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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Administração Publica

Direito a liberdade de reunião e manifestação: o caso de Moçambique

Sofia Edmundo: 71232682


Quelimane, maio de 2023
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Administração Publica

Direito a liberdade de reunião e manifestação: o caso de Moçambique

Trabalho de Campo a ser


submetido na Coordenação do
Curso de Licenciatura em Ensino
de Português da UnISCED.

Tutor:

Sofia Edmundo: 71232682


Quelimane, maio de 2023
Índice
1. Introdução....................................................................................................................1

2. Objetivos......................................................................................................................2

2.1 Geral..............................................................................................................................2

2.2 Específico......................................................................................................................2

3. Direito a liberdade de reunião e manifestação.............................................................3

4. A presente lei tem por objeto a regulação d o exercício do direito:.............................3

5. Sentido e alcance do direito à liberdade de manifestação............................................7

6. Chamamento das instituições chave para agir.............................................................8

7. Conclusão.....................................................................................................................9

8 Referências Bibliográficas........................................................................................10
1. Introdução

O presente trabalho tem como o tema o direito a liberdade de reunião e manifestação e


dizer que há vários anos que é recorrente o governo de Moçambique, através da sua força
policial, limitar ilegalmente o exercício do direito à manifestação pacífica pelos cidadãos
ou diferentes grupos sociais, por violação dos seus direitos e interesses legalmente
reconhecidos ou contra a má gestão da coisa pública. A manifestação do tipo marcha na via
pública é praticamente a mais temida pela Administração Pública.

A intervenção da Polícia da República de Moçambique (PRM) para impedir o exercício do


direito a manifestação pacífica e livre tem sido caracterizado por deteções arbitrárias,
agressão física, baleamentos, tortura e outros maus tratos que consubstanciam violação dos
direitos humanos, para além de argumentos falaciosos de que a manifestação não foi
autorizada.

Perante esta situação, é curioso e notório a injustificada inércia das instituições de justiça
relevantes nesta matéria, o que é problemático, preocupante, na medida em que perpetua a
impunidade das autoridades policiais e civis que violam o direito à liberdade de reunião e
manifestação e outros direitos humanos neste contexto.

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2. Objetivos

2.1 Geral
 Falar sobre o Direito a liberdade de reunião e manifestação.

2.2 Específico
 Comentar sobre a lei que tem por objeto a regulação d o exercício do direito;
 Identificar o Sentido e alcance do direito à liberdade de manifestação;
 Comentar sobre qaus instituições chave para agir.

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3. Direito a liberdade de reunião e manifestação

A reunião é um ajuntamento de várias pessoas pré- -ordenadas em lugares públicos, abertos


ou particulares, para fins não contrários à lei, à moral, aos direitos das pessoas singulares ou
coletivas e à ordem ou tranquilidade públicas.

O ajuntamento de pessoas tem um carácter temporário, organizado e não institucionalizado.

A manifestação tem por finalidade a expressão pública de uma vontade sobre assuntos
políticos e sociais, de interesse público ou outros.

A manifestação poderá abranger o comício, o desfile e o cortejo devidamente organizados.

4. A presente lei tem por objeto a regulação d o exercício do direito:


a) Liberdade de reunião e de manifestação, bem como o estabelecimento do seu
regime jurídico.
b) Esta lei não é aplicável às reuniões privadas quando realizadas em local fechado
mediante convites individuará.
c) As reuniões e manifestações para fins religiosos e as reuniões eleitorais serão
reguladas por legislação própria.

Artigo 1 Liberdade de reunião e manifestações

 Todos os cidadãos podem, pacífica e livremente, exercer o seu direito de reunião e


de manifestação sem dependência de qualquer autorização nos termos da lei.
 Ninguém pode ser coagido a tomar parte em qualquer reunião ou manifestação;

Artigo 2 Impedimentos

 É proibida qualquer reunião ou manifestação cuja finalidade seja contrária à lei, à


moral, à ordem e tranquilidade públicas bem como aos direitos individuais e as das
pessoas coletivas.
 E também proibida a reunião e manifestação que pelo seu objecto possa ofender a
honra e consideração devidas ao Chefe de Estado e aos titulares dos órgãos do poder
do Estado, sem prejuízo do direito à crítica.

Artigo 3 Restrições

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 Não é permitida a realização de reuniões ou manifestações com ocupação abusiva
de edifícios públicos ou particulares;
 Poderá não ser permitida, por razões estritamente de segurança, a realização de
reuniões ou de manifestações em lugares públicos situados a menos de cem metros
das sedes dos órgãos de soberania e das instalações militares e militarizadas, dos
estabelecimentos prisionais, das sedes das representações diplomáticas e consulares
e ainda das sedes dos partidos políticos.

Artigo 4 Limitação do tempo

Os cortejos e os desfiles só poderão ter lugar aos sábados, domingos e feriados, e nos
restastes dias depois das dezassete horas, até às zero boras e trinta minutos, sem prejuízo de
poderem ser realizados fora daqueles períodos quando devidamente justificado.

Artigo 5 Interrupção

As reuniões ou' manifestações organizadas em lugares públicos ou abertos ao público,


podem ser interrompidas por determinação de autoridade civil competente, se se verificar
desvio da sua finalidade inicial pela prática de actos contrários à lei ou que violem as
proibições e restrições referidas nos artigos 4 e 5 da presente lei.

Artigo 6 Garantias das condições do exercício das liberdades

As autoridades civis e policiais devem garantir o livre exercício do direito à liberdade de


reunião e de manifestação, ordenando a comparência e a permanência de representantes ou
agentes seus nos locais respetivos e tomando as necessárias providências para que o
exercício deste direito decorra sem perturbações, designadamente, sem a interferência de
contramanifestações.

Artigo 7 Manutenção da ordem em recintos fechados

 Nenhum agente de autoridade poderá estar presente em reuniões ou manifestações


realizadas em recinto fechado, salvo mediante solicitação dos promotores.
 Os promotores de reuniões e manifestações em lugares fechados são responsáveis,
nos termos legais comuns, pela manutenção da ordem no respetivo recinto, quando
não solicitem a presença de agentes de autoridade.

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Artigo 8 Avisos

 As pessoas ou entidades que pretendam realizar reuniões ou manifestações em


lugares públicos ou abertos ao público deverão avisar por escrito, do seu propósito e
com a antecedência mínima de quatro dias úteis, as autoridades civis e policiais da
área.
 O aviso deve ser assinado por dez dos promotores devidamente identificados pelo
nome, profissão e morada ou, tratando-se de pessoas coletivas, pelos respetivos
órgãos de direção.
 Deste aviso constará a indicação da hora, local e objeto da reunião e se se tratar de
cortejos, desfiles e outras formas de manifestação a indicação do trajeto a seguir.
 A entidade que receber o aviso emitirá documento comprovativo da sua receção nos
devidos termos.

Artigo 9 Decisão de proibição

 A decisão de proibição ou restrição com base na violação dos artigos 4 e 5 desta lei,
deve ser fundamentada e notificada por escrito aos promotores de reuniões ou
manifestações na morada por eles indicada e no prazo de dois dias a contar da
receção da comunicação pelas autoridades.
 A não notificação aos promotores no prazo indicado no número anterior da decisão
de proibição deverá ser considerada como não existência de objeção por parte das
autoridades competentes.
 A proibição da reunião ou manifestação compete à autoridade civil da área
respetiva.

Artigo 10 Decisão de Interrupção

 A decisão de interrupção da reunião ou manifestação com fundamento no artigo 7


constará de um auto lavrado pelas autoridades competentes, cuja cópia será entregue
aos promotores, e em que se descreverá obrigatoriamente os fundamentos da ordem
de interrupção.

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 A competência para ordenar a interrupção é da autoridade policial que deverá dar
imediato conhecimento à autoridade civil a que se refere o n.° 3 do artigo 11 desta
lei.

Artigo 11 Alteração dos trajetos

 As autoridades poderão, se se mostrar indispensável ao bom ordenamento do


trânsito de pessoas e de veículos nas vias públicas, alterar os trajetos programados
ou determinar que os desfiles ou cortejos se façam só por uma das metades das
faixas de rodagem;
 A ordem referida no número anterior será dada por escrito aos promotores, com a
antecedência de dois dias em relação ao início do desfile ou cortejo.

Artigo 12 Definição de lugares públicos

 As autoridades civis devem definir, determinados lugares públicos devidamente


identificados e delimitados, para a realização de reuniões ou manifestações.

Artigo 13 Proibição de porte de armas

 É proibido o porte de armas brancas ou de fogo e outras não autorizadas em


reuniões e manifestações, devendo os portadores delas entregá-las às autoridades;
 As pessoas que forem encontradas com armas em reuniões ou manifestações,
incorrerão no crime de uso e porte de armas brancas ou de fogo previsto e punido
pelo artigo 253, n.° 1 do Código Penal, sem prejuízo de outra pena que ao caso
couber.

Artigo 14 Outros crimes

 Todo aquele que interferir na reunião ou manifestação impedindo ou tentando


impedir o livre exercício desses direitos, incorrerá no crime de desobediência
previsto e punido nos termos do artigo 188 do Código Penal;
 Todos aqueles que se reunirem ou se manifestarem em violação ao disposto nesta
lei, incorrem no crime de desobediência qualificada, punido pelo artigo 188,
parágrafo segundo do Código Penal;

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 As autoridades que impeçam ou tentem impedir, fora do condicionalismo legal, o
livre exercício do direito de reunião incorrem no crime de abuso de autoridade,
punido pelo artigo 291 do Código Penal e ficam sujeitas a responsabilidade
disciplinar.

Artigo 15 Recursos

 Das decisões das autoridades tomadas com violação do disposto nesta lei, cabe
recurso para os tribunais comuns, a interpor no prazo de quinze dias a contar da data
da notificação;
 Da decisão dos tribunais cabe sempre recurso para o Tribunal Supremo. 3. A
legitimidade para impugnar ou recorrer cabe aos promotores.

Artigo 16 Revogação

É revogado o Decreto-Lei n.° 406/74, de 29 de agosto, tornado extensivo a Moçambique


pela Portaria n.° 584/74, de 11 de setembro, e toda a legislação sobre o assunto contrário à
presente lei.

Artigo 17 Entrada em vigor


Esta lei entra imediatamente em vigor. Aprovada pela Assembleia da República. O
Presidente da Assembleia da República, Marcelino dos Santos. Promulgada em 18 de julho
de 1991. Publique-se. O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.

5. Sentido e alcance do direito à liberdade de manifestação

De acordo com o disposto no artigo 51 da Constituição da República de Moçambique


(CRM): “Todos os cidadãos têm direito à liberdade de reunião e manifestação nos termos
da lei.” O que significa que se trata de um direito fundamental que é directamente
aplicável, vincula as entidades públicas e privadas, deve ser garantido pelo Estado e deve
ser exercido no quadro da Constituição e das leis, conforme se depreende do n.º 1 do artigo
56 da CRM.

No entanto, na interpretação do n.º 2 do artigo 56 da CRM, é fácil perceber que o direito à


manifestação pode ser limitado em razão da salvaguarda de outros direitos ou interesse
protegidos pela Constituição, como é o caso da salvaguarda da ordem e tranquilidade

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públicas, da saúde pública e da vida. A manifestação do tipo marcha pode ser limitada em
virtude da luta contra a Pandemia da Covid-19, tendo sempre em conta que pelo imperativo
constitucional, essa limitação só por ter lugar nos casos expressamente previstos na
Constituição. (Vide n.º 3 do artigo 56 da CRM).

O exercício do direito à manifestação está regulado na Lei n.º 9/91, de 18 de Julho (Lei das
Manifestações) e na Lei n.º 2/2001, de 7 de Julho que altera alguns artigos da Lei das
Manifestações.

6. Chamamento das instituições chave para agir


Considerando que há anos que é deveras difícil os cidadãos exercerem livre e pacificamente
a liberdade de reunião e de manifestação, sobretudo, na vertente de marcha na via pública,
devido a brutalidade policial, a denegação das autoridades civis para o exercício das
liberdades em causa, com a consequente violação de direitos humanos, da legalidade e da
justiça urge a intervenção e pronunciamento público de determinados actores chave nesta
matéria, quais sejam:
a) ministério público como garante da legalidade e enquanto titular da acção penal,
tem a obrigação de investigar os factos supra descritos de modo a apurar a
existência ou não de ilícitos de natureza criminal por parte dos agentes da prm e
também repor a legalidade violada por parte das autoridades civis que denegam a
realização da manifestação infundadamente.
b) provedor de justiça na qualidade de órgão que tem como função a garantia dos
direitos dos cidadãos, a defesa da legalidade e da justiça na actuação da
administração pública;
c) A comissão nacional dos direitos humanos que tem o mandato de promover,
proteger e monitorar os direitos humanos no país, bem como consolidar a cultura de
paz;
d) A assembleia da república na qualidade do mais alto órgão legislativo na
república de moçambique e autor da lei das manifestações para proceder a
interpretação autêntica das normas sobre o exercício do direito à liberdade de
reunião e manifestação com vista a dissipar as dúvidas e problemas de

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interpretação que permitem espaço para abuso de poder e violação dos direitos
humanos, no contexto do exercício destas liberdades.

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7. Conclusão

Ao concluir o presente trabalho de pesquisa dizer que foi possível alcançar os meus
objetivos gerais e especifico, reunião é um ajuntamento de várias pessoas pré- -ordenadas
em lugares públicos, abertos ou particulares, para fins não contrários à lei, à moral, aos
direitos das pessoas singulares ou coletivas e à ordem ou tranquilidade públicas.

O ajuntamento de pessoas tem um carácter temporário, organizado e não institucionalizado.

A manifestação tem por finalidade a expressão pública de uma vontade sobre assuntos
políticos e sociais, de interesse público ou outros.

A presente lei tem por objeto a regulação d o exercício do direito:

Liberdade de reunião e de manifestação, bem como o estabelecimento do seu regime


jurídico.

Esta lei não é aplicável às reuniões privadas quando realizadas em local fechado mediante
convites individuará.

As reuniões e manifestações para fins religiosos e as reuniões eleitorais serão reguladas por
legislação própria

De acordo com o disposto no artigo 51 da Constituição da República de Moçambique


(CRM): “Todos os cidadãos têm direito à liberdade de reunião e manifestação nos termos
da lei.” O que significa que se trata de um direito fundamental que é directamente
aplicável, vincula as entidades públicas e privadas, deve ser garantido pelo Estado e deve
ser exercido no quadro da Constituição e das leis, conforme se depreende do n.º 1 do artigo
56 da CRM.

Considerando que há anos que é deveras difícil os cidadãos exercerem livre e pacificamente
a liberdade de reunião e de manifestação, sobretudo, na vertente de marcha na via pública,
devido a brutalidade policial, a denegação das autoridades civis para o exercício das
liberdades em causa, com a consequente violação de direitos humanos, da legalidade e da
justiça urge a intervenção e pronunciamento público de determinados actores chave nesta
matéria, quais sejam: ministério público , provedor de justiça, A comissão nacional dos
direitos humanos, A assembleia da república.

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8. Referências Bibliográficas
MOÇAMBIQUE, B. D. (1991). Lei n.° 9/91:Regula o exercício à liberdade de reunião e
de manifestação. maputo: Imprensa nacional de moçambique .

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