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A Filosofia do Período Clássico

Sumário

A Filosofia do Período Clássico


Objetivos ...................................................................... 03
Introdução..................................................................... 04
1. Filosofia Clássica: Sócrates, Platão, Aristóteles..... 05
1.1 O Apogeu da Filosofia Clássica............................ 05
Referências Bibliográficas............................................... 12
Objetivos
Ao final desta unidade, você deverá apresentar os seguintes
aprendizados:
• Listar as principais contribuições do pensamento de
Sócrates e apontar sua relevância para o desenvolvimento do
conhecimento humano;
• Listar as principais contribuições do pensamento de
Platão e apontar sua relevância para o desenvolvimento do
conhecimento humano;
• Listar as principais contribuições do pensamento de
Aristóteles e apontar sua relevância para o desenvolvimento
do conhecimento humano.

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Introdução
O desenvolvimento cultural e científico teve seu início no século
V a.C., na Grécia Antiga. Além do mais, as cidades-estados e a população
estavam em pleno crescimento e, concomitantemente a estas mudanças,
o sistema político democrático, principalmente em Atenas, terminou
contribuindo para o desenvolvimento do pensamento filosófico.

Sócrates começou a refletir sobre a condição humana, e tudo o que


sabemos dele foi relatado por Platão, seu discípulo, que defendia que os
filósofos teriam o papel de entender o mundo da realidade, separando-os
do mundo das aparências. Já Aristóteles, discípulo de Platão, considerado
o grande sábio da época, além de desenvolver estudos sobre seu mestre
e Sócrates, desenvolveu a lógica dedutiva clássica, a sistematização e os
métodos, a fim de chegar ao conhecimento pretendido partindo dos
conceitos gerais para os conceitos específicos.

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1. Filosofia Clássica: Sócrates, Platão,
Aristóteles
A Filosofia Clássica é responsável pelo surgimento das
ciências, pois foi a partir da sua chegada que o homem começou a
refletir, de forma racional, sobre sua própria existência. Nesse período,
o ser humano começou a cortar o laço com as antigas crenças e
mitologias e, a partir daí, passou a buscar respostas para as grandes
questões da vida humana na Terra. A busca pelo conhecimento passou a
ser, principalmente, por meio da Razão.

1.1 O Apogeu da Filosofia Clássica

Entre os séculos VI e IV a.C., a filosofia grega destacou, dentre


tantos pensadores, três dos principais filósofos:

• Sócrates;
• Platão;
• Aristóteles.

A contribuição de cada um destes pensadores marcou o


desenvolvimento da filosofia até a atualidade.

Sobre Sócrates

Sócrates nasceu entre 470 a.C. e 469 a.C e faleceu em 399


a.C., sem deixar obras escritas, embora tenhamos grande conhecimento
de sua biografia.

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O pensador viveu durante toda a sua existência em Atenas,
participando ativamente de sua vida política e cultural: lutou nas
guerras travadas por sua pólis, presidiu a Assembleia dos cidadãos
em mais de uma ocasião e, em função de suas ideias, granjeou
importantes inimigos, que conseguiram sentenciá-lo à pena capital
– condenado à morte, ingeriu cicuta e, apesar dos apelos de seus
amigos, recusou-se a fugir.

Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos outros


que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância a todo custo, ainda que
defendendo uma opinião não devidamente examinada.

As principais ideias, pensamentos e/ou filosofia de Sócrates


chegaram até os nossos dias graças às obras de outros intelectuais de seu
tempo. Ou seja, sua filosofia ficou consagrada sob a forma de diálogos,
posteriormente redigidos pelo filósofo Platão.

As duas principais ideias de Sócrates, sob nossa perspectiva,


foram:
• A crítica aos sofistas;
• A defesa da democracia e a questão do autoconhecimento.

Ele afirmava que a virtude não poderia ser ensinada a alguém


por uma pessoa, tal como afirmavam os sofistas, pois não era uma
técnica; embora, ao mesmo tempo, o (futuro) cidadão fosse ensinado
pela pólis. Assim, quando

... é preciso deliberar sobre o governo da cidade, todos


se levantam para emitir opinião, carpinteiro, ferreiro,
sapateiro, mercador, armador, rico ou pobre, nobre ou
plebeu, indiferentemente, e ninguém os censura, como aos
precedentes, por darem conselhos, apesar de não terem
estudado em parte alguma, nem terem frequentado a escola
de nenhum mestre, prova evidente de que se não considera a
política susceptível de ser ensinada... Péricles, o pai daqueles
jovens, mandou-os educar admiravelmente no que depende
dos mestres; mas, quanto à sabedoria, não lha ensina, nem
lha manda ensinar pelos outros: deixa-os correr e pastar em

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liberdade, como animais sagrados, para ver se, por si mesmos,
alcançam a virtude [Platão, s.d., p. 29].

Os sofistas, nesse contexto, eram equiparados a charlatães,


“iludindo” pessoas “de boa-fé”.

Sócrates preocupava-se com o autoconhecimento, buscando


atingi-lo por meio de diálogos críticos, utilizando a ironia e a
maiêutica como métodos: em um primeiro momento, formulava
perguntas a seus interlocutores e, lentamente, explicitava-lhes as
contradições de suas respostas – era a fase da ironia ou interrogação;
posteriormente, Sócrates levava seus interlocutores a formular suas
próprias ideias, baseadas nas questões habilmente abordadas por ele –
era a maiêutica ou “arte de trazer à luz”, fase inspirada na atividade de
sua mãe, que era parteira.

Sobre Platão

Platão nasceu em 427 a.C. e morreu em 347 a.C. Discípulo


de Sócrates, foi integrante de uma família aristocrática e atuou
politicamente em Atenas, afastando-se paulatinamente dos debates
travados em sua pólis a partir da morte de Sócrates, quando tornou-se
um dos mais radicais inimigos do regime democrático, ao qual culpava
pela perda de seu mestre.

Com efeito, utilizando o diálogo como método de exposição,


este pensador considerava que apenas os filósofos deviam governar, pois
eles teriam a sabedoria suficiente para não se influenciar – quer pelas
paixões, quer pelas opiniões. A escolha dos governantes aconteceria em
função de hierarquias estabelecidas a partir dos atributos educacionais.

De acordo com Marías (2004, p. 61-62):

A educação, semelhante para homens e mulheres, é


gradual, e é ela que opera a seleção dos cidadãos e
determina a classe a que irão pertencer, segundo suas
aptidões e méritos. Os menos dotados recebem uma
formação elementar e integram a classe produtora; os mais

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aptos prosseguem sua educação, e uma nova seleção separa
os que ficarão entre os vigilantes e os que, depois de uma
preparação superior, ingressam na classe dos filósofos e
terão de carregar, portanto, o peso do governo.

Dessa forma, caberia apenas aos filósofos (intermediários entre


os sábios e os ignorantes, segundo Platão) a condução do governo da
pólis. Tais administradores não precisariam debater com os cidadãos,
mas apenas com outros filósofos – ou seja, com outras pessoas
igualmente preparadas para evitar o contágio da opinião.

No livro VII da República, Platão apresenta o célebre mito (ou


alegoria) da caverna. Pode-se afirmar que, com esse mito, ele pretendia
esclarecer algumas questões sobre a importância da educação dos filósofos,
que, no futuro, viriam a se tornar os governantes da cidade justa.

Segundo Platão, o Estado deveria ser governado por pessoas


justas, ou seja, um governante que saiba distinguir o “bem do mal”,
o “justo do injusto”. Em seu livro República, o pensador defende
que o filósofo é quem deveria governar; mais ainda – como podemos
perceber na Alegoria da Caverna – o filósofo, muitas vezes, não seria
compreendido pelos demais integrantes da sociedade, já que suas ideias
poderiam fazê-lo correr risco de morte.

Basicamente, a Alegoria da Caverna pode ser sintetizada do


seguinte modo:

Um grupo de pessoas vivia acorrentado em uma caverna


escura, vendo apenas as sombras de objetos que eram carregados por
outras pessoas, que estavam livres. Um dia, um dos prisioneiros, à
custa de grande esforço e sofrimento, saiu da caverna e, chegando
do lado de fora, deparou-se com a luz do Sol, que cegou-lhe os
olhos, fazendo com que sua vista doesse. Após algum tempo, ele
pôde enxergar o mundo fora da caverna, ficando extasiado. Decidiu,
então, retornar à escuridão e libertar seus antigos companheiros de
infortúnio. No entanto, chegando ao interior da caverna, passou a ser
ridicularizado e hostilizado pelos prisioneiros.

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Veja um trecho do diálogo abaixo:

“Sócrates: Imaginemos que existam pessoas morando numa


caverna. Pela entrada dessa caverna entra a luz vinda de uma
fogueira situada sobre uma pequena elevação que existe
na frente dela. Os seus habitantes estão lá dentro desde a
infância, algemados por correntes nas pernas e no pescoço,
de modo que não conseguem mover-se nem olhar para
trás, e só podem ver o que ocorre à sua frente. (...) Naquela
situação, você acha que os habitantes da caverna, a respeito
de si mesmos e dos outros, consigam ver outra coisa além das
sombras que o fogo projeta na parede ao fundo da caverna?”
(Platão, 2002, p. 83).

A Alegoria da Caverna faz referência ao contraste real versus


aparência, que marca o pensamento filosófico desde sua origem,
assumido por Platão em sua famosa teoria das Ideias. Além disso,
simboliza o processo de emancipação que o indivíduo é capaz de
promover, libertando-se das sombras da ignorância e dos preconceitos.

A distinção entre mundo inteligível e mundo sensível é uma


característica essencial da filosofia de Platão: o primeiro ocupado
pelas ideias perfeitas; o segundo pelos objetos físicos, que participam
daquelas ideias ou são suas cópias imperfeitas.

No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e contempla


a realidade fora dela, devendo voltar para libertar seus companheiros,
representa o filósofo, que, na concepção platônica, conhecedor do Bem
e da Verdade, é o mais apto a governar a cidade.

A Alegoria da Caverna explicita-nos a teoria do


conhecimento formulada por Platão, pois, logo de início, critica
a dependência dos sentidos, já que eles não ultrapassam a simples
aparência e ficam restritos à opinião. Tal limitação inviabilizaria a
utilização dos sentidos para alcançar o conhecimento, visto que ele
só pode ser alcançado por intermédio da razão, que, gradualmente,
atingiria o mundo das ideias e abandonaria a mera aparência. Neste
processo, o filósofo deveria utilizar-se da dialética, ou seja, ele

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contraporia uma tese e sua negação e, a partir deste choque, obteria o
conhecimento, depurado das opiniões.

No mundo das ideias, o filósofo, segundo Platão, encontraria


o conhecimento e a perfeição eternos e imutáveis. Os sentidos apenas
forneceriam uma parcela daquelas essências existentes, que seriam
imperfeitas e em permanente transformação. Ou seja, os sentidos não
poderiam produzir um conhecimento válido, pois se pautariam pela
instabilidade.

Ao mesmo tempo, Platão prossegue a busca, iniciada por


Parmênides, a respeito do “ser verdadeiro”: ele não está nos objetos,
mas no mundo das ideias, que, segundo Marías (2004, p. 52), “são
unas, imutáveis, eternas”. Desta maneira, o mundo material poderia se
modificar, mas as ideias permaneceriam constantes.

Sobre Aristóteles

Aristóteles, nascido em 384 a.C. e falecido em 321 a.C.,


natural de Estagira, foi preceptor do filho de Felipe (rei da Macedônia).
Seu pupilo se tornaria Alexandre – o grande. Após alguns anos,
transferiu-se para Atenas, de onde teve de retirar-se em função de
seus vínculos com a Macedônia. Ele se tornou um dos principais
formuladores da filosofia grega, instituindo “caminhos” que seriam
trilhados por diferentes pensadores nos séculos vindouros.

Para Aristóteles, o homem se constitui em um “animal


político”, pois em sua natureza está o estabelecimento de relações
sociais e de poder que supõem a política, explicando a vida em
sociedade como um atributo natural da espécie humana. A pólis
resultaria no apogeu da organização humana, superior às demais
formas de vida coletiva então existentes. No mundo social existiria uma
hierarquia, na qual os escravos ocupariam o nível inferior, ocupados
com a manutenção da sobrevivência material do restante da sociedade.
Para Aristóteles, todos os que não fossem gregos (isto é, os “bárbaros”)
deveriam ser escravizados, submetendo-se aos gregos.

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Ao mesmo tempo, Aristóteles estabeleceu a metafísica,
designada por ele como “ciência primeira” ou, ainda, a “ciência do ser”,
a qual tem como um de seus objetos de estudo Deus. Conforme nos
afirma Marías (2004, p. 71), “Deus é em Aristóteles aquele conjunto de
condições metafísicas que fazem com que um ente o seja plenamente. A
ciência do ente enquanto tal e a de Deus, que é o ente por excelência, são
uma e a mesma”. Em função disto, a obra de Aristóteles foi retomada
durante a Idade Média.

De modo similar a Platão, Aristóteles também debateu a


questão da mudança, tal como formulada por Parmênides, entendendo,
porém, que o movimento acontece “sempre no âmbito do ser uno e
múltiplo” (Marías, 2004, p. 79).

Ao contrário de Platão, Aristóteles não negou a importância


dos sentidos na construção do conhecimento, tampouco estabeleceu
um universo distinto no qual existiriam as ideias. Assim, o filósofo de
Estagira concedia um papel relevante aos sentidos e à experimentação,
visto que ele defendia que as ideias são construções humanas, forjadas
pela relação entre os sentidos e a razão.

É importante frisar, ainda, que Aristóteles preocupava-se em


compreender o mundo real, esforçando-se, inclusive, em estabelecer
classificações e tipologias que melhor lhe permitissem analisar a realidade.

Nessa perspectiva, o período socrático ou antropológico teve


o seu berço na Grécia Antiga, nos séculos V e IV antes de Cristo,
quando a democracia se desenvolvia, a vida intelectual e artística entrava
no apogeu e Atenas dominava a Grécia com seu império comercial
e militar. Este período foi de grande desenvolvimento intelectual,
cultural e científico, e todas estas transformações possibilitaram o
desenvolvimento do pensamento crítico.

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Referências Bibliográficas
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação. São Paulo:
Moderna, 1996.

CASTORIADIS, Cornelius. As Encruzilhadas do Labirinto. V. 2: Os


domínios do homem. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia. V. 1: dos pré-


-socráticos a Aristóteles. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MARÍAS, Julián. História da filosofia. São Paulo: Martins Fontes,


2004.

JAEGER, Werner. Paideia: a formação do homem grego. 3 ed. São


Paulo: Martins Fontes, 1994.

PLATÃO. A República. São Paulo: Scipione, 2002.

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