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• Ao final desta aula o(a) aluno(a) deverá ser capaz de:

• Reconhecer em linhas gerais a importância de Platão para tradição


Filosófica;

Plano de aula 3 • Identificar a teoria das ideias na Alegoria da Caverna;


• Identificar uma ética das virtudes na narrativa do anel de Giges.
(Continuação): • Evidenciar a atualidade do pensamento platônico na era das fake
news e pós-verdade.
Os filósofos • “A justiça agrada a Deus, e a injustiça o desagrada; mais que isso, a
antigos: Platão justiça é causa de bem para aquele que a pratica, e causa de mal
para aquele que a transgride. Passam à direita e para cima de Deus

A filosofia as almas que se destinam a fruir os gozos celestes, e passam à


esquerda e para baixo de Deus as almas destinadas ao
cumprimento de penas; as almas cumprem seus ciclos num longo
platônica período de provas, durante o qual permanecem indo e vindo entre
duas realidades.” Platão
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica

• 1- Reconhecer em linhas gerais a importância de


Platão para tradição Filosófica
• Platão: vida e obra: - Platão: ateniense, discípulo de
Sócrates, fundador da Academia.
• Sócrates (469-399 a.C.)
• Polêmico pensador que tumultuou a Atenas do
século V a.C. com sua iluminação filosófica e com sua
maiêutica dialética. Dedicou sua filosofia à cidade-
estado (pólis), Atenas, que era o centro das atenções
do período, bem como aos cidadãos, enfocando
sobretudo temas morais e antropocêntricos, sem
deixar obra escrita, pois seus diálogos eram travados
em praça pública (agorá). Condenado a beber do
veneno cicuta em 399 a.C., acusado de perverter a
juventude e de propalar adoração a outros deuses, à
sentença do tribunal popular resignou-se, tornando-
se mártir histórico da filosofia.
• A abnegação pela causa da educação das almas, bem
como pelo bem da cidade, representou, como
testemunho de vida, senão o maior, ao menos um dos
Plano de aula 3 maiores exemplos históricos de autoconfiança e de
certeza do que dizia: condenado a beber cicuta pelo
(Continuação): tribunal ateniense, não se furtou à sentença e curvou-se
ante o desvario decisório dos homens de seu tempo.
Os filósofos • Isso porque a filosofia socrática possui um método, e esse
método faz o filósofo, como homem, radicar-se em meio
antigos: Platão aos homens, em meio à cidade (pólis). É do convívio, da
A filosofia moralidade, dos hábitos e práticas coletivas, das atitudes
do legislador, da linguagem poética... que surgem os
platônica temas da filosofia socrática. Pode-se mesmo dizer que o
modo de vida socrático e a filosofia socrática não se
separam.
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica

• Assim, é que, adotando essa metodologia de


pensamento, granjeou inúmeros discípulos,
assim como um sem-número de inimigos,
que mais tarde haveriam de reunir forças
para sustentar sua condenação popular.
• De qualquer forma, porém, marcou sua
presença nas ruas de Atenas pelo conteúdo
de suas lições, flagrantemente opostas à
ordem prevalecente de ideias nos meios
intelectuais de seu tempo. Isso porque, para
Sócrates, o respeito às normas vigentes, a
vinculação do filósofo com a busca da
verdade, o engajamento do cidadão nos
interesses da sociedade, entre outros
ensinamentos, aparecem como postulados
perenes de seu pensamento, que haveriam
de golpear fatalmente o relativismo e lançar
os gérmens de novos sistemas filosóficos,
como o platônico, o aristotélico e o estóico.
• Primado da ética do coletivo sobre a ética do individual
• Sócrates vislumbra nas leis um conjunto de preceitos de
obediência incontornável, não obstante possam estas serem
justas ou injustas. O direito, pois, aparece como um
Plano de aula 3 instrumento humano de coesão social, que visa à realização
do Bem Comum, consistente no desenvolvimento integral de
(Continuação): todas as potencialidades humanas, alcançável por meio do
cultivo das virtudes.
Os filósofos • Em seu conceito, que nos foi transmitido pelos diálogos
platônicos de primeira geração, as leis da cidade são
antigos: Platão inderrogáveis pelo arbítrio da vontade humana. É
perceptível a transição do pensamento dos sofistas para o de
A filosofia Sócrates. Enquanto os primeiros relevaram a efemeridade e
a contingência das leis variáveis no tempo e no espaço,
platônica Sócrates empenhou-se em restabelecer para a cidade o
império do ideal cívico, liame indissociável entre indivíduo e
sociedade.
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica

• A acusação que pendia sobre sua cabeça era


a de que estaria corrompendo a juventude e
cultuando outros deuses e, não obstante ter-
se dedicado a vida inteira a pregar o
contrário disso, resignou-se à injustiça de
seus acusadores, em nome do respeito à lei
que a todos regia em Atenas.
• Isso porque a obediência à lei era para esse
pensador o limite entre a civilização e a
barbárie; onde residem as ideias de ordem e
coesão, pode-se dizer garantida a existência
e manutenção do corpo social. Isso haveria
de influenciar profundamente o pensamento
de seu discípulo, Platão, em seu afastamento
da política e em sua decepção com a justiça
humana.
• Platão (427-347 a.C.) – Autor de inúmeros
Plano de aula 3 (Continuação): diálogos, com destaque para a República, foi
Os filósofos antigos: Platão discípulo de Sócrates e fundador da Academia de
A filosofia platônica Atenas. Sua filosofia ontológica e dualista
pressupõe a existência de uma Realidade para
além da realidade mundana.

• Platão, diferentemente da proposta de Sócrates,


distancia-se da política e do seio das atividades
prático-políticas. Se Sócrates ensinava nas ruas da
cidade, Platão, decepcionado com o governo dos
Trinta Tiranos e com o golpe que a cidade desferiu
contra a filosofia, ensinara num lugar apartado,
no recôndito onde o pensamento pode vagar com
tranquilidade, e onde se pode desenvolver um
modo de vida ao mesmo tempo que preocupado
com a cidade, dela, de suas corrupções, torpezas
e problemas, distante: a Academia
• A ciência só é possível do que é certo, eterno e imutável.
Somente as ideias são, para Platão, certas, eternas e
imutáveis, tendo-se em vista que tudo o mais que se
conhece é incerto, perecível e mutável. Do que se disse
Plano de aula 3 anteriormente, somente a alma logística é capaz de
ciência, e esta ciência (epistéme) à qual se refere Platão,
(Continuação): deriva da contemplação das ideias perfeitas e imutáveis
pelo filósofo.
Os filósofos • Cada parte da alma humana exerce uma função, e estas
antigos: Platão funções delimitadas, sincronizadas e direcionadas para
seus fins são a causa da ordem e da coordenação das
A filosofia atividades humanas. Assim, as diversas faculdades
humanas estão dotadas de aptidão para a virtude (areté),
platônica uma vez que a virtude é uma excelência, ou seja, um
aperfeiçoamento de uma capacidade ou faculdade
humana suscetível de ser desenvolvida e aprimorada.
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica

• O virtuosismo platônico tem a ver, portanto, com o


domínio das tendências irascíveis e concupiscíveis
humanas, tudo com vistas à supremacia da alma
racional. Então, virtude significa controle, ordem,
equilíbrio, proporcionalidade..., sendo que as almas
irascível e concupiscente submetem-se aos
comandos da alma racional, esta sim soberana.
Desse modo, boa será a conduta que se afinizar
com os ditames da razão.
• A harmonia (armonía), uma vez dominados os
instintos ferozes, o descontrole sexual, a fúria dos
sentimentos... surge como consequência natural,
permitindo à alma fruir da bem-aventurança dos
prazeres espirituais e intelectuais. A ética que deflui
da alma racional é exatamente a de estabelecer
este controle e equilíbrio entre as partes da alma,
de modo que o todo se administre por força
racional e não epitimética ou irascível.
• O vício, ao contrário da virtude, está onde reina o caos
Plano de aula 3 (Continuação): entre as partes da alma. De fato, onde predomina o
Os filósofos antigos: Platão levante das partes inferiores com relação à alma racional,
A filosofia platônica aí está implantado o reino do desgoverno, isso porque ora
manda o peito, e suas ordens e mandamentos são
torrentes incontroláveis (ódio, rancor, inveja, ganância...),
ora manda a paixão ligada ao baixo ventre (sexualidade,
gula...).
• Então, buscar a virtude é afastar-se do que é tipicamente
valorizado pelos homens, que é o que mais ainda o
mantém ligado ao corpo e ao mundo terreno, e procurar o
que é valorizado pelos deuses, e que mais o distancia do
corpo e do mundo terreno. O homem deve sim buscar
identificar-se com o que há de melhor e mais excelente, e
nesse sentido deve buscar inspiração nas faculdades que
caracterizam os deuses, os mais excelentes dos seres, e
não os animais. A alma que valoriza a mundanidade acaba
por construir em torno de si certa corporalidade, que
possui o peso das carnes humanas, e não a leveza
característica dos deuses.
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica

• Ética, justiça e metafísica


• A admissão de uma Realidade (divina) para além da realidade (humana),
importa, também, a admissão de que existe uma Justiça (divina) para além
daquela conhecida e praticada pelos homens. O que é inteligível, perfeito,
absoluto e imutável pode ser contemplado, e é do resultado dessa atividade
contemplativa que se devem extrair os princípios ideais para o governo da
politeia, tarefa delegada ao filósofo.
• Mesmo estando a Ideia da Justiça distante dos olhos do comum dos homens,
sua presença se faz sentir desde o momento presente na vida de cada
indivíduo. Existe, para além da ineficaz e relativa justiça humana (a mesma que
condenou Sócrates à morte!), uma Justiça, infalível e absoluta, que governa o
kósmos, e da qual não se pode furtar qualquer infrator.
• A justiça não pode ser tratada unicamente do ponto de vista humano, terreno
e transitório; a justiça é questão metafísica, e possui raízes no Hades (além-
vida), onde a doutrina da paga (pena pelo mal; recompensa pelo bem) vige
como forma de Justiça Universal. O homem justo, por suas razões singulares,
participa da ideia do justo e, por isso, é virtuoso.
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica

• Ética, alma e ordem política


• A ordem política platônica estrutura-se como uma
necessidade para a realização da justiça, um imperativo para
o convívio social, onde governados obedecem e governantes
ordenam. E, nesta ordem, onde uns obedecem e outros
ordenam, deve haver uma cooperação entre as partes para
que se realize a justiça.
• A divisão do trabalho é a regra de justiça no Estado Ideal; três
classes dividem-se em três atividades (política; defesa;
economia), não podendo haver interferência de uma classe
na atividade da outra; a interferência representa a injustiça,
pois cada classe corresponde a uma parte da alma, e a alma
racional deve governar.
• Nesse sentido, a justiça na cidade é ordem; a desordem é
sinônimo de injustiça. A justiça é a saúde do corpo social,
pois onde cada um cumpre o que lhe é dado fazer, o todo
beneficia-se dessa complementaridade.
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos:
Platão
A filosofia platônica

• O Estado Ideal platônico descrito


sistematicamente na República é apenas meio
para a realização da justiça. De fato, porém,
esse Estado não existe na Terra, e sim no Além,
como modelo a se inspirar.
• Nesse Estado, a Constituição (politeia) é
apenas instrumento da justiça, pois estabelece
uma ordem jurídica. De qualquer forma, para
Platão, o Estado Ideal deve ser liderado não
por muitos (democracia), uma vez que a
multidão não sabe governar, mas por um único
(teocracia), o filósofo, o sábio, pois este
contemplou a Verdade, e está apto a realizá-la
socialmente. Aqui, poder e filosofia (platônica)
aliam-se.
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica

• De qualquer forma, a educação (paideia) da alma tem


por finalidade destinar a alma ao pedagogo universal,
ao Bem Absoluto. No mundo, a tarefa de educação
das almas, para Platão, deve ser levada a cabo pelo
Estado, que monopoliza, no diálogo da República, a
vida do cidadão. A educação deve ser pública, com
vistas no melhor aproveitamento do cidadão pelo
Estado e do Estado pelo cidadão.
• Assim, justiça, ética e política movimentam-se, no
sistema platônico, num só ritmo, sob a melodia de
uma única e definitiva sonata, cujas notas são as
ideias metafísicas que derivam da Ideia primordial do
Bem.
• Tamanho idealismo filosófico haveria de produzir
condições favoráveis para o desenvolvimento de uma
corrente de pensamento igualmente contundente,
mas profundamente empírica: o aristotelismo.
• 2- Identificar a ética na narrativa do anel de Giges:
• República, Livro II: a ética na narrativa do anel de Giges;
• "A moral e o anel de Giges"Leia mais em:
https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/a-moral-e-o-anel-de-
giges-ef0tp3ztvritghla9o4746lou/Copyright © 2020, Gazeta do Povo. Todos
Plano de aula 3 os direitos reservados.
• Nestes tempos de moral social degenerada, vale relembrar o filósofo Platão
(Continuação): em sua obra A República, quando ele narra a lenda do pastor Giges. Certo
dia, após uma tempestade, abre-se uma fenda no chão, e o rebanho do
Os filósofos pastor é engolido. Ele resolve entrar na fenda e encontra, no fundo do
abismo, o cadáver de um gigante, que trazia apenas um anel em um dedo.

antigos: Platão • Giges coloca o anel e segue para a assembleia de pastores destinada a
preparar relatório para o rei sobre a situação do rebanho. O pastor, então,

A filosofia percebe que, ao girar o anel para baixo, ele se torna uma pessoa invisível.
Virando o anel para cima, ele volta a ficar visível. Eufórico com a descoberta,
Giges vai ao palácio e, estando lá, gira o anel e fica invisível. Agora, longe de
platônica qualquer punição, Giges seduz a rainha, assassina o rei e usurpa o trono,
iniciando sua longa dinastia.
• Platão nos conta que, ao desfrutar da invisibilidade e movido pelo desejo de
poder, o pastor passa a agir sem escrúpulos, seduz, rouba e mata. E o
filósofo nos propõe a seguinte questão: os homens são bons por escolha
própria ou simplesmente porque temem ser descobertos e punidos?
Imagine, caro leitor, que você tenha o anel de Giges e possa ficar invisível.
Livre para fazer o que quiser sem ser punido pela sociedade, pelas leis e por
Plano de aula 3 Deus, você agiria com base na moral e na justiça?
• Platão disse: "Quer conhecer o homem, dê-lhe o poder". O ser humano só é
(Continuação): completamente moral quando, tendo o poder e estando livre da punição, ele
age com base na moral, na virtude e na justiça. A observação da conduta

Os filósofos cotidiana nos leva a concluir que, se o ser humano ficar entregue a seus
próprios instintos naturais, muito provavelmente o egoísmo, a ganância e a
sede de ter mais – poder, fama e dinheiro – o levariam a roubar, matar e
antigos: Platão trapacear.
• A narrativa de Platão permite concluir que mesmo uma pessoa virtuosa e
A filosofia justa, se tivesse em mãos o anel de Giges, agiria contrariamente à virtude e à
justiça. Não todos, é claro. E Aristóteles alerta que "o homem guiado pela
platônica ética é o melhor dos animais. Quando sem ela, é o pior". Por isso, a vida em
sociedade exige um conjunto de normas gerais de conduta justa, iguais para
todos (inclusive para o rei) e aplicáveis a um número incerto de casos
futuros. A propensão humana à virtude é frágil; por isso, a paz social não
dispensa as regras de conduta e a punição para quem as viola.
• Na esfera pública, o meio de impedir que os políticos tenham seu anel de
Giges é pela visibilidade de seus atos. Não é por outra razão que a

Plano de aula 3 Constituição obriga à publicidade de todos os atos dos governantes. A


publicação e a divulgação de tudo quanto é feito com o dinheiro público (e
também dos atos que não envolvam dinheiro) são necessárias para o
(Continuação): conhecimento da população sobre as ações dos homens do poder.

Os filósofos
• Certamente, os corruptos imaginam ter achado o anel de Giges e acreditam
que não serão pegos nem atingidos pela punição. Somente um louco
cometeria atos de corrupção se tivesse a certeza de que seria descoberto,
antigos: Platão processado e punido. Seguramente, os malfeitores fazem cálculos e agem
apostando na probabilidade de não serem pegos. De vez em quando, eles

A filosofia
erram no cálculo e a justiça funciona.
• Se os homens fossem anjos, o Código Penal e as prisões não seriam

platônica necessários. Mas os homens não são anjos e, quanto mais poder eles têm,
maior a probabilidade de manifestarem seu lado diabólico e imoral.
• José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica
• 3 Identificar a teoria das ideias no mito da
Alegoria da Caverna:
• República, Livro VII: a teoria das ideias ou
formas puras
• A República
• O diálogo vai tratar de assuntos
relacionados à organização da sociedade
e à natureza da política. Na República
ideal concebida por Platão, o governo
deve estar nas mãos dos filósofos, que
são aqueles mais próximos da verdade, da
ideia do bem e da justiça. A investigação
platônica utiliza o método dialético
(palavra que tem na origem a noção de
"diálogo"). Esse procedimento consiste
em apreender a realidade através de
posições contraditórias, até que uma
delas é finalmente entendida como
verdadeira e a outra como falsa. A
dialética platônica é um processo
indutivo, que vai da parte para o todo.
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica

• O mito da caverna
• No livro 7 de "A República" também
aparece formulada a teoria das ideias. Trata-
se de uma alegoria famosa, que ficou
conhecida como mito da caverna. Segundo
o texto de Platão, o conhecimento do
mundo sensível (o mundo que podemos
conhecer através dos órgãos dos sentidos) é
inferior à contemplação da verdade.
• Os homens, porém, tendo vivido sempre
numa caverna, acorrentados, acreditam que
as sombras que veem projetadas na parede
sejam a verdade. Mas só é possível
conhecer a verdade além de nossos
preconceitos e crenças. Só o filósofo se
liberta e vê a realidade à luz do sol.
Plano de aula 3 (Continuação): • Quando pensou em demonstrar a cegueira dos
Os filósofos antigos: Platão homens diante de um mundo de aparências, o
A filosofia platônica filósofo grego Platão contou uma história. Ou
melhor, fez com Sócrates - o personagem central
da obra "A República" - contasse uma história a
seu companheiro Glauco.
• Os homens estão presos por argolas no fundo de
uma caverna escura. Sempre viveram ali, sem
poder ao menos virar o pescoço. Por trás deles,
um fogo arde, a certa distância, irradiando uma
luz que se projeta no interior da caverna. Nas
paredes, formas humanas, formas que se movem.
Os homens que estão no interior da caverna
pensam que o vêem é a realidade. Mas não é,
eles vêem apenas suas próprias sombras. Pensam
assim porque não conhecem outro mundo.
• Com essa alegoria, Platão compara a caverna ao mundo
sensível onde vivemos, que é o mundo das aparências.
Reflexos da luz verdadeira (as idéias) projetam as sombras
(coisas sensíveis que tomamos por verdadeiras). Estamos
Plano de aula 3 agrilhoados.
• No entanto, é possível quebrar esses grilhões, e quem é
(Continuação): capaz de fazer isso é o filósofo. O filósofo é capaz de escalar
o muro para a contemplação da luz plena. Essa luz é o Ser, o
Os filósofos Bem; é essa a luz que ilumina o mundo inteligível (que se
pode conhecer).
antigos: Platão • "Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se
A filosofia avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada,
compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há
platônica de justo e belo; que , no mundo visível, foi ela que criou a
luz, da qual é senhor; e que, no mundo inteligível, é ela a
senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la
para se ser sensato na vida particular e pública."
• 4- Evidenciar a atualidade do pensamento platônico na era das fake news e pós-
verdade.
• http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132018000200779&ln
g=pt&nrm=iso&tlng=pt
• 1. A PÓS-VERDADE E OS SOFISTAS

Plano de aula 3 • De acordo com a Oxford Dictionaries, departamento da Universidade de Oxford


responsável pela elaboração de dicionários, a palavra eleita como a palavra do ano de

(Continuação):
2016 foi "pós-verdade" [post-truth].
• A definição da palavra vencedora é a de adjetivo que se relaciona ou denota
circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião
Os filósofos •
pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais.
De acordo com as informações veiculadas na página do dicionário na internet, a palavra

antigos: Platão composta "pós-verdade" traz uma expansão do sentido do prefixo "pós" que, em vez de
se referir simplesmente ao tempo após uma situação ou evento específico (como o "pós-
guerra", por exemplo), o prefixo unido à palavra "verdade" ganhou um sentido mais
A filosofia próximo ao de "pertencer a uma época em que o conceito especificado (a verdade) se
tornou sem importância ou irrelevante".

platônica • Além disso, o que pode ter colaborado para o uso crescente dessa palavra foi o contexto
político das eleições presidências dos Estados Unidos em 2016, pois, por causa disso, ela
ganhou espaço na internet através de discussões políticas, contendo comentários que
não necessariamente traziam informações verdadeiras, e que nem por isso deixavam de
ganhar uma propagação e até mesmo um status de verdade.
• 4- Evidenciar a atualidade do pensamento platônico na era das fake news e
pós-verdade.

• Partindo, então, da atualidade da palavra "pós-verdade", podemos nos


Plano de aula 3 remeter ao pensamento sofístico (o que mostra igualmente sua anacrônica
atualidade), que, por mais que esteja situado em um tempo distante do

(Continuação): nosso (uns 26 séculos), faz-se presente e imponente quando pensamos no


poder do lógos, no poder do discurso a que aqueles filósofos já apontavam.

Os filósofos • Essa imagem estereotipada está sendo contraposta com outra que revaloriza
a contribuição intelectual dos sofistas, sustentando-se que "foram filósofos e
educadores, além de mestres de oratória e retórica, embora esse papel lhes
antigos: Platão seja negado, por exemplo, por Platão", ver também).
• Desse modo, é possível compreender que o pensamento linguístico
A filosofia originado no mundo grego estava sujeito a debates e a tomadas de posição
vinculados à questão da verdade, tendo em vista que, de forma resumida,
platônica para Platão e Aristóteles, haveria uma verdade que prevaleceria aos
consensos e, para os sofistas, o consenso é que prevaleceria sobre a
verdade.
• 4- Evidenciar a atualidade do pensamento platônico na era das fake news e
pós-verdade.
• O sofista Górgias demonstra que a linguagem não diz o mundo exterior a
nós; o que a linguagem diz é tão somente a própria linguagem: "não são pois
os seres que nós revelamos àqueles que nos cercam; nós só lhes revelamos
Plano de aula 3 •
um discurso que é diferente das substâncias".
Nesse sentido, é possível perceber que, para Górgias, aquilo que
(Continuação): entendemos por "real" é apenas o que se manifesta para nós no discurso, de
modo que as coisas ganham existência no uso da linguagem. Portanto, o
Os filósofos pensamento sofístico pode ser associado a um posicionamento que vê a
existência humana como linguisticamente articulada, colocando a linguagem

antigos: Platão
com uma função decisiva nas experiências humanas no mundo.
• Podemos, então, nos questionar sobre o que a linguagem diz, se ela não diz

A filosofia o real. Segundo, nessa perspectiva sofística, a linguagem revela as próprias


opiniões ou impressões dos homens, opiniões que permitem formar
consensos, que, por sua vez, responderiam pela estabilidade da linguagem. A
platônica linguagem revela sua volatilidade, já que, sob a perspectiva sofística, sua
estabilidade não é maior (nem menor) do que a dos consensos presentes nas
relações humanas.
• 4- Evidenciar a atualidade do pensamento platônico na era das fake news e
pós-verdade.
• Com o advento tecnológico e a facilidade ao acesso à internet, o número de
pessoas que, atualmente, possui redes sociais, como Facebook, WhatsApp,
cresce cada vez mais. Aqueles que usam alguma dessas redes sociais
Plano de aula 3 conseguem pensar, facilmente, em exemplos de divulgação e propagação de
notícias, estudos científicos, alertas de toda espécie (vacinas que fazem mal,
(Continuação): alimentos contaminados, copos de água ao amanhecer para se evitar câncer
etc.) que não possuem uma real relação, um comprometimento com
acontecimentos reais.
Os filósofos • Algo nesse sentido, mas obviamente muito mais grave, fez com que Fabiane

antigos: Platão
Maria de Jesus fosse espancada até a morte em Guarujá, no litoral de São
Paulo: uma página no Facebook divulgou um retrato falado de uma mulher
suspeita de sequestrar crianças no litoral de São Paulo e várias pessoas
A filosofia pensaram ser a Fabiane. Esse acontecimento, assim como aquelas
mensagens "mais inocentes" que nos chegam por grupos do WhatsApp

platônica diariamente, as quais também podem gerar mudanças no mundo, como


pessoas que deixam de tomar um medicamento que, segundo as
informações que chegaram até elas, está fazendo mal à saúde, ganham
forma e passam ao status de "verdadeiros" por meio daquilo que articula
nossa existência: a linguagem
• Aplicação Prática Teórica
• A narrativa do Anel de Giges provoca muitas reflexões sobre
a moralidade de nossas ações e o Filósofo Platão utiliza o
mito antigo para refletir sobre uma ética das virtudes,
Plano de aula 3 também conhecida como uma ética dos antigos. Com base
nesse célebre mito narrados por Platão, responda às
(Continuação): provocações abaixo: 1. Considerando o livro II da obra
República, o artigo do Jornal Gazeta do Povo: "A moral e o
Os filósofos anel de Giges" e os vídeos sobre o anel de Giges abaixo
indicados, que advertência Platão nos oportuniza com essa
antigos: Platão narrativa do Anel de Giges? Apresente dois argumentos,
pelo menos, para justificar sua assertiva. A moral e o Anel
A filosofia de Giges - Gazeta do povo 2/12/2019 - Disponível
em:https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/a-

platônica moral-e-o-anel-de-gigesef0tp3ztvritghla9o4746lou/ Anel de


Giges #1. Disponível em:https://www.youtube.com/watch?
v=QqBs0nvdUs Anel de Giges # 2. Disponível
em:https://www.youtube.com/watch?
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica

• Sugestão de gabarito:
• O objetivo da atividade é oportunizar uma
aproximação com o olhar filosófico
estimulando a pesquisa, o diálogo e a
reflexão. A narrativa incentiva o debate e
destaca a questão moral abordada por
Platão. A narrativa discute a possibilidade de
o ser humano agir corretamente mesmo
quando não é visto.
• No diálogo, Glauco não concorda com o
mestre Sócrates e argumenta que justiça e
virtude não são coisa que desejamos por si
mesmas. Em verdade gostamos de aparentar
que somos virtuosos, sem necessariamente o
sermos. Fazemos o que é certo porque temos
medo da punição. Logo, não haveria que se
falar em pessoa justo ou injusta, todos
agiriam da mesma forma. Será? A ideia é
identificar o que Platão problematizou e
buscar exemplos atuais.

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