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Introdução

O presente trabalho surge no âmbito da cadeira de Fundamentos de Pedagogia, cujo tema é a


Educação Grega. Uma vez sendo a Grécia o berço da civilização ocidental, da qual nós fazemos
parte e cuja cultura assimilamos desde o nascimento. Importa-nos o estudo desta educação de
forma a percebermos a educação na actualidade.
Objectivo geral

 Conhecer os períodos da educação grega.

Objectivo específico

 Caracterizar os períodos da educação grega e de certa forma relacionar certos aspectos


com os da educação actual.

Metodologias do Trabalho

 Este trabalho foi possível à sua concretização, por meio de consultas bibliográficas,
manuais, e de acordo com as normas de elaboração de trabalho científico regentes na
Universidade Pedagógica – Nampula.
 Depois da recolha de dados, foi-se a digitação, análise, finalmente foi-se imprimir o
mesmo.

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A EDUCACAO GREGA

A Grécia é considerada o berço da civilização ocidental, da qual nos fazemos parte e cuja cultura
assimilamos desde o nascimento. Dai a importância do seu estudo, mesmo que apenas em seus
aspectos essenciais, principalmente para que dedicar-se à educação de novas gerações.

1. Um novo conceito da educação

A principal característica da educação oriental foi tentar conservar e reproduzir o passado


mediante a supressão da individualidade que é o contrário da educação grega visto que
preocupava-se em dar mais oportunidade ao desenvolvimento individual.

“É historicamente indiscutível que foi a partir do momento que os gregos situaram o problema
da individualidade no cimo do seu desenvolvimento filosófico que principiou a história da
personalidade europeia. Roma e o cristianismo agiram sobre ela.” (JAEGER, Werner, Paidéia. A
formação do homem grego. São Paulo, Herder, s. d. p. 9).

Como resultado dessa característica da educação grega surgiu um novo conceito de educação que
ainda hoje é denominado liberal. “É educação digna do homem livre, que o habilita a tirar
proveito de sua liberdade ou dela fazer uso. Mais do que com qualquer outro povo passado, foi
com os gregos que o problema da educação surgiu com as características mais semelhantes das
que adquiriu, para nós, nos séculos XIX e XX.” (MONROE, P. Op. Cit., p. 27.)

Porém, este novo conceito de educação refere-se apenas aos cidadãos livres da Grécia Antiga,
que podiam tirar proveito da sua liberdade, ao mesmo tempo em que cerca de 90% da população
viviam como escravos.

2. Os ideais gregos

Foi graças aos gregos o surgimento das seguintes ideias e conceitos que, para eles se
transformaram em ideais:

 O conceito da liberdade política no Estado;


 A ideia de que a educação é a preparação para a cidadania;
 A ideia do desenvolvimento intelectual da personalidade;
 A ideia do amor ao saber pelo saber, ou seja, filosofia;
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 A ideia de viver de acordo com a razão;
 O conceito do homem como sendo, primariamente, um ser racional;
 O conceito moral da personalidade, ou seja, cada indivíduo encontra na sua natureza
racional o direito de determinar os seus próprios fins na vida;
 Os conceitos da liberdade moral e responsabilidade moral, isto é, a liberdade sob lei,
contida na natureza;
 O conceito de arte como sendo a corporificação concreta de alguma verdade, de um ideal
ou experiencia de validez;
 A ideia de que o indivíduo deve procurar conhecer-se a si próprio (Sócrates).

3. Os ideais e a realidade

Os gregos não conseguiram a plena realização dos seus ideais. Com relação aos privilégios da
personalidade, por exemplo, eram limitados aos homens livres e negados a 90% da população.
Outro aspecto que convém ressaltar é que os ideais da educação grega foram resultado de lenta
evolução.

4. O período homérico (900-750 a.C.)

Homero teve uma importância para a cultura e para a educação grega.

A educação nesse período teve um carácter eminentemente prático. Os poemas homéricos ˗ a


Ilíada e a Odisseia – falam dos ideais dessa educação, que compreende um duplo ideal de
homem, ou seja, o homem de acção e o homem de sabedoria. Esse duplo ideal – sabedoria e
poder de acção – tinha que ser atingido por todos os gregos livres

Diversos aspectos contidos nesse duplo ideal tiveram grande desenvolvimento durante os
períodos posteriores. Um desses aspectos é a bravura, que, no entanto, tinha que ser moderada
pela reverência. Outro aspecto desse ideal é a sofresine grega. A sofresine consiste no domínio
dos desejos e paixões pela razão. Consiste no equilíbrio de pensamento e acção exigido pelo
ideal da reverência.

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5. A educarão espartana (750-600 a.C.)

No seculo IX a.C. Licurgo organizou o Estado e a educação em Esparta, uma das cidades gregas.
Licurgo percebeu a importância do Estados nos assuntos educacionais.

O objectivo da educação espartana era dar a cada indivíduo um nível de perfeição física,
coragem e hábito de obediência às leis que o tornasse um soldado ideal. Dessa maneira o homem
espartano passou a ser um modelo de bravura, vigor e tenacidade. Como essas qualidades
faltavam aos demais povos gregos, o Estado espartano passou a acumular um grande número de
triunfos militares.

Plutarco resume a educação espartana com as seguintes palavras: “em relação a instrução eles
recebiam apenas exactamente o que era absolutamente necessário. Todo, restante de sua
educação tinha em vista torna-los sujeitos ao comando, suportar os trabalhos, lutar e conquistar”

Até os sete anos de idade o menino ficava sob os cuidados directos de sua mãe, que quem
recebia um treino rigoroso. Depois era tirado lar e colocado casernas públicas custeadas pelo
Estado. Nessas casernas os meninos comiam em mesas comuns, ajudavam no fornecimento do
alimento necessário, caçavam os animais selvagens e participavam de danças corais. Todo resto
do seu tempo era gasto com exercidos de ginásticas, que constituíam o elemento principal da sua
educação.

Dos dezoito aos vinte anos o jovem dedicava-se ao estudo das armas s e das manobras militares.
Dos vinte aos trintas anos seu treino era na guerra ou, nos intervalos de paz, praticados as custas
dos ilotas – servos que moravam em choupanas. Em Esparta, nove mil espartanos tinham que
dominar vinte mil iliotas.

Aos trinta anos o jovem tornava-se maior de idade e continuava a dedicar seu tempo
integralmente a serviço do Estado, seja nas guerras ou nos treinamentos necessários.

6. A educação ateniense (600-450 a.C.)

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Enquanto em Esparta se deu muita importância à educação física a serviço da guerra para manter
o Estado, Atenas, surgiu o ideal da formação completa do homem. Foram colocadas no mesmo
nível a educação física e a educação intelectual.

“Duas circunstâncias intimamente vinculadas determinaram tão notável mudança. De um lado, a


nova de compreender a estrutura e finalidades do Estado. Em Atenas vê-se o Estado como de
segurar a liberdade pessoal, criando as condições vantajosas para sua educação. Sólon considera
a instrução da juventude como missão essencial do Estado, mas não se coage o indivíduo nesta
empresa; deseja-se que, por convicção própria, as classes sociais façam sua tarefa da formação
das gerações. Dai que, apesar de ver-se no Estado o titular da formação da vida do cidadão,
jamais teve o monopólio educacional. Os pais tinham a obrigação de cuidar que seus filhos se
preparassem eficazmente para a vida, mas dentro de um ambiente de liberdade. Trata-se de um
estado de cultura, de uma organização política atenta sempre ao desenvolvimento harmónico da
personalidade. De outro lado, a própria vocação cultural de Atenas, tão permeável a revolução da
ciência e da filosofia ocorrida no século VI a.C., e que de modo tão natural elevou o nível
intelectual de seus cidadãos, convertendo-a no centro d a cultura helénica, ‘a escola de toda
Grécia’, como disse Tucidedes. A partir daí foi adquirindo o que mais tarde veio chamar-se
aticismo, isto é, o elegante e equilibrado em todas as actividades humanas.” (LRROYO,
Francisco, Historia geral da pedagogia, São Paulo, Mestre Jou, 1970, p. 150.).

Em Atenas a educação da criança, durante os primeiros sete anos, estava inteiramente a cargo da
família. A educação na família, no entanto, não tinha um carácter elevado quanto em Esparta.
Em Atenas geralmente a criança era entregue aos cuidados de amas e escravos, enquanto as mães
espartanas eram famosas em toda a Grécia pelo elevado nível de treino de e moral que davam a
suas crianças. O menino ateniense frequentava dois tipos de escolas: a escola de música e a
escola de ginástica ou palestra.

7. Os sofistas (450-400 a.C.)

Os sofistas (de sophós = sábio) surgiram como sendo a nova classe de professores ambulantes
que percorriam as grandes cidades. Eles ensinavam as ciências e as artes, com finalidades
práticas, principalmente a eloquência, em troca de uma elevada contribuição financeira.

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Muitos sofistas davam apenas uma preparação artificial, transmitiam aos alunos sentenças
inteligentes ou informações fragmentárias para serem utilizadas nos momentos oportunos.
Outros davam um curso mais completo, que abrangia o estudo das ciências naturais e históricas
da época e um treino em dialéctica, por meio de discussão, e em retorça, por do discurso publico.

Os gregos mais ponderados e conservadores não gostavam dos sofistas, pelo facto de eles
autodenominarem sábios e exigirem remuneração pelos seus serviços. Esses dois factos iam
contra dois princípios muito valorizados pelos gregos: o princípio da harmonia e reverência e o
princípio de que a relação entre professor e aluno devia basear-se estima mútua e não no carácter
económico. Desta forma surgiu, entre os escritores de tendência conservadora, a mais violência
antipatia contra os sofistas.

Os sofistas, em seus ensinamentos, acentuavam de forma exagerada o valor da individualidade.


Entre eles não havia nenhum sistema comum de ideias. A única ideia comum era que não havia
ideias universais nem padrões universais de conduta. Nas palavras de Protágoras, um dos
maiores sofistas, “ o homem é a medida de todas as coisas”. Assim o indivíduo situava-se num
tal nível de independência que ficava acima dos deveres do cidadão. E para os sofistas a
moralidade deveria basear-se na razão e não como no antigo período, no costume e na tradição.

8. Os grandes filósofos (400-300)

A Guerra do Peloponeso (431-405 a.C.), pela qual Atenas perdeu sua posição controladora do
mundo helénico, foi a oportunidade para que os filósofos gregos reformulassem a teoria da
educação nasceu do conflito entre a nova e a velha educação grega. O problema, consistia em
reformular um ideal educativo que pudesse satisfazer as necessidades institucionais e o bem
colectivo e, ao mesmo tempo, promovesse o completo desenvolvimento da personalidade.

Sócrates

Sócrates (470-399) foi o primeiro filósofo a definir o problema do conflito entre a velha e a nova
educação grega, entre interesse social e individual. Ele tomou como medida o princípio básico da
doutrina sofista: “ O homem é a medida de todas as coisas”. Se o homem é a medida de todas as
coisas, conclui Sócrates, a primeira obrigação de todo o homem é procurar conhecer-se a si
mesmo.

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É na consciência individual. Diz Sócrates, que se deve procurar os elementos determinantes da
finalidade da vida e da educação. A consciência individual, porem, deveria deixar de afundar-se
em simples opiniões para guiar-se por ideias de valor universal.

“O fim da educação, então, não era dar a informação sem base que, aliada a um verbalismo
superficial e brilhante, constituía o ideal dos sofistas. Era ministrar saber ao indivíduo, pelo
desenvolvimento do seu poder de pensamento. Todo o indivíduo tem em si mesmo a capacidade
de conhecer e apreciar tais verdades como as de fidelidade, honestidade, verdade, honra,
amizade, sabedoria, virtude, ou pode adquiri essa capacidade. Nesse tipo de conhecimento é que
Sócrates se achava interessado – o conhecimento derivado da própria experiencia, o qual
constitui a base da boa conduta.” (Id., ibid., p.59)

As principais contribuições de Sócrates para a educação foram as seguintes

 O conhecimento possui um valor prático ou moral, isto é, um valor de natureza universal


e não individualista;
 O processo objectivo para obter-se conhecimento é o de conversação; o subjectivo é o de
reflexão e organização da própria experiencia;
 A educação tem por objectivo imediato o desenvolvimento, da capacidade de pensar, não
apenas de ministrar conhecimento.

Platão

Platão (428-348 a.C.) foi outro grande filósofo que teve muita influência sobre a educação grega.
Ele concordou com Sócrates sobre a necessidade de se procurar uma nova base moral para a
vida.

Com relação ao método, Platão aceitou e desenvolveu a dialéctica de Sócrates, ele a definiu
como sendo um processo do próprio educando, mediante o qual são dadas à luz as ideias que
fecundam sua alma. A educação, portanto, consiste na actividade que cada homem desenvolve
para conquistar as ideias e viver de acordo com elas. O conhecimento não vem de fora para o
homem; conhecimento é o esforço de alma para apoderar-se da verdade.

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O papel do educador consiste em promover no educando o processo de interiorização, graças ao
qual ele pode sentir a presença das ideias. A realidade, para Platão, nada mais do que a ideia que
se realiza ou actualiza.

O despertar para o mundo das ideias é um processo gradual. Na educação deve-se levar em conta
tanto o corpo como o espírito, os exercícios corporais, a cultura estética e moral, e a formação
científica e filosófica devem constituir o conteúdo da educação. “ a boa educação é a que dá ao
corpo e à alma toda a beleza, toda a perfeição de que são capazes.”

Uma diferença que convém ressaltar entre Platão e Sócrates refere-se ao aspecto de quem tem
capacidade para adquirir conhecimentos. Enquanto Sócrates afirmava que todos têm essa
capacidade, Platão afirmava que apenas algumas pessoas possuem.

Aristóteles

Aristóteles (384-322), outro grande filósofo grego, apresentou uma visão bastante da de Sócrates
e Platão. Enquanto estes dois afirmavam que a posse do conhecimento pelo indivíduo constituía
a virtude, Aristóteles afirmava que a virtude esta na conquista da felicidade e do bem.

Aristóteles desenvolveu seu conceito de educação partindo da ideia da imitação. O que aos
animais é apenas capacidade imitativa, no homem se converte numa arte. O homem se educa na
medida em que copia a forma de vida dos adultos. Ele se educa porque actualiza suas energias.
Segundo a doutrina da potência e do acto de Aristóteles, o educando é potencialmente um sábio
e, com a educação, ele actualiza (converte em acto) o que é susceptível de desenvolver.

Para Aristóteles, os factores da educação humana são os seguintes: as disposições naturais


(natura), os meios para aprender (ars) e a prática ou habito para afirmar o assimilado
(exercitatio).

Assim, o processo de ensino deve corresponder ao seguinte plano metódico:

 O mestre deve em primeiro lugar, expor a matéria do conhecimento;


 Em seguida tem de cuidar que se imprima ou retenha o exposto na mente do aluno;
 Por fim, tem de buscar que o educando relacione as diversas representações mediante o
exercício.

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Dante Alighieri (1265-1321) denominou Aristóteles “o mestre daqueles que sabem”. Realmente
Aristóteles foi o primeiro grande cientista, o maior sistematizador que o mundo conheceu.

9. Período cosmopolita da educação grega (300 a.C.)

A helenização do mundo provocou, em grande parte, a perda da pureza helénica. Não é menos
verdade, porém, que com essa expansão a cultura grega se enriqueceu em muitos aspectos.
Algumas cidades chegaram a superar Atenas como centro de atracão de artistas e sábios. Entre
elas, Alexandria, no Egipto; Pérgamo, na Ásia Menor; e Antioquia, na Síria.

Na época alexandrina, a ciência grega sobre a qual se edificaram a cultura científica e a educarão
ocidentais, achava-se organizada da seguinte forma:

 Conhecimentos filológicos: Gramática, retórica e Dialéctica. A este grupo chamou-se


mais tarde o trivum.
 Conhecimentos reais: Aritmética, Geometria, Teoria Musical Astronomia. Estas
quatro disciplinas receberam o nome de quatrivum.
 Filosofia (Metafísica, Ética, Politica, etc.) e Teologia.

Graças à obra dos gregos, durante este período, o saber tornou-se universal. Como consequência
surgiram novos tipos de instituições educativas. Os principais foram as escolas de retórica, as de
dialéctica e de filosofia, e as universidades.

As universidades foram fruto das escolas filosóficas e de retóricas. Embora existissem vários
grupos de escolas, somente duas receberam o título de universidade: a Universidade de Atenas -
que resultou da combinação da Academia (escola peripatética fundada por Aristóteles) com a
escola estóica – e a Universidade de Alexandria. Durante os primeiros séculos da era crista a
Universidade de Alexandria superou a de Atenas como centro intelectual do mundo.

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Conclusão

Em conclusão, podemos afirmar que no geral a educação grega, sofreu várias mudanças desde o
período homérico até o período cosmopolita. Pois, foi na Grécia que surge o novo conceito de
educação, que denominamos hoje liberal.

Apesar de a educação grega ter ideais como: liberdade política e moral, desenvolvimento
intelectual, racionalidade, ela era apenas destinada a homens livres, sendo a maioria da
população escravo não tinha acesso a educação.

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Referencia Bibliográfica

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