Final do século XVIII começa a se constituir um saber científico (ou pretensamente científico) tendo o homem como objeto de conhecimento
O pensamento era puramente mitológico, artístico,
teológico, filosófico – nunca científico
O esboço de um projeto antropológico surge numa região
muito pequena do mundo – a Europa Segunda metade do século XX a Antropologia se atribui um objeto de estudo – as sociedades ditas “primitivas”, que não pertencem à civilização ocidental
Busca de outra área de investigação – o camponês
(selvagem de dentro)
O estudo do homem inteiro + o estudo do homem em
todas as sociedades, sob todas as latitudes em todos os seus estados e em todas as épocas – abordagem integrativa das múltiplas dimensões do ser humano em sociedade Antropologia Biológica – relações entre o patrimônio genético e o meio (geográfico, ecológico, social) → analisa particularidades ligadas a um meio ambiente (inato e adquirido)
Antropologia pré-histórica – estudo do homem por
meio dos vestígios materiais enterrados no solo ou quaisquer marcas da atividade humana → visa reconstituir as sociedades desaparecidas: técnicas e organizações sociais, produções culturais e artísticas (ligada à Arqueologia) Antropologia Psicológica – estudo dos processos e do funcionamento do psiquismo humano → o antropólogo é confrontado em primeira instância a indivíduos, não a conjuntos sociais
Antropologia Linguística – estudo da linguagem, que
é parte do patrimônio cultural de uma sociedade → forma como expressam o universo e o social (literatura e tradição oral) Antropologia Social e Cultural – diz respeito a tudo que constitui uma sociedade:
• seus modos de produção econômica
• suas técnicas
• sua organização política e jurídica
• seus sistemas de parentesco
• seus sistemas de conhecimento
• suas crenças religiosas
• sua língua
• sua psicologia
• suas criações artísticas
O que difere das demais ciências setoriais: ponto de vista da totalidade
Busca compreender aquilo que os homens “não
pensam habitualmente em fixar na pedra ou no papel” – nossos gestos, nossas trocas simbólicas, os menores detalhes dos nossos comportamentos
Antropologia – estudo de tudo que compõe uma
sociedade, de todas as sociedades humanas (inclusive a nossa), das culturas da humanidade Observação direta (observação participante)
Projeto antropológico → consiste no reconhecimento,
no conhecimento e na compreensão de uma humanidade plural / revolução do olhar Natural X Cultural – o menor dos nossos comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem nada de “natural”
Naturalização do social → As formas de
comportamento e de vida em sociedade que tomávamos todos espontaneamente por inatas (maneiras de andar, dormir, nos encontrar, nos emocionar, comemorar os eventos de nossa existência...) são produto de escolhas culturais (adquiridos no contato com a cultura na qual nascemos) A descoberta das diferenças pelos viajantes do século XVI e a dupla resposta ideológica dada daquela época até nossos dias A gênese da reflexão antropológica é contemporânea à descoberta do Novo Mundo
Aqueles que acabaram de ser “descobertos”
pertencem à humanidade?
O selvagem tem alma? O pecado original lhes
diz respeito? (critério religioso)
Ideologias – uma consiste no simétrico
invertido da outra: •a recusa do estranho •a fascinação pelo estranho As ideologias que estão por trás desse duplo discurso permanecem vivas até hoje
Antiguidade grega – bárbaros
Renascimento e os séculos XVII e XVIII – selvagens Século XIX – primitivos Época atual – subdesenvolvidos Pensou-se alternadamente que o “selvagem”...
Era um monstro, um “animal com figura humana”, a
meio caminho entre a animalidade e a humanidade X Os monstros éramos nós, sendo que ele tinha lições de humanidade para nos dar
Era trabalhador e corajoso
X Essencialmente preguiçoso
Levava uma existência infeliz e miserável
X Vivia num estado de beatitude, adquirindo sem esforços os produtos maravilhosos da natureza ETNOCENTRISMO Visão do mundo com a qual tomamos nosso próprio grupo como centro de tudo, e os demais grupos são pensados e sentidos pelos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.
No plano intelectual pode ser visto como a
dificuldade de pensarmos a diferença
No plano afetivo, como sentimentos de
estranheza, medo, hostilidade Experiência de um choque cultural / choque gerador do etnocentrismo → “nosso” grupo X “outro” grupo (constatação das diferenças / mal entendido sociológico)
Grupo do “eu” – sua visão é a melhor, a
natural, a superior, a certa, ou a única possível
Grupo do “outro” – fica sendo o engraçado,
absurdo, anormal, ininteligível Rotulamos e aplicamos estereótipos através dos quais nos guiamos para o confronto cotidiano com a diferença – “mulheres”, “negros”, “empregados”, “peão de obra”, “socialites”, “doidões”, “caretas”, “surfistas”, “velhos”, “aborrecentes”, “dondocas”, “vagabundos”, “gays”...
São formulações ideológicas que transforma
a diferença pura e simples num juízo de valor perigosamente etnocêntrico Relativização → se contrapõe ao etnocentrismo
quando vemos que as verdades da vida são
menos uma questão de essência das coisas e mais uma questão de posição
quando o significado de um ato é visto não
na sua dimensão absoluta mas no contexto em que acontece