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antigos: Platão • Giges coloca o anel e segue para a assembleia de pastores destinada a
preparar relatório para o rei sobre a situação do rebanho. O pastor, então,
A filosofia percebe que, ao girar o anel para baixo, ele se torna uma pessoa invisível.
Virando o anel para cima, ele volta a ficar visível. Eufórico com a descoberta,
Giges vai ao palácio e, estando lá, gira o anel e fica invisível. Agora, longe de
platônica qualquer punição, Giges seduz a rainha, assassina o rei e usurpa o trono,
iniciando sua longa dinastia.
• Platão nos conta que, ao desfrutar da invisibilidade e movido pelo desejo de
poder, o pastor passa a agir sem escrúpulos, seduz, rouba e mata. E o
filósofo nos propõe a seguinte questão: os homens são bons por escolha
própria ou simplesmente porque temem ser descobertos e punidos?
Imagine, caro leitor, que você tenha o anel de Giges e possa ficar invisível.
Livre para fazer o que quiser sem ser punido pela sociedade, pelas leis e por
Plano de aula 3 Deus, você agiria com base na moral e na justiça?
• Platão disse: "Quer conhecer o homem, dê-lhe o poder". O ser humano só é
(Continuação): completamente moral quando, tendo o poder e estando livre da punição, ele
age com base na moral, na virtude e na justiça. A observação da conduta
Os filósofos cotidiana nos leva a concluir que, se o ser humano ficar entregue a seus
próprios instintos naturais, muito provavelmente o egoísmo, a ganância e a
sede de ter mais poder, fama e dinheiro o levariam a roubar, matar e
antigos: Platão trapacear.
• A narrativa de Platão permite concluir que mesmo uma pessoa virtuosa e
A filosofia justa, se tivesse em mãos o anel de Giges, agiria contrariamente à virtude e à
justiça. Não todos, é claro. E Aristóteles alerta que "o homem guiado pela
platônica ética é o melhor dos animais. Quando sem ela, é o pior". Por isso, a vida em
sociedade exige um conjunto de normas gerais de conduta justa, iguais para
todos (inclusive para o rei) e aplicáveis a um número incerto de casos
futuros. A propensão humana à virtude é frágil; por isso, a paz social não
dispensa as regras de conduta e a punição para quem as viola.
• Na esfera pública, o meio de impedir que os políticos tenham seu anel de
Giges é pela visibilidade de seus atos. Não é por outra razão que a
Os filósofos
• Certamente, os corruptos imaginam ter achado o anel de Giges e acreditam
que não serão pegos nem atingidos pela punição. Somente um louco
cometeria atos de corrupção se tivesse a certeza de que seria descoberto,
antigos: Platão processado e punido. Seguramente, os malfeitores fazem cálculos e agem
apostando na probabilidade de não serem pegos. De vez em quando, eles
A filosofia
erram no cálculo e a justiça funciona.
• Se os homens fossem anjos, o Código Penal e as prisões não seriam
platônica necessários. Mas os homens não são anjos e, quanto mais poder eles têm,
maior a probabilidade de manifestarem seu lado diabólico e imoral.
• José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica
• 3 Identificar a teoria das ideias no mito da
Alegoria da Caverna:
• República, Livro VII: a teoria das ideias ou
formas puras
• A República
• O diálogo vai tratar de assuntos
relacionados à organização da sociedade
e à natureza da política. Na República
ideal concebida por Platão, o governo
deve estar nas mãos dos filósofos, que
são aqueles mais próximos da verdade, da
ideia do bem e da justiça. A investigação
platônica utiliza o método dialético
(palavra que tem na origem a noção de
"diálogo"). Esse procedimento consiste
em apreender a realidade através de
posições contraditórias, até que uma
delas é finalmente entendida como
verdadeira e a outra como falsa. A
dialética platônica é um processo
indutivo, que vai da parte para o todo.
Plano de aula 3 (Continuação): Os filósofos antigos: Platão
A filosofia platônica
• O mito da caverna
• No livro 7 de "A República" também
aparece formulada a teoria das ideias. Trata-
se de uma alegoria famosa, que ficou
conhecida como mito da caverna. Segundo
o texto de Platão, o conhecimento do
mundo sensível (o mundo que podemos
conhecer através dos órgãos dos sentidos) é
inferior à contemplação da verdade.
• Os homens, porém, tendo vivido sempre
numa caverna, acorrentados, acreditam que
as sombras que veem projetadas na parede
sejam a verdade. Mas só é possível
conhecer a verdade além de nossos
preconceitos e crenças. Só o filósofo se
liberta e vê a realidade à luz do sol.
Plano de aula 3 (Continuação): • Quando pensou em demonstrar a cegueira dos
Os filósofos antigos: Platão homens diante de um mundo de aparências, o
A filosofia platônica filósofo grego Platão contou uma história. Ou
melhor, fez com Sócrates - o personagem central
da obra "A República" - contasse uma história a
seu companheiro Glauco.
• Os homens estão presos por argolas no fundo de
uma caverna escura. Sempre viveram ali, sem
poder ao menos virar o pescoço. Por trás deles,
um fogo arde, a certa distância, irradiando uma
luz que se projeta no interior da caverna. Nas
paredes, formas humanas, formas que se movem.
Os homens que estão no interior da caverna
pensam que o vêem é a realidade. Mas não é,
eles vêem apenas suas próprias sombras. Pensam
assim porque não conhecem outro mundo.
• Com essa alegoria, Platão compara a caverna ao mundo
sensível onde vivemos, que é o mundo das aparências.
Reflexos da luz verdadeira (as idéias) projetam as sombras
(coisas sensíveis que tomamos por verdadeiras). Estamos
Plano de aula 3 agrilhoados.
• No entanto, é possível quebrar esses grilhões, e quem é
(Continuação): capaz de fazer isso é o filósofo. O filósofo é capaz de escalar
o muro para a contemplação da luz plena. Essa luz é o Ser, o
Os filósofos Bem; é essa a luz que ilumina o mundo inteligível (que se
pode conhecer).
antigos: Platão • "Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se
A filosofia avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada,
compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há
platônica de justo e belo; que , no mundo visível, foi ela que criou a
luz, da qual é senhor; e que, no mundo inteligível, é ela a
senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la
para se ser sensato na vida particular e pública."
• 4- Evidenciar a atualidade do pensamento platônico na era das fake news e pós-
verdade.
• http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132018000200779&ln
g=pt&nrm=iso&tlng=pt
• 1. A PÓS-VERDADE E OS SOFISTAS
(Continuação):
2016 foi "pós-verdade" [post-truth].
• A definição da palavra vencedora é a de adjetivo que se relaciona ou denota
circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião
Os filósofos •
pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais.
De acordo com as informações veiculadas na página do dicionário na internet, a palavra
antigos: Platão composta "pós-verdade" traz uma expansão do sentido do prefixo "pós" que, em vez de
se referir simplesmente ao tempo após uma situação ou evento específico (como o "pós-
guerra", por exemplo), o prefixo unido à palavra "verdade" ganhou um sentido mais
A filosofia próximo ao de "pertencer a uma época em que o conceito especificado (a verdade) se
tornou sem importância ou irrelevante".
platônica • Além disso, o que pode ter colaborado para o uso crescente dessa palavra foi o contexto
político das eleições presidências dos Estados Unidos em 2016, pois, por causa disso, ela
ganhou espaço na internet através de discussões políticas, contendo comentários que
não necessariamente traziam informações verdadeiras, e que nem por isso deixavam de
ganhar uma propagação e até mesmo um status de verdade.
• 4- Evidenciar a atualidade do pensamento platônico na era das fake news e
pós-verdade.
Os filósofos • Essa imagem estereotipada está sendo contraposta com outra que revaloriza
a contribuição intelectual dos sofistas, sustentando-se que "foram filósofos e
educadores, além de mestres de oratória e retórica, embora esse papel lhes
antigos: Platão seja negado, por exemplo, por Platão", ver também).
• Desse modo, é possível compreender que o pensamento linguístico
A filosofia originado no mundo grego estava sujeito a debates e a tomadas de posição
vinculados à questão da verdade, tendo em vista que, de forma resumida,
platônica para Platão e Aristóteles, haveria uma verdade que prevaleceria aos
consensos e, para os sofistas, o consenso é que prevaleceria sobre a
verdade.
• 4- Evidenciar a atualidade do pensamento platônico na era das fake news e
pós-verdade.
• O sofista Górgias demonstra que a linguagem não diz o mundo exterior a
nós; o que a linguagem diz é tão somente a própria linguagem: "não são pois
os seres que nós revelamos àqueles que nos cercam; nós só lhes revelamos
Plano de aula 3 •
um discurso que é diferente das substâncias".
Nesse sentido, é possível perceber que, para Górgias, aquilo que
(Continuação): entendemos por "real" é apenas o que se manifesta para nós no discurso, de
modo que as coisas ganham existência no uso da linguagem. Portanto, o
Os filósofos pensamento sofístico pode ser associado a um posicionamento que vê a
existência humana como linguisticamente articulada, colocando a linguagem
antigos: Platão
com uma função decisiva nas experiências humanas no mundo.
• Podemos, então, nos questionar sobre o que a linguagem diz, se ela não diz
antigos: Platão
Maria de Jesus fosse espancada até a morte em Guarujá, no litoral de São
Paulo: uma página no Facebook divulgou um retrato falado de uma mulher
suspeita de sequestrar crianças no litoral de São Paulo e várias pessoas
A filosofia pensaram ser a Fabiane. Esse acontecimento, assim como aquelas
mensagens "mais inocentes" que nos chegam por grupos do WhatsApp
• Sugestão de gabarito:
• O objetivo da atividade é oportunizar uma
aproximação com o olhar filosófico
estimulando a pesquisa, o diálogo e a
reflexão. A narrativa incentiva o debate e
destaca a questão moral abordada por
Platão. A narrativa discute a possibilidade de
o ser humano agir corretamente mesmo
quando não é visto.
• No diálogo, Glauco não concorda com o
mestre Sócrates e argumenta que justiça e
virtude não são coisa que desejamos por si
mesmas. Em verdade gostamos de aparentar
que somos virtuosos, sem necessariamente o
sermos. Fazemos o que é certo porque temos
medo da punição. Logo, não haveria que se
falar em pessoa justo ou injusta, todos
agiriam da mesma forma. Será? A ideia é
identificar o que Platão problematizou e
buscar exemplos atuais.