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RESUMO:
História da Educação
Da antiguidade aos nossos dias.
Autor: Mário Aliguiero Manacorda
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CAPÍTULO I
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2 - A IDADE FEUDAL “OS NOVOS CHARLATÕES”
Início do médio império, período tebano (11ª e 12ª dinastia 2133 – 1786 a.C.)
O texto clássico do ensinamento sapiencial, usado nas escolas é Kemit ou Suma. É
o texto de um escriba que educa um escriba. Há a confirmação que a instrução era um fato
interno à família. Neste período, o acesso à profissão de Escriba, se apresenta perante os
jovens, como uma perspectiva de ascensão social.
O escriba é aquele que lê escrituras antigas, que escreve nos rolos de papiros na
casa do rei, instrui seus colegas e guia seus superiores.
Profissão de evidente prestígio e autoridade.
Se os antigos ensinamentos, pressupõe uma ordem social determinada e imutável,
este, formula implicitamente em juízo sobre essa ordem social. Na realidade ao satirizar o
triste viver dos artesãos, deixando o testemunho escrito sobre a opressão e a exploração do
trabalho.
Época dos hicsos, (13ª a 17ª dinastia) cerca de 1785 a 1580 a.C. Documentos
testemunham a manutenção da tradição educativa e apresenta também novos temas.
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A passagem da sabedoria para a cultura ou instrução torna-se cada vez mais clara:
agora é sábio, quem conheceu a tradição nos livros, adquiriu uma cultura e assimilou a
sabedoria dos antigos livros, bibliotecas ou casa dos escribas ganha importâncias evidentes.
É desta época, outros ensinamentos ricos de novos elementos, como o
ensinamento, através de debates, de um escriba sobre ao princípio educativo, isto é, se a
educação deve ser severa ou permissiva.
É também de grande interesse, neste ensinamento o acesso à educação na 1ª
infância. A criança é separada da mãe para freqüentar a escola, que aparece cada vez mais
claramente como uma instituição pública e distinta da família.
No início do novo império (época de Ramés ou segundo império Tebano, 18ª - 20ª
dinastia, cerca de 1552-1026 a.C.), alguns documentos informam sobre o segundo aspecto da
formação dos dirigentes: a preparação para a guerra.
O novo império, pode ser considerado como época da generalização da escola,
pois fornece uma quantidade considerável das chamadas coletâneas escolares (texto,
cadernos, hinos, orações, sentenças morais, além de exaltações dos antigos escribas. A
tradição literária, aparece como o grande patrimônio.
Período (1069 – 333 a.C.). Início do ensinamento de vida, das lições de saúde.
Objetivo do ensino não é mais do bem falar, isto é, da oratória praticada ativamente nos
conselhos e assembléias.
Sobre o jogo infantil; o Egito transmitiu, através dos achados arqueológicos, tanto
brinquedos, como representação de jogos, junto com as fontes literárias apresentadas e os
testemunhos iconográficos, uma preciosa fonte de informações, sobre os aspectos concretos
da Educação.
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CAPÍTULO II
a. A Educação homérica:
Ao se falar da Grécia, só se pode começar com Homero, considerado “O educador
de toda a Grécia”. É ele, quem sugere a distinção entre o dizer e o fazer, proposto quase
como critério interpretativo de toda a história da Educação. Mas, em Homero, os dois termos
não estão em oposição e não indicam as opostas tarefas de quem governa e de quem produz, e
sim, os dois momentos da ação de quem governa.
As pessoas das classes dominantes eram guerreiras na juventude e políticos na
velhice.
Os educadores arcaicos, tem em comum algo de estranho: são pessoas que
mataram ou tentaram matar e por isso tiveram que fugir de suas terras e procurar
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hospitalidade em outro lugar. De modo paradoxal, exatamente estes feitos pouco promissores,
lhes abrem o caminho para a missão de educador.
Os Hebreus que mataram três mil pessoas por terem cultuado o bezerro de ouro,
foram prometidos por José a educador do povo, formando assim a carreira dos levitas.
b – A educação Hesiodeica:
Em Hesíodo tem origem os ensinamentos de Quíron, que constituem em
patrimônio da sabedoria e de moralidade camponesa e que correspondem aos “ensinamentos”
egípcios, mesopotâmicos ou hebraicos.
A tradição grega posterior freqüentemente contrapôs os dois modelos ideais de
educação o chamado “torneio poético” de Homero e de Hesíodo, mostra o povo favorável a
Homero e o rei a Hesíodo, que assim vence.
Assiste-se enfim, a um conflito entre as duas tradições culturais, a dos aristocratas
guerreiros e a do povo de produtores. A esse conflito se entrelaçara em outro que, com base
social semelhante, dará origem à polêmica entre a excelência por natureza e a excelência
adquirida entre virtudes inatas X aprendidos entre a natureza X a Educação. Neste conflito,
aparecerá o desprezo dos conservadores por qualquer ascensão das classes populares através
da aprendizagem.
Na educação grega arcaica, encontramos, mais ou menos integralmente
documentada a aculturação (moral, religiosa, patriótica) e de aquisição das técnicas, sobretudo
as do governar, mas também as do produzir as “palavras” e as “ações”.
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3 – A ESCOLA DO ALFABETO
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Platão: parte da divisão social do trabalho e de seus resultados históricos na polis,
onde os guerreiros aparecem no fim com um produto e remédio. Ele pensa na educação dos
cidadãos como guerreiros, a partir de uma seleção dos mais aptos.
Platão propõe intervir na tradição de música e ginástica, para adequá-las as suas
exigências ideais a própria constituição da cidade e todos os aspectos da sociedade como um
todo.
Aristóteles, por sua vez, após ter falado longamente das funções do Estado, da
Educação para as artes e do treinamento do escravo, distingue, o que se faz para a utilização e
o que se faz para o conhecimento, distingue razão prática e razão teórica, atividades e ócio.
Nestas bases ele analisa a educação discutindo as quatro disciplinas já consolidadas na escola
– Gramática, Ginástica, Música e Desenho. Para Aristóteles o homem livre deve visar a
própria cultura. “ Não para o ofício mas para a educação”, já dissera Platão concordando com
Aristóteles.
Isócrates, herdeiro dos sofistas, delineia um caminho que consiste na instrução
oratória e na retórica, a arte de falar em público, nos conselhos e nas assembléias.
OS DOCENTES:
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as férias. Prevêem, às vezes, sanções contra os pedônomos acusados de empiedade e contra os
pais que não cuidam da educação dos filhos. Falam ainda dos salários (“Que os salários sejam
pagos regularmente”). Trata-se de uma verdadeira lei sobre a instrução. A partir daí, porém, a
instrução atingirá não somente as crianças livres, mas também os meninos, os pobres e até os
escravos. Dessa forma as escolas foram se tornando gradativamente públicas. É um processo
que o império romano levara adiante. Este processo significou uma melhoria das condições
econômicas e do prestígio social dos mestres, muitos dos quais são lembrados em inscrições
públicas ou foram honrados com monumentos.
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CAPÍTULO III
1 - A EDUCAÇÃO EM ROMA
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2 - EDUCAÇÃO POR OBRA DE ESCRAVOS E LIBERTOS
Entre o fim do século IV e o início do século III a.C. a escola em Roma é uma
instituição normalmente difundida. É uma escola latina dos primeiros rudimentos,
provavelmente já influenciada pelo novo processo de aculturação grega.
Há críticas à escola da retórica latina sob o pretexto de que faltando-lhe o
fundamento da tradição cultural terminava sendo uma escola de subversão política.
A nova forma política dos principados ou império dissolvia o para sempre a
ascensão ao poder dos populares enquanto classes ou analgoma de classes.
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As diferenças entre a literatura e a prosa dos latinos e a literatura em versos dos
gregos, consiste no fato de que a primeira é obra de cidadãos que também escrevem, ao passo
que a segunda é obra de profissionais, que só escrevem a atividade do verso, porque são
excluídos de todo direito de cidadania e portanto, do direito à participação política. A
literatura do cidadão romano deve ser de participação nos atos públicos ou de manifestações
de suas funções privadas, jamais poderá ser uma arte ou uma profissão exercida para viver.
Verifica-se também em Roma o que teorizavam Platão e Aristóteles na Grécia. Um
cidadão livre pode dedicar-se a atividades artísticas e literários não como exercício de um
profissão, mas somente como uma atividade cultural desinteressada e ocasional. Portanto, as
profissões intelectuais mais rendosas são reservadas às pessoas de uma determinada classe,
não aos cidadãos cujo ofício é o de cidadão.
A ESCOLA DE ESTADO.
A escola do tipo grego foi, nos últimos tempos de república e nos primeiros do
principado, uma instituição difundida e consolidada. Sem dúvida, uma pequena parcela da
população é que freqüentava a escola e especialmente se assiste a uma inevitável diminuição
das freqüências desde os primeiros graus até os mais elevados. Isto significa que a escola de
gramática e de retórica era afinal, a escola das classes privilegiadas. A eloquência era algo
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raro entre os enfarrapados. Exatamente por causa desta sua características de ser uma escola
das classes dominantes, ela tornou-se de interesse público e conseguem o apoio do poder
político, que primeiramente faz concessões particulares, em seguida, provê os salários dos
mestres e, enfim, assume definitivamente as escolas.
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CAPÍTULO IV
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Quanto a relação pedagógica, vimos uma profunda contradição entre sua evolução
positiva nos princípios e a continuidade do sadismo na prática.
No fim do século, o maior protagonista da vida cultural dessa época, o papa
gregório I, costuma ser considerado o mais duro adversário da cultura clássica, revelado
através de suas cartas.
Neste momento já se consumou uma profunda ruptura histórica: o mundo
helênico-romano quase desapareceu no ocidente e os contatos com o resto do império
romano–bizantino são mínimos e abre-se um abismo mais profundo ainda entre as dos povos
que convivem na mesma terra; finalmente, o avanço árabe no mediterrâneo assinala um ponto
irreversível e um deslocamento totalmente diferente de povos e culturas.
A Itália, cuja população terrivelmente reduzida se empobreceu e barbarizou, não
será mais, por quase dois séculos, nem mesmo para a sua parte romano-bizantino, em centro
sobrevivente da cultura antiga e nova: estes centros estarão situados às margens ou fora dos
confins do império, especialmente na Britânia e na Irlanda, de onde a cultura voltará a
erradicar-se entre nós.
É efetivado uma outra revolução através da abertura desta nova cultura à crianças
de classes sociais subalternas, anteriormente segregados. É a nova atitude cristã de abertura da
Educação para todos (mais aculturação que instrução). Está configurada uma verdadeira
escola paroquial, seus alunos são recrutados dentro da própria organização eclesiástica, a
quem devem obediência, a fim de serem instruídos.
Devido, portanto, à ignorância e, talvez, à escassez dos sacerdotes, procurava-se
instruí-los criando nas paróquias verdadeiras escolas e recrutando libertos, para que fossem,
ao mesmo tempo clérigos e servos.
No final do século VII assistimos a uma consolidação das sociedades que surgiram
do encontro de romanos e bárbaros germânicos e também a um grande despertar no campo da
cultura e da escola.
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Após o papa Gregório, há uma revalorização da cultura clássica. A instrução, em
geral, e a formação do clero, em particular, embora confiada exclusivamente ao clero, é
assumida como própria pelo poder estatal.
Na Itália, alguns anos mais tarde, em 825, a Igreja é liberada completamente da
função de instruir os leigos. O exemplo da Itália é logo seguido na frança, onde no concílio de
Paris, em 829, são os próprios bispos que solicitam que o clero não seja obrigado a
providenciar a instrução dos leigos.
Logo, porém, a Igreja modificará radicalmente essa política, evocando para si
qualquer iniciativa em matéria de educação.
Exatamente são o papado de Eugênio II (824-827), inaugura-se a legislação
Pontifícia sobre as escolas episcopais.
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CAPÍTULO V
A IGREJA
Nesta situação, as escolas régias, instituídas por Lotário na Itália e exigidas pelo
bispos na França, desaparecem totalmente, enquanto as escolas paroquiais, episcopais e
cenobiaiss sobrevivem liturgicamente.
Após o ano 1000, com a interrupção das últimas incursões dos povos bárbaros,
com a progressiva reabertura do tráfego no mediterrâneo, com a reconciliação do poder papal
e imperial, transferindo o império aos germanos, com o surgimento de novos centros urbanos
que, especialmente na Itália, se subtraem ao poder feudal e se organizam em forma de
comuna, verifica-se também um grande despertar de toda a atividade cultural e educativa.
Já em 1079, Gregório VII reafirmava aos bispos a obrigação de fazer ensinar em
suas igrejas as artes liberais. Mas nessa evolução, que envolve também os mosteiros, cuidava-
se para não confundir os ensinamentos religiosos com os das ciências naturais e mundanas,
que vinham se afirmando cada vez mais.
Em 1215, o novo Concílio Lateronense, convocado pelo papa Inocêncio III
confirma a obrigação de ensinar gratuitamente nas igrejas catedrais e nas demais igrejas e
devem estar abertas não somente para os “cléorigos da mesma igreja”, mas também “aos
alunos pobres”.
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MESTRES LIVRES E UNIVERSIDADES
Os séculos depois do ano 1000 são aqueles que, estudados do ponto de vista
educacional, viram surgir os mestres livres e as universidades e do ponto de vista mais geral
da história econômica e social, são os séculos do nascimento das comunas e das corporações
de artes e ofícios: os séculos, em suma, do primeiro desenvolvimento de uma burguesia
humana.
Surgem novos modos de produção, em que a relação entre a ciência e a operação
manual é mais desenvolvida e a especialização é mais avançada.
Os campo perdem os ofícios remanescentes que antes eram exercidos pelos servi
ministeriales das cortes senhoriais. Os próprios feudatários transferem para a cidade. Nas
cidades, os grupos daqueles que exercem um mesmo ofício se consolidam, se expande e
começam a se organizar juridicamente.
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CAPÍTULO VI
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CAPÍTULO VII
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A CONTRA-REFORMA E A ESCOLA
A SÁTIRA
A UTOPIA
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educação ocupa grande espaço, especialmente a Cidade do Sol; de Tomás Camponella, e a
Nova Atlântida, de Francis Bacon.
Cidade do Sol: de Camponella, criticam fortemente o ensino “servil” da gramática e da lógica
Aristotélica, no lugar desses casos mortos, ensinavam as ciências, a geografia, os costumes e
as histórias pintadas nas paredes da cidade de modo que as crianças aprendam “sem enfado ”,
brincando”.
Outro grande protagonista, bem mais moderno, é Bacon cuja crítica sobre os
erros tradicionais, a insistência sobre a experiência concreta e a pesquisa sobre uma nova
classificação das ciências são ainda válidas.
Canpanella e Bacon serão o quadro de referência constante para os pedagogos
inovadores do Seiscentos, o século das Utopias especificamente pedagógicas.
No atormentado período da guerra dos Trinta Anos (1618-1658), que dilacera
política e religiosamente o império, marca definitivamente a passagem do domínio de classe
no âmbito de uma grande nação, as minorias perseguidas do Império encontram compreensão,
acolhida e proteção especialmente nos Países Baixos, na Inglaterra e na Suécia. Entre estes
exilados perseguidos estava Jan Amos Comenius, em cuja obra se sintetiza o velho e o novo
da pedagogia. Nesta obra Comenius, alerta para não separar o problema da cultura e da
educação do problema da política e da religião.
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CAPÍTULO VIII
A EDUCAÇÃO NO SETECENTOS
AS LUZES E A ENCICLOPÉDIA
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PROPOSTA DE ATUAÇÃO DE UMA ESCOLA ESTATAL
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uma instrução cujos objetivos fossem as boas maneiras, a moralidade, as línguas vivas e
mortas.
Mas o prolongamento mais significativo desta nova fase na França e Condorcet,
cientista famoso e secretário da Assembléia Legislativa. Condorcet, sustentava as
necessidades de uma instrução para todo o povo, aos cuidados do Estado e inspirado num
laicismo absoluto. Uma instrução, enfim, “única, gratuita e neutra”.
A Igreja Católica foi feroz contra a difusão das novas filosofias e contra as
intervenções jurídicas do Estado. Na Itália, o domínio napoleônico modificou o sistema de
instrução, notamos um certo progresso em relação as escolas cristãs, mas também uma feroz
conservação dos velhos motivos.
O ENSINO MÚTUO
J. H. PESTALOZZI
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CAPÍTULO IX
A EDUCAÇÃO NO OITOCENTOS
A PRIMEIRA METADE DO SÉCULO
A UTOPIA SOCIALISTA
Como nos séculos precedentes, também nos oitocentos assistimos a uma nova
onde de utopias estreitamente relacionadas com as revoluções industriais e políticas. Todas,
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de fato, partem da divisão do trabalho na fábrica, da condição dos operários, da posição entre
trabalho intelectual e trabalho manual, orientando-se para um bom desenvolvimento das
individualidades.
Podemos distinguir nelas um filão estranho ao moderno proletariado de fábrica que
por caminhos implícitos vai de Rousseau a Conte e a Durkheim e um outro filão que pode ser
aproximado de Marx.
Fourier, orienta-se pela tradição individualista de Rousseau rejeitando toda
sistematização imposta e propõe uma “Educação Harmônica” que exalta a espontaneidade.
Quem é a mais iluminada das utopias socialistas, da primeira metade do oitocentos
embora destinada a falência, não passou sem deixar traços nas experiências sociais sucessivas,
especialmente, como veremos, no que se refere aos jardins da infância.
A Prussia foi a vanguarda na organização da escola Pública na Europa: em 1861
um sexto da população completava a obrigatoriedade escolar. Resultado considerado
avançado, considerando os outros países da Europa.
Nesse período, começam a difundir-se às escolas elementares, para as quais se
discute o novo método do ensino mútuo. As escolas secundárias, já vem se articulando em
humanísticas e científico-técnicos à universidades, com suas novas faculdades
correspondentes as transformação das forças produtivas.
A sucessiva legislação sobre a fábrica incluirá freqüentes disposições em torno da
necessidade de instrução das crianças antes de sua entrada na fábrica.
Engels e Marx muitas vezes abordarão este problema. A instituição escola vai
atingindo todas as classes produtoras, recebendo novos conteúdos científicos e técnicos. Com
base nesses conteúdos renova-se também a universidade, na qual as ciências matemáticas e
naturais acabam separando definitivamente da velha matriz das Artes Liberais. Ao lado da
universidades surgem as escolas superiores de engenharia e posteriormente todo um conjunto
diferenciado de especialização.
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Ela não abandona a antiga polêmica, já travada contra os luteranos, os iluministas
e a revolução francesa, sobre os dois temas: o da escola e o da imprensa.
Estado moderno e Igreja católica aparecem ainda em duas frentes totalmente
opostas, especialmente no que se refere ao delicado tema da educação, que a Igreja continua
considerando sua função exclusiva. Desse período, é notável lembrar a obra educativa de
Dom Bosco que, iniciada modestamente, impôs, através da congregação salisiana , a presença
católica no panorama educativo do mundo moderno. Sua obra destaca-se tanto pela reflexão
pedagógica, como pela iniciativa da educação popular profissional.
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variado movimento de renovação pedagógica que se desenvolve entre o fim do oitocentos e o
início do Novecentos, na Europa e na América. O conhecimento da psicologia infantil e da
psicologia da idade evolutiva, são temas essenciais da pedagogia das escolas novas. O próprio
trabalho, nessas escolas, não se relaciona tanto ao desenvolvimento industrial, mas ao
desenvolvimento da criança.
Psicologia e trabalho: são este binômio podem ser organizadas as iniciativas de
escolas novas que se multiplicam, em toda parte e dos quais estão repletos todos os manuais e
enciclopédias pedagógicas.
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CAPÍTULO X
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O CONFRONTO NA PESQUISA PSICOLÓGICA
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nas décadas de 20 e 30: a teoria da forma ou estrutura (gestal + Psy-chologia). Estes
contrapõem ao mecanicismo associacionista.
Podemos destacar quanto ao extraordinário desenvolvimento da psicologia e seu
envolvimento na pesquisa e prática pedagógica especialmente nas escolas novas.
O tema de piaget e Vygotsky é o eterno tema que vimos aflorar já no Antigo Egito:
a Relação entre a natureza e o ambiente ou Educação no desenvolvimento do indivíduo, que
quer dizer a relação entre personalidade e sociedade, entre liberdade e autoridade.
Para Vygotsky, o desenvolvimento psicológico de cada indivíduo é parte e
resultado da evolução geral da humanidade: esse desenvolvimento não é concebível
isoladamente, mas pressupõe diacronicamente todo o caminho precedente da história humana
e a participação do indivíduo na vida da sociedade e seus contemporâneos. A atividade
humana, de fato, se caracteriza para ele como atividade mediada por instrumentos que são o
resultado da história da humanidade e do desenvolvimento do indivíduo.
Isso significa que o “o único ensino eficaz é aquele que precede o
desenvolvimento”.
Piaget coloca conscientemente seu pensamento na encruzilhada das correntes
contemporâneas da pesquisa psicológica e epistemológica, declarando não ser nem empirista
nem comportamentalista, por sustentar que a inteligência nasce da ação do sujeito, nem
inatista ou naturacionista, por sustentar que a ação do sujeito é sobre os objetos.
Declara-se construtivista, porque sustentou que a inteligência é construída pelo
sujeito na interação com a realidade; a interação não copia, mas assimila e integra o objeto nas
estruturas mentais do sujeito.
Concordâncias e divergências unem e separam estes dois grandes pesquisadores,
nos quais as duas grandes correntes de pensamento em que aparece dividida o nosso mundo
contemporâneo se expressam melhor também no plano técnico, especializado, da pesquisa
psicológica e pedagógica.
Na Itália, durante vinte anos o facismo (1922-43), aplicou uma reforma, cujos
inspiradores e promotores eram liberais, como Giovanni Gentile. Ele se baseava numa
rigorosa distinção entre escolas para as classes privilegiadas com os tradicionais estudos
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humanísticos e escolas para as classes subalternas, limitadas a aprendizados profissionais
especializados.
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Nos Estados “ocidentais”, de democracia burguesa, a pedagogia continua a
inspirar-se nos movimentos inovadores, dos quais Dewey é o maior representante. Nos
Estados socialistas, crescidos ao redor da União Soviética, a inspiração é sempre nas teses de
Marx sobre a união entre instrução e trabalho. Em alguns países, especialmente naqueles já
dominados pelos regimes facistas, assiste-se ao reflorescimento de uma nova pedagogia
católica e ao primeiro surgimento de uma pedagogia marxista.
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Nos Estados unidos, embora seja difícil traçar um panorama e um módulo único,
devido à autonomia de cada Estado e à grande liberdade dos particulares, o caráter
predominante permanece o Learnig by doing.
Todo o conjunto de problemas anteriomente discorrido, reaparece dramaticamente
quando se passa aos países do chamado terceiro mundo ou nas formas arcaicas de escola da
palavra (do livro-texto, das aulas, dos julgamentos expressos em notas e conceitos, da
disciplina imposta, da administração burocrática e mal temperada por formas duvidosas).
A história porém, nos ensina que esta transferência de modelos (da Grécia para
Roma, de Roma para a Europa Barbara), embora tenha permitido o florescer da escola e da
cultura, provocou ao mesmo tempo a sua esclerose, a morte de velhas tradições e a perda da
identidade deste ou daquele povo, estimulando dessa forma a divisão cultural e de classes
dentro do mesmo povo, como entre cleros privilegiados e laicos profanos.
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Inúmeros documentos foram produzidos pela UNESCO, mas não podemos deixar
de citar o seu documento básico, a solene Carta Magna da ONU, a Declaração Universal dos
Direitos do Homem, aprovada pela Assembléia Geral no dia 10 de dezembro de 1948.
Perante a existência de um congresso universal de doutos nos vários campos da
ciência, da cultura e da Educação, como é a UNESCO, juntamente a outros congressos
consagrados a outros setores da vida social, configurado em uma assembléia política de todas
as nações da terra, talvez o autor vislumbra a perspectiva de ver realizada a proposta do
grande visionário comênius, que apelava para a consulta universal a fim de reformar a
condição humana, recomendando abordar juntas a cultura, a política e a moral.
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