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O que é terrível na escrita é sua semelhança com a pintura. As produções da pintura apresentam-
se como seres vivos, mas se lhes perguntarmos algo, mantêm o mais solene silêncio. O mesmo
ocorre com os escritos: poderíamos imaginar que falam como se pensassem, mas se os
interrogarmos sobre o que dizem (...) dão a entender somente uma coisa, sempre a mesma (...) E
quando são maltratados e insultados, injustamente, têm sempre a necessidade do auxílio de seu
autor porque são incapazes de se defenderem, de assistirem a si mesmos. (Platão, Fedro ou Da
beleza.)
Nesse fragmento, Platão compara o texto escrito com a pintura, contrapondo-os à sua concepção
de filosofia. O que permite concluir, com apoio do fragmento apresentado, uma das principais
características do platonismo, que é a forma de exposição da filosofia platônica é o diálogo, e o
conhecimento funda-se no rigor interno das argumentações, produzido e comprovado pela
confrontação dos discursos.
No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que
o conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a realidade inteligível por
meio do método dialético.
A obra Apologia de Sócrates, de Platão, descreve a defesa de seu mestre perante as acusações
de não aceitação dos deuses reconhecidos pelo Estado, de introduzir novos cultos e de corromper a
juventude. Considerando a proposta geral da obra, podemos dizer que Sócrates assumiu a
responsabilidade dos atos aludidos pelos denunciantes, mas repudiou a atitude destes por não
valorizarem a liberdade de pensamento em busca da verdade. Em sua autodefesa, procurou
recordar quem ele era, ou seja, realizou uma revisão sobre a questão “quem é Sócrates”.
Considerou inaceitável um homem livre valer-se de sofisticada retórica ou de apelos emocionais
para obter sua absolvição. Recomendou sua condenação à morte, uma vez que considerava mais
digno uma morte na verdade que uma vida na mentira.
Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se
desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem
honesto pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com
base em razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002.
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é
ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à
compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente.
O trecho abaixo, que se encontra na Apologia de Sócrates de Platão e traz algumas das
concepções
filosóficas defendidas pelo seu mestre.
Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo que se supor sábio quem não o é, porque é supor
que sabe o que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte, nem se, porventura, será para o homem o
maior dos bens; todos a temem, como se soubessem ser ela o maior dos males. A ignorância mais
condenável não é essa de supor saber o que não se sabe?
Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In. HADOT, P. O que é a Filosofia Antiga? São Paulo: Ed.
Loyola, 1999, p. 61.
Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates, vemos que Sócrates prefere a morte a ter
que renunciar a sua missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a verdade, para além da mera
aparência do saber. Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se, fazendo-o tomar consciência
das contradições que traz consigo. Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que, colocado diante
da própria ignorância, admite que nada sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe, define o
sábio, segundo a concepção socrática.
Pensemos num cavalo diante de nós. Então perguntemos: o que é isso? Platão diria: “Esse animal
não possui nenhuma existência verdadeira, mas apenas uma aparente, um constante vir-a-ser.
Verdadeiramente é apenas a Ideia, que se estampa naquele cavalo, que não depende de nada,
nunca veio-a-ser, sempre da mesma maneira. Enquanto reconhecemos nesse cavalo sua Ideia, é
por completo indiferente se temos aqui diante de nós esse cavalo ou seu ancestral. Unicamente a
Ideia do cavalo possui ser verdadeiro e é objeto do conhecimento real”. Agora, deixemos Kant falar:
“Esse cavalo é um fenômeno no tempo, no espaço e na causalidade, que são as condições a priori
completas da experiência possível, presentes em nossa faculdade de conhecimento, não
determinações da coisa-em-si. Para saber o que ele pode ser em si, seria preciso outro modo de
conhecimento além daquele que unicamente nos é possível pelos sentidos e pelo entendimento.”
(Arthur Schopenhauer. “Sobre as ideias”. Metafísica do belo, 2003. Adaptado.)
Schopenhauer compara as filosofias platônicas e kantianas, fazendo-as responder a uma mesma
questão. Na perspectiva platônica, o cavalo presente “diante de nós” é uma sombra da ideia do
cavalo.
Estamos, pois, de acordo quando, ao ver algum objeto, dizemos: "Este objeto que estou vendo
agora tem tendência para assemelhar-se a um outro ser, mas, por ter defeitos, não consegue ser tal
como o ser em questão, e lhe é, pelo contrário, inferior". Assim, para podermos fazer estas
reflexões, é necessário que antes tenhamos tido ocasião de conhecer esse ser de que se aproxima
o dito objeto, ainda que imperfeitamente. (PLATÃO)
Na epistemologia platônica, conhecer um determinado objeto implica fazer correspondência entre o
objeto observado e seu ser.
Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de
realidade: a sensível e a inteligível. O conhecimento sensível ocupa-se dos objetos sensíveis que
são para Platão imagens das ideias; o conhecimento inteligível volta-se para os modelos dos objetos
sensíveis, ou seja, as ideias. Essa máxima de Platão é explicada pela alegoria da caverna.
Suponha homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, cuja entrada, aberta à luz, se
estende sobre todo o comprimento da fachada; eles estão lá desde a infância, as pernas e o
pescoço presos por correntes, de tal sorte que não podem trocar de lugar e só podem olhar para
frente, pois os grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma fogueira acesa ao longe, numa
elevada do terreno, brilha por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros, há um caminho
ascendente; ao longo do caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos tapumes que os
manipuladores de marionetes armam entre eles e o público e sobre os quais exibem seus prestígios.
PLATÃO.
Essa narrativa de Platão é uma importante manifestação cultural do pensamento grego antigo, cuja
ideia central, do ponto de vista filosófico, evidencia a teoria do conhecimento, expondo a passagem
do mundo ilusório para o mundo das ideias.
Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates ficou famoso por interpelar os transeuntes e fazer perguntas
aos que se achavam conhecedores de determinado assunto. Mas durante o diálogo, Sócrates
colocava o interlocutor em situação delicada, levando-o a reconhecer sua própria ignorância. Em
virtude de sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à morte sob a acusação de corromper a
juventude, desobedecer às leis da cidade e desrespeitar certos valores religiosos. Considerando
essas informações sobre a vida de Sócrates, assim como a forma pela qual seu pensamento foi
transmitido, pode-se afirmar que sua filosofia ficou consagrada sob a forma de diálogos,
posteriormente redigidos pelo filósofo Platão.
Um dos textos mais consagrados da história da filosofia é a alegoria da caverna, escrito por
Platão. Sobre esse texto, pode-se afirmar que se trata de um texto que apresenta dimensões
pedagógicas, filosóficas e políticas.
Platão, filósofo grego (428-347 a.C.), tem como base de sua teoria a distinção entre o mundo
sensível e o mundo inteligível. Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, uma
característica ou aspecto de cada um desses mundos, que são a opinião e ciência.
Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se
desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem
honesto pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com
base em razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002.
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é
ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à
compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente.
A filosofia antiga grega e greco-romana tem uma história mais que milenar. Partindo do século VI
a.C., chega até o ano de 529 d.C., ano em que o imperador Justiniano mandou fechar as escolas
pagãs e dispersar os seus seguidores. Nesse arco de tempo, podemos distinguir o momento das
grandes sínteses de Platão e Aristóteles. (REALE, Giovanni. História da Filosofia: Antiguidade e
Idade
Média. São Paulo: Paulinas, 1990, p. 25-26).
O autor na citação acima sinaliza a significância do período sistemático da filosofia antiga. No que
tange à filosofia de Platão, ele propõe a existência das “essências ou formas ‟, que estão presentes
no mundo das ideias e são modelos eternos das coisas sensíveis.