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Transformative Constitutionalism by Diego Werneck

Eduardo Castelo Branco e Silva

O artigo trata de uma visão geral da posição do constitucionalismo transformativo (TC) no Brasil,
começando com uma exposição breve do que é o TC, um texto que contém diretrizes para uma
sociedade melhor e para a criação de instituições para promover esta prática, e como esta atua no
Brasil e suas limitações. O autor considera a Colômbia um exemplo positivo de TC, e o Brasil, um
negativo. O Brasil é tratado como negativo para facilitar a exposição de três lições: cortes são parte
de instituições governamentais maiores; como estudiosos percebem e medem o desenvolvimento do
TC através do tempo; na terceira, a intersecção entre os dois, a relação da corte sobre seguir suas
decisões após proferi-las e os conflitos que isso gera.

O autor afirma que o STF, ainda que empoderado para tal na Constituinte de 1988, não exerceu seus
poderes de forma plena seguindo uma postura conservadora e autocontida. Em grande parte, por
conta da presença de ministros nomeados ainda no período militar, o que só mudou em 2003, com a
aposentadoria do último. Esta timidez só começa a mudar em 2007. Tanto no Brasil, quanto na
Colômbia, esse protagonismo das cortes constitucionais resultou em uma resposta da classe política,
seja através das indicações dos novos ministros, seja em mudanças legislativas (o texto usa o
exemplo do FUNPEN). Há um problema sério de “missão cumprida” em que a corte usa uma
declaração dura em sua decisão, mas as práticas não ocorrem, ou ocorrem de forma mais tímida, o
que mina o objetivo do TC. Sugere, então, que uma solução possa vir mais do campo político que do
campo jurídico strictu sensu.

O artigo levanta pontos interessantes, mas creio que tem uma visão muito idealizada tanto da
situação Colombiana (cujos problemas que resultaram na criação e no retorno, duas vezes, das FARC
superam, em muito, somente a questão do narcotráfico e cujo TC colombiano não bastou para
resolver. O papel da Colômbia como ator na região, em especial pelo conflito com a Venezuela,
levanta dúvidas quanto a questão do “país melhor” ou, se isso seria um discurso externo em que as
questões são resolvidas somente dentro daquilo considerado aceitável pelas autoridades
colombianas.

Ideational Origins of the progressive judicial activism by Rodrigo Nunes

Eduardo Castelo Branco e Silva

Ainda que as constituições garantam aos juízes a autoridade para garantir direitos, as respostas aos
clamores são variadas. O artigo visa explicar como o ativismo judicial na Colômbia emergiu, definido
como um comportamento judicial que demandou provisão e expansão de benefícios previdenciários.
O artigo ainda descreve como ocorreu a formação da corte constitucional colombiana, as
articulações necessárias, e como essa formação influenciou a proposta de direitos colombiana, e que
crenças programáticas, e não uma coletânea limitada de interesses políticos e de poder, induziram o
executivo colombiano a defender a criação da corte constitucional.

Em conclusão, o artigo defende que estudiosos devem considerar variáveis ideacionais para explicar
escolhas institucionais e que o empoderamento judicial não deve ser conceitualizado como uma
arma das elites para proteger seus interesses de tendências reformistas de novas maiorias. E juízes
que veem a proteção de direitos como parte de seu papel institucional irão agir como tal e avançar a
judicialização de políticas sociais.

O artigo tem uma abordagem ingênua da conjuntura colombiana nos anos de 1994 e anteriores,
desconsiderando a situação social do país, seu papel no tráfico internacional de cocaína e a influência
dos Estados Unidos na região e na Colômbia em particular. A posição liberal defendida por Gaviria
tem um viés extremamente restaurador para com as elites ameaçadas pelos narcotraficantes, que
ascendiam no país e a presença das FARC (o cartel de Medellín, quando caiu pela morte de Escobar,
foi substituído pelo Cartel de Cáli, também colombiano e, somente depois da queda do Cartel de Cali,
que o Cartel de Sinaloa, mexicano, ocupou topo da comercialização de narcóticos). Dizer que o
processo foi meramente ideológico e de ruptura com elites anteriores é uma visão inocente. A
necessidade de Gaviria de nomear novos juízes era pelo grande contato que os cartéis tinham, que
era impossível de verificar e mensurar de forma adequada. Em resumo, havia mais questões políticas
na criação da corte constitucional que o artigo deixa aparecer, mas que seriam por demais longas e
complexas para um reaction paper.

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