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31/07/2019 O Brasil e o Universo: O animismo fetichista de nossos desarmamentistas

mais radeon2.rp2@gmail.com Painel Sair

O Brasil e o Universo
Crônicas sobre a surrealidade política e cultural brasileira.

q u a r t a - f e i r a , 2 0 d e a b r i l d e 2 0 11 Quem sou eu

Flávio Gordon
O animismo fetichista de nossos desarmamentistas Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Doutor em Antropologia
Em antropologia social, o termo animismo (do
Social (UFRJ), baixista
latim anima, "alma", "v ida") - cunhado no século
amador, carioca, rubro-
XIX por Sir Edward Ty lor no liv ro Primitive Culture negro, 38 anos, casado.
(1 87 1 ) - qualifica a crença, comum a muitos pov os
Visualizar meu perfil completo
'primitiv os', segundo a qual a posse de uma 'alma'
não se restringe à espécie humana, observ ando-se
também em animais, plantas, rochas, árv ores, Arquivo do blog
rios, fenômenos metereológicos e até mesmo em
artefatos manufaturados. Em outras palav ras, o ► 2015 (3)

animismo é a crença de que a condição humana ► 2014 (9)



(subjetiv idade, intencionalidade, inteligência, ► 2013 (8)

razão, desejo etc.) não é ex clusiv idade da espécie humana.
► 2012 (5)

Desde Ty lor, e ao longo de muito tempo, o animismo foi considerado uma forma arcaica ▼ 2011 (14)

ou primitiv a de religião. Dentro do paradigma ev olucionista dominante na v irada do ► Agosto (1)

século XIX para o XX, acreditav a-se que ele seria uma característica de culturas ► M aio (2)

'atrasadas' (nativ os das Américas, aborígenas australianos, tribos africanas etc.). Nesse
▼ Abril (5)

contex to, o médico e antropólogo Nina Rodrigues escrev eu O Animismo Fetichista dos
O animismo fetichista de nossos
Negros Baianos (1 900), a primeira monografia significativ a sobre as religiões afro- desarmamentistas
brasileiras.
Ricardo Noblat: um caso típico da
doença espiritua...
Adepto do darwinismo social e do racismo científico comuns à elite intelectual de sua
In M emoriam
época, Nina Rodrigues apontav a a crença em fetiches (objetos supostamente dotados de
poderes mágicos e sobrenaturais), característica das religiões afro-brasileiras, como um A última tentação de Bianca: o PL 122-
entrav e à cristianização e à adesão ao pensamento científico. O animismo fetichista era, 06 e o total...
para Nina Rodrigues, uma das causas do atraso nacional, pois, segundo ele, tal crença A última tentação de Bianca: o PL 122-
não se restringia aos negros baianos, estando presente em v astas parcelas da sociedade 06 e o total...
brasileira.
► M arço (1)

Depois de um período de certo esquecimento, na década de 1 990 o conceito de ► Fevereiro (5)


animismo v oltou à moda na antropologia, em especial na sub-área de estudos sobre as


► 2010 (8)

culturas ameríndias sul-americanas (sub-área conhecida na França como "americanismo
tropical", e no Brasil como "etnologia indígena").
Marc adores
O antropólogo francês Philippe Descola, em especial, sugeriu ser o animismo um traço
rené girard
marcante entre os pov os caçadores-coletores da América do Sul. Segundo Descola, o
animismo é uma v isão-de-mundo que "confere disposições humanas e atributos sociais
aos seres naturais". Já bem distante do paradigma ev olucionista à la Ty lor e Nina Denunciar abuso
Rodrigues, o animismo em Descola não é mais índice de atraso ev olutiv o, mas uma
característica cultural dos ameríndios sul-americanos.
O Brasil e o Universo
Lamento o fato de que Edward Ty lor, Nina Rodrigues e Philippe Descola não tenham tido
Flavio Gordon
a chance de conhecer os desarmamentistas brasileiros contemporâneos. Neste caso,
sim, eles estariam diante de animistas de v erdade, podendo decidir, com propriedade,
tratar-se o animismo de atraso mental ou característica cultural. No caso específico, Criar seu atalho
creio que as duas alternativ as não se ex cluem.

O fetiche mais significativ o da religião desarmamentista é, ev identemente, a arma de Total de visualizaç ões de página
fogo, a quem os seus fiéis atribuem poderes mágicos e intencionalidade. Para os
desarmamentistas, o problema do alarmantes índices de homicídios no país (que v ariam
numa média de 40 a 50 mil por ano) será resolv ido quando as armas legais e registradas
- compradas por cidadãos de bem para sua proteção, e mantidas em casa para serem 2 1 0 7 8 4
usadas apenas em casos ex tremos - forem apreendidas e proibidas.
Minha lista de blogs
Os desarmamentistas parecem acreditar que a mera ex istência das armas é uma ameaça,
independentemente de quem a esteja portando e para qual finalidade. É como se as Amurtah
armas fossem sair sozinhas das gav etas e dos cofres e - pá! pá! pá! (cito o ex celentíssimo Arte greco-budista XXI
senador e pândego Eduardo Suplicy ) - começar a matar pessoas. O fato de que seja Há 2 meses

possív el cometer um homicídio com qualquer instrumento - até mesmo (haja Augusto Nunes | VEJA.com
criativ idade!) com a v agina, como se noticiou recentemente (ler aqui) - não basta para #SanatórioGeral: Neurônio abandonado

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conv encer os desarmamentistas de que o problema talv ez não seja com as armas, mas Há uma hora
com os assassinos.
Bios Theoretikos
"Impressão: nascer do sol", de Claude
A lógica (lógica?) do argumento desarmamentista é a seguinte: as armas em circulação Monet
nas mãos dos criminosos costumam ser roubadas de pessoas que as adquiriram Há 7 anos

legalmente. Sendo assim, é preciso proibir o comércio legal para impedir que elas sejam Blog do Angueth
usadas pela criminalidade. São José, rogai por nós!
Há 4 meses
Não é um raciocínio (raciocínio?) magnífico? Não, não é. Em primeiro lugar, ele
Blog do Pim
desconsidera o fato - reconhecido há tempos pelo traficante Fernandinho Beira-Mar - de O Blog do Pim agora está na VEJA.
que uma grande parte das armas do crime organizado, que por sua v ez é responsáv el Acompanhe lá, todos os dias!
pela maioria dos homicídios no país, é contrabandeada do ex terior. Só as FARC - que, Há 5 anos
atenção!, nosso gov erno desarmamentista insiste em não qualificar de grupo terrorista,
Cenas de Paris
e com quem mantev e relações políticas durante muitos anos no âmbito das reuniões do Mais sobre a exposição Jacques Tati
Foro de São Paulo - v endem uma grande quantidades de armas de fabricação estrangeira Há 10 anos
para quadrilhas como o CV e o PCC. Isso para não falar de outras fontes de armas
Cesar Gordon
contrabandeadas, ativ idade cada v ez mais fácil, agora que o gov erno reduziu v erbas e o
A floresta por quem vê o invisível
contingente de policiais federais a v igiar nossas fronteiras (v er aqui). Ignorar esse fato já Há 11 anos
mostra as más intenções do desarmamentismo oficial.
Ciência Brasil
Professores de matemática de
Mas, imaginando v erdadeira a hipótese de que o grosso das armas utilizadas pelos
Ugandópolis (Brasil) fazem com que as
criminosos seja de origem legal, isso lá seria razão para penalizar aqueles que as crianças odeiem contas. Resultado: é um
compraram legalmente, enfrentando toda a rigidez e demora do processo licenciatório? desastre o que o povo sabe de
matemática.
Há 3 anos

Não é no momento legal de sua trajetória que as armas contribuem para o elev ado Construindo o pensamento
índice nacional de homicídios, mas apenas quando, após terem sido roubadas, elas
passam ao seu momento ilegal. Sendo assim, as alegações dos desarmamentistas são Contra Impugnantes
Compra do livro "COSMOGONIA DA
furadas, por uma série de motiv os. DESORDEM"
Há um ano
Em primeiro lugar, impedir que os cidadãos de bem tenham armas com o argumento de
Diogo Mainardi - VEJA.com
que, afinal, elas podem ser roubadas e utilizadas por criminosos é simplesmente um
atestado de incompetência por parte do gov erno, que está admitindo, assim, ser incapaz Diplomatizzando
de proteger o cidadão contra o roubo de sua propriedade (armas inclusas). Diante dessa Julho: mês de férias, mês de leituras:
admissão de inépcia, o contribuinte brasileiro bem faria em garantir sua própria PRAlmeida em Academia.edu
Há 16 horas
proteção!
Escrevo, sim!
Em segundo lugar, a tentativ a de responsabilizar a v ítima do roubo só não é tão O Grande Buda!
escandalosa quanto o fato de que os desarmamentistas do gov erno, eles próprios, Há 8 anos

continuarão protegidos por seguranças armados até os dentes, quando não por suas Eu gosto de Agatha Christie
próprias armas (v er, por ex emplo, o caso de Tarso Genro, um desarmamentista Há 6 anos
espertinho que, ele mesmo, tem posse de arma e duas armas de fogo guardadas em
casa). Frases do Calvin
Calvin & Haroldo & Star Wars - Uma
Homenagem Estrelar!
Há 3 anos
De um lado, o gov erno permite que o crime organizado atue à v ontade - ou alguém ainda
lev a a sério a política do "espanador" das UPPs? - e, de outro, continuará tendo direito à Fusca Brasil
Golpe no Recesso
proteção armada. Ou seja, a solução gov ernamental para diminuir os homicídios no país Há 5 dias
é desarmar unilateralmente as únicas pessoas que não têm culpa de nada: os cidadãos
que compram armas de forma legal. Se depender do ministro do STF Luiz Fux , então, Necromanteion
Marsilio Ficino e a natureza das virtudes
essas pessoas terão suas casas inv adidas e as armas apreendidas na marra, numa
Há uma semana
proposta clara de v iolação da Constituição, que seria quase cômica - considerando-se
v ir da boca de um alto magistrado - se não fosse trágica. Não bastasse a ameaça dos O bico do tentilhão
criminosos comuns, agora temos que temer a ação dos criminosos oficiais, que OliverTalk: Estudar Sócrates em 2019? Ele
nem tem diploma!
ameaçam inv adir nossas casas e nos impor à força sua agenda. E ainda querem que as
Há 5 dias
pessoas entreguem alegremente suas armas? Não tenho uma arma, mas, se tiv esse,
agora mesmo é que não a entregaria. Quando gente como José Sarney e Renan Calheiros O GLOBO » Blogs » Blog do Noblat
começam a falar em desarmamento, é hora de sacar a pistola! Quem diz que o amor é falso, por Luiz Vaz
de Camões
Há 4 anos
Em terceiro lugar, pergunto-me: por que somente as armas de fogo? Por que não proibir
também a posse legal de aparelhos de celular? Afinal, também eles são roubados e O GLOBO » Blogs » Lucia Hippolito
utilizados por criminosos para, de dentro dos presídios (onde, aliás, costumam
Obamatório
funcionar melhor do que fora deles), comandar seqüestros, chacinas e ex ecuções. Se a E se eles não tivessem conseguido?
lógica v ale para as armas, dev e v aler também para celulares, v eículos e quaisquer Há uma semana
outras ferramentas potencialmente úteis numa ação criminosa. Por que Luiz Fux , José
Sarney e José Eduardo Cardozo não sugerem também a proibição da v enda legal Odilon de Oliveira

daqueles utensílios? É um absurdo que o cidadão comum tenha um celular e um carro, Olavo de Carvalho - Sapientiam
que serão posteriormente roubados e utilizados pela criminalidade. Deix emos que Autem Non Vincit Malitia
apenas os profissionais - bandidos e políticos (se ainda for possív el distinguir uns dos
outros) - possuam tais coisas. E Lancemos logo a campanha, que dev erá ser apoiada Professor Paulo Moura
pelos bonzinhos do Viva Rio e pelo beautiful people das classes artística e intelectual:
Reinaldo Azevedo - Blog - VEJA.com
"Entreguem seu celular e seu carro em troca de um autógrafo (no caso, a impressão MEU ÚLTIMO POST NA VEJA
digital do polegar) do Tiririca!" Há 2 anos

Revista Vila Nova


Em quarto lugar, o fato dos desarmamentistas terem aprov eitado a tragédia da escola
em Realengo para lançar a nov a campanha é, não apenas imoral, como The United States and the New
substancialmente absurdo. O argumento era o seguinte: não fosse tão fácil obter armas World Order

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no Brasil, aquele ev ento não teria ocorrido. "Está prov ado, é científico!", concluiu INDEX/ÍNDICE
Há 7 anos
Rodrigo Pimentel, ex -policial, consultor de segurança pública da Rede Globo e
desarmamentista conv icto. Verde: a cor nova do comunismo
Ideólogo ‘verde’ condena homem como
Mas quem disse que é fácil conseguir armas no Brasil? Pode ser fácil consegui-las 'assassino serial' da Criação (sic!)
Há 3 dias
ilegalmente, mas obtê-las dentro da lei - como tudo no país - é um v erdadeiro martírio. E
a campanha do desarmamento - que incluía a proposta de Sarney de realizar um nov o
referendo (o ministro Luiz Fux disse que o resultado do primeiro foi "errado") sobre a
Seguidores
proibição da v enda legal de armas - não seria eficiente para o caso das armas ilegais,
apenas para as legais. Logo, o psicopata de Realengo teria conseguido suas armas de Seguidores (35) Próxima
qualquer jeito. E, ainda que não as conseguisse, teria arrumado outro jeito de cometer a
barbárie. Sendo assim, culpar o comércio legal de armas por aquela tragédia é de um
A razão e o título deste blog
cinismo espantoso.
Este blog nasceu da constatação de
Mais ainda. Toda pessoa racional sabe que casos como os de Realengo, em que pessoas que o Brasil, alinhado com outros países da
mentalmente desequilibradas v ão a locais públicos dispostos a matar gente indefesa, são América Latina, vem numa escalada vigorosa
praticamente impossív eis de ev itar. Nenhuma política de segurança pública, por mais rumo ao totalitarismo. É possível perceber,
eficiente, tem como prev er e impedir tais ocorrências. A única ação comprov adamente nas mais diferentes esferas, indícios de que
estamos próximos – se é que já não
eficiente - dentro dos limites do possív el, é claro - contra tais ev entos é, justamente,
chegamos lá – de viver em pleno 1984, de
aquela de cidadãos de bem armados que, num ato de brav ura, e tendo competência para
George Orwell. Orwell, aliás, foi um dos
tanto, impedem ou minimizam os estragos causados pelo atirador. primeiros a perceber que toda revolução
totalitária é precedida por uma revolução
É o que mostra um detalhado estudo de John R. Lott Jr. e William M. Landes, da semântica, e esse é um dos temas centrais
Faculdade de Direito da Univ ersidade de Chicago. Segundo os autores: do presente blog.

Creio que o Brasil está passando por


um processo de deturpação da linguagem
"De 1 97 7 a 1 999, os estados norte-americanos que adotaram leis que
pública, especialmente política. Tal
permitiam o porte liv re de armas apresentaram uma queda de 60% nos
deturpação cria uma camada semântica
ataques contra indiv íduos e uma queda de 7 8% nas mortes protetora, bloqueando o acesso à realidade,
em conseqüência de tais ataques". e impossibilitando sua correta expressão. É
como se tivéssemos passado ao largo das
bases fundamentais do pensamento
As razões são óbv ias. Por mais alucinados que sejam, os atiradores sabem que, nos ocidental, ignorando a criação da filosofia e
estados que permitem a posse de arma, há maiores chances de, em se tratando de locais ciência política por Sócrates, Platão e
públicos, hav er um cidadão armado que possa tentar impedi-lo. Por que será, afinal de Aristóteles. Como se estes pensadores
contas, que massacres como os de Realengo sempre ocorrem em escolas e nunca tivessem existido para além de
univ ersidades, e nunca em locais como a National Rifle Association, um quartel ou o pequenos círculos de estudiosos, o Brasil
parece ter adotado o paradigma sofista,
Palácio do Planalto?
onde a retórica e o consenso público -
reforçado hoje pela "rebelião das massas",
Mas, mesmo nos casos em que o efeito dissuasiv o falha, o atirador de rua faz menos no sentido de Ortega y Gasset - eram mais
v ítimas onde há pessoas comuns armadas do que em lugares onde não as há. Depois da importantes do que a verdade. Como dizia
tragédia de Realengo, a imprensa brasileira logo relembrou casos como os de outro autor que admiro muito, o filósofo
Columbine, nos EUA. No entanto, nenhum v eículo de imprensa achou por bem político Eric Voegelin, o totalitarismo é
mencionar os casos em que cidadãos armados conseguiram ev itar ou minimizar o menos um fenômeno político e mais um
massacre. fenômeno pneumopatológico, ou seja, uma
doença do espírito. Ele começa na mente
doentia de alguns guias espirituais e líderes
Os autores do estudo citado mencionam v ários casos do tipo, entre eles: 1 ) Os dois
políticos e, daí, quando não encontra uma
estudantes de Virginia que, em 2002, pegaram suas armas no carro e conseguiram reação firme e pronta, se espalha para toda
neutralizar um colega atirador; 2) O policial de folga, porém armado, que lev av a sua a sociedade. Como mostrou Voegelin no
filha à escola no dia em que um aluno resolv eu matar os outros em Santee (Califórnia), magistral “Hitler e os Alemães”, isso foi o
em 2001 ; 3) O dono de um restaurante em Edinboro (Pensilv ânia), que, em 1 998, usou que aconteceu na Alemanha, por exemplo,
sua arma para render o aluno que matara um professor e ferira mais três; 4) O diretor permitindo a ascensão do nazismo. A
que também pegou sua arma no carro para apontá-la a um estudante homicida em Pearl sociedade alemã, na época, não teve a
coragem de perceber a extensão do
(Mississipi), no ano de 1 997 . Em cada um desses casos, o número de v ítimas não passou
problema, nem tampouco possuía meios de
de três. Em Realengo, como se sabe, foram doze. E sabe-se lá quantas mais teriam sido se
descrevê-lo corretamente. Mutatis
aquele bendito policial não houv esse aparecido e agido com firmeza! Mutandis, creio que algo semelhante ocorre
no Brasil. Os grandes responsáveis por isso
Nos EUA - que os brasileiros (logo os brasileiros!) gostamos de v er como uma sociedade são, a meu ver, os formadores de opinião:
v iolenta e belicista ("não é característica nossa", disse Dilma) - os índices de homicídios imprensa, comentaristas políticos, artistas,
são menores nos estados onde há a permissão legal do porte de armas do que nos intelectuais.
estados onde não há. Nos EUA também - onde compra-se armas com certa facilidade -
O fato é que a sociedade brasileira
há, anualmente, cerca de 6 homicídios por 1 00 mil habitantes. No Brasil, em está cada vez mais suscetível a todo tipo de
compensação - onde comprar uma arma de maneira legal é mais difícil do que v er um totalitarismo, e o domínio que o atual
gol do Deiv id, atacante do Flamengo -, há cerca de 26 homicídios por 1 00 mil governo exerce sobre diversos domínios
habitantes: quase cinco v ezes mais do que nos EUA, e numa população menor. sociais - chegando mesmo a impor um
quadro de referências e linguagem permitido
Mas não fiquemos apenas entre Brasil e EUA. Viajando das Américas para a Europa, - é um claro sinal. Este blog pretende reunir
amostras que nos ajudem a compreender
tomemos os casos da Suíça e da Inglaterra.
como o Brasil e o Universo puderam se
distanciar tanto...
Na Suíça, v irtualmente todo cidadão do sex o masculino possui uma arma e é treinado
para usá-la. Trata-se, aliás, de uma ex igência cív ica. A política de ex igir que todos os
lares tenham uma arma de fogo é uma das principais razões por que os nazistas não V ídeos interessantes
inv adiram a Suíça na 2ª Guerra Mundial.
Como a URSS contribuiu para a ascensão
do Nazismo
Vídeo-propaganda do 3º Congresso
(Por falar em nazistas, conv ém recordar um fato histórico. Logo antes da terrív el "Noite Nacional do PT: "Socialismo Petista"
dos Cristais" (Kristallnacht) - quando, em 1 938, tev e início a infame v iolência nazista
contra os judeus na Alemanha - o chefe de polícia de Berlim, Conde Wolf Heinrich v on

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Helldorf, comandou o desarmamento da população judia, com o confisco de 2.569 Página inicial Pesquisar este blog
armas curtas, 1 .7 02 armas de fogo e 20.000 cartuchos de munição. "Quaisquer judeus
Pesquisar
ainda achados de posse de armas sem licenças v álidas são ameaçados com a mais sev era
punição", declarou v on Helldorf [The New Y ork Times, Nov . 9, 1 938, 24]).

No Brasil, o passatempo nacional é o futebol. Nos EUA, é o beisebol. Na Suíça, é o tiro ao


alv o de precisão. Mas a prov a de que, ao contrário do que crêem nossos animistas, as
armas de fogo não saem sozinhas atirando nas pessoas, é que a Suíça é um dos países
mais pacíficos do mundo. Lá, há menos do que 1 homicídio a cada 1 00 mil habitantes
por ano, e em 99% dos casos não há arma de fogo env olv ida. Lá, um criminosos pensa
duas v ezes antes de inv adir a casa de alguém.

Cruzando o Canal da Mancha, o caso da Inglaterra é bastante ilustrativ o. Até agora


tenho feito comparações internacionais (entre nações), mas a Inglaterra permite-nos
uma interessante comparação intranacional (diferentes momentos de uma mesma
nação) no que se refere às relações entre políticas de desarmamento e índices de
criminalidade.

Segundo matéria do jornal britânico Mail Online, o número de crimes por arma de fogo
aum entou 89% entre 1998 e 2008. "Até aí nada", poderia dizer o leitor. Seria nada,
realmente, não fosse o fato de que esse significativ o aumento ocorreu ex atamente na
década seguinte à lei do desarmamento na Inglaterra, que proibiu o comércio de armas
de fogo no ano de 1997 .

Nenhum dado poderia ser mais ev idente para comprov ar a ausência completa de
relação entre desarmamento e diminuição dos homicídios. Minto. O que aquele dado
atesta é que há, sim, uma relação entre os dois fatores, e ela é precisamente o inv erso do
que sugerem os desarmamentistas: quanto menos armada é a população de bem, mais os
criminosos ficam v iolentos e ousados (foi ex atamente o que ocorreu na Inglaterra);
quanto mais armada é a população ordeira e obediente às leis, menores tendem a ser os
índices de homicídios por arma de fogo.

É aquela coisa do ditado popular, deselegante sem dúv ida, mas perfeito nesse caso:
"quem tem *%@, tem medo".

Está prov ado, é científico!

às abril 20, 2011

6 comentários:

André B. 23 de abril de 2011 05:52

M uito bom, Flávio! Salvei o texto. Quando vierem com o papinho esquerdopata
desarmamentista, é só repassá-lo.
Responder

Anônimo 25 de abril de 2011 11:48

Caro Flávio,

nossa, fiquei impressionado com seu texto! Não só porque é muito bom, mas porque eu
já tinha, pensando com meus botões, chegado a conclusões bem parecidas! E sabe por
que chegamos, mesmo sem nos comunicar, a conclusões similares? Porque nossas
reflexões foram pautados e guiadas pela LÓGICA, simples e comezinha lógica, buscando
dados na realidade objetiva para fundamentar nossas opiniões. O fato de os apologistas
do desarmamento precisarem dar uma ignoradinha nos números, nas estatísticas, na
realidade já revela a solidez de seus argumentos...

Quando uma opinião precisa, para ser mesmo expressada, jogar para debaixo do tapete a
matemática e o racicínio lógico, quem defende essa opinião ou é muito ingênuo ou é
vigarista...

Abraços,

Thiago - RJ

Responder

Anônimo 25 de abril de 2011 11:56


A propósito: consegui achar um comentário que fiz a um post do Reinaldo Azevedo há
algumas semanas, sobre o tema. Pela pertinência, trago-o para cá. Vou postar separado
por causa do limite de caracteres.

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Abraços!

Thiago - RJ

Responder

Anônimo 25 de abril de 2011 11:58


"Caro Reinaldo,
eis uma reflexão que gostaria de compartilhar com você. Não precisa publicar, se não
achar pertinente. Tudo o que segue, obviamente, é minha modestíssima opinião.
Eventuais furos lógicos, por favor, aponte sem dó. Acho que meu raciocínio faz algum
sentido; mas, caso dê para aprimorá-lo, à vontade! Ficarei agradecido.
Abraço.
...
Um colega que se acha muito progressista (fazendo, conscientemente, uma
contraposição com quem ele entende ser reacionário) vem me lembrar que uma das
armas utilizadas pelo assassino de Realengo pertenceu, um dia, a uma pessoa que a
comprou legalmente. Esse revólver foi roubado ou furtado (não soube me dizer ao certo)
e, depois, revendido ao Wellington. Isto, aparentemente é fato; o problema está na
leitura que se faz do fato.
Em primeiro lugar, deve-se diferenciar as armas cujo comércio é permitido à população
civil (ainda que altamente restrito) daquelas cujo comércio é vedado, ou seja, cujo uso é
exclusivo de Forças Armadas e de segurança PÚBLICA. Essa distinção não é corriqueira;
mesmo as empresas regulares do ramo da segurança privada só podem utilizar as armas
cuja venda seja franqueada à população civil. Já viu segurança de carro-forte com AR-15,
M -16, HK-33? Com escopeta? Obviamente não. Essas armas têm seu uso disciplinado por
normas internas do Exército e qualquer posse ou porte em desacordo com elas é ilegal.
M esmo se um policial civil estiver com um fuzil cujo uso só tenha sido autorizado às
Forças Armadas, o porte será ilegal. Há, ainda, armas e munições proscritas, ou seja, que
nem as Forças Armadas e de segurança pública podem comprar e usar (balas “dum-dum”
ou revestidas de teflon, por exemplo; a PRF não pode comprar metralhadoras .30 e .50,
por exemplo). A própria arma em si é ilegal.
Já em relação às armas cujo comércio é permitido, a legalidade ou ilegalidade não é
intrínseca da arma. O que é ilegal é seu porte (posse em local público) ou simples posse
(em local privado – numa gaveta do meu criado-mudo, por exemplo). Logo, se uma arma é
adquirida legalmente, está na posse do indivíduo que tem autorização, e vem a ser
roubada/furtada, a arma “era legal” e “deixou de ser legal”. Se o regular proprietário
recupera a arma (digamos que ela seja apreendida pela polícia e devolvida ao legítimo
dono), a mesma voltaria a “ser legal”.
(continua)
Responder

Anônimo 25 de abril de 2011 11:59

(...) Alguns exemplos demonstram que esse raciocínio não é teratológico.


Imagine três situações distintas. Um civil portando, legalmente, um revólver .38; um
policial militar, com trajes civis, portando a pistola PT 380 da corporação; um recruta da
M arinha, soldado, portando um fuzil FAL-762, pertencente à Força, enquanto fica de
sentinela numa guarita. Todos são atacados por bandidos e têm suas respectivas armas
roubadas (roubo = art. 157 do Código Penal). Todas elas, ato contínuo, são vendidas a
traficantes de drogas baseados num determinado local da cidade. A partir daí, tais armas
passam a ser “alugadas” a quadrilhas que pretendam realizar outros crimes distintos de
tráfico e associação para o tráfico, além do uso pelos próprios traficantes.
Pergunto: as três armas citadas permanecem “legais”? É cristalino que não. O porte delas
está em desacordo com que estipulam as respectivas legislações de regência. O revólver
tinha seu uso autorizado ao civil; a pistola, ao PM , inclusive quando de folga; o fuzil, ao
praça, exclusivamente em serviço. É esta a realidade dada? Não. E em que momento o
porte deixou de estar de acordo com o ordenamento jurídico? Quando foram roubadas.
Em outras palavras: o que define se a arma “está” na legalidade ou não é seu portador
(e, em certos casos, as circunstâncias em que o portador está de posse da arma –
nenhum militar pode levar fuzil e granadas para passar o fim-de-semana em casa...).
Primeira conclusão: ainda que se possa dizer que um dos revólveres tenha origem remota
legal, é impossível não admitir que ele utilizou duas armas ilegais em sua chacina. Isto,
simplesmente, porque o modo como ele as adquiriu não é o previsto em lei (mais do que
isso, é vedado e tipificado como crime de “tráfico de armas”), e porque sua posse de
tais revólveres não era autorizada pelo órgão estatal competente.
M as por que dei essa volta toda? Porque o eixo atual da discussão é o seguinte: “se o
comprador original não pudesse ter adquirido legalmente a arma, o Wellington nunca
teria tido acesso a ela”. Bem, isso é umameia-verdade. O que garantiu a ele acesso não
foi aquela compra legal; foram, em verdade, duas outras condutas, ambas ILEGAIS: o
furto/roubo (1ª); o tráfico – venda ilegal – depois (2ª).
É, portanto, plenamente legítimo substituir a afirmação categórica referida acima pela
seguinte: “se o proprietário legal da arma nunca tivesse sido furtado/roubado, ou se essa
arma furtada/roubada tivesse sido apreendida antes de ser contrabandeada, o Wellington
nunca teria acesso a ela”. Isso muda totalmente o eixo do debate, não é mesmo? O que
ninguém se atreve a dizer é que houve uma escolha consciente em fazer o debate girar
em torno daquele primeiro eixo, e não deste segundo, e que essa escolha foi de caráter
IDEOLÓGICO, já que em termos lógicos, o segundo eixo faz tanto sentido (ou mais)
quanto o primeiro.
Agora, o arremate: quais das condutas foram eleitas legalmente para ser combatidas pelo
estado? As que foram tipificadas como crime! Se esse caso traz discussões de segurança
pública, elas devem ser feitas no que respeita aos fatos anteriores à tragédia AOS QUAIS
CABIA AO ESTADO DAR COM BATE: o furto, ou roubo; e o posterior contrabando, a venda
(essa sim) ilegal feita a Wellington. Ninguém na “grande imprensa” sequer levantou esse

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ponto.
(continua)
Responder

Anônimo 25 de abril de 2011 12:00

Segunda conclusão: houve três condutas relevantes, no que tange à arma, antes da
tragédia. Houve uma compra legal de um revólver (até aqui, a arma “era legal”); depois,
houve um furto ou roubo desse revólver (a partir daqui, com a ocorrência de crime, a
arma “caiu na ilegalidade”); e, posteriormente, houve o tráfico desse revólver (outro
crime – a arma “continuou na ilegalidade”).
Conclusão final: a falha do poder público foi em impedir esses dois últimos fatos, dado
que constituem crime; em relação ao primeiro, NADA HOUVE que significasse violação das
normas de direito aplicáveis.
Por tudo isto, o único nexo de causalidade que se pode estabelecer é em relacionado à
posse já ILEGAL, tornada ilegal pelo crime, do revólver. Se há uma “culpa”, não é a da
compra legal do revólver, mas a dos dois crimes posteriores que levaram o revólver às
mãos do psicopata. Crimes que estado não preveniu nem solucionou. O problema não
está em o estado não banir o comércio legal de armas; está em o estado não conseguir
combater furtos, roubos e contrabandos."

Thiago - RJ

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