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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA


PRÁTICA DE ENSINO EM EDUCAÇÃO FÍSICA III

Visão de juventude e suas centralidades nos processos


educativos e Modalidades de ensino

Blaia; Edeilson; Maria Fernanda; Sairo Silva; e Samuel


Prof Adriane Correa da silva

RIO BRANCO – ACRE | FEVEREIRO DE 2024


Sumário
o1 Introdução

02 Visão de juventude e suas centralidades nos processos


educativos

03 Modalidades de Ensino

04 Considerações Finais
O Currículo de Referência Único do Acre para o ensino médio emerge como
um documento estratégico, concebido com base nos preceitos estabelecidos
pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Esta última, de natureza
normativa, delineia um arcabouço orgânico e progressivo de aprendizagens
fundamentais que todos os estudantes devem absorver ao longo das
diversas etapas e modalidades da educação básica.

01
Introdução
No esforço de atender às expectativas dos estudantes e às exigências da
sociedade contemporânea no que diz respeito à formação no ensino médio, as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM/2011)
enfatizam a importância de não categorizar homogeneamente o público dessa
etapa, composto predominantemente por adolescentes e jovens.

02
Visão de juventude e suas centralidades nos
processos educativos
Contrapondo-se à ideia de encarar a "juventude" como um simples rito de passagem da infância à
maturidade, as diretrizes defendem a necessidade crucial de reconhecer a juventude como uma
condição sócio-histórico-cultural de uma categoria de sujeitos.

Essa abordagem destaca que é fundamental considerar a juventude em suas diversas dimensões,
reconhecendo que suas especificidades não se limitam às características biológicas e etárias. Pelo
contrário, essas especificidades estão intrinsecamente articuladas com uma variedade de fatores
sociais e culturais, resultando na produção de múltiplas culturas juvenis ou, como mencionado no
Parecer CNE/CEB nº 5/2011, muitas juventudes.
Para moldar esses jovens como sujeitos críticos, criativos, autônomos e responsáveis, é
incumbência das escolas de ensino médio do estado proporcionar experiências e processos
educacionais que garantam as aprendizagens essenciais para a interpretação da realidade,
enfrentamento dos novos desafios da contemporaneidade – sejam eles de natureza social,
econômica ou ambiental – e para a tomada de decisões éticas e fundamentadas.
Ao promover um ambiente educacional que desafia os estudantes a se engajarem ativamente na
leitura crítica do mundo ao seu redor, as escolas contribuem para o desenvolvimento de uma
consciência cidadã, estimulando a participação ativa e informada na sociedade. Essa abordagem
também visa cultivar a capacidade de inovação e criatividade, encorajando os jovens a se abrirem
de maneira criativa para o novo, rompendo com paradigmas obsoletos e propondo soluções
inovadoras para os desafios contemporâneos.
03
Modalidades de ensino
A Educação Básica, desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB –
9.394/96), passou a ser organizada em etapas e modalidades de ensino, abrangendo a Educação
Infantil, o Ensino Fundamental obrigatório de nove anos e o ensino médio. Esta última fase do
processo formativo da Educação Básica é orientada por princípios e finalidades que buscam
garantir uma formação abrangente e significativa para os estudantes.
A primeira diretriz desse estágio educacional destaca a consolidação e o aprofundamento dos
conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, proporcionando bases sólidas para o
prosseguimento dos estudos. Além disso, o ensino médio visa oferecer uma preparação básica
para a cidadania e o mundo do trabalho, entendendo a educação como um princípio contínuo para
o aprendizado ao longo da vida.

Este enfoque visa capacitar os estudantes a enfrentar novas condições de ocupação e


aperfeiçoamento em estágios subsequentes de sua trajetória educacional e profissional.
Outro objetivo fundamental é o desenvolvimento do educando como pessoa humana, incluindo a
formação ética e estética. Isso implica não apenas na aquisição de conhecimentos acadêmicos,
mas também no cultivo de valores morais e estéticos que contribuam para a formação integral do
indivíduo. O estímulo à autonomia intelectual e ao pensamento crítico é igualmente prioritário,
buscando não apenas transmitir informações, mas capacitar os estudantes a analisar criticamente
o mundo ao seu redor.
A implementação do Currículo nas redes de ensino do estado é um compromisso intrinsecamente
vinculado à garantia do direito à Educação Básica para diversos segmentos da população. Esse
comprometimento é especialmente vital para aqueles que, em virtude de distintas características
socioculturais ou situações de vulnerabilidade, demandam um atendimento educacional inclusivo e
personalizado.
Objetivo

A concretização do objetivo de proporcionar uma Educação Básica inclusiva e equitativa demanda


a criação de oportunidades que permitam aos estudantes desenvolverem suas habilidades de
maneira plena.

Nesse sentido, torna-se imperativo adaptar os conteúdos curriculares, levando em conta as


singularidades de cada estudante, e respeitar suas potencialidades e dificuldades individuais, que
muitas vezes se manifestam por ritmos distintos de aprendizagem. Essa abordagem requer a
implementação de estratégias diversificadas de ensino, visando atender às diferentes
necessidades e estilos de aprendizagem presentes na sala de aula.
Educação indígena
O ensino médio nas escolas indígenas do Acre, segue o que dispõe a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional - LDB 9394/1996, que estabelece como objetivos principais:

I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas


memórias históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização
de suas línguas e ciências;
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações,
conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais
sociedades indígenas e não-índias.
A educação escolar Indígena no estado do Acre é, segundo dados do Censo Escolar da SEE/AC
2019, ofertada em doze municípios – Assis Brasil, Cruzeiro do Sul, Feijó, Jordão, Mâncio Lima,
Manoel Urbano, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Rodrigues Alves, Santa Rosa do Purus,
Sena Madureira e Tarauacá – para quinze povos distribuídos/organizados em três famílias
linguísticas: Arawa (Madija, Kulina); Aruak (Ashaninka, Kampa e Manchineri); Pano (Apolima
Arara, Huni Kuĩ, Kaxinawa, Jaminawa, Jaminawa Arara, Kuntanawa, Nawa, Noke Koĩ, Katukina,
Nukini, Puyanawa, Shanenawa, Shawãdawa e Yawanawa).
O contexto intercultural escolar indígena é constituído de 147 escolas, com 5.825 alunos
matriculados (Censo SEE/AC, 2019), nos diferentes segmentos de ensino. Os dados do ensino
médio indicam 23 escolas indígenas que ofertam esta etapa, atingindo 435 alunos, e sendo
classificadas em escolas de fácil e médio acesso. Apesar do baixo número de atendimento, esta
etapa é muito importante para desenvolvimento e consolidação dos conhecimentos, além de
crucial na capacidade de inserção dos indígenas nas universidades, viabilizando seu acesso ao
ensino superior.
Educação do campo
A provisão de educação básica para as comunidades rurais no estado do Acre tem se revelado um
desafio constante para os gestores das políticas públicas educacionais. Este desafio é exacerbado
por uma série de características peculiares, como a vasta extensão geográfica, a baixa densidade
populacional, a mobilidade das famílias e as precárias condições fundiárias das vias de acesso e
comunicação.

Nesse contexto, em alusão à Resolução CNE/CEB nº 1, de 3 de abril de 2002, que institui


Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo e em consonância com o
compromisso educacional do governo do estado do Acre, a Educação do Campo é uma política
pública que vem se aprimorando nos últimos anos e atendendo cada vez mais alunos nas áreas
de difícil acesso.
No Acre, o Conselho Estadual de Educação emitiu a Resolução CEE/AC Nº 168/2013, que
estabelece as diretrizes, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de
atendimento da Educação Básica do Campo, garantindo em seu artigo 1º:

A Educação do Campo no Estado do Acre é destinada ao atendimento às


populações de seringueiros, índios, agricultores, ribeirinhos, castanheiros,
extrativistas, pescadores artesanais, assentados e acampados da reforma
agrária.
Parágrafo único - A educação Básica do Campo será obrigatória e gratuita e
oferecida pelo Estado e pelos municípios.
Desse modo, é fato que um dos grandes desafios para a Educação do Campo é a oferta da etapa
do ensino médio, tendo em vista que os fatores sociais ligados ao cotidiano do jovem do campo
fazem com que ele se afaste da escola para trabalhar ou até mesmo constituir família.

Entretanto, as políticas públicas vêm avançando e atualmente a educação do campo no Acre, na


etapa do ensino médio, possui vinte e oito (28) escolas seriadas e cento e seis (106) escolas de
atendimento, por meio do Programa Caminhos da Educação do Campo, atendendo em torno de 8
mil alunos. Essa organização diferenciada decorre da necessidade de garantir atendimento ao
máximo de alunos possível, além do enfrentamento dos desafios de acesso, devido às
peculiaridades amazônicas.
Educação de jovens e adultos
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) constitui uma modalidade integral da educação básica,
abrangida pela rede pública de ensino do estado do Acre, tanto em áreas urbanas quanto rurais. A
Resolução CEE/AC Nº 201/2013 estabeleceu as normas para a organização e oferta da EJA,
validando seus princípios orientadores, que são adaptados à realidade local.

O propósito primordial da EJA é garantir o direito à educação escolar para jovens e adultos que,
por diversas razões, não tiveram a oportunidade de frequentar ou concluir a educação básica
convencional. Dessa maneira, a EJA atenta para as especificidades inerentes ao seu público-alvo,
notadamente o aluno trabalhador.
Atualmente, o ensino médio da EJA é oferecido em oitenta e seis (86) escolas em todo o estado,
com duração de dois (02) anos, que correspondem às três séries do ensino médio regular. Está
estruturado em quatro módulos (semestres) e tem carga horária total de mil e duzentas (1.200)
horas, sendo que cada módulo de ensino totaliza a carga horária de
trezentas (300) horas.
Os componentes curriculares estão assim distribuídos:

• Módulo I: É composto por Língua Portuguesa I, Arte, Educação Física, Matemática I,


Geografia I e História I.

• Módulo II: É constituído por Língua Portuguesa II, Matemática II, Física I, Química I e Biologia
I.

• Módulo III: É composto por Língua Portuguesa III, Matemática III, Física II, Geografia II e
História II.

• Módulo IV: É composto por Química II, Biologia II, Sociologia, Filosofia, Inglês e Espanhol.
Educação especial
A política pública de educação inclusiva visa construir uma escola que seja acessível a todos,
onde cada indivíduo, independentemente de suas características e necessidades, tenha
garantidos seus direitos e possa participar ativamente de uma aprendizagem de qualidade,
promovendo, assim, a equidade no ensino comum.

Nesse contexto, o conceito de inclusão não está vinculado à homogeneização, mas, ao contrário,
à abertura para a expressão e valorização das diferenças individuais.
Incluir na perspectiva da educação inclusiva vai além de apenas receber alunos com diferentes
necessidades, deficiências ou características específicas. Significa criar um ambiente educacional
que seja verdadeiramente acolhedor e adaptado para atender a diversidade de perfis presentes na
sociedade. Isso envolve a implementação de práticas pedagógicas flexíveis, a promoção de uma
cultura escolar inclusiva, a adaptação de recursos e materiais didáticos, a formação de
professores para lidar com a diversidade, entre outras estratégias.
A Educação Especial está inserida nesse contexto inclusivo, perpassando todos os níveis, etapas
e modalidades de ensino, da Educação Básica para garantir o acesso, a permanência, a
participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, público-alvo definido pela Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC,2008).

Cabe ressaltar que, em 2015, com a aprovação do Plano Estadual de Educação, esse público foi
ampliado para os alunos com transtornos do déficit de atenção e hiperatividade, dislexia,
discalculia, disgrafia, disortografia e distúrbio do processamento auditivo central e confirmado pela
Resolução Nº 277/2017, do Conselho Estadual de Educação, que estabelece normas para a
Educação Especial.
Como modalidade de ensino transversal, a Educação Especial deve fazer parte da proposta
pedagógica da escola e se realiza por meio do atendimento educacional especializado, que pode
ocorrer tanto no turno de escolarização, em sala de aula, com o trabalho colaborativo dos
profissionais especializados ou de apoio, quanto no turno inverso, em salas de recursos
multifuncionais.
Para tanto, o atendimento educacional especializado leva em consideração as adaptações
razoáveis e as atividades de aprofundamento e enriquecimento de aspectos curriculares.

As adaptações razoáveis são entendidas como modificações e ajustes necessários e adequados


para assegurar que os alunos com deficiência possam exercer, em igualdade de condições e
oportunidades com os demais alunos, todos os direitos e liberdades fundamentais, conforme prevê
o artigo 3º, inciso IV e VI, da Lei Brasileira de Inclusão e o artigo 15, inciso IV, da Resolução nº
277/2017, do Conselho Estadual de Educação; enquanto que as atividades de aprofundamento e
enriquecimento de aspectos curriculares favorecem aos alunos que apresentam altas
habilidades/superdotação.
Nessa perspectiva, salienta-se que a garantia dos direitos e o alcance dos objetivos propostos
pelo Currículo de Referência Único do Acre para o público da Educação Especial não dependem
tão somente das políticas públicas previstas e dos serviços de atendimento educacional
especializado com a disponibilização de recursos e profissionais qualificados, mas também, que
as unidades de ensino compreendam e estabeleçam a prática do trabalho colaborativo entre
professores regentes e especialistas da educação especial em prol do desenvolvimento global de
todos os estudantes.
04
Considerações finais
No âmbito da Educação Indígena, é crucial respeitar e valorizar as diferentes culturas, línguas e
tradições dos povos originários, garantindo uma educação que seja contextualizada e relevante
para as comunidades indígenas.

A Educação do Campo, por sua vez, demanda uma compreensão das particularidades das
comunidades rurais, reconhecendo a importância da agricultura familiar e a conexão intrínseca
entre o ambiente rural e o processo educativo.

Na Educação de Jovens e Adultos, é fundamental reconhecer a diversidade de perfis e


experiências de vida dos estudantes, muitos dos quais são trabalhadores. A oferta de horários
flexíveis, métodos de ensino adaptativos e uma abordagem que valorize a bagagem prévia dos
alunos são aspectos essenciais para o sucesso desta modalidade, proporcionando oportunidades
de aprendizado significativas para aqueles que retornam aos estudos.
Na Educação Especial, é necessário garantir a inclusão plena dos estudantes com necessidades
especiais, reconhecendo que a diversidade funcional é uma riqueza. Isso implica em promover
ambientes escolares acessíveis, materiais didáticos adaptados e formação adequada para os
educadores, assegurando que cada estudante receba o apoio necessário para alcançar seu
potencial máximo.

A visão de juventude e suas centralidades nos diversos contextos educativos sublinha a


importância de uma educação que seja sensível à diversidade, equitativa e inclusiva. Ao
reconhecer e respeitar as particularidades de cada modalidade, é possível criar espaços
educacionais que empoderem os jovens, promovendo não apenas a aquisição de conhecimentos,
mas também o desenvolvimento integral e a formação de cidadãos críticos, éticos e
comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
REFERÊNCIAS
GOVERNO DO ESTADO DO ACRE. Currículo referência único do Acre: educação de
excelência para todos. Rio Branco: Undime, 2021. 338 p.

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