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Aula de Bentham

Eduardo Castelo Branco e Silva


31 de Agosto de 2022

1 Utilitarismo
Ser humano é governado pelo prazer e pela dor.
a natureza colocou o gênero humano sob o domı́nio de dois senhores:
a dor e o prazer. Somente a eles compete apontar o que devemos
fazer, bem como determinar o que na realidade faremos. Ao trono
desses dois senhores está vinculada, por uma parte, a norma que
distingue o que é reto do que é errado; e, por outra, a cadeia das
causas e dos efeitos
princı́pio da utilidade: Deve-se aprovar ou reprovar um ato de acordo
com a tendência de se aumentar ou diminuir a felicidade da pessoa em questão.
utilidade enquanto termo: Utilidade é a propriedade existente em qual-
quer coisa que tende a produzir ou proporcionar benefı́cio, vantagem, prazer,
bem, ou felicidade, e impedir que aconteça o mal.
moralidade, ou correção: esta é medida pelos resultados dos atos.
O cálculo de felicidade consiste na avaliação de diversos fatores, quais sejam:
1. intensidade
2. duração
3. certeza (ou incerteza)
4. proximidade (ou distância) fı́sica
5. fecundidade (probabilidade do ato ser seguido por sensações do mesmo
tipo)
6. pureza (probabilidade do ato ser seguido por sensações de tipo oposto
7. Extensão
Para Bentham, as obrigações apenas fazem sentido quando apoiadas por alguma
sanção ou punição por sua desobediência.
A ação humana, para Bentham, orienta-se de acordo com esse princı́pio da
utilidade. Associar ”dever´´ e ”prazer´´ auxilia nessa compreensão, tendo em
vista que se a ação está de acordo com o princı́pio da utilidade, esta deve sempre
ser praticada ou, no mı́nimo, não é proibida

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(...) o princı́pio que se utiliza para demonstrar todas as outras coisas
não pode ele mesmo ser demonstrado; uma cadeia de demonstrações
deve ter o seu inı́cio em algum ponto. Consequentemente, fornecer
esta demonstração é tão impossı́vel quanto supérfluo.

2 Teoria do Direito
Para Bentham, o objeto da teoria do direito consiste em assentar conceitos
jurı́dicos fundamentais. Esses conceitos são definidos através de estudo linguı́stico,
resumindo-se a análise de palavras e definições como ’ “lei”, “poder”, “direito
subjetivo”, “obrigação”, e “liberdade” bem como a análise da estrutura das
formas jurı́dicas.

Teoria do Direito tem um aspecto dual: De um lado, expositiva, de outro


crı́tica.
Doutrina expositiva: descreve o direito como ele é
Doutrina crı́tica: trata do direito como ele deve ser.
Doutrina Expositiva: consiste na exposição histórica e na simples ex-
posição.
Doutrina Expositiva: Divisão entre Teoria do Direito Local e teoria do
direito global.

3 Soberano
Para Bentham, sociedade polı́tica é quando um certo número de pessoas (que
podemos chamar de súditos) tem o hábito de obedecer a uma pessoa ou a uma
assembleia de pessoas que reúnem certas caracterı́sticas (e que podemos chamar
de governante ou governantes), o conjunto deles (súditos e soberanos) vive em
estado de sociedade polı́tica.
Para Bentham, a obediência dos súditos é o que qualifica alguém como
soberano, independente dos motivos encontrados para que isso ocorra. É um
poder normativo de fato, não nascido de qualquer norma jurı́dica. Sua or-
dem não pode ser ”ilegal´´ pois seu poder não vem das leis. (ainda pode ser
apolı́tica,inconstitucional, cruel...)
É evidente que o poder de fato, a soberania sobre qualquer in-
divı́duo determinado, pode configurar-se de maneiras muito diversas
e em contı́nua flutuação. Isso porque, a sua persistência depende de
miil fatores acidentais. Faticamente, um homem está sujeito àquele
soberano que esteja em grau de fazê-lo sofrer: na pessoa (vale dizer,
no corpo ou na mente), na reputação, nos bens, ou na condição.

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4 Normas
As leis para soberanos de Bentham (laws in principem), não são leis de verdade
mas, sim, pactos para com seus sucessores e para consigo. O que o faz obedecer
é a pura conveniência do ato. As leis para os súditos são as laws in populum
Ainda que o soberano seja a origem de todas as normas jurı́dicas da comu-
nidade polı́tica sob seu comando, este não é a origem de todas as normas
jurı́dicas. Neste caso, temos:

normas concebidas, estas sim produzidas diretamente pelo soberano


normas adotadas, que não foram produzidas pelo soberano, foram ado-
tadas por ele

Em relação à normas adotadas, estas devem ser examinadas sob 4 focos:


1. temporal: momento em que a adoção é realizada pelo soberano, podendo
ser ex post ou ex ante
2. pessoal: Relacionada aos sujeitos que produziram a norma
3. força: Relacionada ao grau, ou intensidade, que a norma adquire em razão
de sua adoção.
4. forma: modalidade da adoção realizada pelo soberano
No caso das normas temporais ex post, estas foram produzidas pelo
soberano precedente, ou por seus delegados, e sua adoção pode ser expressa
ou tácita. As normas temporais ex ante, envolve a atribuição de poder
normativo a certos agentes que, então, atuam como origem subordinada de
normas, podendo ser a tı́tulo de benefı́cio (quando usado para atender o desejo
de quem exerce), ou a tı́tulo de fidúcia (quando é em nome de terceiros)
Em relação a força, esta pode variar, desde permissão máxima, até ”nua
permissão´´, quando simplesmente não existe prescrição.
A noção de costume está relacionada ao hábito. Para que este costume tenha
autoridade jurı́dica, o comportamento deve ser reconhecido como devido, e isso
só ocorre quando agregado a uma sanção por desobediência.
Súditos não tem condições de obedecer uma norma se a vontade não está
expressa de forma inteligı́vel e segura em algum lugar. Sem esta referência, não
é possı́vel saber o que é correto ou não.
Além das normas imperativas, usadas pelo soberano para conformar con-
dutas, existem ainda as normas não-imperativas, de atuação subsidiária,
como as normas permissivas.
Todas as normas jurı́dicas tem duas partes: parte diretiva, que expressa
a vontade do soberano quanto a uma conduta ou ato, esta sempre positiva,
ou proibitiva, e a parte sancionadora, que determina o que ocorrerá com
quem não obedecer a ordem do soberano. Além destas, temos as normas
constitucionais, que conferem poderes e prescrevem deveres aos detentores
destes poderes.

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Uma norma possui um sujeito ativo, em que temos o sujeito ou coisas que
tem razão em ser o ato regulado pela norma, um sujeito passivo, é o termo
final do ato que é regulado pela norma. O objeto da norma é o ato em si que
resulta no fato a ser suprimido.
Ainda temos as normas gerais, e as normas particulares, estas sendo as
que se referem a um determinado sujeito ativo.

5 Sanções
Sancionar alguém, além de impor dor, é uma atividade que custa à comunidade
inteira, pois existem custos atrelados à esta sanção.
Quatro tipos de sanção possı́veis:
1. Sanção Fı́sica
2. Sanção Polı́tica

3. Sanção moral
4. Sanção religiosa
Somente a Polı́tica, Moral, e Religiosa são aplicáveis a seres inteligentes
Não se deve punir, ainda, quando não houver motivos para a punição; quando
não puder ser eficaz; quando for inútil; quando for supérflua.

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