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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE PEDAGOGIA

ALEX MONTEIRO DA SILVA, WILLIAN FARIAS DE SOUZA

ENSAIO TEMÁTICO
EDUCAÇÃO E EDUCADOR: UMA PESPECTIVA HISTÓRICA DE SEUS PAPÉIS
NOS PERÍODOS DA ANTIGUIDADE AO RENASCIMENTO

FEIRA DE SANTANA – BA
2022.2
ALEX MONTEIRO DA SILVA, WILLIAN FARIAS DE SOUZA

ENSAIO TEMÁTICO
EDUCAÇÃO E EDUCADOR: UMA PESPECTIVA HISTÓRICA DE SEUS
RESPECTIVOS PAPÉIS NOS PERÍODOS DA ANTIGUIDADE AO
RENASCIMENTO

Ensaio Temático apresentado ao Curso de


Pedagogia, da Universidade Estadual de Feira de
Santana (UEFS), como requisito de avaliação da
disciplina História da Educação.

Professora: Rita de Cássia Oliveira Carneiro

FEIRA DE SANTANA – BA
2022.2
EDUCAÇÃO E EDUCADOR: UMA PESPECTIVA HISTÓRICA DE SEUS
RESPECTIVOS PAPÉIS NOS PERÍODOS DA ANTIGUIDADE AO
RENASCIMENTO

Alex Monteiro da Silva, Willian Farias de Souza


Discentes do 1º semestre da Universidade Estadual de Feira de Santana

RESUMO:

Este ensaio tem como finalidade observar, analisar e discutir as concepções criadas quanto a
educação e a figura do educador no contexto social-histórico da Antiguidade Greco-Romana,
bem como nos contextos da Idade Média e do Renascimento. O texto traz consigo, à nível de
referência, paralelos e perspectivas quanto ao tema dadas por historiadores que produziram
obras debruçando-se sobre o assunto tratado, portanto, toda discussão presente neste ensaio
está pautada nas fontes históricas trazidas por esses autores. Busca-se que após a leitura deste
texto seja possível ao leitor o maior entendimento sobre quais valores operavam a educação
nas épocas supracitadas, levando assim, portanto, ao questionamento de qual papel ela exercia
naquele período e qual a função do educador neste processo. A importância de entendermos a
função que a educação exercia no passado é que este conhecimento leva à maior
entendimento do por quê a educação adquiriu o caráter que possui hoje em cada sociedade,
atingindo um panorama mais amplo quanto a noção de sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: educação; educador; educação greco-romana; Idade Média;


Renascimento;
Para entendermos qual a importância da educação e o porquê ela é vista como essencial para
todas sociedades, é necessário entendermos o que exatamente é educação. A concepção de
LOURENZO LUZURIAGA quanto educação é a seguinte: Pode ser vista como um conjunto
de ações amplas vindas de uma sociedade para direcionar às gerações mais novas.
(LUZURIAGA, 1987 P.1-2) Apesar de se tratar de uma visão verticalizada, antiga e genérica
quanto educação, esta afirmação nos ajuda a entender a função de educação, indicando que
que é através dela que é possível para que um povo transmita seus ideais culturais e os
perpetue através do tempo.

A educação existe em cada povo e entre povos que se encontram, possui ideias difundidas em
todas instituições sociais e contém o potencial de libertar ou aprisionar. (BRANDÃO, 1981)
Os ideais culturais definem como será dada esta educação, criando assim, uma correlação
inegável entre cultura e educação, tornando uma parte inerente da outra. O exercício da
educação não é sempre realizado do mesmo modo, mesmo que seja parte importante da vida
individual e social, neste exercício é observado diversas variações que condizem de acordo às
necessidades de cada sociedade a função para qual se propõe a educação.

Portanto, é necessário entender o caráter múltiplo e singular da educação, esse caráter se torna
necessário para educação para que ela possa atender as diversas necessidades
existentes(múltiplas), e para isso adquire características únicas(singulares) em determinado
tempo, local geográfico, situação histórica, cultura e etc. Para ratificar isso é possível
exemplificar que, para determinadas culturas e pessoas, certos tipos de conhecimento não lhes
pareçam útil porque não possui aplicações práticas no seu dia-a-dia, o que tornaria aquele
conhecimento inútil, o que por outros poderia ser visto como útil, para aquele ouvinte não
passa de uma perda de tempo.

E por isso que a prática da educação necessita de uma reflexão sistemática, onde observa-se
quais as necessidades que precisam ser atendidas e quais expectativas de objetivo desejam ser
alcançadas, porque sem este planejamento a educação se tornaria apenas uma atividade
mecânica, levando apenas à uma reflexão sem metódica.

É possível considerar que os gregos antigos foram pioneiros quanto a criação de concepções
sobre educação, diversos autores produziram obras sobre teorias educacionais e suas
contribuições são valorizadas até hoje como base teórica da educação atual, ainda que com
ressalvas, visto que o processo educativo passou por uma série de mudanças na história das
civilizações. Ao cunharem o termo Paideia, a palavra grega para designar educação e pode
ser traduzida como “educação infantil”, autores como Platão, Heródoto, Homero e outros,
deram início ao princípio da formação educacional, o cuidado e preocupação com o
desenvolvimento do corpo e espírito de uma criança, isto é, a educação grega possuía um
conjunto de práticas que tendiam para intelectualização e desenvolvimento do letramento e do
exercício de pensar, mas também priorizava a utilização da ginástica e dos esportes em suas
escolas.

Mesmo que hoje possamos enxergar que a educação é algo que existe e acontece o tempo
inteiro, a educação grega institucionalizada era apenas voltada para classes sociais mais ricas,
onde o exercício de pensar lhe era incentivado para preparar o aluno aos cargos de poder que
poderia ocupar quando estivesse adulto, já às outras classes lhe restavam o trabalho, tarefa
visto como indigna para os gregos.

Uma das preocupações quanto a formação do indivíduo grego era quanto sua integridade ética
e moral, as conhecidas virtudes, que deveriam ser parte de todo homem. O educador grego
deveria exprimir estes valores, comportando-se de forma ética e culta, para que as crianças se
espelhassem e aprendessem observando o trabalho de seu professor e suas ações no mundo. A
tarefa de educar não era restrita apenas a escolas, portanto, as crianças participavam de
diversas atividades em outros espaços de suas vidas, o objetivo disto era fazer com que
crianças absorvessem o estilo de vida dos adultos. (MANACORDA, 2006)

A cultura grega influenciou a educação em Roma, e a partir desta interação e influência de


pensamento surgem as escolas de retórica, que serviam como uma espécie de nível superior, e
eram frequentadas por aqueles que iriam seguir carreira política, direito e filosofia, que foram
construções gregas. A educação também possuía caráter exclusivo nesta época, mesmo que a
educação fosse provida pelo Estado, nem todos poderiam gozar de seus privilégios.

Roma se tornou a primeira sociedade a propor uma sistematização do ensino, separando-o em


categorias de saberes e categorizando em elementares, secundárias e as de retórica, citadas
anteriormente. Mesmo assim aqueles que frequentavam não obtiveram muito sucesso, porque
nem todos que concluíam seus estudos nas escolas elementares, prosseguiam para as escolas
secundárias, e menos ainda conseguiam passagem para o nível superior.

Enquanto ainda pequenas, as crianças ficavam sob responsabilidade da mãe, mas aos sete
anos o Pater Familias, a figura paternal da criança ou o chefe de uma família, assumia a
função da mãe e atuava como figura educadora, sendo responsável pelo ensino de gramática,
matemática, educação física e um conjunto de regras morais e éticas necessárias para
entendimento das crianças quanto ao dever civil delas naquela sociedade.

A difusão de ideias cristãs por parte do Império Romano para toda Europa levou com que
cada uma das sociedades que tiveram seus territórios conquistados seguissem e conhecessem
um pouco dos dogmas cristões, bem como adquirissem, aos poucos, os valores sociais e
morais perpetuados pelo cristianismo e passado entre pessoas através da educação. A Igreja
Católica, que possuiu seu auge na Idade Média pouco depois da queda do Império de Roma,
atribuiu seus próprios conceitos nas concepções de educação e continuar a utilizar como
objeto de difusão e universalização de seus preceitos.

Sendo assim, durante o período Medieval, a educação era de total responsabilidade da Igreja
Católica, onde residiam os prédios de escolas, que funcionavam próximas das catedrais e dos
monastérios, tornando os clérigos os próprios professores, responsáveis por ensinar as
matérias compostas por uma espécie rudimentar de currículo escolar, era priorizado o estudo
do latim e das chamadas sete artes liberais: gramática, lógica, aritmética, retórica, geografia,
música e astronomia. As Artes Liberais eram denominadas artes pois implicavam não
somente o conhecimento, mas também uma produção que decorria imediatamente da razão.
(LE GOFF,1993)

Essa metodologia de ensino era direcionada apenas para os filhos de nobres e deu início a
formação do espaço de escola como conhecemos hoje. (DURKHEIM, 1969) A formação do
indivíduo poderia seguir três tipos de categorias, decididas pelos pais em nome das crianças:
militar (formação de cavaleiros), formação técnica (escolas formais) ou formação religiosa
(escolas monásticas).

Dentro do período Medieval houve o surgimento de uma interação entre o conhecimento


científico e o modo religioso de compreensão do mundo, a fé a razão encontraram
concordância nesta escola de pensamento filosófico que ficou conhecida como Escolástica.
Ocorreu uma grande produção de textos cujas características eram a preocupação quanto às
questões metafísicas, buscando pontes entre explicações holísticas e cientificas. É certo
afirmar que a Escolástica é fruto da escolarização de padres e sacerdotes, que agora possuíam
caráter acadêmico e, portanto, agentes disseminadores de cultura e conhecimento para toda
sociedade daquela época. (GAUTHIER, 2014)
Com o fim da Idade Média e decaimento da influência católica sob as pessoas, as referências
Escolásticas dentro das universidades europeias foram diminuindo sua importância e sua
seriedade era posta em xeque por uma nova escola de pensamento, denominada Humanista. O
Humanismo é característica inerente do pensamento Renascentista, que buscava criticar o
passado e propor novos horizontes quanto ao conhecimento humano, que foi considerado
atrasado por pensadores da época devido aos impactos da Idade Média e seu ensino religioso.

O ensino durante o Renascimento dava grande atenção as ciências da natureza, a arte e a


matemática, possuindo a razão como grande ponto norteador para suas discussões nestas
áreas. Foi também um período de grande rompimento de paradigmas, influenciando
diretamente as noções de mundo até hoje, uma das contribuições notáveis é a teoria
heliocêntrica, defendida por Copérnico (1473-1543).

Apesar de existir uma tentativa de universalização do ensino e aprendizagem, isso não


significava que os mesmos eram iguais e possuíam a mesma qualidade, porque enquanto os
mais ricos e pertencentes a cargos de burguesia e nobreza podiam levar seus filhos para
escolas de nível médio ou superior, os mais pobres tinham apenas uma educação elementar. O
conceito de educação humanista nasceu nesse período, e mesmo que falhas em certos
aspectos, buscavam levar as práticas pedagógicas a um caminho mais libertador.

Neste sentido a Revolução Protestante foi pioneira nas concepções de Pedagogia Humanista,
valorizando a individualização do aluno, repudiando castigos físicos e defendendo o ensino
como tanto direito quanto dever de todo cidadão, contribuição esta que levamos em conta até
os dias de hoje.

CONCLUSÃO:

É possível observar os motivos por quais chegamos as concepções atuais quanto educação e
seu papel a partir de uma análise histórica dos papéis que ela já ocupou em diversas
sociedades. Não é incorreto afirma que a educação, por se mostrar diversa, é extremamente
suscetível a fatores sociais, culturais e históricos que a moldam para que ela cumpra fielmente
com seu papel de instruir um indivíduo nas normas vigentes do tempo-espaço em que a
mesma age. O papel do educador se mostra tão volátil quanto seu objeto de trabalho, sua
imagem e status sociais são reflexos de quais são os valores operantes no momento observado
e cobra-se que o educador supra este papel de exemplo a ser seguido.
REFERÊNCIAS:

MANACORDA, M. A. História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias. 12.ed.


São Paulo: Cortez, 2006.

VIOTTO, R. A. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: DA ANTIGUIDADE AOS NOSSOS


DIAS. Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 27, n. 1, p. 357–363,
2016

COSTA, R. A Educação na Idade Média -A busca da Sabedoria como caminho para


a Felicidade: al-Farabi e Ramon Llull In Dimensões – Revista de História da UFES 15.
Vitória: EDUFES, 2003, p. 99-115

LUZURIAGA, L. Historia de la educacion e de la pedagogia. Buenos Aires: Editorial


Losada, 1987. v. 59

LE GOFF, Jacques. Os intelectuais na Idade Média. São Paulo: Brasiliense, 1993.

BRANDÃO, C. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 1981.

GAUHTIER, C.; TARDIF, M. A Pedagogia: Teorias e Práticas da Antiguidade aos nossos


dias. Petrópolis: Vozes, 2010.

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