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Ação Direta de Inconstitucionalidade

Competência

₋ Ao Supremo Tribunal Federal compete a guarda da Constituição, devendo este exercer


de modo concentrado o controle abstrato da constitucionalidade das normas em face à
Constituição.

₋ Por tal razão, é de competência do STF processar e julgar originariamente a Ação Direta
de Inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual quando da
ocorrência de alegado conflito com a Constituição.

CRFB, Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a
ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Competência

₋ O sistema federativo no Brasil permite, ainda, uma forma de controle abstrato e


concentrado de constitucionalidade nos estados.

₋ Por tal conta, temos a representação de inconstitucionalidade de leis ou atos


normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual.

CRFB Art. 125. § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de


inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da
Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

₋ Apesar da ausência de dispositivo expresso, por analogia, a competência para processar


e julgar originariamente a ação seja do Tribunal de Justiça dos estados, mas não será de
competência deste Tribunal apreciar o controle abstrato da lei federal em face da
Constituição Estadual, nem da lei municipal em face da Constituição Federal.
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Legitimação

₋ A legitimação passiva, naturalmente, cai sobre os órgãos ou autoridades responsáveis


pela lei ou pelo ato normativo que é objeto da ação, aos quais caberia prestar
informações ao relator do processo.

₋ A defesa da norma impugnada caberá ao Advogado Geral da União, que atua como um
curador da presunção de constitucionalidade dos atos do Poder Público.
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Legitimação

- A legitimidade ativa está elencada no artigo 103 da Constituição

CRFB, Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória
de constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

₋ Temos, por doutrina e jurisprudência, duas categorias de legitimados:


• Universais: cujo papel institucional autoriza a defesa da Constituição em qualquer
hipótese
• Especiais: que são os órgãos e entidades cuja ação é restrita às questões que
repercutem diretamente sobre sua esfera jurídica ou seus filiados.
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Legitimação

₋ São Universais: O Presidente, as Mesas do Senado e da Câmara, o Procurador Geral da


República, O Conselho Federal da OAB, e o Partido Político com representação no
Congresso.

₋ São Especiais: o Governador, a Mesa da Assembleia Legislativa dos estados, a


Confederação Sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Objeto

₋ É Objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade a lei e o ato normativo federal ou


estadual.

₋ O paradigma de fiscalização é a Constituição da Republica Federativa do Brasil. São


passíveis de controle:

Emenda Constitucional:

- A ela está sujeito um controle formal, quanto ao procedimento próprio para a criação:

CRFB, Art. 60. § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Objeto

₋ E material, quando a abrangência de tópicos considerados cláusulas pétreas.

CRFB, Art. 60. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

₋ Ainda, temos um controle circunstancial, que proíbe instituição de emenda nos casos
do:

CRFB, Art. 60. § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Objeto

Lei Complementar:

₋ As diferenças entre uma lei complementar e uma lei ordinária se dão pelo
procedimento de promulgação e a matéria das mesmas, não existindo hierarquia. Mas,
se uma lei ordinária dispuser sobre conteúdo de lei complementar, esta restará
inconstitucional

Lei Ordinária:

₋ Ainda que possamos ter uma inconstitucionalidade por matéria, a maior parte das ADI
frente lei ordinária envolve vício na produção da legislação

Legislação Estadual:

₋ v. Legislação Ordinária
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Objeto

Lei Delegada:

₋ O controle neste caso é duplo: tanto pela resolução do Congresso que veicula a
delegação como a lei delegada propriamente dita, elaborada pelo presidente

Medida Provisória:

₋ Esta pode se sujeitar a controle tanto quanto aos requisitos quanto ao conteúdo. O STF
entende que, no tocante aos requisitos, o controle deve ser político e não judicial, salvo
nos casos de abuso de poder ou falta de razoabilidade da medida. Há entendimento
que a Ação Direta de Inconstitucionalidade não resta prejudicada sua eventual reedição
ou conversão em lei, se mantida a redação da MP

Decretos Legislativos e Resoluções Administrativas:

₋ As duas veiculam atos privativos do Congresso ou de suas Casas, tendo força de lei.
Sujeitam-se ao controle tanto formal quanto material
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Objeto

Decretos Autônomos:

₋ Atos normativos que pretenderem inovar na ordem jurídica atuando com força de lei
podem ser sujeitos a controle abstrato para aferir violação ao Princípio da Reserva Legal

Tratados Internacionais:

₋ Estes se sujeitam à supremacia da Constituição e a declaração de inconstitucionalidade


cairá sobre os decretos de aprovação e promulgação. Os tratados, por terem natureza
internacional, não podem ser declarados inconstitucionais, simplesmente deixando de
produzir efeitos.
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Objeto

Casos em que não cabe, por determinação jurisprudencial, a Ação Direta de


Inconstitucionalidade:

Atos normativos secundários:

₋ Como, por exemplo, decretos regulamentares ou Instruções Normativas, Resoluções e


Atos Declaratórios. Estes não podem inovar na lei e, portanto, permanecem válidos.
Então, não existe possibilidade deste ser alvo de ADI. Havendo contradição, ou o ato
está em desconformidade com a lei que regulamentava, sendo caso de ilegalidade e
não de inconstitucionalidade, ou é a própria lei que está contrariando a Constituição,
devendo esta ser o alvo da Ação

Leis anteriores à Constituição:

₋ Não cabe, pois, por entendimento do STF, se ocorrer incompatibilidade, esta lei fica
revogada
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Objeto

Lei Revogada:

₋ A revogação ou exaurimento da lei faz com que a ADI perca seu objeto

Lei Municipal em face da Constituição:

- O artigo 102, I, a da Constituição enuncia expressamente que a ADI somente incidirá


sobre o ato normativo federal ou estadual, excluindo de forma deliberada as normas
municipais. Ainda, veda atribuição de competência nestes casos ao Tribunal de Justiça
por dispositivo da Constituição Estadual por considerar usurpação de competência do
STF

Proposta de Emenda ou Projeto de Lei:

₋ Não existe no ordenamento brasileiro um “controle preventivo de constitucionalidade”


Ação Direta de Inconstitucionalidade
Objeto

Súmulas:

₋ Súmulas são uma consolidação da jurisprudência de um determinado tribunal acerca de


um tema controvertido. Por tal razão, não cabe controle de constitucionalidade.
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Objeto

₋ A jurisprudência do STF desenvolveu um conceito de Inconstitucionalidade por


Arrastamento.

₋ A expressão se relaciona com a hipótese de declaração de Inconstitucionalidade em


Ação Direta por dispositivos que não foram impugnados diretamente no pedido
original, mas que são afetados por decisão proferida.

₋ É o caso de norma que tenha se tornado inaplicável em razão de pedido formulado.


Ação Direta de Inconstitucionalidade
Procedimento

₋ Regida pela lei 9868 de 1999.

₋ A Petição deverá indicar o dispositivo impugnado, os fundamentos jurídicos do pedido


em relação a cada uma das impugnações e o pedido com suas especificações.

₋ Deverá conter cópia do ato impugnado e procuração subscrita por advogado.

₋ Se a petição for inepta, não fundamentada ou manifestamente improcedente, será


indeferida pelo relator, cabendo agravo

L9868/99 Art. 4o Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial.

₋ Ainda é manifestamente improcedente ADI que verse sobre norma que já seja
reconhecida a constitucionalidade, mesmo em sede de Recurso Extraordinário.
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Procedimento

₋ O Relator ordenará que os órgãos ou autoridades das quais emanou o ato impugnado
que prestem informações em 30 dias

₋ L9868/99 Art. 6o Parágrafo único. As informações serão prestadas no prazo de trinta


dias contado do recebimento do pedido.

₋ Decorrido o prazo, serão ouvidos, nesta ordem, o Advogado Geral da União, e o


Procurador Geral da República, cada qual tendo prazo de 15 dias para se manifestar.

₋ Após, o relator enviará seu relatório a todos os ministros e pedirá dia para julgamento.

₋ ADI não admite desistência, arguição de suspeição ou impedimento, salvo afastamento


dos próprios Ministros por razão de foro íntimo, nem intervenção de terceiros.

L9868/99 Art. 5o Proposta a ação direta, não se admitirá desistência.

Art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de


inconstitucionalidade.
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Procedimento

₋ Ainda assim, o relator pode admitir a manifestação de outros órgãos ou entidades


considerada a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes

L9868/99 Art. 7o § 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a


representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o
prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.

Medida Cautelar em ADI

₋ É prevista, de forma expressa, a concessão de medida cautelar em Ação Direta de


Inconstitucionalidade.

₋ A jurisprudência, neste caso, determinou dois requisitos além do fumus boni iuris e do
periculum in mora:
• A irreparabilidade ou insuportabilidade de danos emergentes dos próprios atos
impugnados
• A ulterior eficácia da decisão.
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Medida Cautelar em ADI

₋ O indeferimento não tem qualquer efeito vinculante, mas a concessão da medida


importa na suspensão de qualquer processo em andamento perante o STF até o
julgamento da Ação Direta.

₋ A medida Cautelar só será concedida por maioria absoluta do STF, em sessão com, no
mínimo, cinco presentes.

₋ A decisão final favorável deve ser proferida por, no mínimo, seis ministros.

₋ Julgada a ação, faz-se comunicação à autoridade responsável e, em dez dias, publica-se


a parte dispositiva do acórdão.

₋ Tal decisão é irrecorrível, salvo interposição de Embargos de Declaração, que somente


poderá ser oferecido pelo Requerente ou pelo Requerido, nunca por terceiros nem pelo
Advogado Geral da União.

₋ A decisão tem efeito retroativo, salvo disposição em contrário.

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