da
Educação

Abril de 2023

São Luís do Curu-Ce


BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
 
 

Nesta aula, tivemos como objetivo compreender a trajetória histórica da


Educação, revisitar o percurso estudantil, bem como desenvolver nos
acadêmicos um espírito crítico de todos os aspectos abordados.

Podemos dizer que o homem torna-se homem, na identificação do outro como


outro de si, é um ser social, criativo, capaz de interagir entre si e transformar a
natureza. Essas transformações espelham-se na Educação nos diferentes
períodos; as mudanças ocorridas na nossa história refletem-se no modelo
pedagógico.

O ser humano, enquanto criador e criativo, mostra ao mundo as


transformações que vão ocorrendo, tanto com a sociedade, quanto com o
próprio homem, através da arte, contando sua história, mostrando suas
angústias, anseios e vitórias. Desta forma, escolhemos algumas imagens para
ilustrar tais representações estéticas. Podemos observar tais imagens ao longo
do texto. 

A Educação é a forma de construção de conhecimentos e atitudes necessárias


para integração do homem à sociedade. Portanto, acontece em dois momentos
distintos: primeiro, como educação familiar, segundo, como educação erudita.

É preciso fazer um retrocesso na história da educação com a intenção de


entender o fazer pedagógico, observando que o homem é um ser histórico, que
retoma seu passado para projetar o futuro.

Aranha (1989, p.12) a esse respeito diz:

Pensar o passado não deve ser compreendido como


exercício de saudosismo, mera curiosidade ou
preocupação erudita. O passado não é algo morto: nele
estão as raízes do presente. É compreendendo o passado
que podemos dar sentido ao presente e elaborar o futuro.

A respeito da educação podemos observar diferentes momentos que são de


fundamental importância para a história de nossa humanidade: Período Antigo,
subdividido em Primitivo, Antigo e Medieval, Moderno, destacando-se o
Renascimento. Como algo inerentemente humano, a educação se transforma e
o processo educacional segue as normas e os padrões de cada período
histórico, respondendo às necessidades de cada sociedade.

Para fins de contextualizar esta escrita, dividimos as transformações sofridas


pela Educação nos seguintes estágios:

1. Período primitivo
 

A arte Rupestre, feita na parede das cavernas, exposta acima,   representa o


período de 4.000 a.C.. Acredita-se que teriam uma finalidade ritualística.

O período primitivo corresponde à pré-história. Anterior à escrita, a educação


primitiva tem como objetivo ajustar a criança em seu ambiente físico e social
através da aquisição das experiências. O saber, neste período, é disponível a
qualquer pessoa, não existe divisão social. Os chefes de família são os
professores.

 As mudanças na educação ocorrem com a revolução neolítica, onde é fixada


uma divisão educativa, paralela à divisão do trabalho. (homem/mulher).

2. Período Antigo

No período antigo, acontecem transformações fundamentais para nossa


cultura, tornando-a cada vez mais científica, mais especializada de forma
diferenciada entre si, tanto pelos objetivos, quanto pelos métodos.

Encontram-se diferentes modelos de Educação, de acordo com o período a


que corresponde e a localização geográfica; característica fundamental é o
surgimento da escrita e do Estado na antiguidade oriental, diferenciando-se
entre si.

Egípcia - Este povo desenvolve a escrita a partir de 3500 a.C. em hieróglifos. O


conhecimento é reservado aos altos funcionários, sacerdotes e militares.
Posteriormente, o conhecimento passa a ser difundido, porém aos níveis mais
altos, ao qual só tem acesso a classe dominante. Criam-se escolas para o
povo, para filhos de funcionários. Seu funcionamento acontece nos templos,
conta com forte teor religioso, não esquecendo as questões práticas, assim,
formam médicos, engenheiros e arquitetos

Arte Egípcia 3.000 a.C., representa o dia-a-dia da civilização, marcada por


diferentes momentos históricos. A figura acima mostra o deus egípcio Anúbis e
a mumificação.
Babilônia - Predomina o poder da classe sacerdotal, para os babilônicos, estes
possuem bibliotecas, noções de astrologia, procuram a aplicação prática do
conhecimento. Para este povo, a ciência mistura-se à magia.

Índia- É uma civilização marcada pela divisão social em castas, onde todos
derivam do corpo do Deus Brahma, a Educação acontece de forma
discriminatória, privilegiando os brames; aos sudras e párias é negada
qualquer forma de Educação; sofre também influência do budismo.

China- A Educação é conservadora mantendo-se até recentemente voltada à


transmissão, apoiada nos livros interpretativos de Lao Tsé e Confúcio que
datam do terceiro milênio a.C.

Hebreus- Sua educação é marcada pela religiosidade, professada pelos


profetas, acontece nas sinagogas, nela se aprendem as verdades da Bíblia,
especificamente do Antigo testamento. São politeístas, valorizam a educação
manual.

As propostas pedagógicas Orientais da antiguidade baseiam-se nos livros


sagrados, possuem o objetivo da educação moral de acordo com a vida
religiosa, impostos por cada civilização.

Antiguidade Grega- o período arcaico, século VIII a VI a.C., traz grandes


transformações no campo político e social, surgimento da Pólis (cidades-
Estado), do comércio e, conseqüentemente, das classes sociais, da moeda.

Essas transformações são fundamentais para o surgimento do pensamento


filosófico, considera-se como período clássico (séculos V e IV a.C.). Neste
período, surge a idéia pedagógica associada à formação do cidadão, este
modelo influenciou toda a educação do Ocidente.

Surgem as ciências como astronomia, geometria e matemática. O homem


busca uma explicação racional que explique a origem, o primeiro princípio de
todas as coisas; é dada a supremacia à razão.

A educação tem como princípio a formação do cidadão, completo e virtuoso,


para tanto é necessário um modelo que abranja corpo e mente;
concomitantemente com o surgimento do pensamento filosófico surge a
palavra Paidéia.

Por volta do século v a.C. é criada a palavra Paidéia, que


de início significa apenas ‘criação dos meninos’ (pais,
paidós, ‘criança’). Mas com o tempo, a palavra adquire
nuanças que tornam intraduzível. Werner Jaeger, famoso
helenista alemão escreveu uma obra com esse nome, diz:
Não se pode evitar o emprego de expressões modernas
como civilização, cultura, tradição, literatura ou
educação; nenhuma delas, porém, coincide realmente
com o que os gregos entendiam por Paidéia. Cada um
daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele
conceito global e, para abranger o campo total do
conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só
vez (ARANHA, 1989, p. 37).

                                              

Existem subdivisões na Educação Grega. O período, conhecido como


homérico, visa à formação do nobre. A criança permanece com a mãe até os 7
anos de idade. A infância era uma fase de passagem, a partir deste momento a
criança passava a freqüentar locais próprios para o seu desenvolvimento,
sendo que existe uma divisão educacional por gênero, assim, a menina fica em
casa aprendendo as artes do lar.

A escola permanece sendo o local da elite, a cultura Grega é transmitida


através de eventos sociais.

Esparta e Atenas são as principais cidades-estado deste período e apresentam


modelos diferenciados de Educação; Esparta volta-se para a formação do
guerreiro, a partir dos 7 anos o menino era retirado do seio familiar, passando
aos cuidados do Estado. A Educação era pública, rígida, voltada,
principalmente, para as atividades físicas, não descuidando do estudo da
música, canto e dança. Conforme a criança cresce, a disciplina aumenta. O
guerreiro Espartano é educado para suportar a dor e obedecer.  A mulher tem
destaque neste período, participa de atividades físicas e de festividades.

Atenas difunde a educação a todos os cidadãos livres, devido a sua grande


influência e, por se tratar do berço da filosofia, o ideal do povo ateniense é o
culto, os rapazes eram instruídos nas letras e filosofia, pelos mestres, na
primeira fase era acompanhado pelo pedagogo (escravo que tinha como
função orientar as primeiras letras e a atividade física, por volta dos 18 anos
após um rito de passagem adentrava a vida cidadã, os mestres são os
filósofos.

 Os Pré-Socráticos (séculos VII e VI a.C.) são responsáveis pela separação do


pensamento mítico e racional. No período Socrático, conhecido como Clássico
(séculos V e VI a.C.), desenvolve-se a Filosofia, o sistema filosófico de
Sócrates, com seu método, nada ortodoxo de parturiar idéia, inaugura a busca
da própria verdade. Este mesmo filósofo repudia os Sofistas, primeiros filósofos
que fazem papel de professores, cobrando por seus serviços itinerantes,
ensinavam a arte da retórica.

 Platão, discípulo de Sócrates desenvolve sua teoria do conhecimento


representada na Alegoria da Caverna, onde o conhecimento seria a
possibilidade de salvação. Defende o dualismo, corpo e alma e teria como
objetivo a formação do cidadão. Aristóteles volta-se para a ética, entendendo o
homem como um animal que possui natureza política.
A influência fundamental deste período dá-se no campo da Educação de uma
preocupação pedagógica, abrangendo corpo e alma.

Educação Romana- possui caráter prático e formação civil e familiar. O cidadão


possui consciência do direito romano. O pai é figura central, a mulher possui
valorização na família, possuindo um papel educativo, para a formação do
futuro cidadão. A partir do século II a.C., as escolas organizam-se segundo o
modelo Grego, existem também escolas destinadas às classes inferiores para
a formação profissional.

Arte Greco-Romana 700 a.C. Este período influencia a história da humanidade,


sendo o primeiro período a valorizar o homem. A obra acima representa o
casamento de Peleu e Tétis[7]. A deusa recusava o casamento com um
simples mortal

A queda do império Romano, cria uma fragmentação no mundo, o cristianismo


é responsável pela sua unificação.

A idade Média abarca um período tão extenso que é difícil


caracterizá-la sem incorrer no risco da simplificação.
Afinal são mil anos entre a queda do Império Romano
(476) e a tomada de Constantinopla pelos turcos (!457).

A alta Idade Média, período que sucede à queda do


Império, é caracterizada por um estado de degradação da
antiga ordem e pela divisão em diversos reinos bárbaros,
formando após as sucessivas invasões.

Até o século X dá-se uma transformação lenta, que


consiste na passagem do escravismo, o modo de
produção da Antiguidade Greco-romana, para
o feudalismo, o novo modo de produção da Idade Média
(ARANHA, 1989, p.80).

2.2 Período Medieval

Arte Bizantina, Século V, expressão artística de caráter religioso, dos


primórdios do cristianismo, serve de fonte de instrução e guia espiritual aos
fiéis. A imagem acima mostra o Cristo, da Basílica de Santa Sofia.

O período medieval representa mais de 1000 anos, contando com Idade média
alta e baixa; a Educação desenvolve-se subordinada à Igreja. Todo
conhecimento está a serviço da fé, este deve revelar as verdades de Deus a
autoridade indiscutível está presente nos textos sagrados. A razão deve
conciliar-se com a fé. Este conhecimento é reservado ao poder eclesiástico.
Desenvolvem-se, neste momento histórico, diferentes modelos pedagógicos
para classes sociais distintas, surgem os colégios com alunos e professores, os
quais servem a autoridade da igreja, ou outro poder que a represente.

A função pedagógica é a evangelização, a revelação das verdades divinas e a


salvação das almas para a vida eterna.

O quadro filosófico distingue-se em dois momentos: a Patrística (século II até o


século V), que tem como objetivo a defesa da fé cristã e a conversão. Seu
principal representante é Santo Agostinho (354-430), que retoma os textos de
Platão, considera o conhecimento como as verdades eternas advindas da
iluminação divina, sendo necessário, para tanto, o uso do intelecto, já que o
conhecimento é uma experiência pessoal; a Escolástica (século IX até XIV):
”Chama-se Escolástica por ser a filosofia ensinada nas escolas. Scholasticus é
o professor das artes liberais. Mais tarde é assim conhecido o professor de
filosofia e teólogo, oficialmente chamado magister” (História da Educação-
p.94).

O principal representante da Escolástica é Santo Tomás de Aquino (1225-


1274), retoma Aristóteles, adaptando-a as orientações cristãs. A Educação,
segundo o filósofo, é a forma de atingir a verdade e o bem, superando as
tentações mundanas. Neste período, criam-se as universidades, destinadas à
medicina, ao direito e à teologia. Estas disciplinas representam o currículo
central das universidades, sem dispensar os estudos anteriores
do trivium (arte, gramática e retórica) quadrivium (aritmética, música, geometria
e astronomia).

1. Período Moderno
 

O renascimento é o período compreendido entre os séculos XV e XVI; neste


contexto, diversos acontecimentos promovem uma mudança na concepção de
homem e da própria sociedade.

As grandes descobertas alargam horizontes geográficos, a revolução comercial


promove a classe burguesa e o capitalismo, conseqüentemente, acontece a
formação das monarquias nacionais. A Reforma Protestante, promovida por
Lutero e Calvino, representa a renovação da autoridade da Igreja, centrada no
poder papal. Como resposta, a Igreja Católica promove a Contra-Reforma, com
a intenção de renovar a fé cristã, promovendo a inquisição e os seminários.
Surgem, daí diversas ordens religiosas, principalmente, o colégio jesuíta, que
possui a concepção da escola tradicional européia e a catequização do novo
mundo; o humanismo busca a imagem de um novo homem e da cultura.

A educação representa uma grande preocupação para este período:

 
É impressionante a preocupação com a educação no
Renascimento (sobretudo em comparação com a Idade
Média), não só pela produção teórica dos pedagogos,
mas principalmente pela proliferação de colégios e
manuais para alunos e professores. Educar-se torna-se
uma questão de moda e uma exigência dentro da nova
concepção do homem (ARANHA, 1989, p. 94).

                                                          

A expansão da escola, neste período, destina-se ao homem da pequena


nobreza e da burguesia que busca educar-se para a vida política e seus
negócios; a classe alta educa-se com preceptores em seus castelos; a escola
volta-se a uma melhor preparação da criança devido à nova imagem da
infância e da família.

Acontece a separação do mundo infantil e adulto. Os alunos são submetidos a


uma severa disciplina; a escola passa a cuidar da formação moral do aluno; o
regime de estudo é extenso, dando continuidade ao trivium e quadrivium.

O ensino universitário encontra-se em decadência, dando espaço para as


academias, instituições privadas de alto nível, destinadas ao ensino literário ou
filosófico. Com o renascimento científico, no século XVII, surgem academias
científicas.

O protestantismo, através de Lutero, trava uma batalha em busca da educação


universal, primária para todos, tendo o Estado como responsável por esta.

A pedagogia humanista representa a difusão dos valores burgueses, procura


por uma base natural, sem intenções religiosas, busca uma autonomia. As
reflexões pedagógicas estão presentes na filosofia, não se distinguindo desta.
Como representantes desse momento histórico temos: Juan Luis Vives (1492-
1540), Erasmo de Rotterdam (1467-1536), François Rebelais (1494-1553) e
Michel Montaigne (1533-1592).

No Brasil, desde o início da colonização, a catequese como atividade


missionária contribui de forma central para a dominação metropolitana. Desse
modo, a educação assume papel de agente colonizador.

 Romantismo (1780) foi um movimento artístico. É um movimento contrário ao


racionalismo, e a busca de um nacionalismo, designa uma visão de mundo
centrada no indivíduo.

 3.2 Moderno 

Impressionismo (1875): a luz e o movimento tornam-se o principal elemento da


pintura. Os artistas deste período procuram ver o quadro como obra em si
mesma. Acima, temos A noite estrelada de Van Gogh, 1889.
A Educação do século XVII esforça-se pela obrigatoriedade da escola, criando
leis, programas e níveis para tal. Porém, o monopólio das escolas permanece
com a Companhia de Jesus, que representa o modelo tradicional com base na
Escolástica.

O pensamento pedagógico moderno é realista. Segundo ele, o conhecimento


deve partir da compreensão das coisas, voltado para a vida prática. Neste
contexto, surge a nova escola.

Nesse século surge outro tipo de estabelecimento de


ensino, as academias científicas. Devido ao progresso da
ciência, e estando as universidades decadentes (exceto
na Alemanha), os cientistas associam para troca de
experiências e publicações. São importantes a Academia
de Ciência (1660), da qual participam Descartes, Pascal e
Newton, e Real Sociedade de Londres (1662) e a
academia de Berlim (1700) (ARANHA, 1989, p.136).

As questões epistemológicas são o centro das discussões, desenvolvendo


duas tendências: o racionalismo, sendo seu principal representante, Descartes,
que, ao analisar o processo pelo qual a razão atinge a verdade, cria a dúvida.
O método cartesiano admite idéias inatas, independentes do que vêm de fora.
Estas são exclusivas da capacidade do pensamento.

O empirismo, corrente contrária, reconhece o processo de conhecimento como


possibilidade da experiência sensível, negando as idéias inatas. Seu principal
representante é o inglês John Locke (1632-1704), seguido do também inglês
Francis Bacon (1561-1626). Este valoriza o método da indução.

Juan Amós Comênius (1592-1670) é o maior educador deste período. Sua


principal obra é a Didática Magna, que tem a intenção de orientar um método
de ensino onde se deveria partir do simples para o complexo. Este pedagogo
defende a educação para todos independente de sexo ou classe social.

O bispo Fénelon (1651-1715) defende a educação feminina, que deve ser


voltada a uma instrução geral, levando em conta a formação moral para o
desenvolvimento do papel de mães e esposas.

Na mesma época, em 1686, Madame de Maintenon,


mulher de Luís XIV, funda o colégio de Saint-Cyr. Ali
ingressam meninas entre 7 e 12 anos, permanecendo até 
os 20 anos. Esse internato pretendia ser a alternativa
secularizada aos conventos femininos existentes,
excessivamente rigorosos na disciplina moral e negligente
na formação intelectual (ARANHA, 1989, p.143).

 
O Iluminismo acontece no século XVIII, conhecido como século das luzes. Ou
seja, o poder da razão de interpretar o mundo, surge o homem confiante,
disposto a dominar a natureza para criar seu futuro.

A influência dos jesuítas continua, porém, as questões políticas e econômicas


levam a uma critica deste modelo educacional em vários países. A Companhia
de Jesus é expulsa no ano de 1773. Esta ordem é suprimida pelo papa
Clemente XIV, desarticulando o sistema escolar. Transformando a Educação
que, seguindo os interesses da aristocracia e as idéias liberais presentes, deve
ser leiga (não-religiosa) e livre (independente de privilégios de classe).

Surge a idéia de educação popular promovida pelo Marquês Condorcet, eleito


deputado da Assembléia Legislativa Francesa. Após a Revolução francesa, em
1792, cria o ano de Educação pública, que prevê a Educação como
responsabilidade do Estado destinada a todos os cidadãos. Seu plano não é
aprovado. Porém, levanta esta discussão. Em 1793, consegue aprovação pelas
mãos de Lepelletier, realçando a educação nacional.

Na prática, a Educação continua diferenciada de acordo com a classe social.


Com Napoleão, a educação primária é deixada a cargo do clero, já o Estado
responsabiliza-se pelo ensino secundário.

As universidades permanecem calçadas nos ideais medievais, as academias


correspondem às necessidades sociais, pois, privilegiam matérias mais
práticas.

O pensamento pedagógico iluminista floresce, podendo ser dividido em três


principais vertentes, os enciclopedistas, Rousseau e Kant.

Os enciclopedistas são representados por D’Lambert, Voltaire,  Rousseau entre


outros. Para estes, a Educação  tem o papel de expressar o ideal liberal,
voltado  aos interesses da burguesia.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) critica o absolutismo, seu pensamento o


homem é bom por natureza, corrompendo-se em seu contato com a sociedade.
No romance, Emílio descreve seu projeto pedagógico, onde a criança é
educada desde o nascimento para tornar-se um cidadão. Por sua desconfiança
com a sociedade, a criança deveria viver o mais livre possível, de preferência,
adquirindo seus conhecimentos a partir da experiência.

Immanuel Kant (1724-1804), para este filósofo, a educação tem como objetivo
desenvolver a faculdade da razão, levando a formação do caráter moral, é a
forma como o homem atinge seus objetivos individuais e sociais.

No Brasil, durante o período colonial, acontece uma grande disparidade entre o


conhecimento formal e o informal, onde a classe dominante mantém o
monopólio do saber acadêmico, onde os filhos da elite iam estudar na Europa,
enquanto a grande maioria da população mantinha-se iletrada. 
1. Período Contemporâneo
As influências do século XIX, como a urbanização acelerada e o capitalismo
industrial, criam um panorama de forte expectativa com relação à educação,
devido à maior complexidade do trabalho, que exige mão de obra
especializada. Acontece a universalização da escola secundária, clássica para
a elite burguesa e técnica para a formação do trabalhador.  As linhas filosóficas
que orientam este período são o Idealismo, de Fitche, Schelling e Hegel, as
idéias socialistas, e o desenvolvimento das ciências humanas.

O ensino universitário é ampliado e reformulado,


aparecendo as escolas politécnicas, tendo em vista as
necessidades decorrentes do avanço tecnológico.

Surgem as escolas da primeira infância, cujo precursor foi


Froebel, seus “jardins da infância”. A preocupação geral
com a educação leva também à formação de várias
escolas normais visando a preparação para o magistério
(ARANHA, 1989, p.176)

Surgem preocupações com a formação da consciência nacional e com a


metodologia. Bem como, pedagógicas com fins sociais, salientando a formação
da criança para a vida em sociedade. A Educação associa-se ao bem-estar
social, ao progresso e à transformação. A psicologia passa a influenciar a
educação infantil, procurando uma metodologia adequada ao seu processo de
aquisição do conhecimento.

Pestalozzi, Froebel Herbart e Spencer são alguns dos principais pedagogos do


período.

No período Imperial, o Brasil não se destaca com uma postura pedagógica


pautada em uma identidade nacional, ou seja, não se institui uma proposta
pedagógica eminentemente brasileira. O que causa resultados extremamente
insatisfatórios e díspares. Enquanto a elite tem sua educação gerenciada pelo
Império, a do povo é desqualificada, sendo deixada a cargo das províncias.

A contribuição de Hegel (1770-1831), Marx (1818-1883) e  Sigmund Freud


(1856-1939) são fundamentais para as mudanças que acontecem, a partir do
final do séc. XIX. Esses teóricos trazem à tona um novo paradigma no que
tange à sociedade e ao próprio homem. Com uma problematização ao sistema
capitalista de produção e o surgimento da psicanálise, bem como a relação de
historicidade.

Século XX:

Cubismo, 1908, tratava as formas da natureza, por meio de formas


geométricas. A representação do mundo passava a não ter compromisso com
a imagem real das coisas. A obra acima tem o título de Homem no café, 1914,
Juan Gris.
        A educação, no século XX, passa a ter um caráter bem mais científico,
que tem conseqüências ambíguas. Se de um lado temos um avanço
tecnológico revolucionário, de outro temos grandes tragédias pautadas por
esse avanço, como no caso das duas grandes Guerras Mundiais. Logicamente,
esses avanços refletem-se nos processos educacionais, transformando a
própria escola, o papel do professor, a concepção de aluno e da relação de
autoridade nessas instituições de ensino.

        Nesse período,    foram de estrema importância, para a educação,


teóricos como: Émile Durkheim (1858-1917) que desenvolve a questão da
sociologia, bem como sua relação com a educação;  Jonh B. Watson (1878-
1958) e Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), representantes do
Behaviorismo (psicologia comportamentalista); Wilhelm Dilthey (1833-1911),
representante da crítica ao naturalismo;  Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt
Koffka (1886-1941), representantes da Gestalt; Jonh Dewey (1859-1952),
representante da escola progressista.

Pop Art, 1956, pretendia demonstrar com suas obras a massificação da Cultura
popular capitalista. Procurava a estética das massas, tentando achar a
definição do que seria a cultura Pop   aproximando-se do que costuma chamar-
se de kitsch. Fotografia da Sopa Campbell por Andy Warhol.

A Escola Nova é um movimento de grande importância, no século XX, tendo


como características fundamentais a educação integral, ativa, prática, tendendo
para uma prática individualizada, propondo ao estudante uma aprendizagem
autônoma. Representantes desse movimento são: Maria Montessori (1870-
1952) e Ovide Decroly (1871-1932).

A proposta Socialista tem sua grande representação na figura de Antonio


Gramsci (1891-1937) que, em sua proposta, pretende superar a dicotomia
entre teoria e prática.

Temos como representantes das teorias educacionais não-diretivas Ivan Illich


(1826-2002) traz a proposta de uma sociedade desescolarizada. Carl Rogers
(1902-1987) o qual levou para a educação técnicas utilizadas em terapia.
Alexander Neil (1883-1973), fundador da escola de Summerhill. Já nas teorias
progressistas,

Podem ser considerados precursores (...) os soviéticos


Makarenko e Pistrak e o italiano Gramsci. Recentemente
é importante a contribuição do francês Georges Snyders,
do polonês Suchodolski e de muitos outros como Bernard
Charlot, Henry Giroux, Mabacorda, [Peter MacLaren] e
Lobrot (ARANHA, 1989, p. 234).

   
São inúmeros os teóricos que revolucionam a educação nesse século.  Jean
Piaget (1896-1980) que criou a epistemologia genética. Bem como a sua
seguidora argentina, radicada no México, Emília Ferreiro (1937) que realiza
pesquisa sobre a construção da linguagem escrita.

Lev Vygotsky (1896-1934) é o teórico que trata do ensino como processo social
e, ainda, Celestin Freinet (1896-1966) que traz o trabalho e a cooperação como
constitutivos do processo educativo.

        Henri Wallon (1879-1962) defendia uma educação integral. Pierre


Bourdier (1930-2002) desenvolveu uma teoria crítica a respeito da “pseudo”
neutralidade da escola.

Grafite-arte surge a partir do movimento de contracultura de 1968. A imagem


acima representa uma fachada decorada em Olinda, Pernambuco.

No Brasil, as maiores referências estão nos educadores Anísio Teixeira (1900-


1971), Florestan Fernandes (1920-19950 e Paulo Freire (1921-1997).

Para Freire e Horton (2003), por exemplo, a educação só muda quando “as
pessoas começam a agarrar sua história com as próprias mãos”. Para estes
autores, como para a maioria dos teóricos da contemporaneidade somente um
projeto realmente popular pode trazer transformações significativas à
sociedade.  Freire (2003, p.203) comenta no seu livro dialogado com Horton

Há uma diferença qualitativa quando os líderes da classe


trabalhadora descobrem algo que é muito óbvio, isto é,
descobrem que a educação que reproduz a própria classe
trabalhadora. (...) A intenção ideológica da classe
dominante não poderia ser outra.

        Como vimos, a educação é um processo que vem se construindo


constantemente, assim como a própria humanidade. Nos diferentes tempos,
vem servindo, ora aos interesses de uns, ora de outros, dependendo do tempo,
espaço, enfim, do contexto social, no qual os sujeitos estão inseridos. Estes
estudiosos os quais, rapidamente, apresentamos, neste artigo, têm dado forte
contribuição para entendermos este processo.

Considerações Finais

A história da humanidade é permeada pela produção do conhecimento, que


pretende transformar homens e mundo. Cabe a nós, seres éticos e
responsáveis, usar desse conhecimento, procurando tirar o que temos de
melhor para contribuir com a vida em sociedade.

Dentro de cada um de nós sempre cabe mais um


saberzinho. Antes se pensava que tinha uma idade para
aprender e depois outra em que a pessoa só servia para
trabalhar ou para ‘ter filhos’. Mas hoje a gente sabe que
aprender pode ser por toda a vida. Eu sempre posso ser
alguém melhor do que eu já sou. Eu sempre posso
aprender com os outros, com os livros, com o mundo, e
saber melhor o que eu já sei. E eu sempre posso
aprender o que eu não sei. E muita coisa de tudo isso a
gente aprende quando aprendeu bem a ler-e-escrever
(BRANDÃO, 2005, p.50).                                              

Referenciais Bibliográficos

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna,


1989

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Paulo Freire, O menino que lia o Mundo: Uma


história de pessoas, de letras e palavras. São Paulo: Editora UNESPE, 2005.

COTRIN, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e Grandes Temas. 16


ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

HORTON, Myles; FREIRE, Paulo. O Caminho se Faz Caminhando: Conversas


sobre educação e mudança social. Petrópolis, RJ: s.ed., 2003.

Você também pode gostar