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DIVERSIDADE CULTURAL,

IDEOLOGIA E “MINORIAS”
O ESTRANHAMENTO:

• Século XVI – a Europa foi invadida por escritos a respeito dos povos desconhecidos (muitas
vezes duvidando da sua condição humana).
• Teorias MONOGENISTA (segundo a qual todas as raças humanas descendem de um único
ramo) foi posta em dúvida .

• Técnica do estranhamento:
1. Perplexidade diante de uma cultura diferente;
Endocanibalismo na Tribo
Esse costume faz parte da tribo
2. Desnaturalizar o observável (problematizar o que lhe parece natural); Yanomani. Quando uma pessoa
Dani que fica na Indonésia morre, o ritual consiste em
(mulheres). Lá, quando um envolver o cadáver em folhas e
membro da família morre, as permitir que os insetos ataquem o
mulheres da tribo expressam OBS: O encontro de culturas distintas e distantes pode provocar um novo olhar sobre si mesmo corpo em decomposição. Após 30 a
fisicamente o seu pesar cortando e sobre os hábitos, práticas ou costumes antes consideradas evidentes. 45 dias, os ossos são recolhidos,
um pedaço da ponta de um de triturados, pulverizados e
seus dedos. A prática cultural é Nos leva a reconhecer que existe outras culturas, que o homem é dotado de uma extraordinária misturados numa sopa de banana
realizada como um meio para aptidão para inventar diferentes modos de vida e formas de organização social. para ser consumida por todos.
satisfazer os fantasmas ancestrais. Segundo a tradição, o ritual ajuda a
garantir que as almas encontrem
seu caminho para o paraíso.
REFLEXÃO ANTROPOLÓGICA –
DIVERSIDADE CULTURAL

• A diversidade cultural é a gênese da reflexão antropológica.


• O contato com os povos das terras descobertas provocou, na Europa, o
aparecimento de duas ideologias:
1. O fascínio pelo estranho: significa enaltecer a cultura das sociedades
primitivas e censurar a cultura europeia;
2. A recusa do estranho: significa censurar e excluir tudo o que não seja
compatível com a cultura europeia.
O FASCÍNIO PELO ESTRANHO:

• Implica contrapor a figura do “bom selvagem” a do “mau civilizador”.


• Diderot: chegou a sugerir que as sociedades primitivas constituíam um apogeu
a partir do qual a humanidade só conheceu a decadência.
• José de Alencar (O Guarani e Iracema):
“O indianismo não era apenas uma saída natural e espontânea para o nosso
Romantismo. Era mais do que isso, alguma coisa profundamente nossa, em
contraposição a tudo que, em vós era estrangeiro, era estranho, viera de outras
fontes”
“A sua inteligência sem cultura, mas brilhante como o sol de nossa terra, vigorosa
como a vegetação deste solo, guiava-o nesse raciocínio com uma lógica e uma
prudência, dignas do homem civilizado.” (ALENCAR, s/d, p. 146)
A RECUSA PELO ESTRANHO:

• Implica contrapor a figura do “mau selvagem” à do “bom civilizador”.


• Serviram para dogmatizar preconceitos, justificar a colonização e sua
práticas violentas, submeter os negros a escravidão e fundar doutrinas
racistas.
• Caramuru: Uma outra imagem que aparece através da caracterização dos
personagens indígenas é a do índio como preguiçoso e indolente.
➢ Darcy Ribeiro: sabe-se que os índios trabalhavam sempre o suficiente para
garantir a subsistência sua e dos seus, o restante do tempo era dedicado ao lazer e
aos seus rituais cotidianos. Não havia uma preocupação tal como os brancos em
acumular riquezas, o que será visto pelo branco europeu como preguiça e
indolência.
PENSAR:

• A influência dessas vertentes na estruturação:


1. Das Instituições;
2. Das formas de Governos;
3. Da moralidade;
4. Da vida social;
5. Dos hábitos.
O FORTALECIMENTO DA IDEOLOGIA DA
RECUSA DO ESTRANHO:

• Hegel – “onde a filosofia era mais desenvolvida, a cultura (instituições, formas


de governo, hábitos, etc.) também será”.
• Dessa forma, existiria duas formas de pensamento cientificamente observável:
1. Pensamento Lógico-Racional dos civilizados (europeus) – superior, verdadeiro,
evoluído.
2. Pensamento Pré-Lógico/ Pré-Racional (africanos, índios, aborígenes) – inferior,
falso, supersticioso e atrasado.
A RECUSA DO ESTRANHO E O DIREITO:

• No Brasil, o colonizador europeu impôs a sua cultura (baseado na ideologia de


recusa do estranho);
• Esse processo socioantropológico criou reflexos no direito brasileiro (um
direito que buscou garantir e perpetuar os interesses do colonizador);
• Um modelo jurídico – que protege a economia colonial fundada na
propriedade fundiária e cuja produção dependia do uso da mão de obra
escrava.
PARA PENSAR:

• A ideologia da recusa do estranho forneceu ao


colonialismo as justificativas para o uso da força.
• Serviu para negar humanidade e instaurar regime de
escravidão.
• A integração do negro foi retardada uma vez que o
processo imigratório colocado em prática pelo
governo nacional priorizou a utilização de braços
europeus;
“O estrangeiro aparecia,(...), como a grande esperança
nacional de progresso por saltos.(...). Desse ângulo,
onde o “imigrante” aparecesse, eliminava fatalmente o
pretendente “negro” ou “mulato” , pois entendia-se que
ele era o agente natural do trabalho livre”.
• Portanto as oportunidades econômicas não seriam igualmente desfrutadas pelos grupos raciais em função
do ponto de partida assimétrico a que foram submetidos.

(...), o regime escravista não preparou o escravo ( e, portanto, também não preparou o liberto ) para agir
plenamente como “trabalhador livre” ou como “empresário”. Ele preparou- o, onde o desenvolvimento
econômico não deixou outra alternativa, para toda uma rede de ocupações e de serviços que eram
essenciais mas não encontravam agentes brancos. Assim mesmo, onde estes agentes apareceram ( como
aconteceu em São Paulo e no extremo sul ), em consequência da imigração, em plena escravidão os
libertos foram gradualmente substituídos e eliminados pelo concorrente branco.

• O negro foi empurrado para os setores mais subalternos no interior da sociedade, pois o trabalho livre
não lhe propiciou as condições de inserção nos setores dinâmicos da economia competitiva.
• De certa forma, ainda segundo este autor, temos a sobrevivência de arcaísmos do passado no interior de
uma ordem social competitiva.
• Fernandes argumenta que o modelo arcaico de relações raciais só desaparecerá quando a ordem social
competitiva se libertar das distorções que resultaram da concentração racial de renda, privilégio e
poder. Assim, uma democracia racial autêntica implica que negros e mulatos devam alcançar posições de
classe equivalentes àquelas ocupadas por brancos.
HEGEMONIA E MINORIAS:

• Nacionalismo – Globalização / dissolução das fronteiras nacionais;


• Movimento Multiculturalista (o convívio em um mesmo território diversas culturas) – nega a
padronização e confirma o direito de ser diferente (culturas minoritárias);
• O movimento multiculturalista, ao negar a padronização da cultura, confirma o direito de ser diferente.
• O multiculturalismo, apesar de afirmar a cultura das minorias e dar dignidade à diferença, não promoveu
a integração, e sim a segregação.
• Movimentos ultranacionalista – recusa do estranho (xenofobia);
• O estrangeiro tratado como desvio (os grupos dominantes impõem suas próprias ideias como normas
definidoras e qualifica qualquer um que seja diferente como fora do padrão);
• Culturas minoritárias são estigmatizadas
PARA PENSAR: CONSUMO E
PADRONIZAÇÃO.

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