fTl oda e qualquer praduçâ* humana - urna cadeira, uma religião um computador,
Por trás dequalquer I uma obra de arte, uma teoria científica -. tem por trás de sÍ a contribuiçâo de
produção material I inúmeros seres humanos, que, num ternpo antàrior ao presente, fizeram inda-
ou espirituaf existe
gaçÕes, realiz-aram descobertas, inventaram técnicas e desenvolveram ideias, isto e, por
história"
trás de qualquer produção material ou espiritual, existe história.
PsrcorosrA TA
O nlturuos pstcoLóçrco
§ü IMPÉRto fiCIM*No E NA lp*DE Msprn
Íl
. {l \
.dffi.
rdf
Mapa do lmpério
Romano na ldade
Média.
,l
A oRI6EM un PslçsL06rA c[NTírr{A
A imagem rerau ü
modode produção
fe*dat"Warkingin the
felds, em Sreviarum
ürirrtant-
sua tese evolucionista. ,4. ciência avança ta*to que §e para a visáo de mundo para produzir
mercadorias e
inundo. Â partir dessa epoca, a noção de verdade a contar com
necessidades.
o avalda ciência. Â própria Filosofia adapta-se aos c$lTt o surgimento dcr
Positivismo de Âugusto Comte, que pcsfulava a r§or científíco na
construção dos conhecirnentos nas ciências propunhao metodo
da ciência natural, a Fisica, ccmo modelo de
Em rneados do sécuiq: XlX, os prablemas e até então estudados
exclusivamente pelos filasofos, passam a ser pela Fisiologia e pela
Neurofisiologia em particular. Os avanços que essa área levararn à
formulaçãa de teorias sobre ç sistema ÍIervüso central, demonstrando que o pensamen-
to, as percepçoes e o.s sentimentas humanos eram produtos desse sistema.
38 lpsrcorocrns
à É preciso lembrar que esse rnundo capitalista trouxe consigo a máquina. Áh! má-
; winat Que criaçâo fântástica!E foi tao íântástica que passou
a determinar a Íbrma de ver
mundl como uma máquinr; o *unào io** um relógio.
3
:::d:'-!a ser pensâd11mo uma máquina,
Ê passou Todo o universo
isto é, podemos cernhecer o seu funciona-
$ mento' a sua regularidade, o que ncls plssibilita
- cÍe pensar atingiu também ai ciências
o ccrnhecirnento de suas leis. Essa forma
humanas. ru.n o psiquismo humano
passa a ser necessário compreender
os rnecanismos e *"onh*cer
funcionam*nto a, maquina de
pensar do ser humano seu cerebrc.
- Âssim, a Psiceilogia comeÇâ a trilhar os
- caminhos
da Fisiologia, da Neuroanatomia e da
Neurofisiologia.
Âlgurnas descobertas são extrema*.nt relevantes
pâra a psicologia. por exemplo, por
volta de 1846' a Neurologia de.Tcbre que
a dcença *.nLi é fruto da açâo
direta ou indireta
de diversos fatores sohre as células cerebrais.
A rreurnfisiologia procura
clecifrar a máqr:rna de  Neuroanatomia descobre que a atividade
pensar do ser hunurro.
motora nem sempre está Iigada à consci-
ência' por não estar necessariamente na
dependência dos.*.,t o, cerebrais superiores.
Por exempl*, quando arguem encclstâ
a mao em ,*u .úpu iuente, primeiro afasta_a
chapa para depois perceber que se queimou. da
Esse fenô**no chama-se reflexo, e
Io que chega à medula espirihal, anies o estírnu-
de chegar aos centros cerebrais superiores,
uma ordem para â t'esposta, que é aíâstara recebe
mão.
o caminho natural que cls fisiologistas da epoca seguiam, quando
passâvam â se inte-
ressar pelo fenômeno psicológico enquantu
*rtud*.iãniin.", a psicofisica. Estuda-
va-rn' pôr exemplo, a fisiologia do
comc fenômeno da Fisica, e a percepÇão,
olho e a percepção das ,rr. "raÂs cores eram esfudadas
como'ferô;;;;à; psicorcgia.
Porvolta de 186{J,temos a formulação de uma
importante lei no campo da psicofísica.
É a L-ei de Fechner-webel; que estabele..l
entre estimulo e sensação, permitindo
â §ua rnensuração. segundo Fechner rytar*o
e weber,'a air*r*rrç, q* sentimos ao âumentar
intensidade de iluminaçãc de uma lânpada â
de 100 para 110 watts será a rnesma senti-
da quando aumentâmos a intensidade àe
iluminaçãá d" tOm para 1 1ü) watts, isto
percepção aumenta em progressão aritmética, é, a
ençanto o estímulo varia em
geométrica. [Ç*a*
Essa Iei teve muita importância na histôria da Psicologia porque
instaurou a possibilida-
de de medida do fenômeno psicológico, que
o até então era considerado impossível.
Dessa
formâ, os fenômenos psicológicos vào
adquirindo status de científicos, por-
que, pffa a concepção de ciência da
época, o que não era mensurável não
era passível de estudo científico.
Outra contribuição muito impor_
tante nesses primórdios da psicolo-
gia científica é a de Wilhelm Wundt
(iS32- 1926). Wundt cria na Univer_
sidade de Leipzig, na Álemanha, o
primeiro laboratóric para realizar
experimentos na área de psicofisio_
logia" Por esse fato e por suâ extensa
produção teórica na área, ele é con_
Na Universidade de Leipz(
{Alemanha! Wundr dremonsrrou que às reaçÕes do corpo siderado o pai da psicologia moder-
correspondenr lenômenos mentais.
ftâ 0u cientifica-
t'
A rxpEntÊNctA DA su'urnvtn*D§
Nem sempre e nem tçdas os grupos scciais sentern e pensam a suâ existéncia da mesmâ
maneira.
seobservarrnoscom cuidado as construções
do periodo êudal e mesmodo inícioda
Renascimento, verificamos que a vida
privaàa,não ,*rr- rrg* de importância
hoie- os quartos não erarn em espaço que tem
reyrvadl " para chegar a
de-música, atravessava-se aposentos {*.o.*irü*u.
de dormi* Hop.nous"rlorrut*çoes
uma sara
privada {quartos, banheiroi da área sepâram a área
sccial {sala e d";b"i. o;"mânce e o drama
no século xvIII e vão valorizando s'rgem
a experiência pessoar. surgem
as biografias.
Esse movimento está íundamentado
nas necessidades e no desenvolvimento
forrnas de produção capitalista que das
se desenvolvem ocupando o lugar
medievais' os humanos passam a ser das formas
tomados cada và mais como indivíduos,
isolados e livres- o capitarismc impôs
sua forma de pensar cada humano
consumidor e produtor individual, Iivre como
para vender sua força de trabalho. passam
a ser vistos corno sujeitos, ativos,
.*prrà, de escolher a trajetória de sua vida, de
construir uma identidade para si e dã viver,
pensar e sentir sua experiência como
subjetividade individualizada"
Hoje, isso tudo pode nos parecer óbvio,
pois nos sentimos e nos pensamos assim:
somos um só e não nos confundimos
com ninguém. sabemos de nossas vidas
mos rnuit'bern quem somo§: um e sabe,
sujeita únicá- Mas estamos aqui afirmando,
panhados pelos estudos de Figueireá" acom_
subjetivaç*o ÍSW-Íg{N.Sao paJo, Escuta,
{! t!:rr* a*-**r*ç, _ quatro securos dc
Z00Z FIGUEIREDO, L C. M.eSANTI, p
Pstcobgia - urna {Nova} intrcdugio.sao p.aurg: L. R.
rau., zúã1, qu* ,r** sempre foi assim.
E' maís ainda, que hoje emalgum lugar
do pr*""t* não se sentir assim. Á
presença, o sentimento e a ideia de "rg"éí'Ão*
eu é algo da *oaãrria"aE
No tempo medieval a verdade era uma só. A inÍluência da tgreja Católica, na Europa,
era forte e autoritária o suficiente para que os humanos nâo tivessem dúvidas sobre cr
que deveriam pensar e como deveriam agir e sentir. Quem pensou diferente morreu
queimadcl ou enforcado! O Sol girava em torno da Terra, que era o centro do Universo.
Os humanos nasceriln de Adão e Eva. Â hierarquia social também era Íixa: servos, no-
bres e clero. Quem nascia etrl um desses estratos, nele rnorreria. Corpo era inviolável
e
não se pensaya em explorar a nafureza ern busca de recursos materiais.
O eapitalismo colocou esse mundo medieval em movirnento. Questionou, até para
poder se impor como forma dominante de prcdução da vida, a hierarquia social fixa,
incentivando as pessoas a trabalharem e se esforçarem para mudar de lugár social. Estava
garantida a mobilidade social (pelo menos prornetida!). As verdades naã eram somente
as da lg§a Católica; havia agora novos pensamentos religiosos e logo a burguesia in-
ventaria a ciência parg dizer verdades que fragilizâssem a verdade católica. O corpo e a
Dcsacraliados nafureza podiam ser explorados, pois estavam dessa€ralizador. Os órgãos das sentidos
Queperderamo ganhararn destaque comô forma de captar o mundo. Â produção se diversi{icou e mui-
caráter sagrado.
tas coisas comeÇaram a surgir como mercadorias. Ideias, mercadorias, lugares sociais,
verdades-.. tudo se rnultiplicou e o homem passou a ter de escolher. Nesse processo,
a
ideia e a vivência daiubletividade foram se fortalecendo.
"Tbdç * mçuimento de duvidor íraz a eaidência fu que" ao m{nss e*qurrítío uin ser
existent E mesma se mril próprio corpo existe. R euidêrcia prítxeira é a de um 'eu' e ele será
apartir de agora o {*ndammta de tadoo conftecimento."
FIGLiE'IRID0, L' C. l\'1" e SÀNTI,P. L.R. Psicotogia - tutla (nova) introtluçãa- Sào Paulo: Edue .2{X}8. i;
Vocês devem estar reconhecendo, não? Âí estavam as ideias de l)escarres, que pede
ser tomado colno inauguradcr da rnodernidade. "Penso, Ioga existoi' Mas vejam que
in-
teressante, nas ideias de Descartes estão presentes: a valorização da razão (racionalismo
como característica da modernidade); a ideia do ser singular que tem a experiência da
razáo (individuaiismo); e a ideia de que a representaçáo do mundo e algo interno ao in_
divíduo (experiência subjetiva).
T'udo ia bem, mas essa experiência subjetiva entra em crise. O sujeito que cqnhe-
ce pode não conhecer tudo. o que podemos conhecer? o que consigo p"nio, e o que
consigo ser com isso? O destina humano estava agorâ nas rnaos dos púprios hupanos.
Cada um buscando garantir sua verdade não poderia deixar de produzir cçn{iitos. A
prome§sa e a crenÇa da liberdade pârâ pensar o que quiser também não se realizaram
dessa maneira, e os humanos, sócios em um conjunto social, comeÇarem a produzir
ÍLrrmas de pressão e controle para garantir a manutenção e a continuidade da sgciedacle.
Essa situação social faú com que a subjetividade entre em crise.
Âssim, os irumanos passâvam a ter necessidade de construir uma ciência que estu-
dasse e prodtlzisse visibilidade para a experiência subjetiva. Surge assirn a psicoiogia.
A Psicologia e preiduto das dúvidas do homem moderno, esse humano que se valo-
rizou enquanto indivÍduo e que se constituiu como suieito capaz de se responsabilizar
e
escolher seu destino.
A Filosofia que af então ünha algo a dizer sobre essas experiências e a Fisioiogia que
pcdia estudar cientificamente as sensaçoes, fonte da subjetividade humana, ,* .ãún**
como pensamentos para fundar, no Íinal do século xIX, a psicologia.
\,
VorrnruDo n WuNDT
() berçu da Psicologia cienií{lca Íbi a Alernanha do final do seculo XIX. W'undt,
\X,bber e Fecirner trahralharanr juntos na L.lniversidade de Leipzig. Seguiram para a Ale-
tlanha tluitos r:studiosos clessa nova ciência, como o ingies Edward I1. Titchener e o
arnericirlro \X'illiam Jamrs.
Silu sÍr.r/rt.s de ciencia e obtido à iledicla que se "liberta"'da FilosoÍia, que marcou sua
histriliir atc ac1ui, e atrai nüvos estucliersos e pesquisadores, que, sob os nov()s paclreies de
ptrrdlrçltri dt: r ilrrlrt,cirncrrlrl, l)assant a:
. deflnir ser-r objeto de estudo (c comportâmento, a vida psíquica, a consciência);
O "euN(toNALtsMo
C) Funcionalismo é considerado conxr a primeira sistemâtização genuinamente "O que fazem os
aillelricana de conirecimentos em Psicologia. Uma sociedade qüe exigia o pragmatismo homens"e"por que o
íazem"?
parâ sell clestlnvoivitnento econÔmico acaba por exigir dos eientistas americanos o rles-
ttro espirito. i)esse modo, para a escola funcionaiista de'W. |ames, importa responder'b
que lirzen"l os homens" e "por que o fazem'i Para responder a isso, ]ames elege a consciên-
cia como o centro cte snas preocupaçoes e busca â compreen§ãcl de seu funcionâmento,
na meclida em que o hrimem a usa para adaptar-se ao meio.
O ssrnuruRÂ LtsMü
O Estruturalismo está preocupado com â compreensáo do mesrno fenômeno que
o Funcionalismo: a consciência. fuías, cliÍêrentemente de W. ]ames, Titchener irá estu-
clá-la em seus aspectos estrutr-rrais, isto ó, os estadcs elementares da consciência como ..- os estados
estruturas do sistenlir neryoso central. Essa escola Í'<li inaugurada por Wundt, mas f'oi elementares da
consciência como
Jltchener, ser: seguidt)r, euem usou ü termo estruturalismo peia primeira yez, no sentido
estíuturas do sistema
ctre diÍlrenciá-la cto Funcionalismo. O método de observaçào de Titchener, assirn como nervoso central.
o de Wundt, é o introspeccionismo, e os conhecimentos psicológicos produzidos são
r:ntinentemente experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório.
42 ] rsrcolocras
O n§socrnctoNrsMo
() principal rcpresentante do Associacionismo
e Eclward L. T'hornclike, i,rportante
por ter sido o formulaclor de uma prinreira
[eoria de aprencliz.]gem na pri.rrjs,*.
prcdução de conhecimentos pautauu-r*
po, uma visão de utilidade desse conhecime*ro,
s*
rnuit. mais do que por questÕes filosaficas qu*
p*rpurrrm a t r;cnlugiu.
o ternro associacionismo origina-se.da colcepçág de
que a aprendizaqem se ciá por
um proce§iso de associação de ideias das
-
apreneler um conteúdo compiexo, â pessüâ
mais simpies às rnais comple"ras. Assinr,
para
precisaria primeiro aprender as ideias r.nais
simples, que estariam associadas aqulie
conteúclo.
Todo comportamento
I'hornclike fôrrnulou a t.eirÇo Efeito que
de um organismo seria de grande utilidacle para a psicologia
comportame*talista. De ucoid,, com essa
vivo (de um homern, rei, todo ;;;;;"*ent. de .lm organismr;
pombo, rato) tende vivo (um homem, urn pomb*, unl rato
etc.) tende o r. .Jp",,, se nós Íecr)mpensarmos
a se repetir, se nó5 (efbito) , organism. assim que
ele emitir o comportâmento. por
recompenSarmos outro lado, t, c*mporta-
(efeito) o organismo mento tenderá a nào. acontecer, se o organismoior
castigJc-(eÍêito) após a sua ocorrên-
assim que ele ernitir o cia' E' pela Lei do Eít'ito, o organismo
irãassociar essas situaçÕes coÍr' outras
comportamento. Por exempkr' se ao apertarmos um semelhantes.
dos botoes do rádio f<irmos "premraclos,'com
em outras oyrrtu*iãades apertaremos inúsica,
o mesmo b;;;;,;;;;;'como senerariz_arcmos essâ
aprendizage'n para <;utrcs aparerhos,
como gr^r^d;r;;,;kyr:i:i digitais etc.
existem leis na realidade que pÕdem ser conhecidas), pela concepÇâo dialética (a ccntra-
diçao e sua constante superação sâer a base do movimento de transformação constante
da realidade) e pela concepção historica (o mundo se constrói em seu rnovimento e que
podemos conhecê-lo estudando-o exatamente em seu processo de transformaÇão), o ülé-
todo se contrapunha ao positivismo e ao empiricismo e inaugurava novas possibilidades
de compreerrsão da subietividade. A subjetividade que so pode ser compreendida como
movimento constante do ser humano em sua relaçfur ccrn o mundo material e social.
Com essas possibilidades dadas pela história da sociedade e do ser humano moderno
e que a Psicologia vai se desenvolver,'construindo teorias que, quando baseadas no pensa-
mento dicotÔmico, vão escolher este ou aquele aspecto, ou seia, vamos encontrar teorias
que vâo privilegiar a obietividade hurnana (aquilo que no ser humann e empírico e pode
ser obietivamenteconhecido) ou a subietividade humana (entendendo que sáo experiên-
cias e dinâmicas internas ao ser humano que devem ser conhecidas pela Psicologia ou, até
mesmo, que o mundo deve ser lido a pariir da percepção que o homem tem deL).
Outras teorias vào conviver com essas e váo procurar estudar o ser humano na suâ
relaçâo permaneÍlte e constitutiva com o munda. Objetividade e subletit,idade váo apare-
ceq então, nessas teorias como diferentes âmbitos de um mesmo prücesso de transfor-
-
mação der mundo peios humancrs, em que eles se transformâm âo transf,ormar o mundo.
São cliversas as psicologias, mas, sem dúvida, todas elas se unificam cômo firnnas de
dar r,'isibilidade a unra experiência subjetiva. É a dimensão subietiva da realidade o objeto
que unifica as diversas tecrias no campô da Psicologia.