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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de português

A inconstitucionalidade da Lei em Moçambique

Sofia Edmundo: 71232682

Quelimane, agosto de 2023


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

A inconstitucionalidade da Lei em Moçambique

Trabalho de Campo a ser submetido


na Coordenação do Curso de
Licenciatura em Ensino de
Português da UnISCED.

Tutor:

Sofia Edmundo: 71232682

Quelimane, agosto de 2023


Índice
1. Introdução .................................................................................................................... 1

2. Objetivos...................................................................................................................... 2

2.1 Geral .............................................................................................................................. 2

2.2 Específico...................................................................................................................... 2

3. A inconstitucionalidade da Lei em Moçambique ........................................................ 3

4. Tipos de inconstitucionalidade .................................................................................... 3

4.1 Inconstitucionalidade formal ........................................................................................ 3

4.2 Inconstitucionalidade material ...................................................................................... 4

4.3 Constitucionalidade originária e superveniente ............................................................ 5

4.4 Inconstitucionalidade por ação e inconstitucionalidade por omissão ........................... 5

5. vícios da inconstitucionalidade.................................................................................... 6

6. Exemplos de apreciação de inconstitucionalidade e ilegalidade ................................. 7

7. Relevância da questão inconstitucionalidade .............................................................. 7

8. Conclusão .................................................................................................................... 9

9. Referências Bibliográficas ......................................................................................... 10


1. Introdução

O presente trabalho tem como o tema A inconstitucionalidade da Lei em Moçambique e dizer que
a constitucionalidade de uma norma não está atrelada apenas a critérios matérias, mas também a
critérios formais, de modo que esse controle de constitucionalidade pode ser feito de várias
maneiras, sendo que sua classificação será determinada em relação ao modo ou à forma, quanto ao
órgão de incidência e/ou quanto ao momento do controle.

A inconstitucionalidade ocorre pelo desrespeito das regras previstas na constituição para a criação
de uma Lei ou norma (processo legislativo).

E o vício de inconstitucionalidade material refere-se ao conteúdo da lei ou norma. A


inconstitucionalidade ocorre devido à matéria tratada contrariar os princípios ou violar os direitos
e garantias fundamentais assegurados em nossa Constituição Federal. Ex: lei que venha a instituir
pena de morte em moçambique.
2. Objetivos

2.1 Geral
 Conceituar inconstitucionalidade ou ilegalidade.

2.2 Específico
 Falar sobre A inconstitucionalidade da Lei em Moçambique;
 Debruçar sobre os vícios da inconstitucionalidade;
 Comentar sobre a relevância da questão inconstitucionalidade.
3. A inconstitucionalidade da Lei em Moçambique

A expressão inconstitucional, aplicada a uma lei, tem, pelo menos, três acepções diferentes,
variando segundo a natureza da Constituição a que aludir:

I. Empregada em relação a um ato do parlamento inglês, significa simplesmente que esse ato
é, na opinião do indivíduo que o aprecia, oposto ao espírito da Constituição inglesa; mas
não pode significar que esse ato seja infração da legalidade e, como tal, nulo.
II. Aplicada a uma lei das câmaras francesas, exprimiria que essa lei, ampliando, suponhamos,
a extensão do período presidencial, é contrária ao disposto na Constituição. Mas não se
segue necessariamente daí que a lei se tenha por vã; pois não é certo que os tribunais
franceses se reputem obrigados a desobedecer às leis inconstitucionais. Empregada por
franceses a expressão de ordinário se deve tomar com simples termo de censura.
III. Dirigido a um ato do Congresso, o vocábulo inconstitucional quer dizer que esse ato excede
os poderes do congresso e é, por conseqüência, nulo. Neste caso a palavra não importa
necessariamente reprovação. O americano poderia, sem incongruência alguma, dizer que
um ato do Congresso é uma boa lei, beneficia o país, mas, infelizmente, peca por
inconstitucionalidade, isto é, ultra vires, isto é nulo. (BARBOSA, Rui apud MENDES In:
BRANCO; COELHO; MENDES, 2010, p. 1156)
4. Tipos de inconstitucionalidade

4.1 Inconstitucionalidade formal

Os vícios relativos à formalidade afetam o ato normativo sem atingir seu conteúdo, referindo-se
aos procedimentos e pressupostos relativos às feições que formam a lei.

Ensina-nos Gilmar Mendes que “os vícios formais traduzem defeito de formação do ato normativo,
pela inobservância de princípio de ordem técnica ou procedimental ou pela violação de regras de
competência”. (In: BRANCO; COELHO; MENDES, 2010, p. 1170).

Paulo Bonavides explica sobre o controle formal:

Confere ao órgão que o exerce a competência de examinar se as leis foram elaboradas de


conformidade com a Constituição, se houve correta observância das formas estatuídas, se a regra
normativa não fere uma competência deferida constitucionalmente a um dos poderes, enfim, se a
obra do legislador ordinário não contravém preceitos constitucionais pertinentes à organização
técnica dos poderes ou às relações horizontais e verticais desses poderes, bem como dos
ordenamentos estatais respectivos, como sói acontecer nos sistemas de organização federativa do
Estado. (2003, p. 297).

Luís Roberto Barroso traz a seguinte classificação: A primeira possibilidade a se considerar, quanto
ao vício de forma, é a denominada inconstitucionalidade orgânica, que se traduz na inobservância
da regra de competência para a edição do ato (...). De outra parte, haverá inconstitucionalidade
formal propriamente dita se determinada espécie normativa for produzida sem a observância do
processo legislativo próprio. (2006, 26-27).

Do exposto, fica claro que a inconstitucionalidade formal faz referência ao erro na observância da
competência ou nas regras relativa ao processo definido na Constituição

4.2 Inconstitucionalidade material


Os vícios materiais, diferentemente dos formais, estão ligados ao próprio mérito do ato, referindo-
se a conflitos de regras e princípios estabelecidos na Constituição.

Gilmar Mendes apresenta o seguinte entendimento da questão:

A inconstitucionalidade material envolve, porém, não só o contraste direto do ato legislativo com
o parâmetro constitucional, mas também a aferição do desvio de poder ou do excesso de poder
legislativo.

É possível que o vício de inconstitucionalidade substancial decorrente do excesso de poder


legislativo constitua um dos mais tormentosos temas do controle de constitucionalidade hodierno.
Cuida-se de aferir a compatibilidade da lei com os fins constitucionalmente previstos ou de
constatar a observância do princípio da proporcionalidade, isto é, de se proceder à censura sobre a
adequação e a necessidade do ato legislativo. (In: BRANCO; COELHO; MENDES, 2010, p. 1172).

Nas palavras de Barroso, a inconstitucionalidade material expressa uma incompatibilidade de


conteúdo, substantiva entre a lei ou o ato normativo e a Constituição. Pode traduzir-se no confronto
com uma regra constitucional – e.g., a fixação da remuneração de uma categoria de servidores
públicos acima do limite constitucional (art. 37, XI) – ou com um princípio constitucional, como
no caso de lei que restrinja ilegitimamente a participação de candidatos em concurso público, em
razão do sexo ou idade (arts. 5º, caput, e 3º, IV), em desarmonia com o mandamento da isonomia.
O controle material de constitucionalidade pode ter como parâmetro todas as categorias de normas
constitucionais: de organização, definidoras de direitos e programáticas. (2006, p. 29).

4.3 Constitucionalidade originária e superveniente


O momento da edição das normas constitucionais é que procede a distinção entre
inconstitucionalidade originária e inconstitucionalidade superveniente.

Se uma norma legal vem depois da Constituição e com essa é incompatível, tem-se um caso típico
de inconstitucionalidade. Se a contradição, no entanto, for entre norma constitucional
superveniente e o direito ordinário pré-constitucional, indaga-se se seria caso de
inconstitucionalidade ou de mera revogação.

Tem-se também caso em que a norma editada com os parâmetros constitucionais vigente à época
pode tornar-se com ela incompatível em decorrência de mudanças fáticas ou de mudanças na
interpretação constitucional.

Esse tipo de discussão tem enorme relevância prática, já que, dependendo do modelo adotado,
tratando-se de mera revogação da lei anterior, qualquer órgão jurisdicional terá competência para
apreciá-la; no entanto, tratando-se de inconstitucionalidade, a atribuição para manifestar acerca da
questão será dos órgãos jurisdicionais competentes.

Durante a Constituição de 1967/69, a orientação do Supremo Tribunal Federal (STF) não deixava
duvida que a compatibilidade do direito anterior com norma constitucional superveniente deveria
ser aferida no âmbito do direito intertemporal. (MENDES In: BRANCO; COELHO; MENDES,
2010, p. 1177).

4.4 Inconstitucionalidade por ação e inconstitucionalidade por omissão


Além das formas de inconstitucionalidade até então vistas, temos, por fim, também a
inconstitucionalidade por ação e a inconstitucionalidade por omissão.

A inconstitucionalidade por ação é aquela advinda da incompatibilidade entre uma norma e a


Constituição, enquanto que a omissão legislativa inconstitucional pressupõe a “inobservância de
um dever constitucional de legislar, que resulta tanto de comando explícitos da Lei como de
decisões fundamentais da Constituição identificadas no processo de interpretação” (MENDES In:
BRANCO; COELHO; MENDES, 2010, p. 1184-1185).

Explica Luís Roberto Barroso que

A referência a inconstitucionalidade por ação, portanto, abrange os atos legislativos incompatíveis


com o texto constitucional. (...). Os múltiplos modelos de controle de constitucionalidade (...)
foram concebidos para lidar com o fenômeno dos atos normativos que ingressam no mundo jurídico
com um vício de validade. (2006, p. 31-32).

Cabe também registrar a lição de Kildare sobre a inconstitucionalidade por ação:

Este tipo de inconstitucionalidade pressupõe uma conduta positiva do legislador, que se não
compatibiliza com os princípios constitucionalmente consagrados. Envolve um facere do Estado,
e compreende os atos legislativos incompatíveis com a Constituição. A inconstitucionalidade por
ação acarreta a invalidação de um ato que existe, que foi praticado. (2008, p. 353).

5. vícios da inconstitucionalidade

A doutrina distingue entre vícios formais e vícios materiais. São vícios formais aqueles que
incidem sobre o acto normativo em si, independentemente do seu conteúdo, mas atendendo apenas
ao processo seguido para a sua expressão externa. Está-se em presença destes quando os
procedimentos adoptados para a elaboração de um acto se chocam com a Constituição.

São vícios materiais aqueles que dizem respeito ao conteúdo do acto, quando este conteúdo é
contrário à chamada Lei-Mãe.

A inconstitucionalidade pode também dividir-se em inconstitucionalidade por acção, quando se


pratica um acto contrário à Constituição e por omissão, quando o poder político deixa de pôr em
vigor uma norma exigida por aquela.

A inconstitucionalidade pode ser total ou parcial, originária (quando a norma é oposta à


Constituição vigente), ou superveniente, quando o acto normativo era constitucional, mas a
alteração da Constituição tornou aquela incompatível com esta. No que respeita aos sistemas de
controlo da constitucionalidade, normalmente há referência ao controlo judicial, quando é feito
pelo judiciário, controlo político e controlo misto. O sistema moçambicano aproxima-se do
controle judiciário.
6. Exemplos de apreciação de inconstitucionalidade e ilegalidade

trazendo um caso em que foi negado provimento ao pedido de declaração de inconstitucionalidade,


outro em que esse pedido foi aceite, e um terceiro em que foi reconhecido haver ilegalidade, mas
não inconstitucionalidade.

Caso 1 Adoção do Metical da Nova Família Um grupo de deputados da Assembleia da República


requereu ao Conselho Constitucional a declaração de inconstitucionalidade formal da Lei nº 7/2005
de 20 de dezembro, que adotou o metical da nova família, através da redução de três dígitos ao
Metical. Apresentaram como fundamentos principais: A redução dos 3 dígitos feita ao Metical é
uma verdadeira alteração da moeda, nos termos expressos no nº 2 do artigo 300 da CRM.

Caso 2 Criação do Conselho de Coordenação da Legalidade e Justiça (CCLJ) Um grupo de


deputados da Assembleia da República requereu ao Conselho Constitucional a declaração da
inconstitucionalidade do Decreto Presidencial nº 25/2005 de 27 de Abril, que cria o CCLJ.
Apresentaram como fundamentos principais: Compõem o CCLJ o Presidente do Tribunal
Supremo, que preside ao órgão e tem como Vice-Presidente o Ministro da Justiça, o Presidente do
Tribunal Administrativo, o Procurador-geral da República e o Ministro do Interior, o que afeta a
independência do judiciário e do Ministério Público, violando o princípio da separação e
interdependência de poderes fixado no artigo 134 da CRM.

Caso 3 Regulamento das Empresas de Segurança Privada (Decreto nº 9/2007 de 30 de abril). Um


grupo de deputados da Assembleia da República e 2000 cidadãos requereram a declaração de
inconstitucionalidade de Decreto nº 9/2007 que aprova o Regulamento das Empresas de Segurança
Privada (o “Regulamento”). Pretende-se a declaração de inconstitucionalidade de vários
dispositivos deste Regulamento, mas no caso presente iremos apenas referir-nos ao que respeita à
contratação de cidadãos estrangeiros para o exercício de funções de administração e gerência.

7. Relevância da questão inconstitucionalidade

Há autores que defendem que em matéria constitucional, se pode distinguir entre a inexistência
relativamente aos atos para os quais faltem os requisitos considerados essenciais pela Constituição,
e nulidade ipso jure no que respeita aos atos que contradigam formal ou substancialmente a
Constituição, quando essa contradição não resulte da falta de um requisito próprio da existência do
ato.
Sem entrar na discussão doutrinária profunda sobre a matéria, pode dizer-se que a consequência
necessária da inconstitucionalidade das leis é a nulidade absoluta, pois é princípio fundamental na
maioria das legislações, incluindo a moçambicana, a prevalência das normas hierarquicamente
superiores sobre as inferiores.

A regra geral estabelecida no nº 1 do artigo 66 da Lei nº 6/2006 de 2 de agosto (Lei Orgânica do


Conselho constitucional) é que a declaração de inconstitucionalidade ou ilegalidade produz efeitos
desde a entrada em vigor da norma declarada inconstitucional ou ilegal e determina a repristinação
das normas revogadas. Contudo, uma exceção importante é a do nº 4 deste dispositivo legal que
permite que o Conselho Constitucional fixe aos efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou
ilegalidade alcance mais restritivo, desde que assim o exijam a segurança jurídica, razões de
equidade ou de interesse público. Esta prerrogativa foi usada pelo Conselho Constitucional no caso
CCLJ que adiante se descreve.
8. Conclusão

Ao concluir o persente trabalho dizer que as normas constitucionais ocupam uma posição de
primariedade e supremacia em relação a todas outras normas legais. Assim, sempre que estas não
se conformam com aquelas, está-se em presença do vício da inconstitucionalidade. Neste artigo
far-se-á uma breve reflexão sobre esta matéria.

A doutrina distingue entre vícios formais e vícios materiais. São vícios formais aqueles que incidem
sobre o ato normativo em si, independentemente do seu conteúdo, mas atendendo apenas ao
processo seguido para a sua expressão externa. Está-se em presença destes quando os
procedimentos adotados para a elaboração de um ato se chocam com a Constituição. São vícios
materiais aqueles que dizem respeito ao conteúdo do ato, quando este conteúdo é contrário à
chamada Lei-Mãe.

Há autores que defendem que em matéria constitucional, se pode distinguir entre a inexistência
relativamente aos atos para os quais faltem os requisitos considerados essenciais pela Constituição,
e nulidade isso jure no que respeita aos atos que contradigam formal ou substancialmente a
Constituição, quando essa contradição não resulte da falta de um requisito próprio da existência do
ato.

Sem entrar na discussão doutrinária profunda sobre a matéria, pode dizer-se que a consequência
necessária da inconstitucionalidade das leis é a nulidade absoluta, pois é princípio fundamental na
maioria das legislações, incluindo a moçambicana, a prevalência das normas hierarquicamente
superiores sobre as inferiores.
Referências Bibliográficas
(s.d.). Obtido em 17 de agosto de 2023, de
https://egov.ufsc.br/portal/conteudo/constitucionalidade-e-inconstitucionalidade-
prote%C3%A7%C3%A3o-das-dire

(s.d.). Obtido em 12 de agosto de 2023, de


file:///C:/Users/Kinas/Downloads/InconstitucionalidadeMocambicana.pdf

BARROSO, L. R. ( 2006.). O controle de constitucionalidade no direito : exposição sistemática


da doutrina e nálise crítica da jurisprudência. . São Paulo: Saraiva.

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